Notícias Sanidade
Cigarrinha do milho ameaça segunda safra no Paraná
Enfrentamento do inseto e das doenças por ele transmitidas requer esforço conjunto de produtores e entidades

De 2019 para cá, o Paraná vem registrando um número assustador de lavouras infestadas pela cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), inseto tinhoso que se esconde no cartucho da planta inoculando agentes que causam doenças, os chamados “enfezamentos” (vermelho e pálido), que podem levar à redução significativa da produção. Em algumas ocasiões, o prejuízo chega a 70%, com casos em que o milharal todo foi erradicado.
Desta forma, a performance histórica da safra 2019/20, quando o Estado colheu 15,5 milhões de toneladas do cereal, pode não se repetir na temporada atual. Pior, pode colocar em risco um momento ímpar da agricultura paranaense, quando o grão está bastante valorizado, permitindo a capitalização dos produtores.
Diante disso, diversas instituições de pesquisa, órgãos de governo e representantes do setor produtivo, inclusive o Sistema FAEP/SENAR, estão debruçados sobre este problema em busca de soluções conjuntas. O objetivo é levar informação técnica de qualidade para o campo para preparar os produtores, que até pouco tempo atrás conviviam de forma pacífica com o inseto, a combatê-lo com todas as armas disponíveis. “A melhor estratégia para combater a cigarrinha é pensar em soluções conjuntas e nunca de forma isolada. A pesquisa vem demonstrando que ações combinadas e adotadas em nível regional, como plantio sincronizado e rotação de cultivares, podem ter bons resultados”, afirma Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico Econômico (DTE) da FAEP.
Sozinha, a cigarrinha não é capaz de causar prejuízos significativos. O problema está nas doenças que ela carrega e transmite às plantas sadias. Essas doenças (enfezamento causados por bactérias e a “risca do milho” causada por vírus) prejudicam o desenvolvimento das espigas, o enchimento dos grãos, favorece o apodrecimento do colmo e, por fim, o tombamento da planta. Tal qual o mosquito da dengue junto aos seres humanos, a cigarrinha é um vetor de doenças. Quando ela pica o pé de milho, inocula nele os agentes causadores de doenças. Isso explica a pouca eficácia do controle químico nestas situações.
Excesso de inseticidas
A nota técnica divulgada pela Adapar, no final de fevereiro, mostra o aumento significativo na quantidade de inseticidas aplicados nas lavouras de milho para controle da cigarrinha no Estado. O volume empregado na safra verão 2020/21 foi cerca de seis vezes maior que o utilizado na safra anterior, passando de 6.386 litros para 36.284 litros. “O controle com inseticidas não é tão efetivo porque a praga precisa se alimentar da planta para entrar em contato com o inseticida e morrer. Mas, quando ela morde a planta, já transmite as doenças”, observa o coordenador do programa vigilância e prevenção de pragas em cultivos agrícolas e florestais da Adapar, Marcílio Martins Araújo. Além disso, como a praga se desloca com muita rapidez, pouco tempo após a aplicação, já está de volta à lavoura.
Segundo Araújo, hoje a cigarrinha está presente em todo Paraná. A Adapar coletou 64 amostras em diversas regiões, em novembro de 2020, e constatou que 40% do total estavam contaminados com enfezamentos pálido e vermelho. “Todas as regiões produtoras comerciais de milho têm a doença”, sentencia Araújo.
De acordo com ele, isso se explica pela facilidade de o inseto sobreviver em campo e se multiplicar migrando de lavouras mais velhas para mais novas. “A cigarrinha encontra plantas verdes para servir de hospedeiro praticamente o ano inteiro, pois temos o milho primeira e segunda safras, além do plantado para silagem e o verde”, observa Araújo. Desta forma, a cigarrinha conta com farta disponibilidade de plantas para sobreviver e se multiplicar ao longo de todo ano, expandindo sua área de atuação.
Diferença de cultivares
No caso do produtor Edilson Gorte, de Palmeira, nos Campos Gerais, a cigarrinha chegou de forma inesperada nesta safra 2020/21. Sua família produz milho em escala comercial na região há 40 anos, mas até então nunca havia se incomodado com o inseto. “Fomos pegos de surpresa. Já sabíamos da existência desse inseto vetor nas regiões de Minas Gerais, Mato Grosso e até no Paraná, nas regiões Norte e Nordeste. Mas sabíamos que ele não se deslocava por muitos quilômetros. Além disso, em nossa região não fazemos a safrinha”, afirma o produtor que não esperava encontrar problemas tão sérios por conta da praga.
Com 408 hectares dedicados ao milho na temporada atual, Gorte trabalhou com híbridos tolerantes aos enfezamentos e outros suscetíveis. As diferenças ilustradas nas fotos das lavouras falam por si só. A área plantada com os cultivares suscetíveis foi praticamente toda destruída pelas doenças.
A escolha de variedades resistentes ou tolerantes aos enfezamentos é uma das principais estratégias de controle. A resistência genética de alguns híbridos proporciona níveis de produtividade muito superiores àqueles sem resistência, de modo que vale à pena pesquisar quais as variedades mais estão disponíveis na sua região e optar por elas na hora da semeadura.
Produtividade ameaçada
Na visão do produtor e presidente do Sindicato Rural de São João, na região Sudoeste, Arceny Bocalon, a chegada da cigarrinha nas lavouras veio acompanhada de perdas significativas. “Por aqui, o pessoal teve prejuízo. Há uns dois, três anos fechamos 210 sacas por hectare. Esse ano passou um pouco das 82 sacas por hectare. Isso por causa da cigarrinha, pois o milho não se desenvolve. Dá até raiva de entrar na lavoura”, avalia.
Na lida com o milho desde “piá”, Bocalon conta que nunca viu uma infestação como essa. “Começou a atingir a região há uns três anos, veio vindo aos poucos, os produtores não tomaram cuidado e agora a cigarrinha tomou conta”, lamenta.
O receio no momento é que a safrinha, que representa uma área muito maior dedicada ao cereal no Paraná, vá a campo em um ambiente repleto de cigarrinhas. “O milho verão pega um pouco da cigarrinha que sobreviveu no milho guaxo, no milho silagem. Dessa forma, a população que chega no milho verão é menor. O problema é que essa população se multiplica ao longo dessa primeira safra. Entre fevereiro e março ocorre o pico populacional da cigarrinha. Então, esse milho que está entrando agora, que é mais suscetível, vai encontrar um campo cheio de cigarrinha”, alerta o pesquisador da área de fitopatologia da Embrapa Milho e Sorgo, Luciano Viana Cota.
Milho guaxo é vilão
Sabe aquele milho tiguera, que nasceu sozinho no campo e aparentemente não faz mal a ninguém? O milho guaxo, ou voluntário, que decidiu se desenvolver ali mesmo, à revelia da vontade do agricultor? Pois bem, ele pode estar guardando pragas e doenças prontas para atacar seu milharal assim que a próxima safra começar.
Uma das principais estratégias da cigarrinha do milho para se perpetuar nas lavouras é permanecer em campo nestas plantas solitárias, onde sobrevivem e se multiplicam até encontrarem a próxima safra nas redondezas. O milho tiguera funciona como uma “ponte verde” pela qual o inseto atravessa de uma safra para outra.
Segundo a entomologista e pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, Simone Mendes, na última década, com a introdução de cultivares resistentes à herbicidas, a eliminação do milho voluntário ficou mais difícil no campo. “Com isso criou-se essa ponte verde do inseto, que ficou difícil de controlar”, observa. A falta de controle eficiente destas plantas é um dos grandes responsáveis pelo aumento das infestações desta praga.
Além de um “hotel” de cigarrinhas, estas plantas voluntárias também se tornam hospedeiras dos patógenos que promovem doenças, em especial molicutes causadores dos enfezamentos vermelho e pálido. “Eles colonizam o floema da planta e, ao fazer isso, entopem o fluxo de seiva. Com isso o crescimento fica difícil, ela fica ‘enfezada’, isto é, não cresce e não enche a espiga”, explica Simone.
Desta forma, a erradicação das plantas voluntárias de milho consiste em uma das estratégias mais acertadas para o enfrentamento da cigarrinha do milho.
MIP Milho é aliado contra a praga
Outra ferramenta importante no controle da cigarrinha do milho é o monitoramento constante da lavoura. “Monitorar e entender o que está acontecendo na lavoura é fundamental. Uma praga comum no Paraná é o percevejo barriga verde, e o produto para controle desse inseto tem efeito na cigarrinha do milho. Entender a lavoura como um todo é passo fundamental para escolher as estratégias de controle e ter economia”, observa a entomologista e pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, Simone Mendes.
O SENAR-PR oferece, desde 2016, o curso “MIP (Manejo Integrado de Pragas) – inspetor de campo – Soja”, que leva ao campo um conhecimento fundamental: identificar os insetos que existem na sua lavoura, diferenciando as pragas dos seus inimigos naturais e assim podendo avaliar o risco de dano econômico e a hora mais apropriada de realizar uma intervenção com agroquímicos.
Em 2020, o SENAR-PR levou a campo o curso “MIP (Manejo Integrado de Pragas) – Milho”, com os mesmos conhecimentos para a cultura do milho. Por conta da pandemia do novo coronavírus, as aulas tiveram que ser suspensas naquele ano, mas voltaram a ser oferecidas em 2021.
Segundo a técnica Flaviane Medeiros, do Departamento Técnico (Detec) do SENAR-PR, no início deste ano os instrutores do curso passaram por uma atualização, ministrada pela Embrapa Milho e Sorgo e pelo IDR-PR, para incluir a cigarrinha do milho entre as pragas com risco de dano econômico na cultura. Para participar do curso, o aluno precisa ter completado o curso na área de MIP Soja. “Se o produtor já fez o MIP soja, ele já acredita nessa metodologia, então vai apenas aplicar esse conhecimento na cultura do milho”, afirma Flaviane.
O curso é extremamente prático. “Tem apenas uma aula teórica e o restante é prática de campo”, afirma Flaviane. Para participar, o aluno deve dispor de uma área de dois hectares de milho, para realizar o monitoramento.
Informação é o melhor remédio
Uma das armas encontradas para enfrentar a cigarrinha do milho e as doenças por ela transmitidas é a conscientização dos produtores. Desta forma, a cartilha “Manejo da Cigarrinha e Enfezamentos na Cultura do Milho”, desenvolvida pela Embrapa Milho e Sorgo com apoio do Sistema FAEP/SENAR-PR, em parceria com Sistema Ocepar, Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Embrapa Milho e Sorgo e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), traz uma série de informações sobre o comportamento inseto no campo, as doenças que ele transmite, as principais formas de detecção e, principalmente de controle da praga.

Notícias
Tarifaço dos EUA continua a afetar 22% das exportações brasileiras
Apesar da retirada de 238 produtos da lista de sobretaxas, produtos agrícolas e industriais ainda enfrentam barreiras, mantendo parte das vendas brasileiras aos EUA sob tarifas adicionais.

O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira (21) que 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos permanecem sujeitas às sobretaxas impostas pelo governo norte-americano. A declaração foi dada no Palácio do Planalto, um dia após a Casa Branca retirar 238 produtos da lista do chamado tarifaço.

Foto: Divulgação
Segundo Alckmin, a nova decisão representa o maior avanço até agora nas negociações bilaterais. Ele destacou que, no início da imposição das tarifas, 36% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano estavam submetidas a alíquotas adicionais. “Gradualmente, tivemos decisões que ampliaram as isenções. Com a retirada dos 238 produtos, reduzimos para 22% a fatia da exportação sujeita ao tarifaço”, ponderou.
A medida anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, revoga a tarifa extra de 40% para uma lista de itens majoritariamente agrícolas, como café, carne bovina, banana, tomate, açaí, castanha de caju e chá. A isenção tem efeito retroativo a 13 de novembro e permitirá o reembolso de produtos já exportados.
Impacto nas exportações
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) indicam que, tomando como base os US$ 40,4 bilhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024:
- US$ 8,9 bilhões seguem sujeitos à tarifa adicional de 40% (ou 10% mais 40%, dependendo do produto);
- US$ 6,2 bilhões continuam enfrentando a tarifa extra de 10%;
- US$ 14,3 bilhões estão livres de sobretaxas;
- US$ 10,9 bilhões permanecem sob as tarifas horizontais da Seção 232, aplicadas a setores como siderurgia e alumínio.

Foto: Shutterstock
De acordo com a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, a parcela das exportações brasileiras totalmente livre de tarifas adicionais aumentou 42% desde o início da crise.
Ela ponderou, no entanto, que o setor industrial continua sendo o mais afetado e exige maior atenção por parte do governo. “Para a indústria, a busca de mercados alternativos é mais complexa do que para commodities”, afirmou.
Aeronaves da Embraer, por exemplo, seguem sujeitas à tarifa de 10%.
Negociações seguem
Alckmin afirmou que a decisão dos EUA foi influenciada pelo diálogo recente entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro na Malásia, em outubro. O governo brasileiro enviou aos EUA, em 4 de novembro, uma proposta de acordo comercial, cujo teor não foi detalhado.
O presidente em exercício reiterou que o país busca avançar nas tratativas para retirar novos produtos da lista de itens tarifados. Ele mencionou que temas tarifários e não tarifários seguem na pauta de discussão, incluindo áreas como terras raras, big techs, energia renovável e o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata).
Alckmin também confirmou que Lula apresentou a Trump, além do pedido de redução tarifária, questionamentos sobre a aplicação da Lei

Foto: Shutterstock
Magnitsky, que resultou em sanções contra autoridades brasileiras.
Segundo o presidente em exercício, ainda não há reunião prevista entre os presidentes, embora Lula tenha convidado o mandatário norte-americano para visitar o Brasil.
Setores mais sensíveis
Apesar do alívio para diversos itens agrícolas, o governo avalia que os produtos industriais permanecem como o principal foco de preocupação. Parte desses segmentos, especialmente bens de maior valor agregado ou fabricados sob encomenda, têm mais dificuldade para redirecionar exportações para outros mercados.
Alckmin afirmou que seguirá empenhado em buscar novas exceções. “Continuamos otimistas. O trabalho não terminou, mas avança com menos barreiras”, declarou.
Notícias
COP30 evidencia protagonismo do cooperativismo nas soluções para clima e energia
Painéis na Green Zone e Agri Zone mostraram como cooperativas já entregam resultados em redução de emissões, bioenergia, logística sustentável e soberania alimentar, reforçando o modelo como peça-chave da transição climática justa no país.

A participação do cooperativismo brasileiro na COP30, na última quarta-feira (19), evidenciou a força do modelo e sua capacidade de integrar inovação, inclusão e sustentabilidade para responder aos maiores desafios climáticos, alimentares e energéticos do país. Painéis na Green Zone e na Agri Zone reuniram dirigentes de cooperativas, pesquisadores, técnicos e produtores para apresentar experiências concretas que mostram como a ação coletiva já transforma territórios.

Foto: Shutterstock
Em todos os debates, a mensagem central foi unânime: o cooperativismo não espera, entrega resultados mensuráveis na redução de emissões, no uso eficiente de recursos naturais e na geração de renda e oportunidades, posicionando-se como peça-chave para uma transição climática justa, inclusiva e territorializada.
Energia limpa, economia circular e logística sustentável
No Pavilhão do Coop, o painel Transição Energética Justa: Cooperar para Transformar, mediado por João Penna, coordenador de Relações Internacionais do Sistema OCB, reuniu três experiências que demonstram como o cooperativismo tem sido decisivo para acelerar a transição energética no Brasil e mitigar passivos ambientais de forma eficiente.
Alexandre Gatti Lages, superintendente do Sistema Ocemg, chamou atenção para o avanço das energias renováveis dentro do movimento. Ele lembrou que, segundo dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro, cerca de 20% das cooperativas brasileiras já produzem sua própria energia e Minas Gerais possui potencial ainda maior. Por isso, a Ocemg criou, em 2020, o Projeto Minascoop Energia, estruturado nos pilares ESG. “O Minascoop nasceu com esse propósito de fazer um trabalho diferente, doando energia para entidades que precisam”, afirmou.
A iniciativa reduz custos energéticos (Econômico), promove geração fotovoltaica limpa (Ambiental) e estimula a doação de parte da

Foto: Shutterstock
energia produzida a instituições filantrópicas (Social). “Hoje, já são 52 cooperativas participantes, com 138 usinas instaladas em 88 municípios, que juntas produzem 14 MW”, complementou.
Juliano Millnitz, diretor-executivo da Primato, cooperativa paranaense que atende mais de 11 mil cooperados e é a maior produtora de suínos do Brasil, apresentou o case Suíno Verde: Energia Limpa do Campo ao Transporte. O programa vem sendo observado por pesquisadores e autoridades por transformarum enorme passivo ambiental em combustível limpo.
A cooperativa produz, diariamente, 9,5 milhões de litros de dejetos suínos e implantou um sistema que centraliza 630 mil litros/dia para produzir biometano. No processo, o material sólido é convertido em fertilizante, enquanto o líquido gera biogás e biometano. A planta é autossuficiente em energia e o foco agora é a mobilidade sustentável. “Hoje já operamos seis caminhões totalmente movidos a biometano e a meta é que toda a cadeia de suínos seja transportada com combustível limpo, o que representará uma economia de 447 toneladas de óleo diesel por ano, equivalente a R$ 920 mil anuais”, explicou Nunes.
O terceiro case foi apresentado por Evaldo Matos, diretor da Coopmetro, que abordou um dos maiores desafios brasileiros: a dependência da matriz rodoviária, responsável por 70% do transporte nacional. A cooperativa lidera o Programa de Renovação de Frota (Pave), que democratiza o acesso de pequenos transportadores a caminhões novos, conectando cooperados, cooperativas de crédito e fabricantes.

Foto: Shuttertsock
Os impactos ambientais são expressivos: 14% menos CO₂, 75% menos óxidos de nitrogênio e 12% mais autonomia. No campo social, o programa alcança 13,5 mil beneficiados, fortalece renda e promove inclusão, com aumento de 15% na presença feminina. “O Pave é uma contribuição concreta para uma logística mais verde, mais saudável”, afirmou Matos, destacando ainda que a operação registra zero inadimplência com os bancos parceiros.
A representante do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Melissa Pesconi, elogiou a abordagem das cooperativas, reforçando que seus resultados são exemplos para grandes empresas. Ela apresentou as coalizões setoriais de descarbonização lideradas pelo CEBDS: iniciativas multissetoriais que reúnem setor privado, governos e sociedade civil para desenvolver e implementar planos de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em diversos setores da economia.
Melissa destacou que “a visão técnica dos dados precisa dialogar com a prática transformadora, e as cooperativas já mostram que a transição energética deve ser guiada também por critérios sociais, econômicos e políticos”.
Amazônia reforça protagonismo comunitário
Também na Green Zone, o painel Identidade e Inclusão para a Soberania Alimentar na Agricultura Amazônica, mediado por Beatriz

Foto: Shutterstock
Barros Braga, secretária de Desenvolvimento Rural do Amapá, trouxe uma discussão profunda sobre como diferentes Amazônias, com culturas, ecossistemas e modos de produzir próprios, constroem caminhos para garantir segurança alimentar em meio às desigualdades estruturais.
Com mais de duas décadas de atuação, a Cooperacre levou ao painel a visão dos extrativistas. O assessor Alberto “Dande” de Oliveira Tavares descreveu a trajetória de verticalização da cooperativa, que investe em agroindústrias de castanha, borracha, frutas e óleos. “A Amazônia não é vista apenas como fornecedora de matérias-primas. A Cooperacre investiu na verticalização, garantindo renda, autonomia e permanência das famílias”, disse.
Ele reforçou a importância do reconhecimento do serviço ambiental prestado pelos extrativistas: “Essas famílias entregam muito além de alimentos. Entregam equilíbrio climático, água de qualidade, biodiversidade. O pagamento por serviços ambientais precisa chegar até elas”, complementou
Já o agricultor e gerente comercial da Camta, Emerson Tsunoda, relatou o processo de reinvenção da cooperativa, que deixou a dependência da monocultura da pimenta e adotou sistemas agroflorestais integrados (cacau, açaí, pimenta e outras culturas). A mudança ampliou mercados, diversificou renda e elevou a resiliência produtiva. Ele celebrou também que bancos passaram a financiar apenas produtores estruturados em SAFs. “Quem consome nossos produtos consome também uma história de união e reinvenção”, resumiu.

Foto: Shutterstock
Bioenergia e desenvolvimento regional
Na Agri Zone, o painel Desenvolvimento Regional e Transição Energética, promovido pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), reuniu especialistas do setor de bioenergia para discutir como a interiorização da indústria e a diversificação das matérias-primas podem impulsionar cidades e regiões inteiras.
O cooperativismo foi representado pela analista de Sustentabilidade do Sistema OCB, Laís Nara Castro. Ela apresentou dados atualizados do setor e reforçou que o movimento já é parte essencial da transição energética nacional. “Hoje, mais de 910 cooperativas já geram sua própria energia, seja para consumo interno ou para abastecer processos produtivos. Somando tudo, temos mais de 4,9 mil empreendimentos de geração distribuída espalhados pelo Brasil. É energia limpa, descentralizada e que chega na ponta, no pequeno e no médio produtor”, descreveu.
Notícias
Novas obras devem tornar mais dinâmicas as visitas ao Show Rural
Coopavel investe em ampliações, novas obras e melhorias operacionais para receber 600 empresas e até 22 mil veículos na edição de 2026, reforçando o evento como vitrine global de inovação no agronegócio.

Poucas vezes em 38 anos de Show Rural, a Coopavel e parceiros investiram tanto em novas obras e em melhorias simultâneas no parque que abriga um dos três maiores eventos técnicos do agronegócio mundial. São inúmeros projetos em execução ao mesmo tempo, tudo para melhorar ainda mais a dinâmica e o aproveitamento das visitas de quem se desloca a Cascavel, no Oeste do Paraná, para ter acesso às inovações desenvolvidas pelas empresas do setor para que o agricultor produza mais, com menos custos e observando a lógica da sustentabilidade.

Foto: Divulgação/Coopavel

Foto: Divulgação/Coopavel

Foto: Divulgação/Coopavel
“O que estamos fazendo, mas em uma escala maior que em outros anos, busca atender às expectativas de um produtor rural cada vez mais exigente e conectado a mudanças que, ao longo dos anos, transformaram a realidade agropecuária brasileira e mundial. O Show Rural é um evento de vanguarda, focado na inovação e na superação e os resultados do que estamos fazendo poderão ser vistos de 9 a 13 de fevereiro de 2026, durante a 38ª edição do evento”, menciona Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, cooperativa que organiza a mostra de tecnologia.
Obras
Estão em ampliação os espaços físicos da administração do parque e do Espaço Impulso (parceria com o Itaipu Parquetec), hub do agro inaugurado há quase quatro anos e que se tornou um ambiente multiplicador de novos conhecimentos para as mais diferentes atividades rurais. Esses prédios terão as suas áreas dobradas, o mesmo acontecendo com o galpão destinado à agricultura familiar.

Foto: Divulgação/Coopavel
A Itaipu investe cerca de R$ 1,7 milhão em uma nova estrutura, anexa à antiga, que vai permitir, a partir do ano que vem, mais que dobrar o número de agroindústrias familiares presentes no Show Rural. As duas primeiras estão com mais de 60% do cronograma de obras pronto, e o novo pavilhão está praticamente concluído.
A área pavimentada com asfalto foi ampliada em 2,5 quilômetros e, nesse trecho, a largura da via é de cinco metros. Em vias anteriormente pavimentadas, a largura está em ampliação de três para cinco metros. Novos trechos de ruas vão receber cobertura. Onze dos 15 quilômetros de vias que conectam todo o parque estarão protegidos da chuva e do sol na edição de fevereiro. Os 28 conjuntos de banheiros, masculinos e femininos, foram todos reformados, trabalho que envolveu da troca de portas até do piso.
A área do antigo estacionamento de expositores foi toda gramada e, considerando trechos próximos, permitirá aumentar em 15 mil metros quadrados o espaço destinado a expositores. “Teremos 600 empresas, como em edições anteriores, mas algumas que pediam agora terão espaços maiores para apresentar as suas novidades aos visitantes”, conforme o coordenador geral Rogério Rizzardi.
22 mil veículos
O empresário Assis Gurgacz cedeu uma área vizinha ao parque para a ampliação do novo estacionamento. Para a 38ª edição, a capacidade

Foto: Divulgação/Coopavel
de recepção vai subir de 17 mil para 22 mil veículos. Em fevereiro passado, o estacionamento tinha capacidade para 400 ônibus, e em 2026 poderão ser recebidos e devidamente abrigados 700.
Uma nova passarela vai ligar o estacionamento ao novo portão principal do parque. A maior parte do trecho é elevada, passando sobre o antigo estacionamento. Além disso, outras duas lanchonetes serão implantadas no parque, bem como ampliado o número de estações no restaurante para que mais pessoas possam se servir simultaneamente. No Show Rural Coopavel, o acesso ao parque e o uso de vagas de estacionamento são gratuitos.



