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Coccidiose subclínica ainda é grande vilã nas granjas

Doença é bastante presente nas granjas do mundo inteiro, mas forma subclínica é de mais difícil detecção, provocando prejuízos muito maiores ao avicultor

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Arquivo/OP Rural

Apesar de ser um problema antigo nos aviários de todo o mundo, a coccidiose ainda é uma grande dor de cabeça para o produtor rural. Isso porque ela pode ser de difícil diagnóstico. A grande dificuldade está, principalmente, em identificar a forma subclínica da enfermidade, que causa grandes prejuízos para a propriedade. A atenção deve ser redobrada, uma vez que se não tomados os cuidados e manejos necessários, a doença que esteve em um lote, pode passar para o próximo. Em função da magnitude que a enfermidade tem nos planteis, a Huvepharma realizou em fevereiro o 1º Fórum de Coccidiose Aviária. A atividade foi exclusivamente para conversar com profissionais sobre a doença.

 Segundo o médico veterinário doutor Paulo Lourenço, atualmente o principal problema quando se fala nesta doença é quanto ao impacto econômico que ela provoca. “Isso porque ainda não desenvolvemos ferramentas para controlar a doença na sua totalidade”, explica. Ele afirma que um grande desafio do produtor atualmente é fazer com que o frango consiga expressar totalmente o potencial genético. “Todos os fatores ligados a essa condição vão interferir na capacidade desse animal em transformar, assimilar, absorver e utilizar aquilo que damos em carne”, diz. O profissional conta que a coccidiose é onipresente, ou seja, está em qualquer lugar do mundo. “Pode ser em um galpão convencional, climatizado ou o mais moderno que existe, até mesmo em aves SPF (livre de patógenos específicos)”, afirma.

O principal problema quanto a coccidiose, de acordo com Lourenço, é o diagnóstico da forma subclínica da doença. “Esta forma é muito difícil de ser diagnosticada. Muitas vezes falta rotina disciplinada de necropsia, porque nós (médicos veterinários) estamos cada vez mais afastados do campo. Se eu não estou abrindo o animal e vendo, imagine o produtor”, alerta. Ele explica que algumas espécies de coccidiose não causam lesões, o que dificulta ainda mais o diagnóstico, impedindo uma avaliação correta. “Existem muitos programas de controle que são incorretos e incompletos. Dessa forma, como a doença na sua forma clínica não aparece, nós não vemos que a doença está presente e assim ela acontece de lote em lote”, afirma.

O médico veterinário conta que em um estudo foi detectado em 80% dos casos em que foi detectada a doença, eram duas ou mais espécies de parasitas. “Alguns estudos mostram a tenella e a maxima como as mais prevalentes. Outros, já mostram a acervulina e a maxima. O que podemos observar com estes estudos é que a maxima e a acervulina são as mais prevalentes nos planteis”, conta.

O especialista explica que desde o início em que a doença foi detectada nos planteis foi percebida a necessidade das práticas de manejo. “Foi visto a importância do eficaz controle, mantendo a cama do aviário seca e controlando os pontos de umidade”, diz. Porém, mesmo conhecendo conceitos básicos de controle, ainda é necessária atenção do avicultor. Com toda a evolução na pesquisa, ainda assim atualmente não existe uma vacina altamente eficiente e protetora para o controle da coccidiose, comenta Lourenço. “Os pontos mais tradicionais que adquirimos no passado e temos no presente é o uso do anticoccidiano, para a maximização do desempenho e minimização das lesões”, comenta.

Para resolver esta e várias outras situações referentes a coccidiose, para Lourenço, é necessário fazer o que se diz que se faz: as boas práticas de manejo. “Essa é uma questão de melhorar todas as ferramentas que temos disponíveis e adotar o programa para vários lotes”, afirma. Ele reitera que o controle chave da doença está devidamente ligado a enterite neucrótica, dermatite gangrenosa, osteomielite, aerossaculite e peri-hepatite. “Estas são os cinco principais problemas onde o controle da coccidiose falha. Se os índices dessas doenças estão altos, pode revisar o programa que pode haver alguma reação com coccidiose”, afirma. Lourenço confirma que está mais do que provado que estas situações patológicas que vão surgindo e sendo prevalentes em uma quantidade maior do que se espera pode estar relacionado a problemas de coccidiose subclínica.

Outro ponto destacado pelo professor é que vendo o quanto estas outras enfermidades estão relacionadas é importante que o avicultor veja que o ambiente é fundamental para o bom desenvolvimento das enfermidades. “Assim vemos como a cama realmente passa a ter um papel importante dentro desse aspecto. A qualidade da cama está diretamente relacionada as questões da coccidiose”, afirma. Ele diz que programas de manejo onde há negligência, levando a falta de atenção das pessoas com a cama e impactando também na qualidade do ar e da água a prevalência da doença tende a ser maior.

Os impactos econômicos da doença

Quando se fala sobre os prejuízos que a coccidiose causa em uma granja, o pensamento vai diretamente para o bolso do avicultor. Quanto exatamente o produtor perde quando a enfermidade ataca o aviário? Foi esta a pergunta que o médico veterinário Marcel Falleiros respondeu. Ele explica que em frangos de corte são principalmente três tipos de coccidiose de maior importância econômica: a acervulina, maxima e a tenella. “A acervulina e a maxima são Eimeria que não tem tanta patogenicidade. A que mais tem é a tenella. As duas primeiras causam perdas, mas não aumentam muito a mortalidade”, explica. 

O médico veterinário expõe que o primeiro estudo que saiu de forma correta foi um levantamento feito em 1998 sobre quais os reais impactos econômicos da enfermidade para o avicultor. “Com ele, se chegou a conclusão de que mundialmente se perdia US$ 1,5 bilhões por ano com relação a coccidiose clínica e subclínica”, conta. No ano seguinte, outro pesquisador fez um levantamento parecido, porém, este levou em consideração todos os aspectos envolvidos na produção de frango de corte: logística, produção de carne, rendimento no abatedouro, entre outros. “Ele ampliou o trabalho anterior e chegou a conclusão que esse número dobrava. Ou seja, a perda com a enfermidade era de, aproximadamente, US$ 3 bilhões por ano”, informa.

No ano de 2006, outro levantamento igual ao de 1999 foi feito, confirmando os números de perdas apresentados no trabalho. “Temos que pensar que conforme vamos aumentando a produção, esse número da perda também aumenta. Mas em 2006 ainda estávamos em US$ 3 bilhões em perdas por ano. Mas se fossemos fazer este estudo este ano, usando os mesmos métodos do trabalho de 1999 com certeza o número seria superior”, acredita.

Outros autores fizeram um levantamento em relação ao que se gasta na avicultura para tentar prevenir problemas de coccidiose. “Hoje gastamos em torno de US$ 800 milhões por ano na questão de prevenção da doença”, conta Falleiros. Neste trabalho, explica, o autor chegou a conclusão de que 17,5% do custo é com prevenção e tratamento de coccidiose. Já 80,5% são custos pelos efeitos subclínicos da doença, ligados diretamente a perda de peso e aumento da conversão alimentar. “A nossa maior perda em processo de coccidiose, principalmente subclínica, está em relação a perda de peso e aumento da conversão. Esses são hoje o nosso maior impacto econômico”, afirma.

Em 2016, na Inglaterra, outro autor fez um levantamento das principais doenças que afetavam a produção, tanto na avicultura de corte quanto em postura. “Após o térmico do estudo, foram feitos gráficos para apresentação dos dados. O primeiro deles foi em relação ao número de vezes em que a doença aparece nestes sistemas de produção. No top três mais importantes a coccidiose está em primeiro lugar no frango de corte, com mais de 40 menções da doença apresentando perdas”, conta. Neste mesmo estudo, foi feita ainda uma correlação com o índice de infecção das doenças. “Ali foi percebida uma correlação direta entre a clostridiose e a coccidiose. Houve uma porcentagem de quase 95% de barracões acometidos que tinham coccidiose por clostridiose. Assim, chegamos a conclusão de que a coccidiose subclínica era primária e levava a uma colstridiose na sequência”, explica.

O estudo mostrou ainda uma correlação com relação ao aumento de conversão alimentar entre as duas doenças. “Eles chegaram a conclusão de que a clostridiose e a coccidiose podem fazer com que a conversão alimentar varie até 16%. Isso significa dizer que se você tem uma conversão média de 1,65 essa conversão pode vir a 1,9. Podemos ter 25 pontos a mais de conversão alimentar”, informa.

Outra comparação feita no mesmo estudo foi quanto a aviários que faziam o controle e aqueles que não faziam. “Eles queriam ver qual o custo da doença por animal. Naqueles que eles não controlaram, houve um custo de centavos de euro por animal, no caso da clostridiose, seis vezes maior do que naqueles que controlaram”, mostra. Falleiros explica que no caso da coccidiose houve um custo um pouco maior, porém, os estudiosos alegaram que a coccidiose subclínica levava a um aumento da clostridiose e assim fizeram a relação direta entre as duas doenças.

Um dado que também sempre chama muito a atenção do avicultor é quanto ao custo de produção. Na Índia, em 2010, foi feito um levantamento sobre a questão. “Eles chegaram a conclusão de que a redução do ganho de peso e o aumento da conversão é responsável por mais de 90% da perda que se tinha relacionado a coccidiose”, expõe.

Situação do Brasil

O médico veterinário lamenta que no Brasil não foram desenvolvidos estudos atuais desta forma para saber exatamente como a doença atua nas granjas nacionais. “Tem um trabalho que é de 1994 que faz esse levantamento da avicultura nacional. É bem amplo, mas ele já tem mais de 20 anos”, diz. Neste trabalho, explica Falleiros, chegaram a conclusão de que as empresas sofrem variações de 1 até 15% com coccidiose clínica e subclínica. “Uma empresa que poderia ter uma média de conversão de 1,60 e está com média de 1,80. Eventualmente está perdendo isso em alguns momentos do ano”, comenta.

Falleiros informa que 65% das empresas brasileiras tem problemas com coccidiose. “Mas acredito que ainda possa ser maior que isso, devido ao fato de não levantarmos dados. Existem poucos estudos que nos trazem estes números”, lamenta. Ele conta que em 1993 foi feito um levantamento. “Naquele ano chegaram a conclusão de que o Brasil perdeu US$ 19,1 milhões com coccidiose, principalmente com perda de peso e aumento da conversão. Foram US$ 11,8 milhões com produção de carne e US$ 1,25 milhões com aumenta da conversão e, em consequência, maior consumo de ração”, explica.

Foco deve estar na integridade intestinal

O médico veterinário afirma que para solucionar ou amenizar o problema é necessário manter a integridade intestinal da ave. “Um trabalho feito nos Estados Unidos em 2014 mostra que os custos com alimentação são de aproximadamente 67%. Um frango pesando 2,2 quilos traz uma receita de 124 euros para cada 100 quilos de peso vivo. Os custos estão aqui. A margem de lucro é de 21 euros para cada 100 quilos de peso vivo”, apresenta. Ele comenta que estes números demonstram a importância de se manter um intestino íntegro. “Se não, vai tudo para o ralo. Se conseguimos manter a integridade intestinal, o frango consegue expressar todo o potencial genético e ter a manutenção da saúde como um todo”, diz.

Falleiros conta que um levantamento feito no Brasil mostra que o país tem uma piora de 4 a 10 pontos na conversão e redução do peso vivo de 30 a 120g por ave. “Essa redução de gramas por dia pode variar de 1 a 3 pontos. O aumento da mortalidade varia de 1 a 5%. Além disso, o impacto sobre o desempenho atual da parte subclínica e esse custo pode chegar até 10 centavos de dólar por ave. É perda de dinheiro”, afirma.

Outras notícias você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços

Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

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A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.

O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.

Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.

Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.

De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.

Fonte: O Presente Rural com informações Epagri/Cepa
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Avicultura

Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade

De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

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O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.

De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.

Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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Avicultura

Avicultura do Paraná sofre com desequilíbrio entre custos e remuneração

Levantamento do Sistema Faep mostra que, mesmo com a liderança nacional em abates, a maioria dos produtores opera abaixo dos custos, acumulando prejuízos e enfrentando dificuldades para manter e modernizar os aviários.

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O Paraná é uma superpotência nacional na produção de frangos de corte. Os números falam por si: o Estado responde por um terço dos abates do país, produzindo quase 2,3 bilhões de cabeças em 2024, movimentando cifras da ordem de R$ 31 bilhões. Toda essa pujança do setor, no entanto, não tem chegado aos produtores rurais. As receitas dos avicultores mal cobrem os custos diretos, o que representa um risco para a atividade em médio e longo prazos.

Confira todas as planilhas do levantamento de custos de produção da avicultura

É o que aponta o levantamento de custos de produção elaborado pelo Sistema Faep. O estudo é elaborado seguindo a metodologia própria e embasado por dados fornecidos por avicultores de todas as regiões do Estado. Os produtores foram ouvidos em painéis realizados em cada uma das 14 Comissão de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs) do Paraná, abrangendo os polos produtivos do Estado. Os resultados representam as médias por tamanhos de modais e classificação do frango, pesado ou griller, conforme o cenário das integrações.

Segundo os técnicos Caroline da Costa e Fábio Mezzadri, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep, os dados “revelam um cenário preocupante para a sustentabilidade da atividade”. Segundo o relatório, em praticamente todas as integrações, ALERTA as receitas obtidas pelos avicultores com a entrega das aves e com a venda de cama de aviário cobriram apenas os custos variáveis – ou seja, os desembolsos para produzir o lote de frangos.

O levantamento revelou que os produtores rurais ficaram no vermelho no que diz respeito ao custo fixo (que leva em conta as depreciações de máquinas, equipamentos e instalações) e o custo total (que se consolida como um índice de longo prazo para a atividade). Isso implica em saldos negativos anuais para cada produtor, que variam entre R$ 89 mil e R$ 217 mil, o que compromete a depreciação de instalações e a capacidade de investimento. “Ano após ano, as condições dos produtores estão se complicando, com a atividade ficando mais no vermelho”, diz o presidente da Comissão Técnica de Avicultura do Sistema Faep, Diener Santana. “Os reajustes que os produtores estão recebendo não acompanham os custos de produção, que têm aumentado acima. Isso agrava o vermelho”, acrescenta.

Ainda, o DTE do Sistema Faep estabelece uma comparação com os resultados de 2024. Segundo os técnicos, ao longo de um ano, houve um aumento nos custos variáveis, que oscilou entre 5% e 15%, conforme a região. O que mais pesou foram os valores da mão de obra, dos custos de manutenção e da energia elétrica. “Esses fatores [de aumento] são influenciados pela inflação, demandas regulatórias e exigências de bem-estar animal”, destaca Caroline, do DTE. “Esta realidade ameaça a viabilidade da cadeia produtiva paranaense, um dos pilares do agronegócio brasileiro, com potencial impacto em empregos rurais, suprimento de insumos e exportações”, complementa Mezzadri.

O presidente da CT de Avicultura ressalta uma distinção dentro da atividade. Os aviários mais novos, em regra, recebem adicionais. Os galpões mais antigos, no entanto, não ganham qualquer complementação. “Os modais novos têm incentivo para que o produtor se viabilize. Os mais antigos não têm. É só a remuneração seca”, aponta Santana.

Há oito anos na atividade, o avicultor Luís Guilherme Geraldo mantém quatro galpões, alojando 160 mil aves, em Jaguapitã, no Norte do Paraná. Além dele, o pai e dois colaboradores atuam diretamente na produção de frangos de corte, na propriedade. “Realmente, a avicultura está em bom momento, principalmente no mercado de exposições. Mas o lucro fica todo na integração”, ressalta.

Ao longo do ano, por meio de negociações na Cadec, os produtores conseguiram reajustes de 7,5%, que minimizaram os prejuízos acumulados em anos anteriores. Geraldo pretende ampliar a produção para diluir os custos, mas sabe dos riscos implicados na operação. “Apesar dos cenários econômico e político desafiadores, o produtor continua investindo. Esperamos que a avicultura siga em alta. O frango brasileiro é bem-visto no mercado internacional por nossas boas práticas sanitárias. Continuamos realizando diversos estudos para auxiliar nossos produtores rurais”, afirma o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette. “Nosso papel é dar esse suporte aos avicultores nas negociações de preços e custos junto às empresas integradoras em reuniões das Cadecs”, complementa.

Empresas cobram investimentos de produtores, mas remuneração é insuficiente

Um agravante à condição dos avicultores integrados envolve as exigências das empresas em relação a investimentos constantes nos aviários. Segundo os produtores rurais ouvidos pela reportagem do Boletim Informativo, as integradoras têm demandado atualizações constantes nos aviários, principalmente no que diz respeito a automação dos galpões e a aspectos sanitários. O valor pago aos produtores, no entanto, inviabiliza tais investimentos, pressionando cada vez mais os avicultores. “Há uma pressão enorme por investimentos e melhorias nos aviários justamente para proporcionar lucros à integradora e manter a excelência do padrão sanitário na criação das aves”, diz o produtor Maurício Gonçalves Pereira. “Temos que investir somas significativas para manter a ótima qualidade dos frangos, o que proporciona um primor sanitário e a conquista do produto em países que bem remuneram a carne de frango, mas não somos remunerados na mesma medida”, acrescenta.

Os aviários na propriedade de Pereira têm 11 anos, em São Tomé, município vizinho a Cianorte, Noroeste do Paraná. Apesar de ter feito inúmeras melhorias, ainda há uma série de investimentos que precisa ser feita. “Em um dos fornos, preciso substituir o sistema de aquecimento e nos outros é necessária a substituição das cortinas para a melhoria na circulação. Fora isso, constantes são os gastos com a manutenção da estrutura dos aviários”, aponta o avicultor. “Dada a necessidade incessante de investimentos, esta manutenção tem sido um problema sério para o produtor, visto que a remuneração não tem sido suficiente para que façamos todos os desembolsos necessários e exigidos pela integradora”, aponta.

Avicultor há 12 anos, Pereira mantém dois aviários com capacidade global de alojar 65 mil aves. Ele detalha que a renda dos produtores está diretamente relacionada à questão estrutural e às exigências das integradoras. Ele está prestes a fazer novos investimentos. “Preciso investir mais no aumento da capacidade de geração de energia fotovoltaica, já que a produção atual está sendo insuficiente. O valor da energia elétrica oscila e isto impacta diretamente no custo de produção”, diz.

Outro produtor, Eliandro Vegian Carneiro, também aponta que as instalações são determinantes para a equalização da atividade. Ele administra uma propriedade localizada em Éneas Marques, no Sudoeste do Paraná, em que mantém um aviário com capacidade para alojar 27 mil aves. Ele avalia os riscos que os elevados custos e necessidades constantes de investimentos implicam ao setor. “Tem que buscar por tecnologia e formas de reduzir os custos entre os lotes para poder se manter na atividade. É ‘bruto’ investir aproximadamente R$ 1,5 milhão em um barracão e saber que terá essa dívida por longos dez anos ou mais”, aponta Carneiro. “Em aviários mais novos, com mais tecnologia ou onde se tem mais de um aviário, consegue equilibrar, mas os custos de manutenção subiram muito”, diz.

De acordo com Luiz Guilherme Geraldo, quem tem estrutura mais defasada passa a ser pressionado a modernizar os galpões, mesmo que a remuneração não permita novos investimentos. “Os donos de aviários mais novos recebem um incentivo para estar sempre melhorando os galpões. Mas quando se trata de um aviário mais antigo, o produtor é cobrado a investir um dinheiro que não tem. Só se fizer essa modernização é que vai receber algum incentivo”, afirma. “Desejamos a melhoria das condições de remuneração para que possamos nos manter vivos e ativos na produção”, diz Pereira. “O próximo ano é uma incógnita. Com os juros altos em ano de eleição, não vejo uma melhora a curto prazo”, conclui Carneiro.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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