Suínos
Chefe de nutrição animal da Sociedade Agrícola Alemã destaca importância das matérias-primas das rações
De acordo com cada fase, o animal precisa receber as fontes corretas de proteínas, fibras, carboidratos, todos os nutrientes, como proteínas, amidos, energia, etc. Mas você também precisa dos elementos traços, como os minerais, vitaminas e enzimas. Agora, nós sabemos como usar vários aditivos nutricionais para atingir altos níveis de nutrição?

O Presente Rural ouviu durante a sua participação na EuroTier 2022 o doutor Detlef Kampf, chefe de nutrição animal da DLG (Sociedade Agrícola Alemã) para saber sobre tendências e novidades na área de nutrição animal. Confira.
O Presente Rural – Porque o senhor ainda considera como uma tendência os aditivos alimentares. Isso ainda é uma tendência e não uma realidade?
Detlef Kampf – Nós temos que ter em mente toda alimentação que fornecemos aos animais. De acordo com cada fase, o animal precisa receber as fontes corretas de proteínas, fibras, carboidratos, todos os nutrientes, como proteínas, amidos, energia, etc. Mas você também precisa dos elementos traços, como os minerais, vitaminas e enzimas, apenas para dar um exemplo. Agora nós sabemos como usar vários aditivos nutricionais para atingir altos níveis de nutrição, o que significa a otimização dos níveis de proteínas na dieta, diminuindo a excreção de nitrogênio. Isso vale para qualquer fase de produção, como um leitão ou uma matriz, por exemplo. Também podemos aumentar a biodisponibilidade do fósforo, com o uso de uma fitase – essas são muito mais ativas atualmente do que as enzimas de alguns anos atrás. Então, na minha opinião, é uma tendência que se use os corretos aditivos, de acordo com cada fase, na nutrição animal.
O Presente Rural – Falando do conceito de segurança alimentar e a importância da ração nesse tópico. Qual a importância da nutrição animal no conceito “One Health”?
Detlef Kampf – Essa é a base para a saúde animal e humana. Se você usa os nutrientes corretos e de alta qualidade, isso produzirá animais de alta qualidade, que por sua vez resultam em produtos de origem animal de alta qualidade ou melhores alimentos. Essa é a ideia, começar com matérias primas de alta qualidade, com bom nível de higiene, baixa contaminação, isso resulta em alimentos para os humanos de boa qualidade. Isso é até muito simples de entender, mas muitas vezes temos que repensar a forma de produzir nossos alimentos.
O Presente Rural – Quando o senhor fala em qualidade dos animais, o produtor precisa escolher entre qualidade e produtividade ou ele pode alcançar os dois?
Detlef Kampf – Normalmente é a combinação dos dois fatores. Não queremos ter alimento de baixa qualidade, ou seja, com altos riscos de problema por higiene, em combinação, por exemplo, com micotoxinas. Você precisa cuidar das lavouras para não adicionar o problema de contaminação de micotoxinas nas rações, sob pena de ter que adicionar mais aditivos para inativar esses compostos. Isso é um risco para as rações, mas também para a alimentação humana, que irá consumir esses produtos de origem animal. Então, de novo, devemos começar do princípio: como cultivamos uma lavoura, como a colhemos, como armazenamos e conservamos esses ingredientes, como adicionamos e misturamos eles em nossas dietas.
O Presente Rural – Agora quero falar sobre o marcado brasileiro. Na Europa, vários antibióticos já foram banidos da nutrição animal. Quais as principais lições você poderia compartilhar com os brasileiros?
Detlef Kampf – Isso também está relacionado à opinião pública aqui na Europa. As pessoas estão cada vez mais envolvidas nessas discussões e o que precisamos pensar é se realmente é necessário usar toda essa quantidade de antibióticos para manter a saúde animal ou eu devo iniciar um processo antes para controlar o status sanitário do local de produção, diminuindo a contaminação e o risco de infecções? E isso os brasileiros podem aprender com os europeus; os índices de produção (ganho de peso) estão mais relacionados à qualidade do manejo. Você precisa treinar os produtores a trabalhar com essa nova realidade: como buscar ajuda de profissionais, consultores, governo para produzir nessa nova realidade.
Também existe a questão do desmatamento, como os produtores irão usar os solos no Brasil. Mas a ideia é essa: começar “pela base”, cuidando da qualidade dos ingredientes para diminuir o uso dos antibióticos.
O Presente Rural – Fale um pouco da EuroTier. O que o senhor viu e qual seu sentimento sobre o futuro?
Detlef Kampf – Meu sentimento é bem simples. “Ao final do dia”, teremos que alimentar, talvez, 10 bilhões de pessoas. De forma simples, a pergunta é: qual eficiência podemos ter na nossa produção animal, mantendo a segurança alimentar, quais áreas utilizaremos para cultivar nossas lavouras. Eu sou confiante com o futuro, pois acredito que podemos moderar o consumo de alimentos, pois hoje consumimos mais do que necessitamos. O ser humano precisa da proteína de origem animal, e entendo que existem países ainda em desenvolvimento que terão um crescimento no consumo de animais, uma vez que a renda dessas populações ainda está crescendo. Isso é uma coisa que a Europa já superou e sei que não podemos negar isso a esses países em desenvolvimento. Talvez essa curva seja mais rápida.
O Presente Rural – Qual o impacto da nutrição na redução das emissões de CO2 e Metano?
Detlef Kampf – Nós discutimos muito essa questão, mas temos que lembrar que os ruminantes foram selecionados naturalmente para conseguir digerir carboidratos de difícil digestão pelos demais animais. Os humanos não podem digerir essas fibras e nós temos que ser muito gratos pela evolução dar essa possibilidade aos ruminantes. Porém, eles não podem fazer isso sem gerar uma certa quantidade de gás metano e isso não pode ser eliminado, pois pode causar até a morte da vaca, por intoxicação. Ou seja, sem produção de metano, nós não conseguimos alimentar os ruminantes de maneira não competitiva com os humanos. Do ponto de vista produtivo, você tem uma menor produção de metano sempre que aumenta a eficiência do animal. Ou seja, menos animais produzem menos metano. Também, uma vaca de alta produção produz menos metano por kg de leite produzido, se comparado com uma vaca de baixa produção. Existem opções no mercado que parecem diminuir a produção de metano, mas temos que ter a clareza de que não é possível zerar a produção de metano, pois produção de metano zero significa que não existe mais atividade ruminal. O potencial de redução gira ao redor de 20-30%, o que não é pouco. Outro aspecto para ter em mente é qual o real impacto do metano produzido pelo ruminantes na alteração do clima, isso é um efeito real ou é usado como um argumento por outros setores. O impacto do metano existe, mas em comparação com o dióxido de carbono, os níveis de metano não estão aumentando, estão estáveis. Reduzir o metano é possível, mas para isso temos que ter animais de alta eficiência, voltando ao início da conversa: temos que ter dietas de alta qualidade, com baixa contaminação, todas combinadas, pois não podemos ter apenas uma ação isolada para resolver o problema. Em resumo o desafio existe, mas não é tão grande quanto nos fazem pensar que é.
O Presente Rural – Fale sobre custos de produção na Europa e no Brasil
Detlef Kampf – Os custos de alimentação são importantes na Europa também, custando 50-55% de todo o custo. Sempre cuidamos disso, mas não podemos olhar apenas para o custo da alimentação. Baixo custo de ração quase sempre está relacionado com baixa qualidade de ração, baixos níveis nutricionais. Ração de baixa qualidade sempre é mais barata que uma ração de alta qualidade. Dessa forma, dependo o que você quer fazer, se seu foco está na saúde animal, na produtividade, você não pode olhar apenas para o custo da ração e sim o custo total de produção. Quando você vende seu suíno no final, a pergunta é: quanto eu recebo pela carne que estou entregando. Preciso convencer o abatedouro ou o vendedor da carne que eu produzo um produto de melhor qualidade para que ele tenha argumentos de marketing para vender essa carne por um preço mais alto.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



