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Colostragem via sonda gástrica melhora ingestão de leite

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O uso da ama de leite já é uma constante na suinocultura intensiva. Porém, tão importante quanto garantir o período de amamentação à leitegada é também permitir que ela tenha acesso ao colostro, fundamental para imunidade e, com isso, o desenvolvimento saudável dos leitões. E, pensando nisso, começa a ganhar expressão no setor a ordenha do colostro para posterior fornecimento aos leitões. O manejo tem apoio importantes no meio técnico, como o da Consultoria Integrall, que está desenvolvendo projeto específico sobre o assunto, coordenado pelo médico veterinário Bruno Zinato Carraro. Em entrevista, ele explica o processo, que prevê a ordenha para depois injetar o leite direto no estômago do leitão através de uma sonda. Parece difícil, mas os resultados são satisfatórios. Confira.
OPR – Qual a importância do colostro para os leitões?
Bruno Carraro – Devido ao tipo de formação da placenta da fêmea suína, a imunidade passada de mãe para filhos se dá apenas sob a ingestão do colostro nas primeiras horas após o nascimento. Ficando praticamente nula a transferência de imunidade ainda no útero materno. O colostro tem, além da função de transmitir relativa proteção a diversas doenças através da ingestão de imunoglobulinas, dentre elas a IgG que responde por 75% das imunoglobulinas presentes, células de defesa, dentre elas os linfócitos, também confere significativa fonte de energia para a termorregulação, visto que é fonte de lipídios, carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais. É considerado importante fonte de fatores que promovem o crescimento e maturação intestinal.   Leitões que ingerem acima de 200 gr de colostro tem maiores chances de sobrevivência durante a lactação quando comparados aos que ingeriram menos de 200 gr obtendo estes últimos mortalidade superior a 40%. Outro fator importante salientar é o nutricional, a primeira mamada deve ocorrer entre 10 e 30 minutos após o nascimento, para que a demanda de energia de manutenção das funções vitais seja suprida.
OPR – Há um limite de volume que pode ser ordenhado para não prejudicar a leitegada que vai mamar direto na matriz? Todas as matrizes podem ser ordenhadas para extração do colostro?
Bruno Carraro – Sim existe um limite. Uma matriz suína produz em média 3,3 kg de colostro podendo chegar a 5,6 Kg. Primíparas e fêmeas jovens tendem a produzir menor volume de colostro quando comparado com matrizes de maior ordem de parto. Desta forma procuramos evitar a ordenha de primíparas e matrizes até o terceiro parto. Admitindo-se que o consumo de colostro por leitão deve ser acima de 200 gr, onde o ideal seria acima de 300 gr, não devemos retirar mais que 500 gr de colostro por matriz ordenhada no intuito de não prejudicar a mamada subsequente dos leitões. Devemos escolher de preferência matrizes acima de terceiro de parto, pois tendem a ter maiores produções de colostro.
OPR – Como é feita a ordenha das matrizes? 
Bruno Carraro – Primeiro devemos escolher e marcar as matrizes que serão ordenhadas na sala de parto. Devemos proceder a limpeza da glândula mamária no intuito de reduzir possíveis contaminações ao colostro oriundas de glândulas sujas. Após o nascimento do primeiro leitão utilizamos, comumente para facilitar a ordenha, a aplicação de um hormônio análogo sintético à ocitocina, a carbetocina por via intramuscular profunda na matriz. A carbetocina auxilia de maneira eficiente a contração uterina reduzindo a sua atonia e favorece com isso a melhora no trabalho de parto e nascimento dos leitões. Paralela a esta ação também promove a liberação de leite pelas glândulas mamárias, no caso da fase utilizada o colostro. Realizado este processo, levantamos a matriz e com auxílio de um recipiente limpo posicionado por baixo da glândula, iniciamos a ordenha dos tetos utilizando a ponta dos dedos para retirada do colostro. Para agilizar a coleta e rapidamente possibilitarmos que as matrizes deitem novamente, realizamos este processo sempre de duas pessoas, uma de cada lado da glândula mamária simultaneamente. Não há necessidade de imobilizar a matriz, lembrando que a ordenha deve ser de, no máximo, 500 ml.
OPR – O colostro é destinado somente aos próprios filhotes separados para ama de leite, ou a destinação é aleatória?
Bruno Carraro – O colostro ordenhado pode ter duas destinações, o fornecimento do mesmo aos leitões da própria matriz e/ou fazer parte de um banco de colostro para fornecimento aos diversos leitões presentes na sala de parto de outras matrizes. Há um ressalva importante de se fazer neste quesito, apesar da ingestão e absorção de imunoglobulinas acontecer independente da matriz que o leitão ingira o colostro, células de defesa como os linfócitos, por exemplo, apenas são absorvidas do colostro ingerido da própria mãe. Dado este fato a importância da maior parte do colostro ingerido pelo leitão ser oriunda da própria matriz. Uniformizações de leitegadas feitas muito precocemente logo após o nascimento têm, neste caso, comprometida a ingestão de células de defesa pelos leitões sendo necessário neste caso o fornecimento de colostro da própria mãe. 
OPR – Como é o processo para levar o colostro até os leitões e fazer com que eles ingiram?
Bruno Carraro – O mecanismo utilizado para fornecer o colostro até os leitões pode ser desde uma mamadeira, ou um pequeno pote, ou ainda com auxílio de uma seringa sem agulha, fornecendo diretamente na boca do leitão. Mas todos estes métodos demandam obrigatoriamente tempo em sua aplicação e muitas vezes o volume ingerido pelo leitão é aquém do necessário. Em nossa rotina de trabalho temos adotado uma ferramenta de fornecimento bastante eficiente e rápida que é a sonda gástrica, ferramenta esta bastante utilizada em humanos. A técnica foi adaptada para levar o colostro até o estômago dos leitões de forma rápida e eficiente. O processo todo não leva mais que 30 segundos entre a passagem da sonda e aplicação do colostro. Abre-se a boca do leitão e introduzimos um cateter uretral (número 4 ou 6) facilmente adquirido em casas de materiais hospitalares, de forma a levá-lo até o estômago. Importante cuidar para que o cateter seja introduzido com cuidado lateralmente na boca do leitão possibilitando a deglutição do mesmo e evitando assim que ele atinja as vias respiratórias. O colostro fornecido erroneamente pode cair dentro do pulmão e predispor a casos de pneumonia por aspiração de corpo estranho. Normalmente o cateter introduzido erroneamente nas vias respiratórias promove o reflexo de tosse no leitão e o comprimento da sonda fica mais que 2/3 do lado de fora da boca do leitão. Normalmente levamos aos leitões entre 15 a 20 ml de colostro em três aplicações distintas, totalizando próximos dos 60 ml ingeridos, ainda aquém do total necessário para conferir a correta proteção aos leitões, necessitando, portanto, que o leitão ainda mame colostro em sua mãe ou em outra ama de leite para complementar. A colostragem via sonda não substitui em hipótese alguma a amamentação de colostro na própria mãe ou ama de leite, serve apenas como um complemento e auxílio ao processo de mamada, devendo os manejos rotineiros de uniformização de mamadas de colostro serem utilizados no processo.
OPR – Que vantagens, ou ganhos, os leitões têm ao ingerirem o colostro, mesmo que seja dessa forma?
Bruno Carraro – Admitindo-se leitegadas extremamente numerosas acima de 14 leitões, partos demorados acima de 3 a 4 horas, os últimos leitões têm menor tempo disponível para amamentar colostro com boa concentração de componentes em sua própria mãe. Também leitões com baixo peso ao nascimento têm menores reservas corporais para disputarem tetos com outros leitões irmãos e com isso maiores dificuldades em ingerir a quantidade de colostro necessária. Com o fornecimento extra de colostro via sonda, conseguimos auxiliar principalmente estas três categorias de leitão a conseguirem, em primeiro lugar, uma reserva extra de energia para sobrevivência e crescimento bem como disputar tetos e realizar a amamentação em sua mãe. Como título de curiosidade em um trabalho recente (Ferrari, 2013) a mamada do colostro é tão ou mais importante que o peso ao nascer. Um leitão com 1,1 a 1,2 kg que ingeriu mais de 250g de colostro teve o mesmo peso aos 42 dias que um leitão de 1,3 a 1,7 kg que ingeriu menos de 100g de colostro. Este fornecimento de colostro possibilita ainda uma melhora na padronização de mamadas e também uma garantia mínima de imunoglobulinas e células de defesa na corrente sanguínea do leitão. O processo de colostragem via sonda gástrica não permite que o leitão acostume-se com este fornecimento e fique dependente dele durante a lactação, característica esta comumente observada no aleitamento via mamadeiras ou seringas e apelidada pelos funcionários da produção como “leitão viciado na mamadeira”.  O leitão “viciado na mamadeira” tem dificuldade em proceder o aleitamento na glândula mamária da matriz por ser um processo trabalhoso e que demanda gasto de energia pelo mesmo, preferindo a mamadeira ao teto. Já o processo via sonda permite uma rápida ingestão, com volume considerado e rapidamente digerido, fornecendo nutrientes ao mesmo. O processo de sonda gástrica pode ser utilizado também para complementação da mamada de leite aos leitões fracos nos dias subsequentes após o nascimento, reduzindo ou retardando a necessidade de amas de leite nas maternidades que utilizam a técnica. 
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Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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