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Cinco fatores que impactam o desempenho dos leitões na maternidade

Professor da UFRGS David Barcellos cita cincos dos principais fatores de manejo e ambiente que mais impactam no desempenho de leitões na fase de maternidade

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Arquivo/OP Rural

Manejo e ambiente são dois fatores fundamentais para garantir uma boa produção na suinocultura. Eles não podem ser negligenciados e merecem total atenção do produtor. Durante o 13° Simpósio Internacional de Suinocultura (Sinsui) o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), David Barcellos, elencou os cinco principais fatores de manejo e ambiente que mais impactam no desempenho do leitão na maternidade.

Peso e vigor ao nascimento

De acordo com o profissional, o primeiro deles é obter leitões com alto peso e vigor ao nascimento. “Idealmente os leitões deveriam nascer com alto peso e vigor. Isso influencia em vários fatores”, afirma. Ele explica que antes do parto é preciso levar em consideração a seleção genética, a necessidade de boa preparação das leitoas, a nutrição e fornecimento de água. Além disso, outros momentos como o período neonatal, manejo do parto, colostragem e reagrupamentos também merece total atenção.

“A suinocultura evoluiu muito e isso gerou efeitos colaterais, principalmente quanto ao tamanho das leitegadas. As fêmeas hiperprolíficas hoje tem uma quantidade maior de leitões, mas por outro lado isso provocou o aumento de leitões com peso menor de um quilo. Em um trabalho desenvolvido da UFRGS mostrou que 7% das leitegadas com 11 leitões tinham animais com menos de um quilo e 23% das leitegadas com mais de 16 leitões tinham animais com menos de um quilo”, conta.

Ele comenta que o produtor deve ter cuidado com estes leitões com baixo peso ao nascer. “É preciso identificar a ordem de nascimento, orientando as primeiras mamadas. Além disso, eles não devem ser misturados na uniformização de leitegadas com leitões mais pesados, porque isso reduz a taxa de sobrevivência”, diz.

Esmagamentos 

O segundo ponto trazido por Barcellos foi quanto a reduzir os esmagamentos/sufocações. “O esmagamento é a maior causa de mortes de suínos em todo o mundo, podendo chegar a 50% das mortes durante o aleitamento. Isso acontece porque, tipicamente, o peso da porca é 150 vezes maior que o peso do leitão, favorecendo o esmagamento”, informa. Na realidade, de acordo com o profissional, o esmagamento é uma sufocação, já que o leitão morre porque a porca se deita em cima da parte anterior e o animal perde a respiração e acaba morrendo sufocado.

Ele apresenta alguns pontos que merecem atenção para evitar esmagamentos na granja. “Acredito que esse seja um ponto muito negligenciado. Então, o número de nascidos vivos vem aumentando, mas isso interferiu no peso desses leitões e aumentou o número de animais muito pequenos. Isso não dá para controlar”, comenta. Barcellos diz que é importante que haja um número maior de leitões, mas não tem como evitar que estes animais venham pequenos e exista variabilidade nos lotes. Além disso, parte das porcas também são nervosas e agitadas, o que também foge do controle do suinocultor. “Já as celas pariderias é um ponto que podemos melhorar, porque muitas vezes elas são apertadas e as proteções inadequadas”, afirma.

O professor comenta que durante o rassoamento existe muita agitação, sendo que o manual é pior do que o mecânico em relação a agitação das porcas. “Então essa é uma escolha a ser feita”, menciona.  Outra questão, comenta, é que pode ser melhorada a proatividade dos funcionários. “Pode haver uma má qualidade nos cuidados com os leitões por parte deles e muitas vezes o esmagamento é atribuído às porcas, mas as causas podem ser variações ou má qualidade de mão de obra”, observa.

Para ele, ainda é preciso considerar passível de melhora as questões dos escamoteadores. “Eles podem ser quentes demais ou frio demais, ou ainda úmidos ou com corrente de ar”, diz. Os pisos da maternidade e selas parideiras também merecem atenção. “Se eles forem escorregadios a porca vai ter dificuldades de levantar e deitar e acaba então esmagando os leitões. Porcas excessivamente gordas perde agilidade e também por conta disso podem ser mais descuidadas e acabar esmagando os animais”, conta.

Barcellos comenta que muitos dos leitões esmagados são aqueles fracos e com baixa mobilidade. “Isso pode ser observado através da necropsia desses animais que morrem esmagados e verificar se eles tem leite no estomago para ver se não são casos de hipoglicemia ou leitões que estão tendo dificuldade de mamar”.

Além disso, as doenças na maternidade, como por exemplo diarreias e tremor congênito, faz com que os leitões fiquem menos ativos e isso predispõe eles ao esmagamento. “Porcas que tenham pouco leite também aumenta o esmagamento de leitões porque eles tendem a explorar mais, eles sentem frio e acabam se amontoando perto da porca para se esquentar e eles acabam ficando predispostos ao esmagamento”, afirma.

Para facilitar o trabalho do suinocultor, o professor dá algumas dicas de como controlar os esmagamentos. “Com o passar do tempo a primeira tentativa foi uma barra simples na lateral da sela parideira. Em um segundo momento vários modelos surgiram de selas parideiras com colocação de gaiolas de pariação e essas gaiolas foram extremamente úteis em evitar problemas de esmagamento. Atualmente tem surgido outras ideias. Se pegar, por exemplo, na literatura, é possível encontrar máquinas de soprar que mostra ser um tipo de sistema bem interessante”, comenta.

Bem-estar para as fêmeas

O terceiro ponto citado por Barcellos foi quanto a reduzir o estresse das fêmeas proporcionando bem-estar. “Esse é um ponto de grande importância para impactar no desempenho do desmame dos leitões”, diz. De acordo com ele, o arraçoamento pode ser estressante quando há erro na quantidade de ração que é fornecida para as porcas ou impontualidade. “É preciso sempre manter um padrão”, afirma. Além disso, o uso de rações pouco palatáveis, com níveis altos de micotoxinas e uso de aditivos amargos também que possam prejudicar o gosto da ração também são um problema.

O professor comenta que a temperatura na maternidade também deve ser observada. “Excesso de calor ou, eventualmente, se for frio demais causam desconforto”, observa. A má qualidade do ar das maternidades com níveis altos de gás, pó, excesso de corrente de ar e abafamento também causam problema. Outro detalhe é quanto a ruídos excessivos. “É sabido que granjas que estão com obras apresentam problemas de irritação das porcas”, comenta.

Segundo Barcellos, fatores individuais, como porcas nervosas ou agressivas, não tem muito o que fazer. “Isso é uma questão genética. Os animais já nascem com essas características, mas aí entram outras formas de agressividade que são favorecidas, como a falta de enriquecimento ambiental. Isso gera tédio e pode aumentar a agressividade das porcas. Além de maus tratos e pouca atenção com as fêmeas, isso vem de baixa qualidade de mão de obra, que pode gerar agressividade”, menciona.

Outro fator estressante é a temperatura. “Existem diferentes necessidades de temperatura para porcas e leitões. No verão as porcas são muito sensíveis ao calor e no inverno os leitões são muito sensíveis ao frio. Então nós temos que planejar e fazer uma maternidade que tenha condições de controlar esses dois limites de temperatura”, afirma. O profissional comenta que na alta temperatura do verão existe a necessidade de resfriar a porca e isso pode ser feito pelo manejo de cortinas, uso de ventiladores ou de pisos resfriados. Já no inverno, na temperatura baixa que afeta mais os leitões, existe a necessidade de que se aqueça esses animais através de um bom manejo de cortinas, aquecedores, escamoteadores ou pisos térmicos.

Pressão de infecção na maternidade

O quarto ponto destacado por Barcellos foi quanto a importância de reduzir a pressão de infecção na maternidade. “Entre os partos é realizado a limpeza, desinfecção e vazio sanitário. Mas é necessário alojar em salas com baixo níveis de infecção. Não adianta fazer isso com baixa qualidade”, afirma.

Ele comenta que na sela parideira, depois do parto, existe um grande contato do leitão com as fezes e depois disso não adianta somente alojar em uma sala limpa e desinfetada. “Deve ser feita uma limpeza diária e permanente e o leitão não deve ter contato com as fezes”, alerta. Ele diz que diarreias são afetadas pela carga de infecção na maternidade e esta carga pode ultrapassar a capacidade de defesa e é isso que vai definir se o leitão será doente ou sadio. “Uma coisa que é fundamental é que o leitão deve encontrar uma glândula mamária que ele consiga mamar sem se contaminar”, diz. Segundo o professor, uma sala parideira suja em decorrência do parto é fatal. “O leitão vai ter contato com as fezes e vai ter que mamar em uma glândula mamária suja”.

Barcellos comenta que o vazio sanitário está cada vez menor nas granjas brasileiras. “É possível reduzir, mas daí é preciso ter instalações fáceis de lavar e desinfetar, além de utilizar processos de lavagem e desinfecção bastante eficientes”, comenta.

Diarreias em leitões

O último item citado pelo professor foi quanto a importância de prevenir e tratar as diarreias em leitões. “Grandes formas de diarreia hoje nas maternidades no Brasil são o rotavírus e a coccidiose”, informa. Dessa forma, segundo ele, algumas soluções são a vacinação de porcas para E.coli, medicação profilática para c.suis e vacinação ou feedback para rotavírus.

“Conhecer e tratar precocemente as diarreias e controlar e eliminar os fatores predisponentes, principalmente drenagem do piso, frio e umidade, qualidade do leitão ao nascer, colostragem, qualidade de lactação, redução da carga infecciosa são pontos que ajudam a aumentar a imunidade dos animais”, afirma.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Forte alta do suíno vivo eleva poder de compra frente ao milho pelo 8º mês

Pesquisadores do Cepea explicam que esse cenário decorreu das altas de preços do suíno vivo superiores às verificadas para os principais insumos utilizados na atividade – milho e farelo de soja, comparando-se as médias de agosto e setembro.

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Foto: Ari Dias

O poder de compra de suinocultores paulistas frente ao milho cresceu pelo oitavo mês seguido, conforme apontam levantamentos do Cepea.

Em relação ao farelo de soja, setembro foi o terceiro mês consecutivo de aumento no poder de compra.

Pesquisadores do Cepea explicam que esse cenário decorreu das altas de preços do suíno vivo superiores às verificadas para os principais insumos utilizados na atividade (milho e farelo de soja), comparando-se as médias de agosto e setembro.

Na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o suíno vivo foi negociado ao valor médio de R$ 8,95/kg em setembro, forte aumento de 5,8% em relação ao de agosto.

Inclusive, este foi o quinto mês seguido de valorização, de acordo com levantamento do Cepea.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos Em Pato Bragado

Biogás diminui custos de produção e gera renda para suinocultores no interior do Paraná

Sistema instalado na granja da família Fincke solucionou o problema de dejeto dos animais e hoje mantêm a propriedade com a energia de biogás.

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Os Fincke lidam com o suíno na sua fase final e estão transformando a geração de energia na propriedade - Fotos: Roberto Dziura Jr./AEN

Quem vê a propriedade da família Fincke, em Pato Bragado, na região Oeste do Paraná, não imagina a dor de cabeça que eles tinham até pouco tempo atrás. Comandada por Carlito Fincke e os filhos Adilson e Jonas, os 30 alqueires de terra são divididos entre a produção de suínos, principal atividade, e as lavouras de soja e milho.

A suinocultura havia se tornado quase inviável na propriedade, devido aos custos elevados e questões ambientais. Até que eles encontraram uma solução: gerar a própria energia. A história da família Fincke, seus desafios e soluções, é tema da reportagem desta semana da série especial “Paraná, a Energia Verde que Renova o Campo”, produzida pela Agência Estadual de Notícias (AEN) e publicada às terças-feiras.

A família de produtores de Pato Bragado é mais um exemplo cabal do impacto que o apoio do Governo do Estado tem para os produtores e para o meio ambiente. O apoio se dá com programa RenovaPR, que subsidia o custo financeiro dos investimentos em equipamentos como biodigestores e painéis fotovoltaicos, a fim de incentivar e disseminar a energia limpa no campo. “Instalamos biodigestor e, assim, solucionamos o problema de dejeto dos animais, minimizamos o cheiro e as moscas, e estamos ganhando dinheiro, mantendo a propriedade também com a energia de biogás. Foi um salto muito grande nessa parte, além do meio ambiente. Temos que nos preocupar com os gases que a gente está lançando. Temos que ter consciência de ajudar”, afirma Adilson.

A atividade da família na produção de suínos começou com o pai em 2009 e logo cresceu com a entrada dos filhos no negócio, passando de 300 para sete mil suínos, distribuídos em seis granjas. Entretanto, à medida que o número de animais crescia, os problemas também aumentavam.

Os Fincke lidam com o suíno na sua fase final. A Unidade de Terminação (UT), como é denominado esse estágio, é o local em que os porcos chegam com cerca de 60 dias de vida e peso médio de 23 quilos (kg), e permanecem até alcançarem o peso de 120 kg, em um período de 120 dias de alojamento. Dali eles seguem para o frigorífico.

Durante quatro meses, os animais crescem, engordam, e com isso vem o obstáculo que acomete todo suinocultor: os dejetos. Adilson,

filho mais velho de Carlito, conta que os três tanques de esterco que existem na propriedade, hoje desativados, não davam conta de todo o material. “Quando chegamos nesses sete mil suínos percebemos que estávamos com problema. Chegamos a pagar para os vizinhos receberem esse dejeto porque não tínhamos o que fazer”, ressalta Adilson. “Fora o problema de carcaças. Às vezes chegávamos a enterrar os animais porque a composteira sempre estava cheia, não dava conta, além dos problemas de cheiro e de moscas”.

Foi então que um familiar deu a ideia. “Um tio chegou para nós e disse: ‘vocês estão perdendo dinheiro, deviam fabricar energia com toda essa matéria-prima’. Aí acendeu uma luz”, lembra o produtor. A luz a qual ele se refere era a produção de biogás, por meio de um biodigestor, resolvendo o problema de dejetos, uma vez que ele é transformado em gás, gerando energia, e o líquido, que também passa por um tratamento, transforma-se em biofertilizante para irrigação da lavoura.

Ideia aprovada pelos filhos, o próximo passo foi convencer o pai, relutante com o custo do investimento. “Quando fui ver o valor, meu pai já botou pedra. ‘Você não vai pegar R$ 700 mil para fazer um biodigestor e se aventurar’. Conversei com uma empresa que deu a ideia de tentarmos pelo RenovaPR, com juro zero”, lembra Adilson. “Deu certo, conseguimos nos enquadrar, convenci meu pai e começamos o projeto.”

RenovaPR

O Paraná Energia Rural Renovável (RenovaPR) foi criado pelo Governo do Estado com o objetivo de incentivar a produção de energia limpa e sustentável no campo. Desde 2021, ano de criação do programa, já foram mais de 26 mil usinas fotovoltaicas e ou de biogás instaladas.

Por meio de subsídio da taxa de juros, via Banco do Agricultor Paranaense, operacionalizado pela Fomento Paraná, o Estado banca parte ou a integralidade dos juros do financiamento para instalação de fontes de energia renováveis, como solar e biogás, no meio rural. É uma forma de baratear o custo da produção e contribuir para a preservação do meio ambiente. Além disso, o aproveitamento de dejetos de animais para produção de biogás, reduz a emissão de gases altamente poluentes no ar ou a contaminação do solo e de lençois freáticos, por exemplo.

O coordenador de Energias Renováveis no Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Herlon Almeida, ressalta que o objetivo do Estado é incentivar cada vez mais a instalação de biodigestores como forma de reduzir a emissão de poluentes no ar, gerar energia limpa, reduzir custos para quem produz e ainda acabar com os dejetos, obstáculo que mais afeta os produtores de animais, sejam suínos, bovinos ou aves. “O Governo do Paraná incentiva o biogás mais do que qualquer outra energia renovável porque, ao se fazer biodigestão, é realizado um tratamento, uma adequação ambiental, pois trata dejetos que normalmente impactam o meio ambiente e os transforma em riqueza, que é a energia do biogás, do biometano e, ainda, o digestato, que é o resíduo que sobra após a biodigestão e que pode ser convertido em fertilizante para uso agrícola”, explica Almeida.

Cenário do biogás

De acordo com levantamento do Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás), até 2023 eram 404 plantas de biogás instaladas no Paraná, com ampla folga na liderança a nível nacional. De 2022 para 2023, o número de plantas cresceu 54% — antes eram 262. O Estado responde por 29,59% das plantas de biogás no Brasil. Minas Gerais aparece em segundo lugar, com 348 unidades, e Santa Catarina, com 122.

Em termos de produção de biogás, a região Sul produziu 862 milhões de metros cúbicos normal (Nm³), sendo que o Paraná é responsável

por 53,4% desse volume, com 461 milhões de Nm³, crescimento de 20% em relação a 2022.

Em um biodigestor, os dejetos animais são decompostos por bactérias em um ambiente sem oxigênio. Durante esse processo, é produzido o biogás, uma mistura de metano e dióxido de carbono, que pode ser utilizado para gerar energia elétrica através de motores a gás. “Todos os projetos que temos têm um retorno sobre o capital investido de cerca de quatro a cinco anos. Para linhas de crédito de seis anos isso significa que, antes de vencer o financiamento, uma vez que ele é 100% financiado para o produtor, ele já recuperou o capital investido”, salienta o coordenador.

O financiamento dos Fincke foi de aproximadamente R$ 700 mil, com prazo de pagamento de dez anos e carência de três. Quando a granja opera com capacidade total de suínos, o biodigestor chega a gerar entre 25 e 30 mil quilowatts/mês, sem contar a energia que é utilizada na propriedade, para bombear o digestato na plantação de soja e milho, rico em nutrientes.

“O dejeto é um problema para todos os produtores de suínos. Não épossível jogar ele diretamente na lavoura, pois dessa forma ele danifica as plantas. E com os tanques todos cheios, não se consegue limpar o chiqueiro. Agora isso mudou”, celebra o suinocultor. “O tratamento do dejeto é outro. Os gases já foram embora, então você não prejudica o meio ambiente e até mesmo a própria lavoura. Você não está jogando um esterco cru, mas sim uma adubação de qualidade”, complementa Adilson. Com isso, os gastos com a compra de adubo também caíram.

Mais renda

Os Fincke decidiram vender a energia produzida pelo biodigestor, em vez de usar na propriedade. “O que sobra eu vendo para uma cooperativa específica de energia”, comenta. Com a comercialização, na casa dos R$ 15 mil mensais, eles conseguem quitar a parcela do financiamento e ainda sobra para pagar a conta de luz da granja, por volta de R$ 3 mil/mês.

Com o retorno, já existem projetos para ampliar a capacidade da granja. Um segundo tanque para digestato está em construção, enquanto que o primeiro permanecerá com o líquido em “descanso”, aumentando seu potencial fertilizador. Os planos também envolvem a quantidade de suínos. “Estamos estudando. Talvez fazer mais mais duas granjas, chegando a dez mil animais. As empresas querem concentrar tudo num só lugar, é mais fácil, mais cômodo para eles”, comentou.

Suínos no Paraná

O Paraná é o segundo maior produtor de suínos do Brasil, com pouco mais de 12 milhões de unidades em 2023 – 21,2% da produção nacional. O Estado fica atrás somente de Santa Catarina (29,5%) e à frente do Rio Grande do Sul (17%). O Valor Bruto da Produção (VBP) da suinocultura foi de R$ 12,5 bilhões em 2023.

De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o

Paraná é o terceiro maior exportador do Brasil, com 168 mil toneladas enviadas ao mercado internacional em 2023 e comércio com 75 países. Santa Catarina e Rio Grande do Sul completam o pódio, em primeiro e segundo lugares, respectivamente.

Série

A série de reportagens “Paraná, a Energia Verde que Renova o Campo” está mostrando exemplos de produtores rurais de todo o Estado que aderiram ao programa RenovaPR para implantar sistemas de energias renováveis em suas propriedades. Criado em 2021, o RenovaPR apoia a instalação de unidades de geração distribuída em propriedades rurais paranaenses e, junto ao Banco do Agricultor Paranaense, permite que o produtor invista nesses sistemas com juros reduzidos. Todas as reportagens da série podem ser conferidas neste link.

Fonte: AEN-PR
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Suínos

Paraná desenvolve sistema para fortalecer biosseguridade nas granjas suínas

Médico-veterinário aponta pontos críticos que ameaçam a biosseguridade nas granjas suínas, destacando os principais fatores de risco e as medidas preventivas essenciais para mitigar a introdução e disseminação de patógenos.

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A biosseguridade nas granjas de suínos tem sido amplamente discutida por todos os elos da cadeia, principalmente diante dos desafios atuais enfrentados pelo setor suinícola. Durante o Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural, realizado em meados de junho em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, o médico-veterinário, mestre em Ciências Animais, auditor fiscal agropecuário e gerente de Saúde Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Rafael Gonçalves Dias, trouxe à tona pontos críticos que ameaçam a biosseguridade nas granjas suínas, destacando os principais fatores de risco e as medidas preventivas essenciais para mitigar a introdução e disseminação de patógenos.

Foto: Ari Dias

O profissional enfatiza que a biosseguridade em unidade de produção é essencial para evitar a entrada e a propagação de doenças no rebanho, garantindo a saúde dos animais e a sustentabilidade da produção suinícola. No Paraná, a Portaria 265, publicada em setembro de 2018, estabelece os itens estruturais que cada granja deve ter, conforme o modo produtivo, para proteger as unidades da disseminação de doenças e agentes infecciosos. Essa normativa define 14 critérios de avaliação para a prevenção externa e 10 para a prevenção interna, que são fundamentais para a manutenção da biosseguridade.

Dias adianta que a Adapar planeja ainda este ano sistematizar essas informações contidas na Portaria 265, mensurando e quantificando a situação atual das granjas paranaenses. “Para isso, será desenvolvido um sistema de informação que vai permitir a coleta de dados de caracterização das granjas de forma organizada e segura, processando-os por meio de um modelo multicritério para obter indicadores de biosseguridade”, antecipa.

Conforme o  médico-veterinário, esse sistema será acessível via aplicativo web, proporcionando uma avaliação detalhada de biosseguridade de propriedade a propriedade. “Serão levantados dados críticos, como a origem dos animais e a presença de cercas de isolamento. Os resultados serão quantificados em níveis que variam de 1 a 5 para origem dos animais e de 1 a 9 para cercas, em escalas de 0 a 100, permitindo uma análise precisa e detalhada”, explica Dias.

Médico-veterinário, mestre em Ciências Animais, auditor fiscal agropecuário e gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias: “O novo sistema de informação vai gerar um dashboard detalhado de cada granja, facilitando a identificação de pontos críticos e a implementação de medidas corretivas” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Os dados coletados serão apresentados por meio de dashboards e mapas, possibilitando avaliar tanto as condições de granjas individuais quanto obter um panorama geral por integração e da região geográfica. “Essa visualização clara e integrada dos dados vai permitir identificar possíveis problemas e criar estratégias eficientes para implantar um plano de biosseguridade. Como resultado, teremos um dashboard detalhado de cada granja, facilitando a identificação de pontos críticos e a implementação de medidas corretivas. Com essas informações, será possível desenvolver e executar planos de biosseguridade personalizados, garantindo a proteção do rebanho e a sustentabilidade da produção suinícola no Paraná”, salienta.

A partir da implementação deste sistema de avaliação da biosseguridade nas granjas paranaenses de suínos, o auditor fiscal agropecuário menciona que a cadeia produtiva deve sofrer um impacto significativo, visto que aquelas propriedades que não terão condição de adequação para produção de suínos devem acabar saindo da atividade. “Não podemos colocar toda a cadeia de suínos em risco em função de uma ou outra propriedade que não tem condição estrutural de criar suínos”, ressalta Dias.

Isolamento da granja contra invasores

O gerente de Saúde Animal da Adapar afirma que entre os itens de biosseguridade mais importantes de uma unidade de produção suinícola devem estar as cercas. “As cercas são essenciais porque, entre os diversos problemas que temos no Brasil, estão os javalis. Precisamos ter essa barreira física para proteger nossas propriedades dos animais de vida livre e até mesmo dos animais domésticos, que podem trazer doenças para dentro do plantel suíno. As cercas blindam a entrada e protegem a criação”, argumenta Dias.

Os javalis representam uma ameaça significativa à biosseguridade das granjas, uma vez que migram facilmente de região e circulam de Norte a Sul do Brasil. Uma das doenças que essa espécie pode transmitir é a Peste Suína Clássica (PSC), colocando em risco a saúde dos suínos e a sustentabilidade da produção. “O novo sistema da Adapar vai permitir a coleta e análise detalhada de dados, facilitando a identificação de problemas e a implementação de estratégias de biosseguridade mais eficazes. Com isso, esperamos melhorar de forma significativa a proteção das granjas paranaenses, garantindo um ambiente seguro e saudável para a criação de suínos”, aponta Dias.

Ameaças à biosseguridade

Um ponto crítico para a biosseguridade nas granjas suínas é a presença de agentes patogênicos. Além da febre aftosa e do Senecavírus A, outras doenças vesiculares que afetam suínos são estomatite vesicular, exantema vesicular e doença vesicular em suínos (SVDV), as quais são consideradas exóticas e não circulam no Brasil. Dias ressalta que a grande ‘dor de cabeça’ do setor reside no Senecavírus A, que tem crescido a incidência da doença nas granjas nos últimos 10 anos. “Por causar lesões vesiculares, os sintomas são facilmente confundidos com febre aftosa, gerando muito estresse no campo”, frisa.

Fotos: Shutterstock

A questão não é exclusiva do Brasil, com a doença diagnosticada em países como os Estados Unidos, onde circula desde 1988; e há relatos recentes no Canadá, China, Nova Zelândia, Austrália, Tailândia, Colômbia e Chile. No Brasil, o Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul relatam casos, mas nenhum em nível comparável ao estado paranaense. “Em 2022, o Paraná atingiu o pico da doença com mais de 1.700 casos”, destaca o médico-veterinário, contando que cerca de 70% dos municípios paranaenses nunca tiveram casos suspeitos da doença, enquanto 30% tiveram casos investigados entre 2005 e 2021. “Os primeiros meses do ano tendem a registrar um aumento nos casos, enquanto os meses mais frios mostram uma tendência de diminuição, uma variabilidade observada nos últimos 10 anos”, menciona Dias.

Desafios e soluções na identificação do Senecavírus A

O médico-veterinário aponta 12 principais desafios na identificação do Senecavírus A na suinocultura paranaense. O primeiro listado são as condições das propriedades, com animais sujos, que dificultam a verificação das lesões, seguido da falta de vistoria prévia por parte dos médicos-veterinários. O terceiro desafio diz respeito as lesões causadas por outros motivos, como traumas, frequentemente confundidas com febre aftosa. O quarto são as notificações infundadas feitas por muitos produtores por receio do serviço de inspeção.

O ponto seguinte está relacionado ao estresse no transporte dos animais, que pode ocasionar lesões, complicando o diagnóstico. O sexto desafio é que enquanto é aguardado a investigação da Adapar, o abate precisa ser interrompido, gerando problemas na estocagem até a obtenção dos resultados laboratoriais, sendo esta a sétima dificuldade encontrada pelo setor.

O oitavo desafio diz respeito às propriedades interditadas que acabam por comprometer as escalas de abate, situação esta atrelada ao nono desafio, que o tempo a mais que ficam nas propriedades podem deixar os animais estressados, podendo provocar o aparecimento de lesões. O décimo desafio está ligado ao tempo de reação da cadeia que, devido ao alto número de notificações, impede que os órgãos de defesa agropecuária, como a Adapar, atendam a todos os casos no tempo desejado.

A logística das amostras até o LFDA-MG é complexa e a vigilância de outras doenças é prejudicada para atender às notificações de Senecavírus A fecham o ranking dos 12 principais desafios na identificação da doença.

Entre as possíveis soluções para minimizar esses obstáculos apontadas por Dias incluem a implementação de intervalos entre lotes, desinfecção e vacinação, além de investimentos em biosseguridade. “Isso envolve edificações teladas e cercadas, ambientes limpos, água e ração de qualidade, trocas de roupas nas áreas limpas e evitar visitas de pessoas e veículos nas granjas”, evidencia, ressaltando: “A cadeia suína deve se preparar cada vez mais para novos desafios sanitários”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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