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Colonização precoce das aves vira estratégia fundamental da moderna indústria avícola

Pesquisas comprovam que a introdução antecipada de microbiota intestinal com probióticos fortalece a imunidade, melhora o bem-estar animal e reduz condenações, tornando-se peça-chave na produção avícola sustentável e de alto desempenho.

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Foto: Shutterstock

Artigo escrito por Paulo Martins, diretor técnico da Biocamp.

Há meio século (1973) pesquisadores já haviam provado que a administração de conteúdo intestinal de aves adultas a pintos recém nascidos prevenia a infecção por Salmonella enterica sorovar Infantis. Propuseram então que a microbiota intestinal (MI) desenvolve, naturalmente, mecanismos de defesa contra patógenos.

Hoje as pesquisas evidenciam que a colonização adequada do intestino por uma comunidade microbiana comensal complexa é considerada crítica para a saúde e bem-estar das aves. A MI contribui significativamente para redução e controle de processos infecciosos através da competição direta com outros microrganismos, além de apoiar o desenvolvimento adequado do sistema imunológico e modular alguns mecanismos de defesa em órgãos distantes, estabelecendo conexões ou “eixos” cada vez mais estudados e descritos pelos pesquisadores (Figura 1).

Figura 1 – Diferentes eixos que atuam sobre o organismo das aves.

As mucosas do trato respiratório e digestivo, bem como a pele das aves, representam os tecidos com maior contato direto com o meio externo. A maioria dos patógenos que causam doenças infecciosas economicamente importantes na avicultura industrial afetam o trato respiratório e gastrointestinal. Uma melhor compreensão do papel da MI no desenvolvimento e na função do sistema imunológico de mucosas, incluindo a pele e anexos, é crucial para a implementação de medidas que promovam a robustez das aves na produção industrial.

A administração de MI na fase inicial de vida através da utilização de probióticos deve ser praticada nos diversos segmentos do setor para atender as crescentes demandas do mercado. Hoje, a colonização precoce já é considerada uma das estratégias mais efetivas para melhorar a performance, saúde e o bem-estar animal na produção comercial de aves, enquanto atende à demanda da sociedade por (1) sistemas de produção responsáveis, (2) mais seguros, (3) sustentáveis e, até mesmo, (4) lucrativos.

Principais vias de transferência de MI (aplicação de probióticos) na indústria avícola:

Injeção “in ovo”

Spray na planta de incubação

Administração via água de bebida

Administração via ração

Os principais efeitos da aplicação da MI, de forma precoce, pelas vias acima, são:

Colonização precoce e uso de probióticos na redução de condenações

Como órgãos de maior interface com o meio ambiente, o trato digestivo, respiratório e a pele têm muito em comum. Nas aves de vida livre na natureza, esses órgãos são colonizados por uma rica microbiota, adquirida naturalmente das aves adultas, logo após a eclosão. Porém isso não ocorre de forma adequada na avicultura industrial.

Nos mamíferos, diversas patologias intestinais que possuem reflexo cutâneo já são fartamente descritas na literatura. Vários trabalhos demonstram a existência de um “eixo intestino-cérebro”, bem como um “eixo intestino-pele”, além de mecanismos que podem interagir sob circunstâncias fisiológicas e patológicas.

Foi pensando nisso que foi feito um trabalho na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), da Unesp/Botucatu, com a utilização de probióticos (a maior do mercado mundial). Os resultados podem ser vistos a seguir.

Pododermatites- Redução de pododermatite (lesões no coxim plantar) em frangos de corte submetidos a diferentes tratamentos

T1- probiótico com 21 cepas de bactérias; T2- probiótico com 20 cepas lácticas e 1 bacilo; T3- probiótico com 21 cepas de bactérias + probiótico com 20 cepas lácticas e 1 bacilo; T4 – CN-controle negativo; T5 – CP- controle positivo; Médias comparadas pelo teste Qui-quadrado (p<0,05) e transformadas em porcentagem.

Quais as possíveis causas da redução das condenações de patas com uso de probióticos de microbiota múltipla?

A elevada umidade da cama é uma das teorias mais exploradas pelos pesquisadores do assunto > leva ao amolecimento e abertura da matriz de colágeno da pele do coxim plantar > facilita a penetração patógenos;

Redução inflamação intestinal > melhor absorção de água > redução da umidade da cama > diminuição da liberação de amônia > menor agressão ao coxim plantar;

Mudança da microbiota da cama > aumento proporcional de bactérias láticas > aumento produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que possuem propriedades anti-inflamatórias e que ajudam a manter a integridade da barreira física da pele > redução de bactérias oportunistas e patógenos (coli, Staphilococcus sp, Enterococcus fecalis)

Lesões da carcaça

Redução de lesões na carcaça para frangos de corte submetidos aos diferentes tratamentos

T1- probiótico com 21 cepas de bactérias; T2- probiótico com 20 cepas lácticas e 1 bacilo; T3- probiótico com 21 cepas de bactérias + probiótico com 20 cepas lácticas e 1 bacilo; T4 – CN-controle negativo; T5 – CP- controle positivo; Médias comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05).

Quais as possíveis causas da redução das condenações de patas com uso de probióticos de microbiota múltipla?

A elevada umidade da cama é uma das teorias mais exploradas pelos pesquisadores do assunto > leva ao amolecimento e abertura da matriz de colágeno da pele do coxim plantar > facilita a penetração patógenos;

Redução inflamação intestinal > melhor absorção de água > redução da umidade da cama > diminuição da liberação de amônia > menor agressão ao coxim plantar;

Mudança da microbiota da cama > aumento proporcional de bactérias láticas > aumento da produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que possuem propriedades anti-inflamatórias e que ajudam a manter a integridade da barreira física da pele > redução de bactérias oportunistas e patógenos (coli, Staphilococcus sp, Enterococcus fecalis)

Quais as possíveis causas da redução das condenações por hematomas, arranhões e outros processos (celulites) com uso de probióticos de microbiota múltipla?

Microbiota intestinal em equilíbrio > maior produção de serotonina – o hormônio do bem-estar – pelo intestino das aves (mais que 90%) > redução do estresse e comportamento agressivo > menor disputa territorial > maior facilidade de manejo > menor estresse na apanha e pendura > menos lesões por hematomas e arranhões.

Redução inflamação intestinal > melhor absorção de nutrientes: aminoácidos, minerais (Zinco) e vitaminas (vitaminas A e do complexo B, como a biotina) que participam ativamente da formação do tegumento (pele & anexos) > maior proteção contra patógenos secundários (coli; Staphilococcus sp; Enterococcus fecalis).

O acesso à edição digital do jornal Avicultura Corte & Postura é gratuito. Para ler a versão completa online, basta clicar aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

AVES reconhece os melhores ovos do Espírito Santo em 2025

Concurso reuniu 39 amostras e avaliou rigorosamente casca, clara e gema em três etapas técnicas, confirmando a evolução da avicultura capixaba e premiando produtores que se destacam em excelência e manejo.

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Fotos: Divulgação/AVES

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou em Santa Maria de Jetibá mais uma edição do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba, iniciativa já tradicional que reconhece o profissionalismo, o cuidado e a evolução técnica da avicultura do Estado. A edição de 2025 registrou uma forte participação, com 27 amostras de ovos brancos e 12 de ovos vermelhos enviadas por produtores de diversas regiões capixabas, reforçando o alcance da atividade e a importância do evento para a cadeia produtiva.

Marcado por rigor técnico, o concurso estruturou sua avaliação em três etapas conduzidas pela Comissão Organizadora e por um grupo de dez jurados convidados, representantes de empresas, instituições e entidades do setor avícola de diferentes estados. O médico-veterinário Leandro Marinho, do Idaf, atuou como auditor externo, garantindo neutralidade e transparência ao processo.

Na primeira fase, as amostras passaram pela análise objetiva da Máquina Digital Egg Tester, que avaliou resistência e espessura da casca e Unidade Haugh, parâmetro de referência internacional para medir a qualidade interna dos ovos. Todas as amostras foram submetidas aos mesmos critérios, e apenas as dez mais bem classificadas de cada categoria avançaram. A segunda etapa consistiu em uma análise visual minuciosa da qualidade externa, em que os jurados avaliaram uniformidade de tamanho, limpeza, textura e formato dos ovos, além da coloração da casca no caso dos ovos vermelhos. As amostras iniciavam com pontuação máxima e perdiam pontos conforme fossem identificadas pequenas imperfeições, o que destacou o cuidado dos produtores com manejo, nutrição e ambiência.

A etapa final abriu quatro ovos de cada amostra finalista para avaliação interna. Os jurados observaram presença de manchas de sangue, resíduos de oviduto, consistência do albúmen, centralização da gema e uniformidade de cor, consolidando a pontuação final. Representando a Avimig, o jurado Gustavo Ribeiro Fonseca elogiou o desempenho dos produtores capixabas: “No contexto geral, os avicultores estão de parabéns. São ovos de muita qualidade”, exaltou.

Já a médica-veterinária Karin Grossman, da Poly Sell, destacou a relevância do concurso para o fortalecimento do setor: “É uma satisfação para mim estar participando desse concurso. É um reconhecimento de um trabalho realizado ao longo dos anos, colaborando para a melhoria da qualidade dos ovos”, salientou.

Para a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre, os resultados reforçam o papel estratégico da iniciativa. Segundo ela, a edição de 2025 ocorreu exatamente como planejado, com forte adesão, avaliações criteriosas e alto nível de desempenho entre os concorrentes. “O concurso cumpre seu papel de estimular qualidade, aprimorar práticas e fortalecer a avicultura do Espírito Santo”, afirmou.

Vencedores

Ao final das três etapas, a AVES anunciou os vencedores. Na categoria ovos brancos, o primeiro lugar ficou com Jerusa Stuhr, da Avícola Mãe e Filhos, seguida por Waldemiro Berger, da Ovos Santa Maria, e por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, da Botelho Alimentos. Na categoria ovos vermelhos, o campeão foi Antônio Venturini, da Ovos da Nonna, enquanto Jesebel e Thiago Botelho ficaram em segundo lugar e Lourival Bold, do Sítio Pai e Filhos, em terceiro.

As empresas vencedoras do primeiro lugar que possuem marca comercial própria terão o direito de usar um selo especial em suas embalagens, identificando os produtos como “Melhor Ovo Branco do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025” e “Melhor Ovo Vermelho do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025”.

Empresas reconhecidas

Também foram divulgadas as empresas de genética e nutrição responsáveis pelo suporte técnico aos produtores vencedores, reforçando o papel fundamental desses parceiros na obtenção de resultados de excelência. Na categoria Ovos Brancos, a campeã Jerusa Stuhr contou com genética Bovans White e nutrição fornecida pela ADM-Nutriminas. O segundo colocado, Waldemiro Berger, utilizou genética Hy-Line W80 e recebeu assistência nutricional da DSM. Já o terceiro lugar, representado por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, trabalhou com genética Bovans White e nutrição da Brasfeed.

Na categoria Ovos Vermelhos, o primeiro colocado, Antônio Venturini, utilizou genética Hy-Line Brown e nutrição da Agroceres Multimix. Em segundo lugar, Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho competiram com genética Bovans Brown e suporte nutricional da Brasfeed. O terceiro colocado, Lourival Bold, participou com aves de genética Hy-Line Brown e nutrição fornecida pela Auster.

A edição 2025 do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba reafirma o compromisso da AVES com a promoção de boas práticas, a difusão de conhecimento e o reconhecimento do trabalho dos avicultores. Mais do que premiar os melhores ovos do ano, o evento funciona como ferramenta técnica e educativa, contribuindo diretamente para o avanço da avicultura capixaba.

Fonte: Assessoria AVES
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Primeiro Encontro da Avicultura Capixaba impulsiona diálogo, inovação e qualidade

Evento da AVES reuniu a cadeia produtiva, premiou excelência em ovos e reforçou a importância econômica da atividade para o Espírito Santo.

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Fotos: Divulgação

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou, em 13 de novembro, a primeira edição do Encontro da Avicultura Capixaba, em Santa Maria de Jetibá. O evento reuniu produtores, empresas dos segmentos de corte e postura, pesquisadores, lideranças do setor e representantes do poder público para um dia de debates, capacitação e integração, reforçando a força da avicultura no Estado.

O produtor e presidente da Nater Coop e do Conselho Deliberativo da AVES, Denilson Potratz, destacou o avanço da atividade no Espírito Santo e o compromisso da entidade com o fortalecimento do setor. “Precisamos atuar de forma constante na cadeia para incentivar excelência na produção e garantir alimentos de qualidade ao consumidor”, afirmou.

O diretor executivo da associação, Nélio Hand, reforçou o papel econômico e social da avicultura capixaba, que fornece carne de frango e ovos com segurança e qualidade. “Eventos como este refletem a importância de um setor organizado e voltado à solução de desafios e geração de oportunidades”, salientou.

A abertura contou com autoridades estaduais e municipais, entre elas o secretário de Agricultura, Ênio Bergoli, o deputado estadual Adilson Espindula e o prefeito de Santa Maria de Jetibá, Ronan Zocoloto. Em seus discursos, destacaram a relevância da avicultura para a economia regional, especialmente na região serrana, e o papel da AVES como articuladora do desenvolvimento produtivo.

Santa Maria de Jetibá, conhecida como a “Capital do Ovo”, foi palco para o encontro. O município é o maior produtor de ovos do Brasil, com cerca de 14 milhões de unidades por dia. “Nada mais justo que este evento seja realizado aqui”, afirmou o prefeito.

Concurso valoriza qualidade dos ovos

Um dos destaques da programação foi o Concurso Qualidade de Ovos, que incentiva boas práticas de manejo, nutrição, sanidade e excelência no produto final. A edição recebeu 39 inscrições, 27 de ovos brancos e 12 de vermelhos, e teve avaliação técnica criteriosa. “O número expressivo de participantes mostra o interesse dos produtores em qualificar ainda mais seus produtos”, avaliou a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre.

O concurso foi transmitido ao vivo no YouTube, com grande participação de produtores e empresas.

Espaço Empresarial aproxima produtores e fornecedores

O encontro também contou com o Espaço Empresarial, área destinada à interação entre empresas e produtores, com demonstração de tecnologias, produtos e serviços. O formato interativo foi bastante elogiado pelos visitantes.

Durante o dia, duas palestras de destaque foram ministradas: Bruno Pessamilio apresentou detalhes do Plano de Contingência para Influenza Aviária, enquanto Christian Lohbauer analisou cenários e tendências para o agronegócio no Brasil e no mundo.

O evento terminou com apresentações de grupos de dança pomerana, valorizando a cultura local, seguidas de um jantar de confraternização.

Com a forte participação do público e o sucesso da iniciativa, a AVES anunciou que o Encontro da Avicultura Capixaba passará a ser anual, integrando oficialmente o calendário da entidade. A ação reforça o compromisso da associação em impulsionar o setor e valorizar o trabalho dos produtores.

Fonte: O Presente Rural com Aves/Ases
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Excesso de oferta amplia recuo dos ovos e limita reação das cotações

Segunda semana seguida de baixas registra até 8% de desvalorização, com expectativa de manutenção do viés negativo em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

As cotações dos ovos seguem em queda nas regiões acompanhadas pelo Cepea, esse movimento é verificado pela segunda semana consecutiva.

Em parte das praças, as desvalorizações em sete dias chegam a 8%. De acordo com pesquisadores do Cepea, o menor ritmo de vendas vem aumentando gradualmente os estoques nas granjas.

Assim, produtores têm tido dificuldades em manter os valores da proteína e acabam cedendo nas negociações.

Colaboradores do Cepea indicam que, diante da maior oferta, não há espaço para reação positiva nos valores da proteína, e a tendência é de que os preços sigam enfraquecidos até o encerramento deste mês.

Fonte: Assessoria Cepea
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