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Cibersegurança no agronegócio: cinco pontos de atenção para uma proteção eficiente

Ferramentas de segurança de uso doméstico, como antivírus free, são ineficazes para lidar com a superfície de risco de um negócio.

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Risco cibernético é uma das cinco principais ameaças ao agronegócio no Brasil, de acordo com um estudo da PwC. A lista, elencada por CEOs do segmento país, demonstra como o fator de segurança passou a se posicionar entre riscos amplamente conhecidos no mercado, como as mudanças climáticas, a inflação, os conflitos geopolíticos e a instabilidade macroeconômica.

Diretor de Operações da NovaRed, Adriano Galbiati: “O agronegócio tem uma importância histórica relevante no PIB do Brasil. Isso é um grande atrativo para os cibercriminosos que, além de estarem cada vez mais profissionalizados, sabem que, com a revolução tecnológica nas operações agrícolas está cada vez mais complexo para o produtor rural proteger o seu próprio ambiente digital” – Foto: Dviulgação

No entanto, para o diretor de Operações da NovaRed, Adriano Galbiati,  ainda é preciso uma virada de chave para que o agronegócio eleve sua maturidade digital e sua defesa. “O agronegócio tem uma importância histórica relevante no PIB do Brasil, mesmo nos momentos mais desafiadores do País. Isso é um grande atrativo para os cibercriminosos que, além de estarem cada vez mais profissionalizados, sabem que, com a revolução tecnológica nas operações agrícolas, desde a automação na tecnologia operacional (OT) até a vasta análise de dados, está cada vez mais complexo para o produtor rural proteger o seu próprio ambiente digital, principalmente quando a infraestrutura ainda não é adaptada para o cenário corporativo”, explica.

Pensando nesse cenário, o executivo lista cinco pontos de atenção para uma proteção eficiente do ambiente digital no agronegócio:

1. Atualizações de segurança
Em tecnologia e segurança da informação, as atualizações de sistemas operacionais são processos que visam, também, corrigir vulnerabilidades. Após a metodologia de um ataque se tornar conhecida e publicada, os softwares passam por atualizações para corrigir e mitigar o risco daquela vulnerabilidade específica ser explorada.

No entanto, empresas em geral costumam negligenciar as atualizações de software por desconhecerem sua importância. “Esse desafio é ainda mais acentuado no agronegócio, onde os computadores nas zonas de plantio são pouco usados e muitas vezes bastante obsoletos, visto que equipamentos de OT (Tecnologia Operacional) muitas vezes requerem sistemas operacionais não suportados pelo fabricante. A utilidade das máquinas na área agrícola  também costuma ser limitada ao controle de equipamentos, como colheitadeiras e drones, por exemplo. Como resultado, a atualização acaba não fazendo parte da rotina de produção”, afirma Galbiati.

2. Firewalls e ativos de segurança compatíveis com as necessidades ambientais 
Firewall é o dispositivo que monitora o tráfego de entrada e saída de um ambiente digital, criando permissões ou bloqueios de acordo com o evento que se apresenta. Considerando  ambientes do campo, locais de armazenamento e processamento que geralmente têm condições diferentes dos espaços de TI tradicional, Galbiati recomenda o uso de firewalls resistentes às variações climáticas, como sol, chuva, raios e ventos. “Firewalls são parte dos componentes fundamentais para a segurança de redes. Em zonas rurais e áreas de plantio, esses equipamentos ficam frequentemente expostos ao sol, chuva e tempestades. Pensando nessas situações, existem equipamentos específicos projetados para resistir às intempéries. Ter um firewall que suporte as condições externas mais adversas ajuda a garantir que o ambiente da rede esteja mais seguro”, expõe.

3. Segurança da informação como estratégia do negócio
A estrutura organizacional correta deve permitir que a equipe de segurança da informação participe das reuniões estratégicas do negócio, inclusive com livre acesso ao board da empresa para as tomadas de decisões. Por outro lado, o especialista alerta que as empresas de agronegócios geralmente seguem uma estrutura de negócios mais tradicional e que restringe a atuação da área de cibersegurança.

“Empresas de agronegócios geralmente seguem uma estrutura tradicional, com TI subordinada ao Diretor Financeiro (conhecido atualmente como o CFO) e é vista como um departamento de apoio. Com o tempo, a necessidade de segurança da informação (SI) cresceu, e o profissional de SI passou a ocupar uma posição de analista sob um gerente de tecnologia em geral, sem priorização da segurança. Outras indústrias criaram cargos estratégicos como CIO, CTO e CISO, com participação no Conselho de Administração. No entanto, muitas empresas de agro ainda veem a segurança como um custo e não compreendem os riscos de operar sem defesas adequadas”, explica Galbiati.

4. Cultura de segurança e monitoramento
É crucial desenvolver uma cultura corporativa que valorize a cibersegurança, monitorando a superfície de ataque e estabelecendo um plano robusto de respostas a incidentes e de pronto restabelecimento de ambientes em caso de incidentes.

Vale, ainda, investir em treinamento da equipe quanto a responsabilidades, ameaças e boas práticas no quesito privacidade e proteção de dados. “A falta de maturidade em cibersegurança deixa as empresas vulneráveis mesmo aos ataques mais simples e conhecidos, mas danosos em termos financeiros, legais e reputacionais. Seja no agronegócio ou em qualquer outro segmento, reconhecer esse déficit é o primeiro passo para que a segurança passe a ser trabalhada a favor da inovação e do crescimento do negócio”, ressalta o executivo.

5. Proteção do Endpoint
Por ser uma potencial porta de entrada de vulnerabilidades para desktops, notebooks, impressoras, TVs e equipamentos de OT, é fundamental que a segurança de endpoint seja realizada pela área de TI e SI do negócio para garantir as devidas atualizações de antivírus, sistemas operacionais e de ferramentas de EDR (Detecção e Resposta de Endpoint).

O especialista em cibersegurança destaca que ferramentas de segurança de uso doméstico, como antivírus free, são ineficazes para lidar com a superfície de risco de um negócio. “Muitas empresas do agronegócio utilizam antivírus domésticos, que não são eficazes contra ameaças mais novas. Esses antivírus possuem bancos de dados limitados e não são atualizados regularmente com novas ameaças, como IoCs (Indicadores de Comprometimento). Em contraste, as ferramentas de EDR (Detecção e Resposta de Endpoint) possuem bancos de dados de ameaças mais robustos e fazem análise por comportamento com o apoio de IA para responder a ataques com melhor preparo”, frisa.

“Tenho notado que, no agronegócio, as vulnerabilidades cibernéticas estão prioritariamente relacionadas a desafios de infraestrutura de segurança e à falta de mão de obra especializada na equipe interna. É uma jornada que exige planejamento e investimento de tempo e recursos financeiros. Mas, certamente, é bem menos onerosa do que lidar com a insegurança”, finaliza Galbiati.

Fonte: Assessoria NovaRed

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Impacto das tarifas dos EUA redefine tilapicultura brasileira e acelera transformações para os próximos anos

Setor enfrenta queda na participação nas importações norte-americanas, mantém preços internos estáveis e investe em biosseguridade, inovação e diversificação de mercados para sustentar crescimento.

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Foto: Divulgação

2025 trouxe uma combinação inédita de desafios para a piscicultura brasileira: mudanças bruscas no comércio internacional, dinâmica interna de preços que surpreendeu o mercado, avanços sanitários impulsionados por necessidades e urgência de diversificar destinos da nossa produção.

Foi um ano intenso, que exigiu adaptação rápida, reposicionamento estratégico e visão mais ampla sobre o papel do Brasil nesse setor em expansão. A produção de tilápia, especificamente, entrou em 2025 com altas expectativas e o encerra com aprendizados que devem moldar o ritmo de crescimento no futuro próximo.

Foto: Shutterstock

Entre esses desafios, a virada mais expressiva veio, evidentemente, das tarifas impostas pelos Estados Unidos. O salto de cerca de 10% para 50% nas taxas de importação alterou a rota natural de expansão brasileira no país que tem demanda elevada, produção interna insuficiente e alto poder de compra. O impacto foi imediato: a participação do Brasil caiu de aproximadamente 5% para perto de 3% no total das importações norte-americanas. Essa reação reforçou a necessidade de rever a estratégia, colocando a diversificação novamente no centro da agenda da cadeia produtiva.

Para além dos EUA, o setor precisou revisitar seu mapa de oportunidades globais. A análise dos mercados evidenciou que cada destino oferece limites e possibilidades distintas – e que, nenhum deles, isoladamente, substitui o potencial norte-americano. A China, por exemplo, apesar de ser um dos maiores consumidores mundiais de pescado, é autossuficiente e mantém barreiras práticas para importadores. Já o Canadá, mesmo com elevado poder aquisitivo, apresenta hábitos de consumo mais restritos. Diante desse quadro, a União Europeia surge como alternativa mais promissora, enquanto a prospecção de novos mercados se torna essencial para sustentar o ritmo de crescimento da produção brasileira.

No mercado interno, os efeitos também foram diferentes do esperado. Em vez de queda, os preços seguiram em alta, mesmo diante de um fluxo menor de exportações. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Universidade de São Paulo (USP), a tilápia fechou novembro a R$ 9,29 o quilo, acima dos R$ 8,02/kg registrados logo após o anúncio das tarifas e dos R$ 7,75/kg do fim de 2024. Isso mostra que a oferta não é grande o suficiente para provocar desvalorização significativa, reforçando que o Brasil está apenas começando sua trajetória como produtor e exportador relevante.

Ao mesmo tempo, 2025 estimulou avanços importantes na área sanitária: práticas de biosseguridade mais robustas, fortalecimento dos protocolos de imunidade, uso crescente de vacinas e de nutracêuticos e investimentos em manejo preventivo. A maturidade sanitária deixou de ser tendência e passou a ser pilar estratégico para sustentação de produtividade e competitividade.

Nesse cenário, as empresas brasileiras têm se reorganizado para enfrentar um ambiente mais complexo e exigente. A Fider, maior produtora e processadora de tilápia do Estado de São Paulo e uma das maiores do Brasil, é um exemplo desse movimento, reforçando inovação, rigor sanitário e busca por novos mercados como caminhos para atravessar o período e se posicionar bem para as oportunidades que virão. Fechamos o ano mais consciente dos riscos, mais atentos às mudanças globais e, sobretudo, mais preparados para construir um futuro mais sólido e diverso para a piscicultura nacional.

Fonte: Artigo escrito por Juliano Kubitza, médico-veterinário, especialista em Finanças e diretor da Fider Pescados.
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O custo do clima: como os extremos estão reescrevendo as regras da economia global

Em um mundo moldado pelo clima, cada dólar investido em prevenção evita múltiplos em perdas futuras. A prosperidade, daqui para frente, será medida não apenas em crescimento, mas em capacidade de resistir e se adaptar.

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Fotos: Divulgação/OP Rural

Entramos na década dos extremos. Ondas de calor recordes, secas prolongadas, enchentes e incêndios de grandes proporções deixaram de ser exceções e passaram a fazer parte do novo cenário global. O impacto vai muito além do ambiental: o clima extremo tornou-se um risco macroeconômico, capaz de redefinir o custo do dinheiro, o valor dos ativos, os preços das commodities e até a capacidade fiscal dos Estados.

As consequências econômicas já são mensuráveis. Em 2023, os desastres naturais geraram US$280 bilhões em perdas econômicas, segundo a Swiss Re. Desses, apenas US$108 bilhões estavam segurados, revelando um preocupante gap de proteção financeira. Em 2024, o valor segurado subiu para US$137 bilhões, e a projeção indica US$145 bilhões anuais até 2025, com crescimento médio de 5% a 7% ao ano.

Foto: Antonio Carlos Mafalda

Mas o dado mais alarmante vem do Banco Mundial: mais de US$ 300 bilhões por ano em perdas não seguradas. São recursos drenados de orçamentos públicos, margens corporativas e renda das famílias, pressionando a liquidez e ampliando a vulnerabilidade fiscal de países e empresas.

E os efeitos do clima não terminam quando as enchentes baixam ou o fogo apaga. Eles se estendem em choques inflacionários, perda de produtividade agrícola, rupturas nas cadeias de suprimentos e aumento do risco-país. O Banco Mundial estima que eventos extremos reduzem o PIB de países emergentes em até 2% ao ano, enquanto a ONU (UNDRR) alerta que, ao incluir perdas ecológicas e sociais, o impacto é ainda maior.

A percepção de risco também mudou no topo do sistema financeiro. Bancos centrais e reguladores passaram a tratar o risco climático como risco sistêmico. O Banco de Compensações Internacionais (BIS) e o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) já alertam para lacunas críticas em dados e métricas prudenciais. O Banco Central Europeu (ECB) incluiu o tema em seu Financial Stability Review, destacando vulnerabilidades em setores intensivos em carbono e os riscos de greenwashing e má precificação de ativos.

Os eventos convectivos severos – como granizo, vendavais e tempestades – tornaram-se a principal fonte de sinistros em várias regiões, inclusive na América do Sul. O aumento da frequência e intensidade tem elevado prêmios, ampliado franquias e, em alguns casos, reduzindo a oferta de cobertura, impulsionando a busca por seguros paramétricos e mecanismos de resiliência financeira.

Ignorar o risco climático é, hoje, o investimento mais caro que uma economia pode fazer. Estudos do World Resources Institute mostram que cada US$1 investido em adaptação e resiliência gera mais de US$10 em benefícios ao longo de uma década, um ROI superior ao de muitos setores tradicionais. Ainda assim, menos de 5% dos fluxos globais de finanças climáticas são destinados à adaptação. O resultado é previsível: os países e empresas mais expostos são também os menos preparados.

Nesse contexto, as finanças sustentáveis consolidam-se como o elo entre estabilidade econômica e proteção ambiental. A Taxonomia da União Europeia trouxe padrões objetivos para definir o que é “verde”, reduzindo ambiguidades e fortalecendo a confiança do investidor. No Brasil, a Taxonomia Sustentável Brasileira segue a mesma lógica, criando um marco técnico que conecta o país à nova economia global, com foco em transição justa, agricultura sustentável e infraestrutura resiliente.

O avanço é visível também no mercado de capitais. O volume de títulos GSS+ (Green, Social, Sustainability e Sustainability-linked) ultrapassou US$ 6,9 trilhões em emissões acumuladas até 2024, com US$ 1,05 trilhão emitido apenas no último ano, um crescimento de 31% em relação a 2023. Esses recursos têm financiado energia limpa, agricultura regenerativa, infraestrutura verde e soluções baseadas na natureza, pavimentando o caminho para uma economia mais resiliente e competitiva.

Para blindar economias ao clima, é fundamental:

  1. Integrar riscos físicos e de transição na análise de crédito, investimento e seguro.
  2. Ampliar emissões soberanas e subnacionais de títulos verdes e de sustentabilidade para obras de adaptação e resiliência urbana.
  3. Escalar o blended finance, combinando capital público, filantrópico e privado para irrigação eficiente, infraestrutura azul-verde e proteção costeira.
  4. Melhorar dados e métricas climáticas, mensurando perdas evitadas e indicadores de resiliência, reduzindo incertezas e o custo de capital.

As finanças sustentáveis deixaram de ser um nicho. Elas são hoje o alicerce da nova economia global. Há capital disponível, o desafio é alocar com inteligência, direcionando recursos para onde geram maior impacto e retorno de longo prazo: resiliência, adaptação e desenvolvimento sustentável.

Em um mundo moldado pelo clima, cada dólar investido em prevenção evita múltiplos em perdas futuras. A prosperidade, daqui para frente, será medida não apenas em crescimento, mas em capacidade de resistir e adaptar-se.

Fonte: Artigo escrito por André Veneziani, vice-presidente Comercial da C-MORE Brasil e América Latina.
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Mercado de embriões bovinos evolui e acompanha a transformação da pecuária brasileira

Da genética de elite à produção comercial, avanço da fertilização in vitro consolidou o Brasil como líder global e impôs novos desafios para a mensuração do setor.

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O mercado de embriões bovinos no Brasil passou por mudanças significativas nas últimas décadas. Mudanças que refletem a evolução da pecuária nacional e a consolidação do país como um dos protagonistas globais na produção de carne e leite. Podemos dizer que a trajetória desse mercado se confunde com a própria história recente da bovinocultura no Brasil.

Na década de 1990, as tecnologias de embriões estavam praticamente restritas a animais de elite, com genética superior e destinados à reprodução. Na superovulação, técnica predominante nessa época, a produção de embriões se voltava à pecuária de alto padrão, e imaginava-se a mesma tendência para a fertilização in vitro. O fato dessas técnicas serem utilizadas principalmente em países desenvolvidos, com pecuária mais intensiva e produtores de maior poder aquisitivo, reforçava esse cenário.

Artigo escrito por João Henrique Viana, Doutor em Ciência Animal pela UFMG e Chefe de Pesquisa da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

A virada do mercado começou na metade dos anos 2000. Com a popularização da fertilização in vitro, que em 2007 já era a tecnologia de embriões mais adotada no país, o Brasil passou a se destacar globalmente nesse segmento. Em 2010, o mercado nacional já respondia por quase metade do total de embriões bovinos produzidos no mundo.

Se na primeira década dos anos 2000 o mercado de embriões era majoritariamente associado às raças zebuínas e de corte, ao longo da década de 2010 ele passou a ganhar um espaço crescente na pecuária leiteira. Essa mudança foi alavancada pela disponibilidade do uso do sêmen sexado, indispensável para garantir um alto percentual de bezerros do sexo desejado – no caso da pecuária de leite, de bezerras. As tecnologias de embriões se mostraram uma ferramenta chave para aprimorar a genética dos rebanhos. Especialmente nas estratégias de cruzamento de raças, como para a formação do Girolando, a transferência de embriões vem ganhando destaque, se popularizando nas fazendas e conquistando espaço na produção comercial.

Com a democratização da técnica, agora também aplicada a animais de produção, surgiu o desafio para o mapeamento dos dados do setor. Quando seu uso era restrito a criadores vinculados às associações de raça, o levantamento de dados podia ser baseado apenas nos números obtidos junto às mesmas, uma vez que a comunicação das transferências de embriões é obrigatória para o registro dos animais. Mas, ao se expandir pelo campo, o uso da técnica passou a ir além das entidades de criadores.

Por isso, um importante indicador para acompanhar a evolução do mercado de embriões no Brasil passou a ser a venda de insumos, como a bainha de transferência de embriões. Mesmo sem permitir medir exatamente o uso em segmentos específicos, o volume de insumos comercializados permite ter um panorama confiável do mercado como um todo. Hoje, com base nesses indicadores, é possível afirmar que o país produz mais de 1 milhão de embriões bovinos por ano.

Para fazer frente ao desafio da obtenção de dados estatísticos mais acurados, a Sociedade Brasileira de Transferência de Embriões (SBTE) e a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), com apoio do Centro de Estudos de Economia Aplicada (Cepea/USP), uniram esforços para a criação do Index Asbia Embriões. O objetivo do relatório, atualmente em desenvolvimento, é oferecer ao mercado brasileiro dados consolidados deste importante segmento nas cadeias da produção de carne e leite.

Mais do que apresentar números exatos, costumo dizer que a força do relatório está em indicar, para criadores, profissionais e pesquisadores, os rumos do mercado. Essas informações são fundamentais para o planejamento estratégico das empresas do setor e também dos pecuaristas. Afinal, dados precisos são indispensáveis atualmente.

Com a união das entidades e o aperfeiçoamento de suas metodologias de compilação de informações, será possível apresentar um número mais preciso desse mercado em constante evolução no Brasil. Nas últimas décadas, a técnica se consolidou e transformou a genética dos rebanhos em todo o país. Agora, é tempo de saber, com maior precisão, como se comporta o mercado de embriões da pecuária brasileira.

Fonte: Artigo escrito por João Henrique Viana, Doutor em Ciência Animal pela UFMG e Chefe de Pesquisa da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
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