Conectado com

Notícias

Cinco tecnologias do agronegócio em alta antes da porteira

Soluções de digitalização e automação na gestão de dados estão em alta entre empresas e cooperativas

Publicado em

em

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O agronegócio enfrenta desafios que vão além do manejo tradicional: mudanças climáticas, instabilidades geopolíticas e flutuações econômicas testam constantemente a resiliência e inovação do setor. Nesse cenário, a capacidade de reinvenção se torna essencial para que organizações se adaptem às adversidades e assegurem a sustentabilidade dos negócios, fazendo uso de soluções que endereçam os desafios atuais e moldam o futuro do mercado.

Para compreender como empresas e cooperativas estão se adaptando, o PwC Agtech Innovation lançou a pesquisa “Termômetro da inovação aberta no agro”, que analisou a maturidade da inovação no setor, destacando áreas de investimento antes, dentro e depois da porteira. Essa divisão permite avaliar como as inovações transformam o agro em diferentes etapas da produção.

Os resultados apontam cinco frentes prioritárias de investimento: Inteligência Artificial, com 61% de preferência; Digitalização, destacada por 57% dos entrevistados; Automação, aprendizado de máquinas e robótica, com 55%; Conectividade, mencionada por 49%; e Big Data avançado e Internet das Coisas (IoT), com 43%. “Embora distintas, essas tecnologias são complementares e colaboram para o desenvolvimento de soluções mais avançadas. Podemos detalhar como cada uma delas impacta o agronegócio, com exemplos práticos e tendências de mercado”, comenta Mauricio Moraes, sócio e líder de Agronegócio da PwC e CEO do Agtech Innovation.

O sócio da PwC e COO do PwC Agtech Innovaton, Dirceu Ferreira Júnior, destaca, ainda, a necessidade de conexão das áreas internas e externas. “Das organizações que participaram da pesquisa, somente 32% afirmaram que seus grupos de inovação estão conectados com áreas internas e parceiros externos. Olhar para dentro é importante para que esta conexão seja eficiente do lado de fora da porteira”, acrescenta.

Conectividade: a base para o agro digital

A conectividade é o centro das transformações tecnológicas no campo, mas desafios como infraestrutura, custos elevados e longas distâncias dificultam a expansão na área produtiva das fazendas. Segundo estudo da Esalq-USP em parceria com o Ministério da Agricultura, apenas 23% da zona rural no Brasil tem algum acesso à internet.

Isso prejudica o uso de tecnologias que dependem de dados em tempo real, como o monitoramento remoto e uso de máquinas autônomas. Em comunidades remotas, também restringe o acesso ao ensino a distância, telemedicina e entretenimento. Para mitigar esses desafios, soluções como redes de rádio, satélites geoestacionários e tecnologias 3G e 4G estão sendo empregadas.

Foto: Divulgação/ABCZ

Levar internet para o campo exige a mobilização de agentes públicos e privados. Exemplos incluem a parceria entre John Deere e Starlink, que já conecta maquinários agrícolas da multinacional a partir de antenas via satélite da SpaceX. Em outra vertente, o programa Semear Digital, liderado pela Embrapa e Fapesp, tem o objetivo de conectar até 14.000 imóveis rurais, com foco especial em pequenos e médios produtores que enfrentam dificuldades estruturais.

Digitalização em prol da gestão estratégica

A transformação digital é um pilar estratégico essencial para empresas que buscam adotar novas tecnologias e tomar decisões baseadas em dados. Ela envolve redefinir não apenas a forma de coletar e organizar os dados, mas também a maneira como essas informações são utilizados para aprimorar a gestão e otimizar a produção. Esse entendimento é o primeiro passo para promover uma mudança de mentalidade, que vai além da simples substituição de processos manuais por soluções digitais.

A startup Elysios, com sua plataforma Demetra, é um exemplo de como a digitalização pode converter dados em inteligência. Sua solução permite o registro de informações de campo de forma digital, mesmo em locais sem conexão à internet. Assim que a conexão é restabelecida, as informações são sincronizadas, melhorando a comunicação entre produtores, técnicos e gestores, para otimizar a tomada de decisões.

Foto: Magda Cruciol

No entanto, um dos maiores desafios da transformação digital no campo ainda é a capacitação da mão de obra rural. Para atender a essa necessidade, a edtech Já Entendi Agro desenvolveu uma metodologia própria, com foco em capacitar profissionais para operar equipamentos e ferramentas digitais no setor agrícola.

Big Data e IoT na conexão de dispositivos e decisões

Sensores e dispositivos conectados em lavouras, máquinas e equipamentos têm gerado volumes cada vez maiores de informações que, quando analisadas em conjunto, oferecem insights para o planejamento, manejo e distribuição da safra.

Enquanto dispositivos conectados por internet das coisas (IoT) geram dados em tempo real, o Big Data permite organizar e processar essas informações, transformando-as em inteligência estratégica para a gestão.

Um exemplo prático é o da startup IBBX, que utiliza IoT para monitorar remotamente variáveis como umidade, temperatura e o status de maquinários usando sensores de campo. Essa abordagem proporciona maior precisão e agilidade no acompanhamento das condições ambientes. Outro exemplo é o da SciCrop, especializada em Big Data e também em IA, que transforma grandes volumes de informações em insights estratégicos.

Inteligência Artificial: precisão para decisões complexas

A inteligência artificial, amplamente discutida desde 2023, segue em destaque e integrada a diversas áreas do cotidiano — de assistentes virtuais e ferramentas de geração de texto e imagem às mídias sociais, com seus anúncios e recomendações.

No agronegócio, não é diferente e a lista de aplicações não para de crescer. Antes da porteira, alguns destaques são: desenvolvimento de novas moléculas de defensivos, previsão e planejamento de safra, análise de cenários de mercado, assistência técnica e comunicação com clientes.

Startups desempenham um papel crucial na adoção dessas tecnologias no campo. A Quickium, por exemplo, combina IA e IoT para criar soluções que transformam processos produtivos e utilizam visão computacional para classificar e identificar padrões em podem auxiliar, por exemplo, no planejamento da safra. Já a Cromai pode ter sua tecnologia aplicada não somente no combate a daninhas ao longo da produção, mas antes da safra, na análise de resultados do ciclo anterior e busca de otimização de processos, redução de custos e aumento de produtividade.

Outros exemplos incluem soluções voltadas para o setor financeiro do agro. A agfintech Traive utiliza modelos proprietários de inteligência artificial para realizar avaliações de risco imediatas, permitindo que seus parceiros ofertem crédito de forma inteligente, acessível e ágil. Por sua vez, a startup Grão Direto, com a solução AIrton, acelera negociações de barter, analisa contratos para extrair informações relevantes, identifica padrões e visa tornar processos burocráticos mais eficientes, além de automatizar o preenchimento de contratos que antes demandavam horas.

Automação e robótica para maior eficiência no campo

Diante do avanço da inteligência artificial e da capacidade de processamento de dados, o aprendizado de máquina (machine learning), aliado à automação e à robótica, têm aprimorado o manejo agrícola. Essas tecnologias não só executam tarefas repetitivas, mas incorporam conhecimentos gerados durante as operações para aumentar sua eficiência ao longo do tempo.

Foto: Freepik

A automação já exerce grande impacto em atividades como o monitoramento de cultivos, a nutrição animal e o controle de pragas. Tecnologias como câmeras para contagem de insetos e robôs alimentadores estão ganhando destaque no campo, trazendo mais agilidade à esteira produtiva.

Na robótica, um dos anúncios notáveis de 2024 foi o da fazenda 100% automatizada pela Solinftec no que tange o controle fitossanitário, usando o Solix AG Robotics. Este robô realiza o monitoramento planta por planta, identificando a presença de ervas daninhas, pragas e doenças de forma autônoma. Com isso, é possível realizar intervenções mais precisas, reduzir custos operacionais e melhorar a eficiência de uso de insumos.

Outro exemplo de inovação vem da AgroScout, que combina aprendizado de máquina e visão computacional para processar imagens capturadas por drones, satélites e smartphones. A solução identifica rapidamente problemas como doenças e pragas, abrindo espaço para tomadas de decisões mais informadas pelos produtores e agrônomos.

Rumo ao futuro

Conectividade, digitalização e IA criam uma base sólida para fomentar decisões inteligentes, enquanto a automação e o Big Data otimizam o uso de recursos e aceleram processos. Juntas, essas tendências formam um ecossistema integrado, capaz de responder aos desafios e oportunidades de um setor em constante evolução.

Fonte: Assessoria PwC 

Notícias

Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

Publicado em

em

Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Notícias

Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

Publicado em

em

Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
Continue Lendo

Notícias

Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

Publicado em

em

Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.