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CNI lança plano com estratégias para que a indústria seja mais produtiva, inovadora e verde em 10 anos

Mapa Estratégico 2023/2032 aponta caminhos para a neoindustrialização do país, com metas referentes a sustentabilidade, diversidade, melhoria do ambiente de negócios e aumento da inclusão social.

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Foto: Divulgação

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta que o Brasil tem potencial para, dentro de uma década, ter uma indústria digital e verde, mais inserida no mundo, além de ser um país mais inclusivo e igualitário e com um setor público mais eficiente. Também deve ser capaz de aumentar a eficiência energética, modernizar a infraestrutura de rodovias e ferrovias e alcançar o desempenho médio nas provas de matemática e ciências dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), entre outros avanços. Mas, antes, é preciso ter projetos e visão de longo prazo.

Presidente da CNI, Robson Braga de Andrade: “Estamos atentos a questões sociais, ambientais e de governança, com destaque para a agenda ESG. Temos importantes desafios para os próximos anos, que incluem o que podemos fazer dentro das empresas para o aumento da produtividade e da inovação, além da agenda de Estado, como a reforma tributária e o imperativo da descarbonização, que impulsiona a corrida pelo domínio das rotas tecnológicas verdes” – Foto: Divulgação/CNI

Os diagnósticos, as soluções e as metas para o Brasil ter uma nova indústria e chegar fortalecido daqui a uma década estão no Mapa Estratégico da Indústria 2023-2032, lançado pela CNI, na última sexta-feira (20). O documento reúne ações concretas em oito fatores-chaves: Ambiente de negócios; Ambiente econômico; Baixo carbono e recursos naturais; Comércio e integração internacional; Desenvolvimento humano e trabalho; Desenvolvimento produtivo, tecnologia e inovação; Educação e Infraestrutura.

“Estamos atentos a questões sociais, ambientais e de governança, com destaque para a agenda ESG. Temos importantes desafios para os próximos anos, que incluem o que podemos fazer dentro das empresas para o aumento da produtividade e da inovação, além da agenda de Estado, como a reforma tributária e o imperativo da descarbonização, que impulsiona a corrida pelo domínio das rotas tecnológicas verdes. Somados a isso, há o cenário externo, com o acirramento de conflitos geopolíticos, que acelera movimentos de reorganização de cadeias globais de valor. Temos muito trabalho pela frente”, avalia o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Ele alerta que o futuro das empresas e o desenvolvimento econômico e social do Brasil dependem de conhecer os desafios e elaborar estratégias adequadas para enfrentá-los. Para Robson Andrade, o Brasil deve aproveitar as oportunidades de inserção internacional com as mudanças que marcaram o início da década de 2020, com protagonismo nas agendas de descarbonização e digitalização.

Educação é fundamental para o sucesso dos demais fatores-chaves da competitividade

A CNI inovou nesta edição, a quarta do documento, desde seu lançamento, em 2007. As ações em temas como produtividade, inovação, internacionalização e capacitação de colaboradores e gestores foram desenvolvidas levando em consideração dois pontos: nenhum fator-chave pode ser visto de forma isolada e as empresas também têm um dever de casa a cumprir.

Um exemplo dessa visão sistêmica está no fator-chave: Educação. A educação é fundamental para o sucesso dos demais. Sem educação básica, profissional e superior adequadas, com foco em ganhos de produtividade, é impossível garantir o processo de descarbonização e a convergência para um modelo circular; a engenharia necessária à construção da infraestrutura de que o país precisa; a implementação de boas práticas regulatórias e processos adequados de governança e compliance públicos e privados; a inovação e o desenvolvimento produtivo; e a capacidade de as empresas operarem em um mercado global extremamente competitivo.

Mapa Estratégico da Indústria tem meta de promoção da equidade de gênero nas empresas

A indústria colocou como meta reduzir em 36% o índice de desigualdade de gênero do Brasil até 2032, o que equivale a uma queda de 4 p.p. ao ano. Entre as ações recomendadas estão: estimular ações que incentivem a maior participação das mulheres no mercado de trabalho, além da promoção e a ascensão de mulheres em cargos de liderança.

Além disso, o Mapa Estratégico da Indústria 2023-2032 também prevê o fortalecimento de mecanismos e políticas que promovam a diversidade, equidade e inclusão, em âmbito público e privado, além do incentivo à construção de ambientes de trabalho mais receptivos às diferenças, com reflexos socioeconômicos positivos para toda a sociedade.

Como funciona o Mapa Estratégico da Indústria 2023-2032?

O Mapa Estratégico ficará sediado em plataforma digital e, assim, pode ser permanentemente atualizado, pois tantas mudanças em um intervalo de tempo tão curto representam um grande desafio para o planejamento a longo prazo.

Estruturado em formato de mandala, o Mapa possui flexibilidade para remover fatores de competitividade que não sejam mais considerados prioritários e tem a capacidade de se adaptar para incluir novos fatores que se tornem relevantes para a indústria.

Além disso, o novo Mapa não estabelece uma relação hierárquica entre os fatores-chave e privilegia a interconexão entre eles.

Para cada tema prioritário, o Mapa apresenta uma breve descrição do problema a ser enfrentado, sugere possíveis soluções e indica os benefícios esperados ao seguirmos na direção recomendada. São elencados objetivos dentro de cada tema prioritário, com indicadores e metas para 2032, que direcionam para onde a indústria gostaria de ver esses indicadores evoluindo ao longo da década.

Da mesma forma, são apresentadas as iniciativas necessárias para cada objetivo. São os caminhos que precisam ser percorridos, com ações concretas ao longo dos anos, para que as metas estabelecidas sejam alcançadas.

Oito fatores-chaves e algumas metas até 2032

1 – Ambiente econômico

  • Desemprego: reduzir para 7,5% da população economicamente ativa.
  • Inflação: manter o IPCA próximo do patamar de 3%.
  • Juros: reduzir o spread bancário a 7,7%, redução de 1,97 ponto percentual ao ano.
  • Dívida pública: convergir para o patamar anterior à pandemia (74,4% do PIB).
  • IRPJ: alcançar a alíquota média sobre a renda corporativa dos países da OCDE, de 23,6%.

2 – Ambiente de negócios

  • Qualidade regulatória: subir 48 posições no ranking de Procedimentos administrativos conduzidos sem atrasos injustificados. Sair da 93º para a 45ª posição
  • Segurança jurídica: elevar em 2,4% ao ano o índice de segurança jurídica para 0,6 até 2032.
  • Governança pública: aumentar em 3,5% ao ano o índice de eficácia do governo brasileiro.
  • Governança corporativa: aumentar o índice de governança corporativa em 2,6% ao ano até 2032.
  • Desburocratização: aumentar o índice de desenvolvimento do Governo Eletrônico à nota máxima.
  • Segurança pública: reduzir pela metade o nível de roubo de cargas, uma queda de 6,1% ao ano.

3 – Baixo carbono e recursos naturais

  • Bioeconomia: aumentar em 0,5% ao ano o número de notificações da indústria de transformação no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen).
  • Descarbonização: a reduzir a intensidade das emissões de CO2 equivalente pela indústria em relação ao PIB industrial para 0,183 Mton/R$ trilhão.
  • Eficiência energética: aumentar a eficiência energética por meio da redução (de 0,24 ponto percentual por ano) da intensidade energética para 9,8%.
  • Energias de fontes renováveis: elevar em 1,3 ponto percentual ao ano o nível de uso de fontes renováveis na matriz energética da indústria, para 75% em 2032.
  • Economia circular: aumentar a taxa de recuperação de resíduos para 12,8%.

4 – Comércio e integração internacional

  • Crédito para exportação: elevar para 55% o valor exportado que conta com crédito à exportação. Aumento de 2,9 pontos percentuais ao ano.
  • Tempo para exportar e importar: reduzir o tempo médio de liberação das cargas via transporte marítimo para até 96 horas nas importações e para até 60 horas nas exportações.
  • Acordos internacionais: ampliar a rede de acordos comerciais do Brasil para 41,2% da importação mundial, com a entrada em vigor de acordos com União Europeia, Canadá, EFTA, México e Reino Unido.
  • Subsídios ilegais: realizar 4 investigações de subsídios ilegais e distorcivos em terceiros mercados no Brasil.
  • Investimento externo: ampliar a rede brasileira de Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFIs) para alcançar 80% do estoque de investimentos brasileiros no exterior.

5 – Desenvolvimento Humano e Trabalho

  • Relações do trabalho: alterar a posição do Brasil no ranking de países em que a legislação trabalhista não prejudica a atividade empresarial (de 57º para 45º, em um ranking de 59 países).
  • Saúde e segurança: diminuir a mortalidade prematura para 20% do total de mortes por doenças crônicas não transmissíveis. Queda de 1,85 ponto percentual ao ano.
  • Previdência: promover queda de 6,3% ao ano a incidência média anual de afastamentos.
  • Diversidade e inclusão: reduzir em 36% o índice de desigualdade de gênero do Brasil.
  • Acesso à cultura: aumentar de 30% para 40% o percentual de municípios com museus; de 23% para 33% com teatro ou sala de espetáculo; e de 40% para 50% os que contam com centros culturais.

6 – Desenvolvimento produtivo, tecnologia e inovação

  • Produção industrial: alcançar o nível 0,7 no índice de complexidade econômica. O maior nível é o 1,0, do Japão.
  • Valor adicionado: Alcançar a taxa de 19% de valor adicionado pela indústria de transformação em relação ao PIB.
  • Inovação: elevar o nível de investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em percentual do PIB para 1,8%. Crescimento de 0,06 ponto percentual ao ano.
  • Produtividade: aumentar a produtividade do trabalho na indústria em pelo menos 2% ao ano até 2032.
  • Transformação digital: ampliar para 45% as empresas que usam a tecnologia Internet das Coisas. Crescimento de 3,1 pontos percentuais ao ano.

7 – Educação

  • Educação básica: alcançar desempenho médio em matemática e ciências observado em países da OCDE (notas 492 e 495, respectivamente, no PISA de 2018).
  • Ensino médio: elevar o percentual de matrículas no ensino médio articulado com educação profissional para 40% até 2032. Aumento de 2,4 ponto percentual ao ano.
  • EJA: elevar para 30% o percentual de matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA) integradas à educação profissional. Crescimento de 2,7 ponto percentual ao ano.
  • Digitalização nas escolas:  garantir que 100% das escolas tenham internet banda larga e pelo menos 75% contem com computadores, notebooks ou tablets para uso dos alunos e também com projetores multimidia ou lousas digitais.
  • Educação profissional e superior: aumentar a proporção de graduados em cursos da área de STEM para 25% até 2032. Crescimento de 0,67 ponto percentual no ano.
  • Força de trabalho: aumentar o número de trabalhadores na indústria com nível técnico e superior (tecnologia e engenharia) em relação ao total de trabalhadores na indústria.

8 – Infraestrutura

  • Energia: reduzir o custo de energia elétrica para clientes industriais para 0,09 US$/kwh até 2032. Queda de 4,3% ao ano.
  • Transporte e Logística: elevar investimento total em transportes para 1,98% do PIB até 2032 e modernizar a infraestrutura de rodovias e ferrovias.
  • Mobilidade urbana: elevar o investimento total em mobilidade urbana para 0,12% do PIB até 2032.
  • Saneamento: aumentar a participação privada nos serviços de saneamento e alcançar 35,2% dos municípios atendidos por prestadoras privadas.
  • Infraestrutura digital: aumentar em 25% o total de acessos per capita a serviços de acesso à internet de banda larga até 2032.
  • Infraestrutura espacial: reduzir a dependência brasileira de satélites estrangeiros, com acesso a 27 satélites, sendo 22 independentes

Prioridades da indústria estão interconectadas

Ambiente de Negócios

Sem um bom ambiente de negócios:

  • Não é possível fazer investimentos em infraestrutura, pois há incerteza quanto ao cumprimento de contratos em empreendimentos que só trazem retorno a longo prazo.
  • Não há comércio e investimento entre países, pois esses relacionamentos se constroem com a expectativa de regras estáveis.
  • Não se inova, pois não há certeza sobre a proteção da propriedade intelectual, que permite que os financiadores da inovação colham os benefícios de suas descobertas.
  • Não se desenvolvem as tecnologias e os mercados necessários à transição para uma economia circular e de baixo carbono, pois as regras e incentivos para direcionar a transição não são claros.

Ambiente Econômico

Sem um ambiente econômico adequado:

  • Regras tributárias são determinantes para atrair ou afastar investimentos internos e externos, e até mesmo os investimentos de empresas brasileiras no exterior, impactando a integração internacional de nossa economia.
  • O financiamento às exportações deve contar com apoio público, como é a prática em todos os países, dada a dificuldade de sistemas privados de financiamento arcarem com os riscos relacionados à produção de longo prazo e ao risco soberano.
  • O sistema de financiamento também é um mecanismo de indução ao desenvolvimento produtivo na direção desejada pelo país. Como tal, deve contar com linhas direcionadas à transformação digital e às iniciativas de transição energética, com vistas à descarbonização dos processos produtivos.

Baixo Carbono e Recursos Naturais

Esse imperativo está fortemente ligado a outros fatores-chave deste Mapa Estratégico:

  • A transição energética e o cumprimento dos compromissos climáticos demandam grande esforço de inovação e só ocorrerão na presença de políticas de indução ao desenvolvimento sustentável.
  • Critérios ambientais são cada vez mais utilizados para a concessão de financiamento público e privado em todo o mundo.
  • As exportações enfrentam cada vez mais barreiras de natureza ambiental, e esse fator também se torna determinante na capacidade de atrair investimentos externos.
  • A construção de infraestrutura deve necessariamente considerar não apenas a redução de emissões e a circularidade, como também a resiliência às mudanças climáticas já em curso.

Desenvolvimento Humano e Trabalho

O desenvolvimento humano e o trabalho são essenciais para a competitividade da indústria. As empresas que investem no desenvolvimento de seus funcionários possuem a habilidade de atrair e reter talentos, o que é essencial em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo.

Cada fator-chave deste Mapa Estratégico depende de trabalhadores qualificados e produtivos.

Desenvolvimento Produtivo, Tecnologia e Inovação

  • Dependem de uma trajetória sustentável para a dívida pública, que permita a continuidade das políticas de apoio governamental.
  • Precisam estar acompanhadas de medidas de estímulo à formação e qualificação de trabalhadores e pesquisadores.
  •  Requerem um ambiente regulatório adequado e com segurança jurídica, para que seus instrumentos apresentem os efeitos desejados.

Educação

A educação básica, profissional e superior adequada é essencial para ganhos de produtividade:

  • O processo de descarbonização e a convergência para um modelo circular.
  • A engenharia necessária à construção da infraestrutura de que o país precisa.
  • A implementação de boas práticas regulatórias e processos adequados de governança e compliance públicos e privados.
  • A inovação e o desenvolvimento produtivo.
  • A capacidade de as empresas operarem em um mercado global extremamente competitivo.

Infraestrutura

Os temas prioritários mapeados são energia, transporte e logística, mobilidade urbana, saneamento e infraestrutura digital. No entanto, a solução para esses desafios deve ser pensada com um olhar para o futuro:

  • É preciso garantir a segurança energética com fontes renováveis.
  • As soluções para infraestrutura de transporte e logística passam por um incremento substancial dos investimentos públicos no setor e por uma profunda transformação digital.
  • As soluções de mobilidade urbana devem ser desenhadas para minimizar seu impacto de carbono e devem ser conectadas aos conceitos de cidades inteligentes e ao bem-estar da população.
  • Novos modelos regulatórios estão sendo implementados no setor de saneamento para atrair investimentos privados, que garantirão o acesso da população à água e ao esgotamento sanitário.
  • Outros importantes marcos regulatórios ainda são necessários.

Comércio e Integração Internacional

A integração internacional está relacionada aos demais fatores-chave do Mapa Estratégico da Indústria pois permite, entre outros:

  • Um ambiente econômico mais robusto, com investimentos externos e aumento das exportações.
  • A absorção de boas práticas internacionais, que melhorem o ambiente de negócios, como no caso do processo de adesão do Brasil à OCDE.
  • A troca de experiências e talentos com outros países, fortalecendo a educação e o desenvolvimento humano brasileiro.
  • A atração de capital estrangeiro para a execução de grandes projetos em infraestrutura ou em parcerias na formação de cadeias estratégicas de valor, notadamente aquelas direcionadas à bioeconomia, às energias renováveis e à transformação ecológica.

Fonte: Assessoria CNI

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Alta umidade do solo cria ambiente favorável para desenvolvimento da safra verão

Volume acima da média favorece germinação e crescimento inicial, mas excesso hídrico aumenta risco fitossanitário em regiões do Sul, Sudeste e Centro-Oeste; monitoramento permanece essencial.

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Foto: José Fernando Ogura

Nos últimos dias, o volume de chuva acumulado ultrapassou 70 milímetros em grande parte das regiões produtoras da safra de verão. Em vários polos produtivos, os índices registrados ficaram entre 10% e mais de 200% acima da média histórica, indicando episódios de precipitação intensa, segundo o relatório técnico da EarthDaily. “Do ponto de vista agronômico, esse excesso hídrico favorece a fase inicial do ciclo das culturas, beneficiando germinação, estabelecimento das plantas e expansão vegetativa, além de reduzir riscos associados à semeadura tardia ou irregular. Porém, chuvas concentradas em determinadas áreas podem gerar encharcamento, atrasar operações de campo e elevar o risco fitossanitário em locais mais vulneráveis”, afirma Felippe Reis, analista de cultura da EarthDaily.

Apesar da elevação da umidade do solo, o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) permanece próximo da média histórica, porém com trajetória desfavorável, semelhante ao padrão observado na safra 2024. A recuperação hídrica recente deve apoiar o avanço do desenvolvimento das lavouras, mas ainda será necessário acompanhar a resposta do NDVI nas próximas semanas para confirmar se essa melhora se traduzirá em ganhos consistentes de vigor e condição produtiva ao longo do ciclo.

Em Goiás, o NDVI encontra-se no menor nível dos últimos cinco ciclos, porém permanece em patamar semelhante ao da safra 2020/21, que apresentou produtividade satisfatória. Esse fator reduz a preocupação no momento. O aumento recente da umidade do solo e a previsão de manutenção de níveis elevados no curto prazo  podem favorecer a recuperação das lavouras de soja no estado.

No Mato Grosso do Sul, o NDVI está próximo da média, porém com dinâmica pouco favorável, também semelhante ao comportamento observado no ano ruim de 2024. Ainda assim, a umidade do solo registrou forte elevação nos últimos dias e deve permanecer alta no curto prazo, com as lavouras se recuperando, embora o excesso hídrico possa ampliar o risco fitossanitário.

Em Minas Gerais, o vigor da vegetação continua abaixo da média nas áreas de lavouras de verão. No entanto, a umidade do solo apresenta tendência de aumento e deve seguir nesse movimento no curto prazo, criando condições favoráveis para a recuperação das lavouras.

 Atenção no Sul

Na região Norte do Paraná, as chuvas intensas registradas recentemente podem ter provocado efeitos adversos sobre as lavouras de verão, especialmente em solos mais suscetíveis ao encharcamento. Entre os principais riscos estão atrasos no desenvolvimento vegetativo e aumento da incidência de doenças associadas ao excesso de umidade. A previsão de continuidade de precipitações elevadas reforça a necessidade de monitoramento constante para identificação precoce de eventuais perdas e avaliação de impactos sobre o manejo e o cronograma das próximas fases do ciclo.

Após os episódios de chuva intensa observados nos últimos dias, as projeções dos modelos ECMWF e GFS indicam volumes reduzidos de precipitação no curto prazo no Rio Grande do Sul. Essa condição deve contribuir para a diminuição do risco de encharcamento do solo, favorecendo a recuperação das áreas afetadas e a normalização das operações de campo, especialmente nas regiões com maior saturação hídrica recente.

Os modelos ECMWF e GFS apontam precipitações acima da média para grande parte da zona produtora de soja no curto prazo, mantendo um cenário predominantemente úmido. No entanto, algumas áreas devem registrar volumes mais modestos, especialmente no extremo Sul e em porções do Norte da região sojicultora. Essa heterogeneidade pode resultar em condições contrastantes, com risco de excesso hídrico em algumas lavouras e manutenção de limitações pontuais em áreas menos favorecidas.

Entre 10 e 17 de dezembro, as projeções indicam manutenção de níveis elevados de umidade do solo na maior parte da área agrícola, com possibilidade de excedente hídrico, sobretudo entre Paraná e São Paulo. Nessas regiões, o risco agronômico está associado à saturação do solo, restrição do desenvolvimento radicular e maior suscetibilidade a doenças.

Em sentido oposto, o oeste da Bahia tende a apresentar redução da umidade no período, o que pode reintroduzir limitações hídricas pontuais em áreas onde o avanço vegetativo ainda depende de maior regularidade das chuvas para consolidação do potencial produtivo neste início de ciclo.

Fonte: Assessoria EarthDaily
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USDA mantém projeção de esmagamento recorde de soja para 2025/26

Projeção segue em 69,5 milhões de toneladas enquanto Argentina reduz impostos sobre grãos e a União Europeia adia a entrada em vigor da lei antidesmatamento.

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Foto: Daiane Mendonça

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) manteve a projeção de esmagamento recorde de soja na safra 2025/26, estimada em 69,5 milhões de toneladas, mesmo diante da retração das margens de processamento observada nos últimos meses. A manutenção do volume reflete a expectativa de que a demanda siga sustentada, especialmente em função das políticas de combustíveis renováveis. Segundo o órgão, a definição das metas obrigatórias e das possíveis isenções deve ocorrer no início de 2026, fator que será determinante para o ritmo de consumo de óleo de soja no país.

Foto: Divulgação/OP Rural

Na América do Sul, o governo da Argentina anunciou a redução permanente das alíquotas de exportação para grãos e derivados, em uma tentativa de aliviar a carga tributária sobre o setor agropecuário. A taxa aplicada à soja foi reduzida de 26% para 24%, enquanto os subprodutos tiveram corte de 24,5% para 22,5%. Para trigo e cevada, a alíquota caiu de 9,5% para 7,5%; milho e sorgo passaram de 9,5% para 8,5%; e o girassol, de 5,5% para 4,5%. De acordo com o ministro da Economia, Luis Caputo, a medida busca reforçar a competitividade da agroindústria argentina, responsável por cerca de 60% das exportações do país.

Na Europa, o Conselho Europeu e o Parlamento chegaram a um acordo provisório para adiar em um ano a entrada em vigor da Lei Antidesmatamento (EUDR). A proposta ainda precisa ser votada, com previsão entre os dias 15 e 18 de dezembro. Caso seja aprovada, grandes operadores terão prazo até 30 de dezembro de 2026 para se adequar às exigências, enquanto pequenos operadores — incluindo pessoas físicas e micro ou pequenas empresas — terão até 30 de junho de 2027.

A EUDR proíbe a comercialização, no mercado europeu, de produtos ligados às cadeias de cacau, café, óleo de palma, soja, madeira, borracha e pecuária oriundos de áreas desmatadas após 30 de dezembro de 2020. O regulamento exige ainda que importadores garantam a rastreabilidade das mercadorias, com o objetivo de assegurar que o consumo europeu não esteja associado a novos desmatamentos.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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Corte de incentivos acende alerta no campo e pressiona custos da produção

Redução de benefícios tributários pode elevar impostos sobre insumos e alimentos em meio a perdas climáticas e alto endividamento dos produtores.

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Foto: Shutterstock

O Sistema Faep vê com preocupação a aprovação do PLP 128/2025, pelo Congresso Nacional, que promove a redução mínima de 10% dos benefícios federais de natureza tributária, financeira e creditícia. A diminuição prevista se refere aos incentivos e benefícios que já incidem sobre os seguintes tributos federais: PIS/Pasep; PIS/Pasep-Importação; Cofins; Cofins-Importação; IPI; IRPJ; CSLL; imposto de importação; e contribuição previdenciária do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada.

“Esses benefícios são importantes para a gestão no meio rural, com impacto significativo nas contas do produtor rural. Num momento complicado como o atual, onde as intempéries climáticas têm gerado perdas no campo e o endividamento do setor está alto, não podemos aceitar uma medida como essa”, destaca o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette. “Vamos continuar trabalhando para tentar reverter essa decisão ou, ao menos, procurar uma saída que possa compensar a redução”, complementa.

O projeto prevê redução em 10% dos benefícios tributários, impactando a produção, com aumento da alíquota do PIS/Cofins sobre insumos, e a venda de produtos agropecuários (corte do crédito presumido). Ainda, a medida reduz o crédito presumido da indústria de alimentos e rações e o lucro presumido.

“É preciso que os setores produtivos sejam ouvidos. A agropecuária, principal pilar da economia do país, será severamente atingida com essa medida, pois vai penalizar quem produz, desestimular o investimento, comprometer a competitividade e colocar ainda mais pressão de custos sobre a produção de alimentos”, afirma Meneguette.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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