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Cesb e Embrapa firmam parceria técnica para ajuste e validação dos modelos utilizados no Zarc
Iniciativa tem, entre os objetivos, o de identificar a melhor época para a semeadura da soja em cada região do país, levando em consideração vários fatores.

Considerado um interessante recurso do agronegócio, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, conhecido como ZARC, mobilizou, por conta de sua importância, o Cesb e a Embrapa, que acabaram de assinar um amplo acordo de cooperação e parceria técnica.
De acordo com Lorena Moura, coordenadora técnica do Cesb, essa parceria vai auxiliar no ajuste e validação dos modelos utilizados na elaboração do ZARC para a cultura da soja no Brasil. “Em virtude do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja, o Cesb possui uma grande quantidade de dados acumulados ao longo dos anos. No Desafio, nós coletamos diversas informações a respeito das áreas inscritas e auditadas, como a cultivar utilizada, data de semeadura, data de colheita e análise física e química dos solos. Somente nesta última safra, foram 950 áreas auditadas, distribuídas em 381 municípios em 14 estados brasileiros. Estas informações possuem uma grande abrangência e representatividade e podem ser usadas pela Embrapa para aperfeiçoar o Zarc da cultura da soja”, explica Lorena.
José Renato Farias, pesquisador da Embrapa Soja, acrescenta que as informações do Cesb serão muito úteis nos trabalhos com modelagem de sistemas agrícolas, pois bases de dados consistentes são de extrema importância para que se possa melhor simular a realidade encontrada no campo. “Os dados serão usados para ajustar, calibrar e validar modelos de simulação e de desenvolvimento da cultura da soja. Modelos ajustados e representativos da realidade podem ser usados em monitoramento e estimativas de safras, quantificação de riscos, zoneamento agrícola, planejamento rural, avaliações de impactos de mudanças climáticas, entre outros estudos de interesse do agricultor, da cadeia produtiva e das políticas públicas”, acrescenta Farias.
Metodologia
De acordo com Farias, atualmente, estão disponíveis alguns modelos de simulação para a cultura da soja, com diferentes níveis de complexidade e de interação entre a planta e o ambiente. “Porém, para melhor representatividade da realidade no campo, base de dados (do solo, do clima e da planta) representativas e consistentes são indispensáveis para viabilizar o ajuste, a calibração e a validação dos modelos. Modelos bem ajustados permitem estimativas do desenvolvimento das plantas de forma bastante precisa e constitui-se numa excelente ferramenta para obtenção de informações que auxiliem no planejamento e no manejo das culturas agrícolas sob as mais variadas condições de clima, solo e manejo. Podem ser empregados em monitoramento e previsão de safras; análise de alternativas de manejo para superar adversidades do solo e do clima; subsidiar ações de agricultura de precisão; avaliações de impactos de mudanças climáticas e proposição de ações de adaptação e/ou mitigação; aprimoramentos do zoneamento agrícola; subsidiar políticas e programas públicos e ações estratégicas governamentais etc”, comenta.
Benefícios para os sojicultores
Lorena explica que a iniciativa poderá conferir diversos benefícios para os sojicultores, uma vez que o projeto do Cesb e da Embrapa tem, entre seus objetivos, o de identificar a melhor época para a semeadura da soja em cada região do país, levando em consideração vários fatores, como os diferentes tipos de solos e, assim, reduzir os riscos relacionados aos problemas climáticos, permitindo ao produtor aumentar as chances de sucesso na produção. “Cederemos à Embrapa os dados do Cesb referentes às últimas 5 safras do Desafio. Posteriormente, poderemos enviar os dados anualmente, conforme formos realizando o Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja. O impacto será no melhor posicionamento das cultivares, recomendações de datas de semeadura e manejo da cultura da soja. Caso o objetivo do Zoneamento seja alcançado, os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras de soja poderão ser quantificados, diminuindo os danos ocasionados por estresse e, consequentemente, as perdas na produção”, detalha.
Benefícios para a sociedade
O pesquisador da Embrapa Soja acrescenta que a iniciativa poderá trazer também vários benefícios para a sociedade, como a maior sustentabilidade, econômica, social e ambiental, incrementado a capacidade competitiva dos sistemas produtivos brasileiros. “A importância do setor agropecuário para o Brasil exige definições importantes quanto ao aperfeiçoamento do atual sistema de planejamento, gestão de riscos e resiliência agroclimática. E os modelos, com certeza, podem contribuir para reduzir a vulnerabilidade do setor agrícola brasileiro, subsidiando o embasamento de políticas públicas, a definição de linhas de pesquisa e a indicação de práticas de manejo aos sistemas produtivos agrícolas, que busquem promover o incremento e/ou estabilidade da produção, a sustentabilidade e a competividade do setor agrícola”, finaliza.
O Cesb é composto por 19 membros especialistas e 25 organizações patrocinadoras que acreditam e contribuem para o avanço sustentável dos mais altos índices de produtividade de soja no Brasil, são elas: Agrogalaxy, Basf, Bayer, Syngenta, Jacto, Alltech, Atto Sementes, Brasmax, Corteva, Eurochem FTO, Ferticel, ICL, Koppert, Mosaic, Stara, Stoller, Sumitomo Chemicals, Timac Agro, TMF, Ubyfol, UPL, Yara, Elevagro, IBRA e Somar Serviços Agro. Mais informações pelo telefone: (15) 3418.2021 ou pelo site www.cesbrasil.org.br

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



