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Circovírus suíno tipo 2: importância das novas variantes virais

É importante destacar que, nos últimos anos o PCV2d ganhou importância, pois é frequentemente identificado em casos suspeitos de falha vacinal

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Artigo escrito por Cristian Postal, médico veterinário e assistente Técnico da Ceva Saúde Animal e William Costa, médico veterinário e gerente Técnico Suínos da Ceva Saúde Animal

O PCV2 é um dos patógenos mais importantes na suinocultura por causar perdas econômicas devido a elevada mortalidade, atraso na produção e pela ocorrência de infecções secundárias associadas ao vírus. Se expressa com sintomas respiratórios, enterite, dermatite, nefropatia e questões reprodutivas que foram denominadas como doenças associadas a Circovírus suíno (PCVAD). Além das infecções clínicas, o PCV2 pode desenvolver uma doença subclínica por longos períodos de tempo, o que resulta em um impacto variável na produção de suínos. Nestes casos são observados sinais clínicos inespecíficos (normalmente resultantes de infecções secundárias), seguidos de redução do GPD e piora na conversão alimentar.

O Circovírus suíno tipo 2 (PCV2) é um vírus pequeno (17nm), icosaédrico, não envelopado, que possui um genoma circular de DNA fita simples. Foi caracterizado inicialmente em 1988, após seu isolamento em órgãos de suínos acometidos por uma doença então emergente, denominada de Síndrome da Refugagem Multissistêmica dos suínos – SRMS (Postweaning Multisystemic Wasting Syndrome, PMWS).

Os genes do PCV2 estão dispostos em 11 quadros de leitura abertos (ORF, do inglês open reading frame) aparentes; entretanto, apenas a expressão proteica de quatro deles foi descrita:

  • ORF1 (gene de Replicação) codifica a reprodução do vírus, proteínas não estruturais
  • ORF2 (gene Capsídeo) codifica a única proteína estrutural
  • ORF3 participa da apoptose celular. Recentemente foi publicado que ao se inocular leitões com PCV2 mutante carente de OFR3, a virulência era menor se comparado ao vírus PCV2 normal.
  • ORF4 está incluído no ORF3, é também denominado um gene de supressão de apoptose, porque codifica uma nova proteína aparentemente capaz de anulá-la.

Variantes virais

O PCV2 está continuamente em evolução através de mutações pontuais e recombinações genômicas. O gene que codifica a ORF2 (capsídeo) possui a maior taxa de mutação dentro do genoma viral, o que tem levado a variações antigênicas.

Atualmente, cinco genótipos distintos foram descritos em suínos com base na sequência de ORF2, que foram classificadas como PCV2a, PCV2b, PCV2c, PCV2d e PCV2e.

O genótipo PCV2a era o que se encontrava em maior frequência até 2003, nos suínos que apresentavam doença clínica. Desde então, o mais frequente é o PCV2 b, onde essa troca coincidiu com aparecimento de casos mais graves de PCVAD. O PCV2c foi identificado apenas em amostras arquivadas da Dinamarca e uma recente amostra de suínos do Brasil. É considerada de menor importância.

A partir de 2012, uma nova variante ou estirpe de PCV2 (mPCV2 ou PCV2d) também foi detectado em suínos e tem sido associado a casos de falhas vacinais. Os animais vacinados contra o PCV2 apresentavam sinais clínicos típicos de PCVAD, sendo o vírus identificado nestes casos do genótipo b. Análises genômicas indicaram adições ou substituições de nucleotídeos gerando modificações no genoma do vírus, denominado mPCV2, e que por sua vez levaram a mudanças em aminoácidos localizadas em epítopos responsáveis pela ativação do sistema imune.

Recentemente, estudos filogeográficos sugerem que o PCV2b poderia estar mudando para PCV2d, produzindo outro deslocamento genotípico como o que ocorreu de PCV2a à PCV2b. No entanto, ainda não há evidências reais para explicar por que essa situação está ocorrendo. Uma das teorias que são cogitadas é que a vacinação massiva dos suínos contra o PCV2 tenha propiciado esta evolução. Em outras palavras, as vacinas poderiam ser mais eficazes frente a uns genótipos e menos frente a outros, o que facilitaria a replicação e difusão daqueles genótipos para os quais as vacinas atuais oferecem menos proteção.

É importante destacar que, nos últimos anos o PCV2d ganhou importância, pois é frequentemente identificado em casos suspeitos de falha vacinal. PCV2e é um novo grupo genético que foi recentemente identificado. Atualmente, PCV2a, O PCV2b e o PCV2d são encontrados globalmente, enquanto o PCV2c foi identificado apenas na Dinamarca e o Brasil.

Prevalência das variantes virais

Desde o início desta década quando um novo genótipo reconhecido, PCV2d, emergiu essencialmente em todas as grandes populações de suínos na América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia, vários estudos indicam que essa variante está se tornando a estirpe predominante na população mundial de suínos, substituindo PCV2a e PCV2b. Frequentemente, a presença de PCV2d foi vinculada a surtos de PCVAD em rebanhos vacinados levando preocupações que as vacinas baseadas em cepas de PCV2a podem não proteger o suficiente contra cepas de PCV2d.

Na China, uma análise filogenética baseada na ORF2 mostrou que as cepas PCV2 foram classificadas em cinco subtipos, sendo a prevalência de cada cepa mostrou que 7,37% (7/95) das sequências corresponderam à PCV2a; 15,8% (15/95) à PCV2b; 72,6% (69/95) para PCV2d e 2,1% (2/95) para PCV2e. O PCV2e, um novo genótipo de PCV2, foi identificado nos EUA em 2015, a sequência ORF2 mostra aproximadamente 85% de identidade com outras sequências conhecidas de ORF2 de PCV2. Para determinar a patogenicidade do PCV2e, serão necessárias investigações mais aprofundadas. O DNA das cepas de PCV2e descritas pela primeira vez na China, foram interessantemente encontradas na água contaminada por suínos.

Os dados atuais indicam que a prevalência de PCV2d aumentou de 57,1% em 2013 para 87,5% em 2016, sugerindo que o PCV2d substituiu PCV2b e tornou-se o genótipo PCV2 predominante na China desde 2013.

Importância econômica das novas variantes virais

Atualmente, as vacinas contra PCV2 com base em diferentes genótipos causadores de PCVAD podem diminuir a prevalência do vírus e as cargas virais. Entretanto, o agente ainda ocorre com frequência em granjas vacinadas e não vacinadas de suínos.

Um estudo recente usando suínos, determinou que o PCV2d dos EUA era altamente virulento, induzindo 71,4% de mortalidade em suínos não vacinados co-infectado com vírus da Síndrome Reprodutiva e Respiratória Suína (PRRSV). Entre todos os suínos infectados, 47,6% (10/21) desenvolveu doença clínica grave, morreu ou teve que ser humanamente eutanasiado entre 11-20 dias após o desafio.

Desde 2009, surtos de PCVAD envolvendo suínos vacinados começaram a aparecer, culminando com a caracterização de uma nova estirpe de PCV2, denominada mPCV2. Ainda nesse ano, granjas de suínos no Meio Oeste dos EUA vacinadas para PCV2, apresentaram uma síndrome de edema pulmonar agudo, que foi posteriormente associada ao PCV2, com sinais clínicos de estresse e morte, em animais na fase de creche e crescimento. A mortalidade chegou a 20% em alguns grupos.

Nos EUA em 2012, um surto de PCVAD em animais de crescimento, também vacinados para PCV2, onde os animais apresentaram perda de peso, anorexia, dificuldade respiratória e lesões características da síndrome dermatite e nefropatia, teve diagnostico laboratorial de mutações no PCV2. O percentual de mortalidade durante esse surto apresentou crescimento de 100%, saindo de 5% para 10%.

Outro surto de PCVAD foi descrito nos EUA em 2012. Foram acometidos suínos em crescimento vacinados para PCV2, de duas granjas diferentes, produtoras de reprodutores, e a 100km de distância entre elas. A taxa de mortalidade na fase passou de um para 10%, e os sinais clínicos apresentados foram letargia, perda de peso e anorexia. Das 13 amostras sequenciadas, duas eram do genótipo PCV2b e 11 amostras apresentavam uma lisina (K) adicional na ORF2, depois denominada de mPCV2 e a primeira identificação nos EUA.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Fotos: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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