Avicultura
Cinco dicas para criar aves saudáveis e livres de antibióticos
A demanda por ABF está aumentando rapidamente e o que foi considerado como uma tendência passageira tornou-se uma exigência bem estabelecida por consumidores do mundo todo
Artigo escrito por Ole-Lund Svendsen, gerente global da categoria Eubióticos na DSM Nutritional Products
Artigo publicado na Poultry International, em julho de 2016 (wattagnet.com)
A demanda por aves livres de antibióticos (ABF) está aumentando rapidamente e o que foi considerado como uma tendência passageira tornou-se uma exigência bem estabelecida, consciente com relação à saúde, por consumidores do mundo todo. Contudo, a produção ABF apresenta desafios para os produtores de carne, que estão recorrendo a diferentes abordagens para seu desenvolvimento, obtendo diferentes resultados.
Ainda que alguns produtores ainda tenham dificuldades em controlar desafios sanitários, outros tiveram sucesso com melhorias no alojamento e mudanças na nutrição, manejo e programas sanitários. Há alguns fatores chave a considerar na produção ABF. São os seguintes:
Manejo do Consumo de Nutrientes
Um equívoco comum na produção ABF é ter como foco somente o controle das doenças intestinais. Estas são as principais questões sanitárias quando algum programa ABF é implantado, mas a realidade é que são as consequências e não as causas do problema real. O excesso de nutrientes, especialmente proteína e gordura, podem não ser bem digeridos e absorvidos pela ave. A ração não digerida aumenta a proliferação microbiana no ceco, levando a potenciais infecções. A digestibilidade apropriada é chave para a saúde geral dos frangos de corte e pode ajudar a controlar micróbios e as doenças resultantes.
Fatores como consumo de uma dieta balanceada e de água em quantidade suficiente são essenciais para melhorar a digestibilidade. Um pH entre 5 e 7 e temperatura da água entre 16° C e 25° C são condições ideais.
Para fortalecer ainda mais o efeito das enzimas endógenas, aditivos como fitases e xilanases podem ser adicionados à ração. Além disso, para garantir a acidez do papo, os ácidos orgânicos são uma boa opção.
O manejo nutricional também desempenha um papel essencial. Grãos danificados e condições que poderiam aumentar a presença de fungos e a deterioração por ação de insetos precisam ser minimizados e, ao mesmo tempo, as condições de armazenamento de gordura devem ser constantemente revisadas.
Modular a Microbiota
A biota intestinal desempenha um importante papel apoiando o sistema imune. Além de uma dieta balanceada e boas condições de alojamento, os aditivos nutricionais e os minerais podem ajudar a manter uma microbiota saudável.
As enzimas são uma alternativa para eliminar os efeitos antinutricionais de polissacarídeos hidrossolúveis, enquanto que os ácidos orgânicos causam a inibição do crescimento bacteriano. Óleos essenciais podem dar suporte ao equilíbrio da microbiota intestinal e estimular a produção de enzimas digestivas.
Somente os testes e o uso adequados podem garantir o sucesso. Uma solução que funciona em um lote pode não funcionar no lote seguinte, uma vez que o meio ambiente pode ter mudado.
Melhorar o Ambiente do Aviário, a Biossegurança
Condições ambientais adequadas são a base para a produção avícola ABF. Temperatura, velocidade do ar e umidade relativa ótimas, de acordo com a idade, fase de produção e tamanho das aves, devem ser considerados.
O estresse causado pelo calor, frio, ar muito seco ou muito úmido podem afetar o consumo de ração e a motilidade intestinal, causando uma redução da digestibilidade. Os programas de luz também podem afetar o consumo de ração, a motilidade e a digestão. As intensidades de luz inferiores a 10 lux e 4 a 6 horas de escuridão por dia melhoram as taxas de conversão alimentar, indicando um consumo de ração mais lento e melhor digestibilidade.
A boa ventilação do aviário é chave para os programas ABF para manter a umidade da cama abaixo de 30% e para minimizar a condensação e o emplastamento da cama. O manejo do lote também é importante para permitir que o lote tenha mais espaço durante o período inicial. Isto ajuda a evitar o estresse excessivo.
Manter a Saúde do Lote
Prevenir a coccidiose e a enterite necrótica são normalmente as principais preocupações durante a produção ABF. Nos casos em que nenhuma medicação anticoccidiana é permitida, o uso de vacinas contra coccidiose e manejo da cama são pontos cruciais. Em muitos países, a vacinação dos frangos de corte tem sido utilizada há anos em sistemas tradicionais de produção avícola e em novos programas ABF.
Além disso, o regime de alimentação apropriado e o uso de aditivos de ração, como os eubióticos, podem ajudar a manter a microbiota saudável, somando-se à saúde do lote. Também é necessário o controle de outros parasitas intestinais, vermes e doenças das aves que afetam o intestino e a imunidade.
Práticas que podem ajudar a prevenir novas infecções incluem bioexclusão, limitar visitantes,
veículos e equipamentos que visitam outras granjas avícolas, biocontenção, isolamento dos aviários e controle de insetos, roedores e entrada de aves e animais silvestres.
Melhorar a Saúde da Matriz Pesada
A nutrição da matriz pesada é fundamental para o desenvolvimento adequado de sua progênie. O desenvolvimento do embrião depende totalmente dos nutrientes presentes no ovo, depositados pela matriz, e nutrientes específicos – como vitamina D, oligominerais, carotenóides e ácidos graxos – são chave para a imunidade e o desenvolvimento intestinal.
As matrizes também afetam a nutrição e desenvolvimento do embrião por meio das propriedades da casca do ovo, incluindo porosidade e espessura, que determinam a condutância. A condutância da casca determina a capacidade dos ovos de fazer a troca gasosa e vapor de água, afetando a utilização dos nutrientes em geral pelo embrião.
Estes fatores físicos, especialmente a capacidade de obter oxigênio suficiente, limitam o tipo de metabolismo, as taxas de desenvolvimento dos tecidos e crescimento do embrião. Isto é mais importante durante os últimos três ou quatro dias antes da eclosão, quando o desenvolvimento de muitos tecidos, incluindo o trato gastrointestinal, ossos e músculos, é mais acelerado.
As matrizes podem transferir micróbios intestinais e imunidade à sua progênie. Assim, as empresas que praticam a produção ABF deveriam assegurar uma saúde intestinal adequada para as matrizes e programas efetivos de vacinação.
Abordagem Holística
Há numerosos conceitos em torno das maneiras que os sistemas ABF na produção de carne de aves podem ser implantados para melhorar a produtividade. Há necessidade de uma abordagem holística ao longo de todo o sistema de produção à medida que os programas ABF para a produção avícola se tornam mais comuns e para que tenham sucesso.
Ração, aditivos de ração ou controle de patógenos entéricos são importantes, assim como manejo do alojamento, qualidade da água e biosseguridade das matrizes e da recria.
Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
