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Colibacilose Pós-Desmame: o problema continua

Fatores ligados ao manejo, ao ambiente e a nutrição dos leitões, desempenham papel fundamental na ocorrência e severidade da CPD

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Artigo escrito por Jandir J. Pilotto, médico veterinário,  MSc; Pedro E. Sbardella, médico veterinário, MSc; e Victor G. Moreira, médico veterinário

Na suinocultura intensiva, a fase de creche é um período crítico na produção dos leitões,  devido a ocorrência frequente de problemas sanitários e, consequentemente, de desempenho. Dentre as doenças que acometem os leitões nesse período, a diarreia pós-desmame e a doença do edema configuram entre as mais importantes. Entretanto, essas patologias são consideradas de etiologia multifatorial, sendo que os agentes infecciosos como amostras patogênicas de E. coli  são capazes de causar doenças, predominantemente  em lotes de leitões sob condição de risco. Dessa forma, fatores ligados ao manejo, ao ambiente e a nutrição dos leitões, desempenham papel fundamental na ocorrência e severidade da CPD, uma vez que os agentes infecciosos estão presentes, tanto em rebanhos com problemas, como em rebanhos sem problemas.

Após o desmame, os desafios que interferem na integridade intestinal dos leitões podem provocar grandes prejuízos à produção e indústria. O desmame é um período complexo, quando os leitões estão sujeitos à separação abrupta da porca, à mistura com animais de outras leitegadas, ao alojamento em um novo ambiente e à troca de uma dieta de alta digestibilidade (leite) para uma dieta de menor digestibilidade (ração). Como consequência o desmame muitas vezes pode provocar uma redução no ganho de peso acompanhado da ocorrência de diarreia.

Porque o desmame é uma fase crítica do leitão?

Nas últimas décadas, a idade de desmame dos leitões foi drasticamente reduzida. Atualmente, o desmame é realizado com aproximadamente 21 dias com tendência de aumento para 28 dias.  Esse período corresponde à fase de transição entre a imunidade passiva e a imunidade ativa, em que os leitões apresentam a menor concentração de imunoglobulinas G (IgG) no soro. Este cenário faz com que este seja um período propício para o estabelecimento de infecções, pois exatamente nas semanas 3 a 5, correspondentes ao momento do desmame, a concentração de células de defesa está mais baixa. Esse fato, quando associado aos demais fatores, pode levar ao aparecimento de enfermidades.

Nos sistemas de produção intensiva atuais, os leitões são submetidos precocemente a dietas que podem predispor o aparelho digestivo a um desequilíbrio da microbiota, favorecendo a proliferação exagerada de agentes com poder patogênico. Somando-se a isso, por ocasião do desmame, os leitões são submetidos a vários fatores estressantes, sejam nutricionais (mudança brusca tanto na composição como na estrutura física das dietas), sociais (separação das suas mães, formação de nova hierarquia social pela mistura de leitões de várias leitegadas) ambientais e de manejo (transferência dos leitões a um novo ambiente). Esse estresse, associado aos fatores de risco ligados ao ambiente e ao manejo na fase de creche, favorecem a multiplicação dos agentes infecciosos no intestino, os quais determinam a ocorrência de diarreia.

Fatores nutricionais

Vários estudos têm demonstrado que a manutenção da arquitetura da mucosa intestinal no período logo após o desmame depende basicamente do suprimento contínuo de nutrientes. Entre todas as células do organismo, as células epiteliais do intestino são as que apresentam crescimento mais rápido e muitos dos nutrientes requeridos são absorvidos direto do lúmen intestinal. Por isso, a redução na altura das vilosidades intestinais, não é resultado da forma física da dieta, mas sim da continuidade na ingestão de nutrientes. A redução na altura das vilosidades, seguida ao desmame, reduz a digestão e absorção de nutrientes e permite maior passagem de nutrientes para o intestino grosso, favorecendo o desenvolvimento de uma microbiota intestinal inadequada, que por sua vez, pode dar origem a doenças entéricas.

Na prática, há uma grande variação no intervalo de tempo entre o desmame e a primeira ingestão de água ou alimento pelos leitões. A maioria acessa o alimento em 3 horas após o desmame, mas alguns demoram até 54 horas, induzindo alterações na arquitetura da mucosa intestinal. Sendo assim, estratégias de manejo devem ser tomadas para assegurar a ingestão de água e alimento de forma contínua, por todos os leitões, o mais rápido possível após o desmame. Os sinais de alerta, indicativos que os leitões não estão ingerindo alimento suficiente são: aparência desidratada (pêlos compridos e sem brilho), abdômen retraído, saliência dos ossos da bacia e das costelas e apatia. Dois fatores principais influenciam a manifestação de patologias digestivas no desmame:

Altura das vilosidades e profundidade das criptas: Muitos autores relataram que há uma atrofia das vilosidades e uma hiperplasia das criptas após o desmame, com maior intensidade quando o desmame é feito com 14 dias de idade, comparativamente com 28 dias. Esse efeito é muito forte no primeiro dia após o desmame, mas prolonga-se até o quinto dia quando atinge apenas 50% do valor da altura das vilosidades encontrado no dia do desmame. A redução na altura das vilosidades, seguida do desmame, é causada pelo aumento na taxa de perda de células epiteliais associada a menor renovação celular, devido à redução na divisão celular nas criptas (como no consumo insuficiente de energia e proteína).

Capacidade de absorção e digestão do intestino delgado após o desmame: A redução na altura das vilosidades e o aumento na profundidade das criptas no intestino delgado após o desmame, estão associados com redução na atividade específica de enzimas como a lactase e sucrase. Essa redução atinge os valores mais baixos 4 a 5 dias após o desmame e ocorre independentemente do fornecimento prévio de ração pré-inicial aos leitões antes do desmame.

Bactérias enteropatogênicas e suas interações no intestino delgado

 Durante a fase de aleitamento, o colostro e o leite, alteram o crescimento bacteriano no intestino, mas com o desmame, os leitões não somente tornam-se mais vulneráveis à infecções, como também alteram a morfologia e função do intestino. É comum leitões desenvolverem diarreia entre 3 – 7 dias pós-desmame. Embora sorotipos específicos de E. coli têm papel central na etiologia da diarreia pós-desmame, o problema é complexo e multifatorial. A predisposição para infecção por estes agentes envolve muitos fatores. Existe uma forte associação entre a colonização intestinal por E. coli enteropatogênicas e a ocorrência de diarreia, mas a inoculação experimental com essas bactérias na ausência de fatores predisponentes não é capaz de induzir a doença. Vários trabalhos têm postulado que o encurtamento das vilosidades e aumento da profundidade das criptas estão associados a menor quantidade de células secretoras e de absorção na mucosa do intestino delgado. A redução na capacidade de digestão e absorção induz o desenvolvimento de diarreia osmótica, permitindo que os nutrientes não absorvidos atuem como substrato para multiplicação da E. coli enteropatogênica.

A Diarreia pós desmame provocada pela Escherichia coli Enterotoxigênica com expressão de fímbrias F4 (K88) ou F18 – principais responsáveis pela CPD, é uma das doenças que tem maior impacto econômico na cadeia de produção de suínos. Estima-se que surtos de CPD acometam aproximadamente 50% das granjas do mundo, afetando todos os países e regiões produtoras.

A mortalidade de animais doentes varia entre 1,5 a 2,0%, podendo atingir 10% caso os animais não sejam tratados. Uma meta-analise revelou que o ganho de peso diário é diretamente afetado pela CPD, particularmente nas 2 primeiras semanas de alojamento, com uma redução aproximada de 20,51% neste período. Estima-se que o custo da doença varia entre US$ 3,2 a 5,8 por leitão desmamado.

Tendo em vista o impacto gerado pela doença, é de suma importância a adoção de medidas de manejo adequadas que visem minimizar os fatores de risco descritos anteriormente. Além disso, o uso de produtos para controle terapêutico dos agentes envolvidos é necessário para minimizar o problema da CPD nos sistemas produtivos.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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