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Circovirose em suínos e os genótipos do PCV2: preciso de uma vacina nova?

Granjas com adequado programa de vacinação têm menor circulação do PCV2

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Arquivo/OP Rural

 Artigo escrito por Tatiane Fiúza, médica veterinária, mestre em Ciências Veterinárias e coordenadora Técnica de Território da Boehringer Ingelheim

O PCV2 é o agente causador da circovirose suína e, desde 1998, tem sido associado a sinais clínicos respiratórios e entéricos, perdas reprodutivas e a Síndrome Multissistêmica do Definhamento Suíno (SMD). A circulação do circovírus é endêmica na suinocultura tecnificada e, por ser uma doença imunossupressora, leva a alta mortalidade, baixo desempenho e predispõe os animais a agentes secundários, comprometendo a produtividade e consequentemente, causando perdas econômicas expressivas. Nem sempre a doença é fácil de ser identificada, pois os sinais clínicos são inespecíficos. Além do mais, na sua maioria dos casos a doença cursa na forma subclínica, limitando discretamente o crescimento dos animais, afetando a conversão alimentar e agravando a ocorrência de outras doenças. O controle é baseado na prevenção de riscos, redução de fatores predisponentes e, principalmente, em vacinação.

Já foram identificadas diferentes variantes do PCV2 (PCV2a, PCV2b, PCV2c, PCV2d, PCV2e e PCV2f), entretanto sabe-se que a semelhança entre estas é alta (Tabela 1). A maior prevalência do PCV2a ocorreu até meados de 2003, a partir deste momento o PCV2b passou a ser o genótipo mais prevalente. Em meados de 2009, foi identificada uma nova variante, o PCV2d, que se difundiu nos rebanhos de diversos países (Imagem 1). Segundo um estudo feito por Rodrigues et al. (2018), no Brasil, a maior prevalência atualmente é do PCV2b (68,8%), seguido do PCV2d (24,9%) e PCV2a (6,3%). Ainda pouco significante para suinocultura tecnificada, o PCV2c foi identificado pela primeira vez na Dinamarca e em suídeos selvagens no Brasil, e o PCV2f em suínos no México e EUA, mas em baixa prevalência.

 

Granjas com adequado programa de vacinação têm menor circulação do PCV2, de modo que a utilização de vacinas comerciais eficazes promove a redução de sinais clínicos, evitam mortalidades pela doença e melhoram os indicadores zootécnicos. No Brasil, as taxas de rebanhos vacinados ficam em torno de 98% e, de forma geral, as vacinas têm-se demonstrado eficazes em reduzir a carga viral no sangue e nos tecidos linfóides, bem como evitar manifestações clínicas da doença. A vacinação de leitões deve ser definida de forma estratégica, para que os mesmos estejam protegidos no momento de maior exposição ao agente. Além disso, para promover uma proteção mais efetiva no plantel pode-se ampliar o programa de vacinação incluindo leitoas de reposição e fêmeas gestantes/lactantes, minimizando perdas reprodutivas, reduzindo a circulação viral e a pressão de infecção.

As vacinas com PCV2a ainda são a maioria no mercado e diversos estudos mostram que estas são efetivas frente aos genótipos PCV2b e PCV2d, que têm sido mais prevalentes na atualidade. Dentre essas, há vacinas com alta tecnologia de adjuvante que permitem a imunização em uma dose única, sem causar reações adversas, onde o antígeno é liberado lentamente por 900 horas protegendo os animais até o abate. Esta vacina, composta apenas PCV2a, quando comparada à outra vacina composta por PCV2a e PCV2b, mostrou-se eficiente em reduzir o percentual de animais infectados pelo vírus frente a um desafio com o genótipo “d”.

Em um outro estudo, leitões foram desafiados com PCV2b e imunizados com vacina composta por PCV2a. Não houve depleção linfóide, assim como detecção viral por imuno-histoquímica nos linfonodos ilíacos, mesentéricos e traqueobrônquicos (Tabela 2), mostrando a eficácia da vacina na proteção dos animais. A eficácia da vacina composta pelo PCV2a também foi demonstrada frente a uma infecção simultânea de PCV2d e PCV2b. Os animais vacinados apresentaram uma mortalidade 10% menor (Gráfico 1) e um ganho de peso diário de 36,7g a mais até as 22 semanas de vida (Gráfico 2). O desempenho no crescimento dos animais e a taxa de mortalidade são os indicadores mais importantes para avaliar a eficácia de uma vacina contra a circovirose no campo. O esperado é que a mesma promova proteção dos animais, sem reações adversas, e que isso seja revertido em melhores desempenhos zootécnicos e ganhos econômicos dentro da produção.

 

 

As mutações do PCV2, até o momento, não foram tão expressivas para que as vacinas compostas pelo PCV2a tenham eficácia reduzida frente ao PCV2b e PCV2d. O que vai definir o sucesso no controle da circovirose é a escolha de uma vacina de qualidade, que promova proteção rápida e duradoura, sem causar reações adversas. O programa de vacinação deve ser adequado ao status sanitário de cada granja e deve-se garantir o manejo correto de vacinação, assegurando os protocolos indicados pelos fornecedores.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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