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CNA e Faesc reivindicam medidas de apoio aos produtores de leite e carne

O mercado da pecuária de corte e leite no Brasil vive queda acentuada nos preços do leite e boi gordo.

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Fotos: Suellen Santin/MB

Uma série de medidas para proteger os agropecuaristas da maior crise pela qual passa o setor foi reivindicada aos Ministérios da Agricultura e da Fazenda pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) – com apoio da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc) – na última sexta-feira, quando a CNA protocolou, em Brasília, medidas de apoio aos produtores de leite e carne do País.

O mercado da pecuária de corte e leite no Brasil vive queda acentuada nos preços do leite e boi gordo. Este cenário tem impactado negativamente nos resultados da atividade, com redução das margens da base produtiva e dificuldades de o produtor arcar com os compromissos junto às instituições bancárias. Desta forma, a CNA e a Faesc propõem a criação de linha emergencial de crédito rural para custeio e medidas de saneamento financeiro.

As cotações da arroba do boi gordo e dos animais de reposição recuaram no mercado brasileiro desde 2022, sendo que, em 2023, as quedas foram ainda mais intensas. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq- USP), o Indicador para o boi gordo caiu 31,2% de janeiro a setembro deste ano, na comparação com mesmo período de 2022, o pecuarista está recebendo 34,1% menos pela arroba do animal terminado, considerando os valores nominais.

A pressão de baixa é devido ao aumento na oferta de animais, reflexo da retenção de fêmeas como matrizes em 2020 e 2021, acompanhando à alta nos preços dos bezerros e maior atratividade da cria. Reflexo dessa situação é o aumento dos abates totais de bovinos no país, com incremento expressivo nos abates de fêmeas (vacas e novilhas). Ou seja, após o período de retenção de fêmeas como matrizes em 2020 e 2021, a queda no preço do bezerro a partir de 2022 levou a um aumento nos descartes de fêmeas, com o objetivo de o produtor “fazer caixa”.

Paralelamente ao aumento da oferta de animais, a demanda interna por carne bovina em um ritmo mais lento, em função da situação econômica do país, queda na renda da população e maior concorrência com as demais proteínas animais, como as carnes de frango e suína, ovos, etc.

As exportações em volumes e preços médios menores colaboraram com este cenário de baixa. De janeiro a agosto de 2023, o volume embarcado de carne bovina pelo Brasil diminuiu 4,25%, frente ao mesmo período de 2022, enquanto o preço médio da carne bovina exportada caiu 20,6%. Com isso, o faturamento com os embarques brasileiros de carne bovina caiu 24,0% no acumulado deste ano.

O produtor foi o elo mais prejudicado pela fase de baixa do mercado do boi. Para um comparativo, o preço da arroba do boi gordo caiu 29,7% em agosto/23 em São Paulo, na comparação anual. No mercado atacadista, a queda foi de 17,2% para a carcaça casada (boi) e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para a carne bovina recuou 9,1% no mesmo.

Os custos de produção da pecuária de corte caíram a partir de 2022, com as desvalorizações nos preços do milho, farelo, fertilizantes, suplementos minerais, entre outros insumos. No entanto, comparativamente com a receita do produtor, os recuos nos custos de produção foram menores e seguem em patamares historicamente elevados.

De acordo com dados do Campo Futuro (CNA-CEPEA/Esalq-USP), os custos operacionais efetivos (COE) da pecuária de corte (ciclo completo), considerando uma propriedade modal em Mato Grosso, diminuiu 6,0% ao longo de 2023 e, na análise anual, a queda foi de 11,5%.

A queda na receita maior que o recuo no custo de produção da pecuária de corte levou a uma redução na margem do produtor de 41,3% em relação a 2022, quando se deu a virada do ciclo (fase de baixa), retornando à patamares próximos de 2020.

Diante do cenário exposto, de redução na margem do pecuarista de gado de corte, os resultados econômicos foram bastante prejudicados, o que tem impactado negativamente a capacidade de investimentos na atividade por parte dos produtores, bem como destes em arcar com os compromissos junto às instituições financeiras. O produtor está descapitalizado, descartando animais para fazer caixa.

Mercado do leite

Os elevados custos de produção de leite em função da pandemia descapitalizaram os produtores e limitaram os investimentos na manutenção e aumento da produção, cenário que culminou em redução na captação nacional em 2021 e 2022. Os respectivos volumes de 25,1 bilhões de litros e 23,9 bilhões representam quedas anuais de 2,03% e 4,79%, conforme pontuado pela Pesquisa Trimestral do Leite, do IBGE. Especialmente em 2022, a queda foi a maior da história representando nada menos que 1,2 bilhão de litros deixando de serem captados. O movimento perdurou no primeiro trimestre de 2023, havendo retração anual de 0,8% no volume captado de janeiro a março, consolidando 7 trimestres seguidos de queda na produção.

Esse descompasso entre a oferta e a captação aqueceu as cotações no campo, estimulando o setor à retomada da produção. O IBGE aponta que no segundo trimestre houve crescimento de 3,9% na captação das indústrias, ante igual período do ano passado. Em termos semestrais, a captação de leite no ano corrente indica aumento de 1,8% em relação a 2022, sinalizando uma possível recuperação nos volumes de produção em 2023. Entretanto, esse movimento de alta não se sustentou, uma vez que o desequilíbrio de mercado associado ao aumento das importações de leite pelo Brasil, influenciaram negativamente os preços ao produtor.

Os dados do Cepea indicam que, em termos reais, os preços recebidos pelo produtor tiveram retração de cerca de 27% em 12 meses, ao passo em que os desembolsos reduziram apenas 7,4% no período, corroendo as margens de um setor composto majoritariamente por pequenos e médios produtores.

Os volumes importados de lácteos pelo Brasil nos primeiros oito meses de 2023, totalizam 1,46 bilhão de litros, maior volume para o período em toda a série histórica. Se mantido o ritmo, o país caminha para renovar o déficit recorde na balança comercial de lácteos, ocorrido em 2016.

As principais origens do leite importado são países membros do Mercosul, que respondem por 97,6% do volume. Argentina, Uruguai e Paraguai, representam, respectivamente, 51,7%, 40,8% e 5,1% das internalizações, uma vez que tais países gozam de tarifas zero nas importações. Contudo, em que pesem as boas práticas de livre mercado, onde a competição entre as commodities ocorre em pé de igualdade, a Argentina vem aplicando subsídios diretos à produção leiteira, que podem chegar a US$ 2.000,00 por mês para as propriedades leiteiras, conforme estabelecido pela Resolução nº 27/2023, do Ministério da Economia daquele país. A medida se traduz em distorções de mercado e concorrência desleal ante o produto brasileiro, que levou a CNA, lideranças, demais instituições representativas e parlamentares a envidar esforços para mitigar os impactos no campo.

Propostas

As propostas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) – apoiadas pela Faesc em caráter emergencial – incluem instituir linha emergencial de crédito rural e autorizar a renegociação e prorrogação de operações de crédito rural de custeio e investimento para produtores rurais cujos empreendimentos tenham sido prejudicados pela queda de preços e instituir linha de capital de giro para aqueles produtores que não pretendam comercializar o produto na baixa.

Fonte: Assessoria CNA/Faesc

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

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Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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