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Clima seco e plantio tardio derrubam estimativa de produção do milho segunda safra
Rally da Safra volta ao campo para avaliar as lavouras de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná – o alto potencial produtivo do início da temporada já foi comprometido
O Rally da Safra começa neste domingo, 23 de maio, a etapa de avaliação do milho segunda safra. Trata-se de uma das temporadas mais complexas dos últimos tempos. Os altos preços estimularam os produtores a aumentar os investimentos nas lavouras e a área plantada, que chegou a 14,4 milhões de hectares (7% acima da temporada anterior). Tudo isso, porém, ocorreu com o plantio mais tardio da história, empurrando o desenvolvimento das lavouras para um calendário de alto risco climático.
Não foi uma boa combinação: a safra começou com alto potencial produtivo, que acabou comprometido pela estiagem em importantes regiões produtoras, prejudicando principalmente as áreas semeadas mais tarde (de março em diante). Por isso, a estimativa de produção deste início da etapa milho do Rally é de 66,2 milhões de toneladas, 15% abaixo das 78,3 milhões de toneladas que se projetava em março, na última divulgação da expedição, quando a as lavouras de milho segunda safra ainda estavam sendo semeadas.
“É uma safra que não terá todo seu potencial expressado no campo. A irregularidade climática afetou o milho de forma severa. Nossas estimativas apontam para uma produtividade de 73,4 sacas por hectare, 19,6% inferior à da temporada 2019/20. É a menor produtividade média dos últimos anos, maior apenas do que a da safra 2015/16, também marcada por uma forte quebra”, afirma André Debastiani, coordenador da expedição.
As próximas semanas serão importantes. Há chuva prevista para os principais estados produtores de milho segunda safra. Caso isso se confirme, os problemas podem até ser um pouco amenizados, principalmente no caso das lavouras mais tardias. Se continuar chovendo pouco, porém, podem ocorrer novas revisões negativas.
Por enquanto, a avaliação é que o cenário poderia ser pior, não fosse o fato de que a situação não é tão crítica no Mato Grosso, por onde as primeiras duas equipes do Rally da Safra começam os roteiros de avaliação, percorrendo as regiões Médio-Norte e Oeste. A chuva no Estado não foi tão escassa quanto em outras regiões, embora também tenha sido mais irregular e mal distribuída do que em outras temporadas. A parcela das lavouras implantada num calendário de alto risco foi menor do que em outras partes do país. Apesar disso, a queda de produtividade é de 14% em relação à temporada anterior – a estimativa atual é de 94 sacas/hectare.
Os maiores prejuízos estão concentrados no Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás, onde choveu menos. No Paraná, a produtividade pode chegar a 60 sacas por hectare, 29% abaixo de 2019/20. Já no Mato Grosso do Sul, a produtividade está estimada em 62 sacas por hectare, 26% inferior à safra passada. Em Goiás, a expectativa é de que as áreas plantadas em janeiro e fevereiro colham de 90 a 100 sacos por hectare (abaixo da média de 150 na safra passada). As tardias poderão chegar a 50 ou 60 sacos por hectare – ou até deixarem de ser colhidas.
A passagem do Rally pelas regiões mais afetadas acontecerá no final de maio e em junho para avaliar aspectos fundamentais que irão determinar estimativas mais precisas sobre a produção da segunda safra, como população de plantas, espigas por metro linear, tamanho de espiga, peso de grão, além do percentual da área que não chegará a ser colhida.
A exceção a esse quadro geral vem de regiões como Rondônia e o MAPITO, onde choveu bem em abril e maio, sustentando boas perspectivas para as lavouras.
Reflexos no mercado
A quebra na produção gera impactos no mercado. Considerando tanto a safra de verão quanto a segunda safra, a Agroconsult projeta a produção brasileira de milho em apenas 91,1 milhões de toneladas, inferior a 100 milhões de toneladas pela primeira vez desde a safra 2017/18, quando foram produzidas 80,7 milhões de toneladas. O reflexo da queda de produção se dá nos altos preços do milho no mercado, numa relação de troca muito desfavorável para a produção de frango e suínos. Isso também acontece com a indústria de etanol, que já trabalha com margens apertadas. Além disso, as exportações brasileiras serão prejudicadas: a estimativa para os embarques em 2021, que já foi de 35 milhões de toneladas, agora é de apenas 26 milhões de toneladas. A perspectiva é de que o ano termine com os estoques em níveis muito baixos.
Equipes em campo
Seis equipes do Rally da Safra irão campo a partir de 23 de maio. Depois do Médio-Norte e do Oeste do Mato Grosso, serão percorridos Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná. “Será um momento importante para acompanhar as condições climáticas. Se não chover, a produção tende a ser ainda menor – mas caso as previsões sejam confirmadas, não se descartam surpresas positivas, considerando que uma recente onda de investimentos em nutrição, perfil de solo e genética tenha aumentado a resiliência em parte das lavouras. Nesse caso, algumas regiões que receberam uma a duas chuvas a mais podem melhorar a produção”, explica Debastiani.
Evento on-line
Para apresentar as novas perspectivas para a segunda safra de milho, o Rally da Safra realiza hoje, quarta-feira, dia 19 de maio, às 16h, evento on-line ao vivo com o coordenador da expedição, André Debastiani, e representantes das empresas patrocinadoras: Banco Santander, Phosagro, FMC e Rumo. O evento poderá ser acompanhado pelo YouTube. Organizado pela Agroconsult, o Rally da Safra 2021 chega à 18ª edição também com o apoio da Plant UP, Unidas Agro, FIESP e Universidade Federal de Mato Grosso.
O trabalho das equipes e o roteiro completo da expedição poderão ser acompanhados através das Redes Sociais
EQUIPE 21 (BR 163)
DATA SAÍDA UF OBSERVAÇÃO
23/maio Sinop MT Concentração da Equipe
24/maio Sorriso MT Pernoite
25/maio Sorriso MT Pernoite
26/maio Tapurah MT Pernoite
27/maio Lucas do Rio Verde MT Pernoite
28/maio Nova Mutum MT Pernoite
29/maio Cuiabá MT Final-dispersão Equipe
EQUIPE 22 (Oeste MT)
DATA SAÍDA UF OBSERVAÇÃO
23/maio Sinop MT Concentração da Equipe
24/maio Nova Mutum MT Pernoite
25/maio Campo Novo do Parecis MT Pernoite
26/maio Campo Novo do Parecis MT Pernoite
27/maio Sapezal MT Pernoite
28/maio Campos de Júlio MT Pernoite
29/maio Cuiabá MT Final-dispersão Equipe
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.