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China: oportunidade de negócios para os suinocultores brasileiros

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Conhecidos por seus preços baixos, os produtos "made in China" conquistaram o mercado e consolidaram o país asiático como a "fábrica do mundo". Em solo chinês, a missão liderada pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e apoiada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) pode conhecer de perto as oportunidades comerciais entre os dois países, prospectar compras de equipamento e tecnologia; obter percepções de compradores chineses sobre os produtos suínos brasileiros; além de conhecer “in loco” a realidade de oferta e demanda da carne suína na China, bem como conhecer as dinâmicas do mercado chinês, seus aspectos culturais e perspectivas futuras.
Entender as principais questões regulatórias que impactam ou podem impactar o comércio de produtos brasileiros no mercado chinês foi um dos primeiros passos da comitiva. Por meio do Pork Summit, mais de 60 profissionais entre instituições e empresas dos dois países conheceram as oportunidades de transações comerciais entre o Brasil e a China no âmbito da produção e da indústria, além do enorme mercado para carne suína e derivados em ambos os países.

O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, abriu o encontro apresentando o “Panorama da Cadeia de Valor da Suinocultura Brasileira”, destacando os principais fatores de produção que colocam o Brasil como 4º maior produtor e exportador da carne suína no mundo. Entre os principais pontos abordados a está a infra-estrutura, como a grande disponibilidade de terra e aumento da escala de produção; abordou também a genética como foco importante para o crescimento da suinocultura brasileira, que hoje foca na prolificidade e na produção de carne magra. Outro importante ponto apresentando aos participantes foram a preocupação com a biosseguridade.

As oportunidades de comércio na China, que figura como o maior produtor e consumidor mundial de carne suína, foram apresentadas pela Cônsul-Geral em Xangai, Ana Cândida Perez, que destacou o processo de expansão do país que atualmente prevê até 2020 ter 40% da sua população inserida na classe média. “Isso representa um alto poder de consumo, uma oportunidade de grandes proporções aos países que pretendem exportar para cá”, comentou.

Já a adida agrícola da embaixada do Brasil em Pequim, Andrea Bertolini, destacou que o mercado de carne suína é um das grandes prioridades do agronegócio brasileiro na China. “É importante destacar que hoje a China escolhe o que compra, de quem compra e em quais condições compra. Isso faz que com seja preciso uma estratégia e organização para acessar esse mercado e ser competitivo com outros países e outras ofertas”, alertou.
Segundo dados apresentados pela Adida, a China é um grande importador de carne bovina e frango, mas em 2012 importou 1 milhão de toneladas de carne suína, sendo grande porcentagem proveniente dos Estados Unidos. A carne suína está em sexta colocação nos produtos brasileiros exportados para a China.

Por meio da palestra do gerente geral de suínos da Shanghai Songlin Industrial Trade Company, Foo Jing Lee, a comitiva brasileira teve o primeiro contato com o formato da produção de suínos na China. A empresa que possui atualmente cerca de 6 mil matrizes e produz mais de 120 mil animais ano é um dos modelos que mais cresce no país, a produção verticalizada. Formato que prevê a produção interna de todos os elementos, da base ao varejo. No caso da Songlin, o modelo é decorrente da preocupação em manter o controle sobre as tecnologias de processo, de produtos e negócios (segredos industriais). Já o vice-diretor da Comissão de Agricultura de Xangai, Li Jian Ying, abordou sobre o perfil da suinocultura na China e as oportunidades e barreiras para negócios.

Por fim, o evento também abriu as portas para a suinocultura nacional nos Consulados brasileiros em Pequim e Xangai, por meio dos representantes diplomáticos do Brasil na China: Ana Cândida Perez, Cônsul-Geral em Xangai; Andrea Bertolini, Adida Agrícola da Embaixada do Brasil em Pequim e André Saboya, Consul para promoção comercial e investimentos, que deram todo o suporte institucional ao evento e a missão em solo chinês.

Dinâmica do mercado consumidor chinês

Outro objetivo da missão técnica foi conhecer as dinâmicas do mercado chinês, seus aspectos culturais e perspectivas futuras. Esse panorama pode ser avaliado durante a maior feira de alimentos do mundo, a SIAL China 2014, vitrine única do mercado alimentício mundial e referência para compradores em busca de fornecedores e parceiros chineses e internacionais, que aconteceu de 13 a 15 de maio na cidade de Xangai.
Na feira, a comitiva teve a oportunidade de levantar informações sobre a indústrias alimentícia, como qualidade, perfil do consumidor e serviços. “Apesar da forte presença internacional, é uma feira voltada para a China, com a presença de diversos expositores todos com grande interesse em entrar no mercado chinês, que marcaram presença para conhecer e mostrar suas novidades em alimentos e bebidas”, comentou o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, “entretanto, nosso trabalho é avaliar a evolução do consumo de alimentos na China e entender como a carne suína pode ser inserida nesse mercado, uma vez que com o aumento na renda per capita da população, há maior consumo de carnes e alimentos processados, um espaço que precisa ser explorado para a carne suína brasileira”.
As preferências no consumo de alimentos da população chinesa têm se aproximado em boa medida dos padrões de consumo de países desenvolvidos, o que pode ser percebido claramente nos produtos apresentados na SIAL. A comida processada vem ganhando espaço na mesa dos consumidores chineses e segundo dados da Euromonitor International (empresa que fornece relatórios de pesquisa de mercado, estatísticas e outras informações sobre países e consumidores), a China será a maior consumidora de comidas processadas até 2015. Sua população poderá chegar a incrível marca de 107 milhões de toneladas de alimentos processados consumidos, o que ultrapassará os 102 milhões de toneladas anualmente digeridas pelos Estados Unidos.

“A SIAL é o mais importante encontro profissional agroalimentar do mundo, pois reúne todos os atores do mercado, além dos setores de distribuição, de food service, de importação/exportação e da indústria. Nós brasileiros temos muito o que aprender com o mercado de alimentação, principalmente para atender o consumidor atual”, comentou o diretor da Microvet, José Lúcio dos Santos, ao avaliar os produtos apresentados nos pavilhões da feira. “Precisamos também agregar valor aos nossos produtos, não só pensar em carne suína in natura para exportação. A China está em franco crescimento e essa é uma grande oportunidade para os produtores de suínos e para a indústria brasileira”, concluiu.

Para o presidente da ASCE e diretor financeiro da ABCS, Paulo Helder Braga, a SIAL foi ideal para conhecer os últimos lançamentos e o que vai ser tendência na indústria mundial do setor de alimentos. “O evento contou com centenas de empresas internacionais e chinesas, com um diversificado mix de produtos, onde pudemos conferir de perto as inovações e tendências de alimentação do mundo”, comentou.

Os produtos brasileiros também marcaram presença na SIAL 2014. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE) reuniram expositores em mais de 250m² no Pavilhão Brasil. Ao todo foram 52 empresas brasileiras dos segmentos de carne, café, açúcar orgânico, bebidas alcoólicas, sucos, mel, chocolates, produtos de mercearia, castanhas, frutas desidratadas, entre outros.

Segundo a diretora do Departamento de Promoção Internacional do Agronegócio do Mapa, Telma Gondo, a participação brasileira nesse mercado aumentou 29% no período de 2008 a 2013. “Temos promovido a participação de empresas brasileiras que tenham um portfólio de produtos com maior agregação de valor”, disse. “Almeja-se assim não só a continuação dessa conquista de mercado para novos produtos brasileiros, mas também a reversão dessa tendência à concentração”, conclui.
Na SIAL, a ABCS também buscou estreitar laços com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), por meio do contato com gerente do Centro de Negócios da Apex-Brasil em Pequim, na China, Cesar Yu. A Agência será de fundamental importância para continuidade dos negócios prospectados no país e estudos de mercado que serão desenvolvidos pela ABCS ainda este ano.
Neste ano, segundo os organizadores, a SIAL atingiu recordes de números, com 2.400 expositores de 90 países, divididos em 8 pavilhões que receberam mais de 45 mil visitantes.

Realidade de oferta e demanda


Composta por produtores, profissionais e lideranças da suinocultura nacional, a delegação que deixou o Brasil dia 09 de maio, com destino à Xangai também buscou conhecer “in loco” a realidade de oferta e demanda da carne suína na China, que responde atualmente por quase três quartos do consumo mundial da proteína e a população de 1,35 bilhão de pessoas quer mais. Agora, um chinês come uma média de 38 kg por ano.
Segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) o consumo de carne suína per capita na China aumentou 13% em dez anos e a estimativa para os próximos anos é um crescimento médio anual de 1,6%. Para se ter ideia, o aumento de apenas 500 gramas no consumo per capita da China representará uma demanda adicional de 700 mil toneladas – o equivalente à metade das exportações brasileiras

Os principais fornecedores da China atualmente são a União Europeia, os EUA, o Canadá e o Brasil, segundo informações da OCDE de 2013. Os principais cortes escolhidos são os miúdos do suíno. A alguns, o brasileiro está bem acostumado, como pé, orelha, rabo e língua. Outros cortes menos comuns puderam ser observados pela comitiva brasileira em uma loja da rede de supermercados Carrefour em Xangai, como rim, coração, estômago e intestino.

Para Paulo Lucion, presidente da ACRISMAT, diretor técnico da ABCS e diretor da Nutribras, frigorifico que já exporta para a China via Hong Kong, “os chineses são muito exigentes quando se trata de carne suína. Eles consomem muito miúdos, órgãos internos, são esses os cortes mais solicitados na Nutribras”, comenta.
No supermercado, a parte mais cara encontrada foi a costelinha e filé mignon que chegam a custar R$ 25,00 o quilo, enquanto o quilo mais acessível é do intestino que neste supermercado custava em média R$ 8,00.

Prospecção de negócios

A China investe mais em tecnologia que o Brasil e isso se reflete nas exportações dos dois países. O gigante asiático é o país que mais exporta tecnologia de ponta, com destaque para eletrônicos, ultrapassando Estados Unidos, Alemanha e Japão.
Atenta a esse cenário de oportunidades, a delegação brasileira de suinocultores e empresários marcou presença na CAHE (China Animal Husbandry Exhibition), que aconteceu de 18 a 20 de maio na cidade de Qingdao, localizada em uma das principais províncias produtoras de suínos com produção acima de 3,5 milhões de toneladas de carne suína. Essa província, Shandong, concentra aproximadamente 6,4% da produção de carne suína do país e tende a crescer. Além disso, a Província é um dos principais produtores de produtos de origem animal. O rendimento total de venda desses produtos representou cerca de 10% de todo o país. Com base sólida de base animal, a região tem grande perspectiva de desenvolvimento amplo e oportunidades de mercado.

A CAHE é realizada pela Associação para Agricultura e Pecuária da China (CAAA, na sigla em inglês) e tem como foco principal atender produtores e empresários do setor agropecuário com novas tecnologias e equipamentos. Segundo Sonia Yang, membro da organização da feira, nesta edição foram mais de 4,8 mil stands entre empresas de pequeno e grande porte, sendo apenas 12% de empresas internacionais. A expectativa de visitantes é de 120 mil, cerca de 20% a mais que na edição anterior, realizada em 2013. Além de stands de equipamentos para produção e maquinário para a indústria, de produtos voltados para à saúde animal e insumos são realizadas palestras e mini-seminários.

"A China é referência principalmente em equipamentos, percebemos que para conquistar a valorização na produção de suínos é necessário investir, e investir bem, em tecnologia que gera automação, redução de mão de obra, de custos", avalia o presidente da ACCS, Losivanio de Lorenzi.
“Preço é tudo, e sabendo disso, os consumidores sempre estão buscando meios de adquirir produtos com baixo custo. O Brasil por exemplo, possui um sistema tributário muito alto, e isso obriga os consumidores a buscarem meios de adquirirem produtos mais baratos, e é aí que entra a China”, comentou o presidente da AGS, Euclides Costenaro.

Produção de suínos na China


         Obter percepções de produtores chineses sobre a carne suína que produzem e como funciona o mercado da suinocultura, desde a produção, passando pelo abate até o varejo, foi outra grande ação dessa missão internacional. A primeira visita aconteceu ainda em Xangai, na Shanghai Songlin Industrial Trade Co, empresa fundada em 1992, e possui atualmente cerca de 6 mil matrizes que produzem mais de 120 mil animais ano. A empresa é verticalizada e foca na produção com alto controle de qualidade. Além de produzir os animais, a Songlin também criou uma marca junto ao varejo para comercializar dezenas de opções de cortes suínos. Com moderno sistema de abate, a empresa tem capacidade para abater 1 milhão de cabeças por ano, segundo informou o gerente geral da empresa, Jay Qi.

         Na cidade de Qindgao, no Norte da China, a delegação brasileira teve a acesso a produção de cada elemento utilizado para os maquinários de abate, na empresa Qingdao Jianhua Food Machinery Manufacturing, especializada no desenvolvimento, concepção e fabricação de equipamento para abate de suínos, bovinos e aves com foco em pequenas e médias empresas de processamento. 

Segundo o presidente da Qingdao Jianhua, Yang Hua Jian, os produtos da empresa são bem aceitos no exterior, onde atende países como Rússia, Coréia do Norte, Japão, além da América do Sul e Oriente Médio. “Graças aos nossos produtos altamente qualificados e com bons valores de venda, a Qingdao Jianhua obteve reputação bem conhecida e estabelecida no mercado”, comentou Jian durante sua apresentação para os 24 participantes da missão.
“Os valores apresentados pela empresa para o maquinário estão bastante competitivos com o que encontramos no Brasil ou em outros países, por isso, creio que essa é uma boa oportunidade para reavaliar investimento e inserir a China como um bom parceiro comercial”, disse o proprietário do frigorífico Sabugy e presidente da DFSUINdo DF, Ivo Jacó.

Para encerrar a parte técnica da missão, o grupo pode conferir em Pequim uma empresa especializada em instalações e projetos para granjas, a KingPeng Husbandry, que tem seus produtos exportados para países como Rússia, Venezuela, Ucrânia, Cuba e Vietnã. “Temos todas as soluções para a produção de suínos, desde gestão ambiental, alimentação automatizada, segurança animal, biodigestores, entre outros. É um serviço completo”, comentou a especialista em vendas internacional da KingPeng, Yolanda Yang.
         “Conhecemos de perto a qualidade dos produtos e também das inúmeras possibilidades de aquisição de tecnologia, equipamentos e maquinário, o que confirma muitas das informações que tínhamos no Brasil. Por isso, acredito que o mercado chinês nesse aspecto poderá ser um grande parceiro dos suinocultores brasileiros”, confirmou o presidente da ACSURS e conselheiro de relações com o mercado da ABCS, Valdecir Folador.

Exportações


Exportar para a China significa atingir mais de 1,3 bilhões de pessoas e ter acesso a um mercado de consumo que cresce 15% ao ano, já que o número de habitantes do país é seis vezes maior que o do Brasil e possui 2 mil portos e o 4º maior porto do mundo está localizado no país. A China é o maior produtor e consumidor de carne suína do mundo, e essa condição única lhe possibilita vantagem comparativa para a compra do produto de outros países, o Brasil inclusive. São quase 480 milhões de cabeças de suínos, 52 milhões de toneladas consumidas em 2012, e 38 kg per capita (2,5 vezes o consumo brasileiro…).
Segundo dados da FAO, a China caminha para ser a maior também em consumo per capita em 2022, o que significa superar o consumo per capita de países como a Alemanha (55kg) e a Áustria (65kg).
Entretanto, as grandes possibilidades de consumo do país que fazem dele um paraíso para as vendas de carne suína não são maiores que as barreiras enfrentadas para colocar o produto nas gôndolas chinesas. Segundo avaliação da Adida Agrícola da embaixada do Brasil em Pequim, Andrea Bertolini, “o governo chinês respeita muito o Brasil como produtor de alimentos, primeiro pela importância perante a segurança alimentar para o país e depois por ver no Brasil um modelo de agricultura a ser adotado pela China, porém é grande a burocracia para habilitação dos estabelecimentos e há ainda a proibição do uso de ractopamina”, explicou. Atualmente são seis plantas frigoríficas brasileiras habilitadas para exportar ao país, dez plantas em processo de habilitação e seis em medidas corretivas.

Ainda segundo a Adida, os países que conseguem abertura de mercado relevante são aqueles que tem uma presença constante em escritório com presença física em Pequim e Xangai. “Eles tratam diretamente com agências regulatórias, autoridades locais e com os próprios importadores, pois é um trabalho árduo e um mercado muito competitivo. Então há necessidade que os setores que tenham interesse em abrir mercado na China se organizem e se articulem para estar presencialmente aqui e ter uma interação com autoridades”, alertou, “assim será possível realizar um trabalho estruturado para abrir mercados de uma maneira competitiva assim como EUA e Austrália, que tem um mercado de carnes muito trabalhado nesse país”, conclui.

Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, o mercado chinês é ainda bastante cobiçado pelas indústrias de carne suína brasileira, mas em sua avaliação não é preciso somente uma atuação forte, engajada e constante para colocar o Brasil como um grande e confiável fornecedor de carne suína para China, é preciso avaliar a capacidade do país em atender esse mercado. “Os EUA estão sempre disponíveis para grandes quantidades a preço baixo e o Brasil ainda não tem preços suficientemente competitivos, por conta dos altos índices de insumos, impostos e pela falta de infraestrutura e logística para exportar e atender de forma expressiva o mercado chinês”, alertou.

Fonte: Ass. Imprensa da ABCS

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Fotos: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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