Notícias Boletim de Monitoramento Agrícola
Chuvas favorecem culturas de verão, diz Conab
Em quase todas as regiões em produção, houve favorecimento dos cultivos que se encontram majoritariamente em floração e enchimento de grãos

O primeiro Boletim de Monitoramento Agrícola, produzido e publicado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na quinta-feira (28), mostra os efeitos positivos das primeiras chuvas do ano nas culturas de verão da safra 2021 de grãos. Em quase todas as regiões em produção, houve favorecimento dos cultivos que se encontram majoritariamente em floração e enchimento de grãos.
Os maiores volumes, segundo o estudo, ocorreram em Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Pará e Rondônia. Mesmo com a apresentação de irregularidades das precipitações em algumas regiões, o armazenamento hídrico no solo foi satisfatório.
No Rio Grande do Sul e em partes da Bahia, por exemplo, houve uma melhora no final desse período, enquanto na região do Matopiba (integrada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), houve períodos com pouca ou nenhuma precipitação, principalmente em partes do sudoeste do Piauí e do oeste da Bahia.
Já no Centro-Oeste, em relação à safra passada, há predominância de anomalias positivas do Índice de Vegetação (IV), atribuída, de acordo com o boletim, à boa condição das lavouras e ao atraso no plantio da safra em alguns estados.
O Boletim de Monitoramento Agrícola constitui-se em um produto de apoio às estimativas de safra, análises de mercado e gestão de estoques da Conab. As condições das lavouras são analisadas através do monitoramento espectral e agrometeorológico, e em complementação aos dados de campo, auxiliando no aprimoramento das estimativas da produção agrícola obtidas pela Companhia.
Monitoramento das lavouras
Milho primeira safra
No Rio Grande do Sul o retorno das chuvas em bons volumes contribuiu para a evolução da semeadura e o desenvolvimento das plantas. O efeito do estresse hídrico foi atenuado, em algumas regiões produtoras, principalmente nas lavouras que se encontravam em fases anteriores à floração e enchimento de grãos. Nas regiões Noroeste e no Planalto Médio, nas lavouras que entraram no estádio reprodutivo durante o período de estiagem, os danos são irrecuperáveis.
Em Santa Catarina as chuvas trouxeram um alívio para os cultivos. O plantio está concluído e algumas áreas que semearam mais cedo já começaram a colheita. Vale destacar o registro de dano econômico em algumas lavouras em razão da incidência de doenças como o enfezamento e a virose da risca, ambas relacionadas ao ataque do seu vetor que é a cigarrinha do milho (Dalbulus maidis). Essas perdas ainda serão contabilizadas, mas já há um indicativo de redução no potencial produtivo da cultura.
No Paraná as chuvas ocorridas nas últimas semanas foram benéficas para atenuar o estresse hídrico, porém algumas lavouras já estavam em fases mais avançadas de seu desenvolvimento e não conseguiram recuperar seu potencial produtivo. Expectativa para início da colheita em fevereiro de 2021.
Em Minas Gerais as lavouras apresentam boas condições, com a maioria delas atingindo a fase de floração e enchimento de grãos.
Em São Paulo, a semeadura está concluída e as lavouras estão apresentando bom desenvolvimento, favorecidas pelas condições climáticas mais adequadas. As lavouras, majoritariamente, estão em estádio de floração, que é um dos períodos mais críticos dentro do ciclo da cultura.
Em Goiás as lavouras estão em fase de floração e enchimento de grãos. Atualmente, as plantas apresentam boas condições, mesmo após o estresse hídrico sofrido no início do ciclo. A retomada das precipitações auxiliou na recuperação dessas lavouras.
Na Bahia, a semeadura está em fase final. A escassez de chuvas trouxe adiamento das operações de plantio e dificuldades no desenvolvimento das plantas, especialmente por estresse hídrico (principalmente no Centro-Sul e Centro-Norte do estado).
No Extremo Oeste baiano, as chuvas do final da primeira quinzena de janeiro geraram maior acúmulo de umidade nos solos e isso ajudou a recuperar parte do potencial produtivo das lavouras
Soja
No Mato Grosso a colheita foi iniciada, ainda que de forma pontual, com a execução das operações em algumas lavouras irrigadas de ciclo precoce. De forma geral, a cultura tem demonstrado bom desenvolvimento e apresentado boas condições fitossanitárias. Maior parte das lavouras em fase de enchimento de grão.
No Mato Grosso do Sul as lavouras apresentaram boa recuperação (após um período de estresse hídrico no início do ciclo) depois da retomada das chuvas, especialmente no centro-sul do estado. A umidade disponível no solo está mais adequada monitoramento das lavouras 24 e isso tem favorecido o desenvolvimento da cultura. Atualmente, as lavouras estão, majoritariamente, em enchimento de grãos.
Em Goiás grande parte das lavouras está na fase de enchimento de grãos. Até o momento, apresentam boas condições de desenvolvimento.
Em Minas Gerais, as condições climáticas estão favoráveis ao desenvolvimento da cultura e isso tem propiciado lavouras em boas condições. Atualmente, a maior parte delas está em fase de floração.
Em São Paulo a colheita da soja começou, mesmo que de maneira incipiente, alcançando pequenas áreas no leste do estado. De forma geral, as condições atuais são consideradas favoráveis e as lavouras estão apresentando bom desenvolvimento.
No Paraná, as condições climáticas registradas em 2021 têm sido mais favoráveis, se comparadas àquelas verificadas no início do ciclo. As chuvas estão mais constantes e as temperaturas mais amenas, propiciando bom desenvolvimento da cultura.
Em Santa Catarina as chuvas estão ocorrendo em níveis satisfatórios e há maior acúmulo de umidade nos solos, de modo geral. Isso beneficia a cultura, especialmente as lavouras que estão em fases mais críticas do ciclo, com maior demanda hídrica.
No Rio Grande do Sul a semeadura está finalizada e se beneficiou das melhores condições climáticas, especialmente no quesito pluviométrico. Atualmente, a maioria das lavouras está em fase de desenvolvimento vegetativo.
No Maranhão, na região sul maranhense, o plantio já foi finalizado. Nas demais regiões produtoras, a semeadura segue acontecendo, porém dentro do cronograma esperado, visto que o estado tem uma semeadura mais tardia em comparação ao Centro-Sul do país. As lavouras, até o momento, estão em boas condições.
Em Tocantins a semeadura está encerrada, com lavouras apresentando bom desenvolvimento, até o momento.
Na Bahia o plantio está finalizado e as lavouras têm apresentado bom desenvolvimento. Atualmente, a maior parte da cultura está em fase de enchimento de grão.

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Safra 2025/26 de soja registra avanço precoce da cercospora
Doença surge nos primeiros estágios da cultura no Sul e Cerrado, com potencial de reduzir produtividade em mais de 20% se o manejo preventivo não for adotado.

A safra 2025/26 de soja começa com sinais de alerta vindos do campo: em diversas áreas do Sul e do Cerrado, técnicos e redes de monitoramento registram aumento na severidade dos casos de cercospora desde os primeiros estágios da cultura. O avanço precoce da doença tem sido associado ao conjunto de fatores observado nesta temporada, alternância de calor intenso, alta umidade em períodos pontuais e estresse hídrico em janelas curtas, condições que favorecem a manutenção do inóculo e a aceleração dos sintomas.
Instituições como Embrapa e Fundações de Pesquisas vêm chamando atenção em seus boletins regionais para a necessidade de reforçar o manejo preventivo, sobretudo em áreas que já apresentaram pressão significativa na safra passada.

A cercospora afeta principalmente as folhas, encurtando a longevidade do dossel, antecipando a queda da parte aérea e reduzindo o enchimento dos grãos. De acordo com análises recentes de centros de pesquisa regionais, as perdas podem ultrapassar 20% da produtividade em condições de alta severidade, um impacto relevante em regiões de clima variável, onde o estresse hídrico pontual tem sido mais frequente e tende a agravar a manifestação dos sintomas.
Para o engenheiro agrônomo Marcelo Gimenes, o comportamento mais agressivo da doença observado nas últimas safras reforça a importância das estratégias iniciadas logo nos primeiros estágios da cultura. “A cercospora tem deixado de ser um problema restrito ao final do ciclo. Em muitas áreas, ela está aparecendo cedo, reduzindo a capacidade fotossintética e comprometendo diretamente o potencial produtivo. A prevenção se torna decisiva, especialmente em ambientes sujeitos a oscilações climáticas e pressão histórica de doenças”, afirma.

O cenário demanda ainda mais atenção onde cercospora e mancha-alvo convivem na mesma lavoura, combinação que tem sido registrada com maior frequência, segundo consultorias técnicas e redes de monitoramento do Sul e do Cerrado. “Quando essas duas doenças avançam em paralelo, o produtor perde capacidade de recuperação foliar. Por isso, é fundamental adotar ferramentas com amplo espectro de controle e residual, evitando brechas que favoreçam a evolução dos sintomas”, destaca Gimenes, completando: “O produtor está diante de uma doença que evoluiu em agressividade e distribuição nos últimos anos. Garantir proteção foliar contínua e decisões técnicas fundamentadas será essencial para atravessar esta safra com segurança e minimizar perdas. O manejo da cercospora exige estratégia, precisão e ferramentas compatíveis com a complexidade do desafio”.
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Milho chega ao fim do ano como principal aposta do produtor paranaense, aponta Deral
Tendência apontada é de fortalecimento contínuo desta cultura, que deve se firmar nos próximos anos como a principal do Paraná, aproximando-se e até superando a soja, que segue como base da primeira safra.

O avanço consistente do milho, sustentado pela forte demanda interna e pelo dinamismo da cadeia de proteínas animais, marca o encerramento de 2025 no setor agrícola paranaense. Esse é o principal destaque da última Previsão Subjetiva de Safra (PSS) e do Boletim Conjuntural do ano, divulgados pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
Os levantamentos indicam um produtor atento ao cenário, focado em eficiência produtiva, ajustes estratégicos de área e decisões cada vez mais alinhadas às condições climáticas e sinais de mercado.
Por ser o último levantamento do ano, a PSS de dezembro tem papel estratégico ao apresentar as primeiras estimativas da segunda safra 2025/2026, especialmente de milho e feijão. Os dados mostram estabilidade nas áreas da primeira safra e confirmam, na segunda safra, a consolidação do milho como cultura em expansão, o que ocorre com redução na área de feijão.
A tendência apontada é de fortalecimento contínuo do milho, que deve se firmar, nos próximos anos, como a principal cultura do Paraná em volume produzido, aproximando-se e até superando a soja, que segue como base da primeira safra.
A força do milho está diretamente associada à ampliação da demanda. Além do uso tradicional para ração nas cadeias de frango, suínos, bovinos e piscicultura, o cereal se destaca pela elevada produtividade por hectare e pela ampla versatilidade de aproveitamento industrial, o que amplia suas oportunidades de mercado.
As estimativas preliminares da PSS indicam crescimento próximo de 1% na área de milho da segunda safra, que deve alcançar cerca de 2,84 milhões de hectares, consolidando um novo recorde estadual. A produção é estimada, neste momento, em aproximadamente 17,4 milhões de toneladas, volume elevado, ainda que ligeiramente inferior ao da safra excepcional do ciclo anterior, de 17,63 milhões de toneladas.
O Deral ressalta que o resultado final dependerá do desempenho da soja nas próximas semanas, especialmente no Oeste do Estado, pois o bom andamento da colheita contribui para o melhor aproveitamento da janela de plantio do milho.
A soja, mesmo diante de desafios climáticos pontuais e de um ciclo mais longo em algumas regiões, mantém expectativa de boa produtividade na maior parte do Paraná. O milho da primeira safra também apresenta desempenho promissor, beneficiado por seu ciclo mais extenso e maior capacidade de resposta às condições climáticas, o que reforça a perspectiva de resultados acima da média.
A mandioca segue como destaque no campo paranaense. O Paraná lidera a produção nacional destinada à indústria, enquanto o Pará se sobressai no volume total, voltado principalmente ao consumo humano. A expectativa inicial era de alta produção, baseada em boa produtividade, mas um período mais seco dificultou a colheita e levou ao ajuste da área efetivamente colhida, com parte das lavouras mantida para dois ciclos. Ainda assim, os preços permaneceram relativamente ajustados, contribuindo para o equilíbrio do mercado.
Boletim Conjuntural
Na sequência da PSS, o último Boletim Conjuntural de 2025 detalha a situação das principais cadeias agropecuárias do Estado e reforça um cenário de ajustes, resiliência e oportunidades.
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Calor e umidade elevam risco da mosca-dos-estábulos nas propriedades rurais
Com a chegada do verão, condições ambientais favorecem a proliferação da praga, que compromete o desempenho produtivo, eleva custos e exige manejo preventivo integrado em bovinos, equinos e suínos.

O verão está chegando e com ele aumentam os fatores ambientais que favorecem a proliferação da mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans), um inseto hematófago, similar à mosca doméstica, mas com comportamento agressivo por sua picada dolorosa e hábito de se alimentar frequentemente do sangue dos animais.
O que favorece o desenvolvimento destas pragas nesse período é o fato de que a primavera e o verão são épocas de calor e alta umidade, e essas condições favorecem o desenvolvimento das larvas em materiais orgânicos em decomposição, como esterco e restos de alimentos. “A mosca-dos-estábulos merece atenção em propriedades de bovinos, equinos e suínos porque é uma praga relevante que provoca redução no desempenho produtivo dos animais, gera estresse, desconforto e pode transmitir agentes patogênicos, como Trypanosoma evansi, além de aumentar os custos com tratamentos e manejo”, menciona o médico-veterinário Gibrann Frederiko.

Foto: Divulgação/OP Rural
Entre os principais sinais clínicos e comportamentais nos animais que indicam a presença da mosca-dos-estábulos estão comportamentos defensivos, quando os animais balançam a cauda, movimentam as patas, sacodem a cabeça ou se esfregam constantemente; a diminuição do consumo alimentar e perdas de peso devido ao estresse; lesões cutâneas causadas pelas picadas e anemia e queda no estado geral, especialmente em casos severos de infestação. “A infestação destas pragas causa redução na produção de leite e ganho de peso, devido ao estresse e menor consumo de alimento, comprometimento da reprodução, especialmente em bovinos e equinos, e aumento de custos por tratamentos, mão de obra e controle químico”, detalha Frederiko.
De acordo com o profissional, os erros de manejo mais comuns, que contribuem para a multiplicação das moscas nas propriedades, são o acúmulo de esterco ou restos de ração próximos ao ambiente dos animais, a falta de limpeza e higienização adequada dos estábulos e currais e o manejo inadequado de resíduos orgânicos, como a palha contaminada.
Frederiko acrescenta que o controle químico ainda é uma prática comum, mas nem sempre suficiente para combater essas moscas. “Há desafios do uso isolado de inseticidas por causa da resistência dos insetos, devido ao uso frequente e inadequado dos produtos químicos, de impactos ambientais e riscos à saúde humana e animal, e de curtos períodos de eficácia, já que os insetos se reproduzem rapidamente. Por isso, reforçamos que o manejo preventivo e contínuo é o caminho mais eficaz para evitar prejuízos econômicos e garantir a saúde dos animais. Ações simples, aliadas às tecnologias disponíveis, criam um ambiente mais saudável e produtivo”, ressalta.
Para o manejo preventivo e contínuo, o médico-veterinário indica a adoção de um sistema integrado de controle que combine medidas preventivas, químicas e biológicas. “Para o manejo sanitário, a orientação é limpeza diária de currais e remoção correta dos resíduos. Quanto ao uso de armadilhas e controle biológico, a recomendação é utilizá-los como predadores e parasitoides de ovos e larvas. Além disso, é importante a racionalização no uso de inseticidas, priorizando rodízios de princípios ativos para evitar resistência”, salienta.
Para além destas medidas, Frederiko relaciona, dentre as tecnologias ou soluções mais inovadoras que têm se destacado no combate à mosca-dos-estábulos, o uso de inseticidas biológicos, como produtos à base de bactérias (Bacillus thuringiensis), a implementação de armadilhas inteligentes e dispositivos automáticos, que liberam inseticidas em horários programados, e o uso de drones e sensores para monitoramento de infestações.



