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Chuvas no RS atrapalharam plantio do trigo na reta final
A estiagem pode reduzir os rendimentos das lavouras do país, que é o maior fornecedor de trigo do Brasil

Os triticultores gaúchos avaliam os danos das chuvas recentes sobre as lavouras. No Paraná, a situação é um pouco melhor. Conforme o analista de SAFRAS & Mercado, Jonathan Pinheiro, a manutenção de um quadro negativo no RS pode reduzir as estimativas de área e produtividade na comparação com a expectativa inicial. Por enquanto, não há registro de perdas representativas no estado. Na Argentina, a previsão de clima seco preocupa. A estiagem pode reduzir os rendimentos das lavouras do país, que é o maior fornecedor de trigo do Brasil.
Rio Grande do Sul
O plantio de trigo no Rio Grande do Sul atinge 97% da área, estimada em 915.712 hectares. Na semana passada, os trabalhos atingiam 95%. Em igual período do ano passado, o implante cobria 95% da área. A média para os últimos cinco anos é de 93%. Todas as lavouras estão em fase de germinação ou desenvolvimento vegetativo. O predomínio de tempo encoberto e os volumes expressivos de chuvas acumuladas não permitiram a conclusão da semeadura e trouxera dificuldades à realização de tratos culturais nas lavouras implantadas.
Na regional da Emater/RS de Ijuí, no noroeste do estado, o plantio atinge 98% da área estimada entre 260 e 270 mil hectares. Segundo engenheiro agrônomo consultado pela Agência SAFRAS, as fortes chuvas da semana passada causaram erosão nas últimas áreas plantadas. Com o escorrimento da superfície, houve perda de fertilizantes aplicados. Algumas lavouras, de 1 a 3%, terão que ser replantadas. De um modo geral, no entanto, o estabelecimento das lavouras é bom. Outro impacto das precipitações foi a desistência de alguns produtores em semear a cultura.
Na área de atuação da Cotrirosa, no noroeste do Rio Grande do Sul, as chuvas não causaram prejuízos. Segundo engenheiro agrônomo da cooperativa, as precipitações apenas atrasaram a aplicação de nitrogênio e o controle de praga. Isso tudo, porém, está “dentro da normalidade”. A Cotrirosa atua em 60 mil hectares de trigo semeados em 18 municípios. Em Giruá, município com maior área na região, o desenvolvimento está um pouco atrasado. Daqui pra frente, as doenças e as pragas podem afetar mais as regiões do que o clima.
Na região de cobertura da Cotripal, em dez municípios do norte gaúcho, as fortes chuvas causaram a erosão de parte do solo. As lavouras resistiram bem às chuvas pois estão em fase de desenvolvimento mais tolerante. A erosão, porém, provocou a perda de parte dos fertilizantes aplicados às primeiras áreas plantadas. As chuvas também atrasaram a aplicação de herbicidas. O tempo deve ser seco nos próximos dias.
Já em Júlio de Castilhos, na região central do RS, as chuvas foram fracas e beneficiaram o desenvolvimento. A área no município fica em 7 mil hectares. Segundo engenheiro agrônomo da Cotrijuc, as lavouras se dividem entre as fases de emergência (10%), início do desenvolvimento vegetativo (40%) e perfilhamento (50%). Os produtores já aplicaram ou estão aplicando a ureia. Alguns produtores estão aplicando ou devem aplicar herbicidas pós-emergência. O desenvolvimento das lavouras é bom no momento. A meteorologia indica calor e tempo seco nos próximos dias. Para a próxima semana, este cenário é positivo.
Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que o plantio da safra 2020 de trigo do estado atinge 99% da área estimada de 1,13 milhão de hectares, contra 1,028 milhão de hectares em 2019, alta de 10%. Segundo o Deral, 91% das lavouras estão em boas condições 7% em situação média e 2% em condições ruins. As lavouras se dividem entre as fases de germinação (3%), crescimento vegetativo (74%), floração (19%) e frutificação (5%).
Conforme apurado pela Agência SAFRAS, o frio intenso esperado não se confirmou e as lavouras de trigo não receberam geadas na área de abrangência da Cooperativa Coopavel, que atua em 17 municípios do oeste e sudoeste do Paraná. Segundo fonte da cooperativa, o desenvolvimento das lavouras é bom. De acordo com relatório do dia 13 de julho, 8% das lavouras estão em fase de floração e 92% em desenvolvimento vegetativo. A produtividade média está estimada em 3.560 quilos por hectare.
Em Campo Mourão, no oeste do Paraná, as lavouras também tem boas condições, com clima favorável ao manejo e ao desenvolvimento da cultura. As lavouras se dividem entre as fases de floração (60%), emborrachamento (30%) e florescimento (10%). A colheita deve começar no final de agosto.
Argentina
O plantio de trigo atinge 91,3% da área na Argentina. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, os trabalhos avançaram 4,5 pontos percentuais na semana e estão 0,8 ponto adiantados em relação ao ano passado. A projeção de área fica em 6,5 milhões de hectares. Até o momento, os trabalhos cobrem 5,931 milhões de hectares.

Notícias
Oferta robusta pressiona preços do trigo no mercado brasileiro
Levantamento do Cepea aponta desvalorização influenciada pela ampla oferta interna, expectativas de safra recorde no mundo e competitividade do produto importado.

Levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo seguem enfraquecidos. A pressão sobre os valores vem sobretudo da oferta nacional, mas também das boas expectativas quanto à produtividade desta temporada.
Além disso, pesquisadores do Cepea indicam que o dólar em desvalorização aumenta a competitividade do trigo importado, o que leva o comprador a tentar negociar o trigo nacional a valores ainda menores.

Foto: Shutterstock
Em termos globais, a produção mundial de trigo deve crescer 3,5% e atingir volume recorde de 828,89 milhões de toneladas na safra 2025/26, segundo apontam dados divulgados pelo USDA neste mês.
Na Argentina, a Bolsa de Cereales reajustou sua projeção de produção para 24 milhões de toneladas, também um recorde.
Pesquisadores do Cepea ressaltam que esse cenário evidencia a ampla oferta externa e a possibilidade de o Brasil importar maiores volumes da Argentina, fatores que devem pesar sobre os preços mundiais e, consequentemente, nacionais.
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Instabilidade climática atrasa plantio da safra de verão 2025/26
Semeadura avança lentamente no Centro-Oeste e Sudeste devido à má distribuição das chuvas e períodos secos, segundo dados do Itaú BBA Agro.

O avanço do plantio da safra de verão 2025/26 tem sido afetado por condições climáticas instáveis em diversas regiões do país. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, os estados do Centro-Oeste e Sudeste registraram os maiores atrasos, reflexo da combinação entre pancadas de chuva isoladas, má distribuição das precipitações e períodos prolongados de estiagem. O cenário manteve os níveis de umidade do solo abaixo do ideal, dificultando o ritmo da semeadura até o início de novembro.
Enquanto isso, outras regiões apresentaram desempenho distinto. As chuvas mais intensas ficaram concentradas entre Norte e Sul do Brasil, com destaque para o centro-oeste do Paraná, oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, onde os volumes superaram 150 mm somente em outubro. Nessas áreas, o armazenamento hídrico mais elevado favoreceu o avanço do plantio, embora episódios de granizo e temporais tenham provocado prejuízos em algumas lavouras. A colheita do trigo também sofreu atrasos e, em determinados pontos, perdas de qualidade.

Foto: José Fernando Ogura
No Centro-Oeste, a distribuição das chuvas variou significativamente ao longo de outubro. Regiões como o noroeste e o centro de Mato Grosso, além do sul de Mato Grosso do Sul, receberam volumes acima de 120 mm, enquanto outras áreas não ultrapassaram os 90 mm. Somente no início de novembro o padrão começou a mostrar maior regularidade.
No Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo registraram precipitações que ajudaram a recompor a umidade do solo. Minas Gerais, por outro lado, enfrentou acumulados abaixo da média — especialmente no Cerrado Mineiro, onde outubro terminou com menos de 40 mm de chuva. Com a retomada das precipitações em novembro, ocorreu uma nova florada do café, embora os efeitos da estiagem prolongada continuem gerando preocupação entre produtores.
O comportamento irregular das chuvas segue como fator determinante para o ritmo da safra e mantém o setor em alerta para os próximos meses.
Notícias
Mercado da soja inicia novembro com preços instáveis e influência do cenário internacional
Oscilações refletem exportações brasileiras em alta, avanço do plantio e incertezas sobre o acordo China–EUA, aponta análise da Epagri/Cepa.

O mercado da soja entrou novembro sob influência de uma combinação de fatores internos e externos que têm gerado oscilações nos preços e incertezas quanto ao comportamento da demanda global. Em Santa Catarina, conforme o Boletim Agropecuário elaborado pela Epagri/Cepa, a média mensal paga ao produtor em outubro registrou leve recuo de 0,6%, fechando o mês em R$ 124,19 a saca.
Já no início de novembro, até o dia 10, há indicação de recuperação: a média estadual subiu para R$ 125,62/sc, movimento influenciado principalmente pelo comportamento das exportações brasileiras e pelas notícias vindas do mercado internacional.

Foto: Claudio Neves
A elevação dos embarques do Brasil em outubro, 6,7 milhões de toneladas, com volume acumulado superior a 100 milhões de toneladas em 2025, ajudou a firmar as cotações internas. Ao mesmo tempo, o anúncio da retomada das importações de soja dos Estados Unidos pela China e os avanços no acordo comercial entre os dois países impulsionaram os contratos futuros em Chicago (CBOT), com reflexos imediatos nos preços no Brasil.
A análise é do engenheiro-agrônomo Haroldo Tavares Elias, da Epagri/Cepa, que classifica o momento como de viés misto, com o mercado reagindo de forma alternada a notícias de estímulo e pressão.
Fatores que influenciam mercado
Segundo o boletim, fatores de baixa predominam no curto prazo, puxados principalmente pela lentidão nas negociações internas no Brasil, pelo avanço do plantio da nova safra e pela sinalização do acordo China–EUA. Esse movimento pressiona o mercado brasileiro, ao mesmo tempo que fortalece o mercado americano e sustenta as cotações em Chicago.
1. Mercado internacional
Dados de USDA, CBOT, Esalq-Cepea, Investing.com e Bloomberg, compilados pela Epagri/Cepa, apontam:

Foto: Claudio Neves
Fatores de alta:
- Importações recordes da China em outubro, 9,48 milhões de toneladas, majoritariamente provenientes da América Latina;
- Recuperação da CBOT por quatro semanas consecutivas.
Fatores de baixa:
- Falta de confirmação pela China da compra de 12 milhões de toneladas dos EUA;
- Retomada das importações chinesas de soja americana, reduzindo o espaço para o produto brasileiro;
- Negociações internas mais lentas no Brasil, o ritmo mais baixo em quatro anos;
- Correção técnica de estocásticos e realização de lucros após sequência de altas em Chicago.
2. Oferta e mercado interno
Fatores de alta:
- Exportações brasileiras mantêm ritmo forte;
- Estruturação da presença chinesa no Brasil, com ampliação de operações, incluindo um novo escritório no Mato Grosso.
Fatores de baixa:
- Pressão sobre os preços internos, com queda de 1,4% em outubro.
3. Safra e clima
Fatores de baixa:
- Plantio avançado, com 47% da safra já implantada, reforçando a expectativa de safra recorde entre 177 e 180 milhões de toneladas no

Foto: Claudio Neves
ciclo 2025/26;
- Produtores nos EUA voltaram a vender após as recentes altas, aumentando a oferta global no curto prazo.
Acordo China-EUA
Embora o mercado tenha reagido às declarações do governo dos Estados Unidos sobre um novo acordo com a China envolvendo a compra de soja, não houve confirmação por parte dos chineses até 12 de novembro, ressalta a Epagri/Cepa. Caso confirmado, o pacto poderia redirecionar parte da demanda da China para a soja americana, reduzindo o volume destinado ao Brasil.
Contudo, a proximidade da entrada da nova safra brasileira — combinada com o calendário já avançado para novembro, torna improvável a formalização do acordo ainda este ano. Por isso, a tendência, segundo a análise, é que a China siga priorizando a soja brasileira nas próximas semanas.



