Suínos
Cloridrato de Ractopamina: muito além de uma melhor conversão alimentar
É um aditivo muito importante dentro da cadeia de produção de suínos, não só por proporcionar uma maior deposição de tecido proteico (magro) em detrimento ao adiposo, mas também por ter um cunho relacionado à sustentabilidade.
A ractopamina é um agonista β-adrenérgico que pertence a uma classe genérica de catecolaminas, as fenetanolaminas, apresentando estrutura e propriedade análogas à epinefrina e norepinefrina, porém com ação apenas em receptores adrenérgicos tipo β. A molécula é bem absorvida por todas as vias, no entanto, a utilização da ractopamina como melhorador de desempenho recorre à via oral, com absorção variando de 80 a 90%. Após a administração oral, é rapidamente absorvida, com um pico plasmático entre 30 minutos e duas horas. A sua metabolização tenderá a seguir os mesmos passos das catecolaminas naturalmente encontradas no metabolismo animal e humano. No entanto, por apresentar grupo hidroxil no anel aromático, a ractopamina é biotransformada no fígado (metabolização por glucoronconjugação), formando os glicuronídeos (metabólitos não ativos de ractopamina).
Os agonistas β-adrenérgicos são bem absorvidos por todas as vias, com destaque especial para a via oral, pois o pH intestinal, que possui característica neutra, promove a redução da ionização destes compostos, facilitando sua absorção. No caso da ractopamina, após administração oral, pode-se observar absorção de até 90% da quantidade administrada.
O uso da ractopamina na produção de suínos teve início em 1996, ano em que foi aprovada no Brasil. É um aditivo muito importante dentro da cadeia de produção de suínos, não só por proporcionar uma maior deposição de tecido proteico (magro) em detrimento ao adiposo, mas também por ter um cunho relacionado à sustentabilidade. Isso é possível, pois o consumo da ração com inclusão da molécula de ractopamina, proporciona benefícios ambientais, como redução de consumo de água e excreção de nitrogênio, entre outros aspectos que permitem um resultado superior com redução de recursos naturais. Além disso, traz melhor rentabilidade aos produtores e frigoríficos e consequentemente um produto final com maior valor agregado.
Entretanto, para que este aditivo tenha um bom aproveitamento e resultado é importante que não só seja uma molécula oriunda de um fornecedor idôneo, bem como garantir a qualidade do produto final, que será incluído na ração do animal na fase de terminação, o qual deve conter um veículo capaz de garantir uma boa homogeneidade e distribuição, permitindo que o que foi calculado e incluído na ração na fábrica chegue até o cocho do animal. Isto se torna um ponto muito importante e delicado, pois sabe-se que o custo com a alimentação tem um impacto muito alto dentro da produção, entre 70 a 80% do custo total. Para tanto, é importante que as características físico-químicas do produto a ser utilizado estejam muito próximas às características da ração em que será inclusa.
Neste aspecto é importante que a umidade esteja próxima à umidade de uma ração de terminação, que gira em torno de 10 a 12%. Além disso, possui baixa densidade que permite menor chance de deposição no momento da mistura. A baixa solubilidade também é uma característica importante, pois se trata de um produto a ser incluído em ração. Um outro ponto a se destacar está relacionada à fluidez, uma vez que quanto menor, tecnicamente significa que o produto não fica aderido às paredes, ou seja, desde quando for adicionado no misturador, no caminhão, silo e cocho, permitindo que não haja perda do produto.
A higroscopicidade é a característica de alguns materiais possuem em absorver água do ambiente. Na tabela 1 há uma nítida demonstração de que há diferenças entre os produtos quando se fala neste aspecto, o que se torna uma importante informação, uma vez que produtos que possuam uma alta higroscopicidade, poderão formar grumos, prejudicando a mistura com a ração.
Além de todos esses aspectos um outro aspecto tão importante quanto ou mais é em relação à segurança alimentar, uma vez que, se trata de uma molécula adicionada à ração e que será utilizada metabolicamente para produção de um produto acabado mais homogêneo e eficaz. Para que um produto, como a ractopamina, possa ser utilizado em animais produtores de carne e/ou leite para consumo humano é necessário avaliar e definir os riscos toxicológicos associados à presença do insumo farmacêutico ativo (IFA) ou de substâncias remanescentes em alimentos de origem animal decorrente do uso de tais produtos bem como de derivados do uso, tais como produtos de conversão, degradação e metabólitos. Nesse sentido a determinação do período de carência para os produtos é de fundamental importância, pois dessa forma garante-se a segurança alimentar da população.
De modo a facilitar a aceitação universal dos dados da depleção residual
submetidos às autoridades regulatórias, a Cooperação Internacional para Harmonização de Requisitos Técnicos para Registro de Medicamentos Veterinários, VICH, elaborou uma guia que traz diretrizes para o delineamento destes estudos. Segundo o guia, é necessário definir que a depleção do resíduo marcador tenha atingido uma concentração segura para o consumo humano nos tecidos comestíveis, denominada limite máximo de resíduo (LMR).
Para a molécula de ractopamina, tanto o Codex Alimentarius quanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (Anvisa) definem como resíduos marcadores em matrizes (órgãos e tecidos) de suínos a própria ractopamina. O Quadro 1 apresenta valores de LMR, definidos pelo Codex Alimentarius e pela Anvisa, para a ractopamina, em músculo, fígado, rim e pele/gordura de suínos.
Em decorrência da necessidade de cada vez mais termos informações concisas, principalmente ao que se tange à segurança alimentar, dados de LMR se tornam cada vez mais importantes com o objetivo de propiciar uma maior segurança tanto para a cadeia de produção quanto ao consumidor final. Com isso foi realizado um estudo com a avaliação do LMR em amostras estipuladas pelo Codex Alimentarius e Anvisa demonstrando um LMR bem abaixo do determinado pelas agências reguladoras dentro das matrizes analisadas (músculo, fígado, rim e pele/gordura) (Tabela 2).
Tanto pele quanto gordura apresentaram em, todos animais analisados, resultados de resíduos abaixo do limite de detecção da técnica utilizada em laboratório (<LQ). Ainda na mesma tabela o fígado e o rim apresentaram LMR com média bem abaixo do limite máximo de resíduo aceitável, sendo respectivamente de 15,8 µg/kg e 29,7 µg/kg.
Considerações finais
Ao longo da matéria ficou clara a importância do uso da molécula de ractopamina na produção de suínos, mas por se tratar de uma molécula utilizada em produto final para consumo humano o cuidado em garantir o uso de um produto seguro passa a ser um passo fundamental, muito além de somente uma melhora na qualidade e conversão alimentar dentro da granja. Isso demonstra uma preocupação e cuidado com toda a cadeia de produção, no intuito de garantir a inclusão de um produto seguro na alimentação animal e consequentemente para a alimentação humana.
As referências literárias estão com os autores. Contato via: gabriela.oliveira@ourofino.com.
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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.