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Ciência, Empreendedorismo e Comunicação. A Oportunidade do Brasil

É preciso ter a coragem de mudar, desenvolver uma narrativa compatível com a excelência da Plataforma de Ciência, Tecnologia e Inovação que sustenta os pilares da Agricultura Tropical Sustentável.

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Fernando Barros / Divulgação

Por: Fernando Barros, Jornalista e Gerente Executivo do Instituto Fórum do Futuro.

A Agricultura Tropical Sustentável, construída sobre uma Plataforma de Ciência, Tecnologia e Inovação, é provavelmente a maior e mais relevante contribuição já feita pelo Brasil ao processo civilizatório da humanidade. Barateou e democratizou o alimento, transformou um dos biomas mais naturalmente degradados do Planeta – os Cerrados – num celeiro global. Funcionou como escudo protetor de uma Amazônia que estava sendo ocupada antes do conhecimento científico chegar. Revolucionou a saúde, os padrões de longevidade, criou bem-estar, civilização e dezenas de cidades naquilo que há pouco mais de 40 anos era o Brasil profundo, abandonado e deserto.

Não obstante, em quase cinco décadas de conquistas substantivas para o Brasil e para o mundo, o Agro brasileiro continua a não fazer parte do projeto brasileiro de sociedade e a ser percebido como uma ameaça ambiental e à saúde dos consumidores pelos formadores da opinião pública, aqui e no plano internacional.

É preciso ter a coragem de mudar, desenvolver uma narrativa compatível com a excelência da Plataforma de Ciência, Tecnologia e Inovação que sustenta os pilares da Agricultura Tropical Sustentável.

O tempo urge. Temos à disposição uma legião de jovens urbanos, inovadores, ansiosos por uma causa para investir a sua energia criativa na construção de um mundo melhor.

E, existe causa mais nobre do que superar o déficit alimentar, tanto o hoje existente quanto nas próximas décadas; contribuir decisivamente para a redução da desigualdade, para a inclusão social e tecnológica dos povos tropicais; para a contenção das migrações forçadas?

E se essa narrativa vier alinhada com as mais evidentes tendências do capitalismo contemporâneo?

É nesse sentido que a candidatura do Professor Alysson Paolinelli, Presidente do Fórum do Futuro, ao Prêmio Nobel da Paz, pode se transformar num divisor de águas. Sugerida e provocada pela visão política e estratégica do também Conselheiro e ex-ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, a candidatura tem na sua base uma contundente narrativa: tudo o que foi feito no Brasil decorreu de um trabalho em Rede, orientado por Ciência, Tecnologia e Inovação; todas as transformações que poderemos desenvolver doravante podem igualmente ter origem numa Plataforma do Conhecimento voltada para o desenvolvimento sustentável, tendo como ponto de partida a identificação dos limites de uso de cada um dos nossos biomas.

Inúmeros sinais de que a sustentabilidade associada à transparência e à ética se consolidam como vetores de uma das mais consistentes tendências econômicas das próximas décadas.

O Conselheiro do Fórum do Futuro e ex-Ministro do Planejamento, Paulo Haddad, acredita que a narrativa já se tornou uma poderosa arma econômica de grande impacto, capaz de dirigir investimentos globais. Ele traz para esse debate o livro (2019) do Prêmio Nobel de Economia, Robert Shiller, que aborda um dos aspectos mais relevantes para a compreensão desse conceito: “Narrative Economics – How Stories Go Viral and Drive Major Economic Events”.

Esses sinais cada vez mais fortes nos levam a crer que a Comunicação, o formato e as mensagens com os quais a Ciência e os negócios compõem seu diálogo com as sociedades, são elementos estruturantes dessa questão. A Comunicação é um dos pilares do problema e da solução, mas está longe de ser o único.

Em jogo estão a reputação dos produtos brasileiros, a qualidade da inserção no mercado internacional, a oportunidade de novos investimentos, a perda de cérebros, ou em última análise o futuro do País. Já estamos pagando um alto preço por nos afastarmos da coligação das Nações com a bússola virada para o capitalismo avançado.

Custo este que só vai aumentar…

Está na hora de promovermos a integração das áreas para definitivamente enfrentar o desafio de um novo pacto global do alimento, encontrando caminhos para promover a inclusão tecnológica dos povos tropicais, permitindo o desenvolvimento sustentável, a geração de renda e empregos e viabilizando a permanência dos povos tropicais em suas regiões de origem.

Fonte: Assessoria

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Cercamento de qualidade é aliado da pecuária regenerativa

Fazer uma pecuária inclusiva e regenerativa é pensar no futuro para as próximas gerações, de modo que seja possível produzir sem abrir mão da sustentabilidade, produtividade e longevidade dos nossos processos e sistemas.

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Foto: Pixabay

O ano de 2023 foi o mais quente da história, segundo a Organização Mundial de Meteorologia (OMM). A Organização das Nações Unidas (ONU) também já indicou que 2024 deve seguir a mesma tendência. Temperaturas extremas, escassez de chuvas e períodos de secas prolongados são algumas das consequências das mudanças climáticas que vem ocorrendo devido ao aumento gradual da temperatura global. Esse aumento deve-se principalmente as emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Somente o Brasil emite 3% do total mundial de GEE, de acordo com o Observatório do Clima, sendo o sétimo maior emissor do mundo, atrás de China (25%), EUA (12%), Índia (7%), União Europeia (6%), Rússia (4%) e Indonésia (4%).

Essas mudanças no ambiente oriundo do bioclima têm consequências diretas na produção de alimentos. Podendo sofrer reduções de produtividade, devido aos intemperes climáticos. Ponto este preocupante em virtude do crescimento exponencial da população mundial, que chegará a 9 bilhões de pessoas até 2050, segundo as projeções da ONU.  Fato que demanda uma ampla quantidade de alimentos principalmente as proteínas de origem animal para suprir as necessidades da população em constante evolução.

Nesse processo de produção de GEE, a agropecuária ainda é vista como vilã, apesar de suas atividades serem pioneiras no processo de mitigação de metano entérico. De acordo com a Embrapa, a pecuária brasileira está emitindo menos gás metano devido à alta produtividade dos animais. Nesse sentido, quanto mais se melhora geneticamente os animais e os torna mais produtivos, menos emissão de metano entérico temos.

Além disso, a pecuária é a atividade mais cobrada por sustentabilidade por utilizar os recursos naturais. Um relatório da consultoria Boston Consulting Group (BCG) revelou que com a utilização da agricultura sustentável, soluções baseadas na natureza e do crédito de carbono e bioenergia, seria possível diminuir ainda mais as emissões – cerca de 1,83 bilhão de toneladas até 2030. Isso sem deixar de cumprir com o papel do campo de fornecer alimentos para suprir a crescente demanda mundial.

Para continuar reduzindo as emissões, e ter ainda a pecuária para as futuras gerações, os produtores começaram a praticar o conceito de pecuária regenerativa, que visa melhorar a saúde dos solos e a saúde dos animais, bem como proteger os recursos hídricos e a biodiversidade. Um relatório sobre a prática da Pecuária Regenerativa na América Latina, mostrou que esse tipo de estratégia diminui as emissões de gases liberados pela pecuária e faz da criação de animais de múltiplas espécies, principalmente os bovinos, um componente da regeneração da biodiversidade, ampliando a oferta de alimentos indispensáveis à saúde humana.

Diante disso, esse sistema busca não só minimizar o impacto ambiental da produção animal, mas também promover um ecossistema mais equilibrado e sustentável. Ao adotar métodos de manejo regenerativos, os produtores rurais contribuem significativamente para a preservação dos recursos naturais, além de serem agentes mitigadores de gases da atmosfera.

Na prática, as produtoras e os produtores rurais plantam culturas agrícolas em consórcio, como forrageiras e leguminosas, e depois inserem animais de múltiplas espécies (bovinos, aves e suínos, por exemplo) para pastar e aerar esse solo, tendo assim melhor aproveitamento da área. Uma pesquisa da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Pecuária sobre o consórcio de feijão guandu (leguminosa) e de braquiárias (plantas forrageiras) revelou uma redução de até 70% de metano, comprovando que o manejo de culturas diferentes é uma vantagem para a produção e para o meio ambiente.

Para a pecuária regenerativa ser eficiente, os pecuaristas devem ficar atentos com o cercamento também, pois este desempenha um papel importante na delimitação de áreas de pastagem e proteção dos ecossistemas. Bem construídas e duráveis, controlam o movimento e o acesso dos animais, permitindo o descanso as áreas de pastagem e protegendo os recursos naturais.

Esse processo promove práticas sustentáveis e regenerativas e, consequentemente, melhora a saúde do solo, a biodiversidade e a resiliência dos sistemas de produção animal. O uso de telas prontas, por exemplo, simplifica o cercamento e contém múltiplas espécies, sendo de fácil instalação e, além disso, pratica-se o uso de baixo carbono por justamente não necessitar de diversos tipos de cercamentos distintos.

Outro ponto interessante é a mudança do uso da cerca tradicional de arame liso de 5 fios para a cerca elétrica. Nesse processo também se economiza o uso de aço por se fazer uma cerca mais simples e de fácil instalação, com uma bitola menor dos fios, consequentemente menos carbono e aço utilizados, aplicando-se a prática regenerativa.

Fazer uma pecuária inclusiva e regenerativa é pensar no futuro para as próximas gerações, de modo que seja possível produzir sem abrir mão da sustentabilidade, produtividade e longevidade dos nossos processos e sistemas.

Fonte: Por Vanessa Amorim Teixeira, médica-veterinária, mestre e doutora em Zootecnia e analista de mercado agro da Belgo Arames.
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Insights do SXSW 2024 para o agronegócio brasileiro 

Da Inteligência Artificial à sustentabilidade, feira mundial de inovação trouce perspectivas emergentes para o setor.

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Fotos: Divulgação/ABMRA

O South by Southwest (SXSW), realizado anualmente há mais de três décadas em Austin, no Texas, é um caldeirão fervilhante onde inovação e criatividade encontram um palco global. A edição de 2024 não foi exceção, consolidando-se como um epicentro de troca de ideias e lançamento de tendências em tecnologia, comunicação e entretenimento. O evento reúne mentes brilhantes que não apenas preveem o futuro, mas o moldam, oferecendo insights vitais para o desenvolvimento contínuo em diversas áreas da sociedade, inclusive no tema que mais me atrai, o Agro.

A edição deste ano, em meio ao turbilhão que estamos vivendo desde o lançamento do ChatGPT há pouco mais de um ano, deu palco a debates essenciais sobre a interseção da inteligência artificial (IA) com a criatividade humana. A maioria dos painéis teve a IA e seus impactos inseridos nas discussões e, pelas opiniões expressas, sejam dos locutores ou das plateias, o uso deste recurso parece estar apenas iniciando uma grande jornada de impacto em nossas vidas.

Além deste tema da “moda”, algumas discussões interessantes sobre inovação e tecnologia foram trazidas, com potencial de impacto sobre o ecossistema do Agro brasileiro, e que valem nossa reflexão.

Edição genética

Especialistas em genética compartilharam como a tecnologia de edição de genes (CRISPR, sigla em inglês para Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) poderá ajudar no desafio de alimentar o mundo de forma mais sustentável, oportunizando soluções para os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Melhorias na resiliência e produtividade de plantas e animais, nutrição e paladar dos alimentos são alguns dos potenciais benefícios desta técnica que já está em avançado desenvolvimento, com potencial transformador para diversas cadeias produtivas.

Conexão com consumidores 

No segmento de mídia alimentar, as discussões reforçaram a ascensão da culinária de nicho, destacando estratégias para marcas engajarem com audiências literalmente famintas por conteúdos autênticos e divertidos. Fica claro o poder da comida em conectar as pessoas, e a experiência viral de influenciadores sublinhou como a paixão pela culinária pode gerar uma poderosa mídia engajadora.

Em um país como o Brasil que tem a produção de alimentos como sua mola propulsora, temos a oportunidade de usar nosso potencial produtor como base para desenvolver uma conexão cada vez mais prolongada e significativa do Agro com a sociedade.

Relação com o meio urbano

Engenheiro agrônomo, jornalista e presidente do Conselho Executivo da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro (ABMRA), Donario Lopes de Almeida

Para mim, um dos pontos mais relevantes do evento foi o painel sobre o “Divisor Rural-Urbano”, onde se explorou como as marcas podem atuar para unir essas duas realidades, frequentemente vistas como opostas. Com um enfoque na importância das comunidades rurais, o painel apresentou um apelo para que as marcas se tornem agentes de mudança social, utilizando seu poder para promover a integração e a resiliência no setor agrícola, e caminharmos juntos, o rural e o urbano, na construção de uma sociedade mais próspera.

A convergência desses temas no SXSW 2024 evidencia uma realidade onde as soluções digitais, a inteligência artificial e a diversidade estão moldando uma nova era de comunicação e marketing. Os aprendizados colhidos neste evento são de valor inestimável para o Agro brasileiro, que busca não só aprimorar sua produtividade e rentabilidade, mas também manter-se competitivo em um cenário global em rápida mudança.

Com um foco renovado em sustentabilidade, transparência e inovação, o Agro pode absorver estas novas ideias e tecnologias para desenvolver estratégias de comunicação que reflitam não apenas as necessidades do mercado, mas também os valores de uma sociedade cada vez mais consciente. O SXSW deixou claro: estamos entrando em uma era de inovação sem precedentes, e o setor no Brasil está bem posicionado para ser um líder nessa transformação.

Fonte: Por Donario Lopes de Almeida, engenheiro agrônomo, jornalista e presidente do Conselho Executivo da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro (ABMRA).
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Análise da Reforma Tributária brasileira de 2023: implicações para o agronegócio

Advogada especializada em Direito Tributário traz importantes análises referente as complexidades e transições para o setor frente às perspectivas das mudanças tributárias

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Mariane Reis é uma advogada especializada em direito tributário e aduaneiro, com vasta experiência em suporte ao agronegócio e empresas - Foto e texto: Assessoria

Em 2023, o Brasil promulgou uma Reforma Tributária abrangente, objetivando a modernização de seu intricado sistema de impostos. Diante deste cenário que poderá afetar o agronegócio, Mariane Reis, advogada especializada em Direito Tributário e Sócia-executiva do escritório Sartório, Reis Advogados, traça os principais gargalos e as projeções negativas desta nova estrutura com uma análise detalhada dos efeitos que esta reformulação que o setor poderá enfrentar, segmento crucial para a economia do País.

Historicamente, a necessidade de Reforma Tributária no Brasil tem sido um tema recorrente desde, pelo menos, a década de 1990, com o intuito de descomplicar um sistema fiscal complexo e estimular o desenvolvimento econômico. “Contudo, a reforma de 2023, focada na tributação do consumo, inaugura um novo capítulo para a economia do País, com reflexos significativos para o agronegócio”, alerta Mariane Reis.

De acordo com a especialista em Direito Tributário, o fato implicará em grandes desafios e impactos para o segmento. A recente mudança legislativa introduzirá desafios substanciais para o agronegócio, decorrentes da transição para o novo sistema tributário, prevista para ser concluída em 2033. Para ela, esse período de transição se caracterizará pela “complexidade e pelo incremento da carga burocrática”.

Diante deste cenário, a sócia-diretora do Sartório, Reis Advogados considera que a eliminação de benefícios fiscais e a reformulação das alíquotas poderão criar um imbróglio e impactar os custos operacionais dentro de diferentes segmentos do agronegócio, como por exemplo:

 

Produção de grãos: Possibilidade de aumento nos custos relacionados à aquisição de insumos fundamentais;

– Pecuária: Probabilidade da elevação dos custos de insumos, incluindo ração e medicamentos, podendo comprimir as margens de lucro;

Horticultura: Supressão de custos logísticos;

Agroindústria: Aceno de perspectivas de impactos nos custos de processamento e produção decorrentes da nova estrutura tributária.

 

Para Mariane, a perspectiva da reforma exigirá que o setor tenha ainda mais atenção contra um cenário fiscal mais rigoroso e volátil. “Estratégias adaptativas e um planejamento tributário antecipado são vitais para sustentar a competitividade e rentabilidade do setor.”

Portanto, prossegue a profissional, contar com parceiros especializados para a construção de estratégias passa a ser de suma importância e definirá aqueles que permanecerão na atividade do Custo-Brasil. “As empresas devem se concentrar em se adaptar às exigências tributárias emergentes, empregando tecnologias avançadas, mantendo-se atualizadas sobre as alterações legislativas e buscando assessoria especializada para navegar neste cenário tributário inovador”, completa Mariane.

Embora desafiadora, a Reforma Tributária, na avaliação da especialista em Direito Tributário, também oferece uma oportunidade para o agronegócio brasileiro se reinventar. “Uma administração tributária eficaz e investimentos estratégicos em gestão seguem como eixos fundamentais para garantir o êxito e a sustentabilidade do setor a longo prazo”, conclui.

 

Fonte: Assessoria
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Imeve Suínos março

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