Notícias Aumento de produtividade
Cesb aponta oportunidade tangível de ganho produtivo nos principais Estados produtores de soja
Iniciativa do Comitê Estratégico Soja Brasil analisou 1.900 áreas, durante oito anos e conclui que nas áreas utilizadas nesse estudo, que estão espalhadas em dez Estados brasileiros, a média de produtividade foi 31% maior do que a registrada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Imagine uma rede de pesquisa formada por um grupo de pesquisadores, fundações, universidades, consultores e centros de pesquisa, distribuídos pelo território nacional, que avaliam hipóteses de como incrementar de forma rentável e sustentável a produtividade média da cultura da soja.
Essa rede existe e é conduzida pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb), desde 2014, com o objetivo principal de identificar os fatores produtivos que estão associados com o aumento da produtividade da soja no Brasil.
Recentemente, a rede de pesquisa apresentou um estudo, com dados coletados em mais de 1.900 áreas, durante um período de oito anos. A conclusão é a de que existe uma oportunidade tangível de ganho produtivo nos principais Estados produtores de soja: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso, Bahia e Piauí. Isso porque nas áreas utilizadas nesse estudo, que estão espalhadas nesses dez Estados brasileiros, a média de produtividade foi 31% maior do que a registrada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
De acordo com Veranice Borges, a rede de pesquisa tem como foco estudar diversos fatores que contribuem para a produtividade, bem como a relação entre eles em diferentes ambientes de produção. “Obtivemos uma grande diversidade e quantidade de informações, que permitirá fortalecer os conceitos das boas práticas agrícolas para obtenção da máxima produtividade sustentável da soja. Essas informações poderão contribuir não só para a sojicultura mas para todo o sistema produtivo”, afirmou.
Aumento de produtividade
João Pascoalino, um dos profissionais que coordenou a rede de pesquisa, acrescenta que o tamanho da oportunidade produtiva é o resultado das pesquisas sendo colocado em prática e gerando uma qualidade e assertividade das práticas agrícolas no campo melhor e maior, respectivamente.
“Nesta ótica, alguns dos principais fatores que colaboram para elevar a produtividade ou aumentar a expectativa produtiva estão relacionados com o conhecer o ambiente de produção, avaliar o perfil de desenvolvimento da planta de acordo com o material genético plantado, adotar rotação de culturas, realizar correção do solo em profundidade, garantir uma boa disponibilidade dos nutrientes no solo durante todo o ciclo da cultura, planejar uma nutrição de plantas equilibrada obedecendo a lógica de aproveitamento das plantas e proporcionar uma efetivo controle de pragas e doenças para manter o potencial produtivo construído”, analisa Pascoalino, junto com o diretor executivo do Cesb Luiz Antonio da Silva, com o auxiliar técnico do Cesb Ernesto Shiozaki e com a coordenadora técnica do Cesb Veranice Borges.
O sinergismo entre a eficiência agronômica e a eficiência climática, em cada ambiente de produção, são responsáveis pelas altas produtividades obtidas nas áreas dos recordistas do Cesb.
Nas mãos dos produtores
O biólogo da Embrapa e membro do Cesb, Sergio Abud da Silva, observa que o clima não se pode mudar. No entanto, a rede de pesquisa do Cesb já observou que existem algumas escolhas agronômicas que estão nas mãos dos produtores: construção do perfil profundo do solo, escolha da genética adaptada, arranjo de plantas e a mitigação de fatores redutores da produtividade, como por exemplo os estresses abióticos e bióticos (plantas daninhas, pragas e doenças)”, complementa o membro do Cesb.
De acordo com Abud, o potencial produtivo da soja é muito alto. “Estima-se que podemos alcançar 200 sacas por hectare. Já atingimos produtividades próximas de 150 sc/ha, mas, para superar esse recorde, precisaremos buscar novas alternativas e usar práticas diferentes das que vimos utilizando. Com isso, logo estaremos colhendo, com sustentabilidade e ecoeficiência, novos recordes no Desafio de Máxima Produtividade da Soja do Cesb e nas lavouras comerciais do Brasil”, aponta.
Veranice Borges acrescenta que, nos próximos anos, a rede de pesquisa seguirá desenvolvendo protocolos de pesquisa voltados para o aumento da eficiência agrícola e da sustentabilidade dos sistemas produtivos nas diversas regiões do país, com foco em inovações no manejo e no uso de novas tecnologias.
Composição do Cesb
O Cesb foi criado com o objetivo de oferecer um ambiente regional e nacional que estimule sojicultores e consultores técnicos a desafiar seus conhecimentos incentivando o desenvolvimento de práticas de cultivo inovadoras.
O Cesb é composto por 19 membros e 30 entidades patrocinadoras: Basf, Bayer, Syngenta, UPL, FMC, Jacto, Mosaic, Superbac, Corteva, Elevagro, Eurochem Fertilizantes, ICL, Atto Sementes, Stoller, Timac Agro, Brasmax, Stara, Datafarm, Somar Serviços Agro, Ubyfol, Fortgreen, KWS, Yara, Sumitomo Chemical, FT sementes, Biotrop, Koppert, Massey Ferguson e Ibra.
E a rede de pesquisa tem 25 instituições e empresas parceiras. São elas: Agrimax, Agrodinâmica, Agroensaio Pesquisa e Consultoria Agronômica Ltda, AR Consultoria Agronômica, Copacol, ESALQ, Falker, Fundação Bahia, Fundação Chapadão, Fundação MS, Fundação Rio Verde, Girassol, GMics, Ibra, ICL, Instituto Phytus, Rehagro, Semear, Sementes Aurora, SNP Consultoria, Soma Consultoria Agronômica, Universidade Federal do Mato Grosso, Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal dos Vales dos Jequitinhonha e Mucuri, e Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Colunistas
Sucessão familiar no agro: como atrair os jovens para o campo?
É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa.
A sucessão familiar no agronegócio tem se tornado um dos grandes desafios para o setor rural, especialmente em um contexto em que os jovens estão cada vez mais imersos em tecnologia e afastados das práticas tradicionais da agricultura. Esse distanciamento ameaça a continuidade das atividades no campo, principalmente em regiões onde o trabalho artesanal, como a delicada colheita de grãos de café, ainda desempenha um papel fundamental para a economia local e a preservação da cultura agrícola.
O grande desafio está em demonstrar que o trabalho rural pode ser sinônimo de oportunidades, crescimento pessoal e profissional, desde que haja um equilíbrio entre inovação tecnológica e respeito aos métodos tradicionais.
Para garantir a continuidade das propriedades rurais e a manutenção da produção, é essencial adotar estratégias que tornem o campo mais atraente para as novas gerações. Investir em tecnologia e inovação é um dos principais caminhos, pois permite modernizar as atividades agrícolas, tornando-as mais eficientes e rentáveis. Além disso, a introdução de práticas sustentáveis e a adoção de modelos de gestão mais profissionalizados podem despertar o interesse dos jovens que buscam alinhamento com causas ambientais e sociais.
Outro fator crucial é a educação e capacitação voltadas para o agronegócio. Oferecer programas de treinamento e especialização em áreas como agroecologia, gestão rural e empreendedorismo pode preparar melhor os jovens para assumir a liderança das propriedades familiares. Incentivos governamentais, como acesso a crédito e políticas de apoio à agricultura familiar, também são fundamentais para facilitar essa transição. Criar um ambiente onde os jovens se sintam valorizados e capazes de inovar é essencial para garantir a sucessão familiar e a sustentabilidade do setor agrícola a longo prazo.
É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa. Integrar tecnologias modernas às práticas agrícolas tradicionais pode não apenas preservar o legado familiar, mas também abrir novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento sustentável no setor rural.
Notícias
A importância da pesquisa agropecuária
A pesquisa para gerar conhecimento que fundamenta as novas tecnologias; de outro, a aquisição dessas tecnologias para aplicação na produção.
O acelerado desenvolvimento do setor primário da economia, nas últimas décadas, resultou dos avanços da pesquisa científica na esfera da Embrapa, das Universidades, dos centos de pesquisa privados e dos grandes grupos da indústria da alimentação. De um lado, a pesquisa para gerar conhecimento que fundamenta as novas tecnologias; de outro, a aquisição dessas tecnologias para aplicação na produção.
Apesar disso, ainda é necessário fomentar a pesquisa agropecuária brasileira para turbinar os níveis de investimento público em patamares equivalentes aos dos principais concorrentes do Brasil no mercado mundial. O caminho natural é a Embrapa, capitaneando uma cadeia de pesquisa, que envolve as Universidades e outros centros de pesquisa. A ideia é fortalecer as ferramentas de gestão de órgãos públicos e estimular as parcerias público-privadas, inclusive com cooperativas agropecuárias, com o fomento de estudos que efetivamente contribuam para o maior desenvolvimento, sustentabilidade e competitividade do setor agropecuário. Essa integração pode facilitar a captação de investimentos na geração de inovações de alto impacto para o enfrentamento dos desafios do agro brasileiro.
Em Santa Catarina, por exemplo, que se destaca no incremento da produção de leite, esse reforço na pesquisa poderia começar com a instalação de um núcleo de pesquisas voltadas ao gado leiteiro, com ênfase para forrageiras. Nas pequenas unidades de produção a atividade proporciona importante fonte de renda para as famílias rurais. A atividade exibe notável desenvolvimento técnico da produção, especialmente da genética e sanidade.
Quinto produtor nacional, o setor tem sofrido uma intensa concentração da produção. Para a pecuária leiteira tornar-se mais competitiva, há a necessidade da pesquisa de forrageiras para identificar variedades mais adaptadas à região. A melhoria da qualidade da alimentação do rebanho proporcionará um salto notável na elevação da produção e da renda dos produtores.
A proposta consiste na instalação de uma unidade da Embrapa no Estado de Santa Catarina para a pesquisa de forrageiras e outras tecnologias voltadas à produção de leite e, também, gado de corte. Os pastos hoje utilizados, via de regra, são de espécies provenientes de regiões distantes e de baixa adaptação ao microclima, resultando em limitado desenvolvimento e baixa eficiência nutricional.
A empresa mantém em Concórdia a Embrapa Suínos e Aves, com pesquisas em suínos e aves e tecnologias correlatas, especialmente de proteção ao meio ambiente. O novo núcleo de pesquisa poderia ser criado junto a Embrapa de Concórdia (SC). O foco seria a produção e manejo de forragem, o que geraria conhecimentos para a melhoria da alimentação animal, além da possibilidade de agregar valor ao leite pelo sistema de produção a pasto.
Atualmente, a Embrapa desenvolve pesquisas voltadas à pecuária de leite em três unidades: a de gado de leite, voltada às soluções para o desenvolvimento sustentável do agronegócio do leite em Juiz de Fora (MG); a unidade Pecuária Sudeste, com ênfase na eficiência e sustentabilidade da produção em São Carlos (SP) e a unidade Pecuária Sul que desenvolve pesquisas em bovinocultura de corte e leite, ovinocultura e forrageiras nos campos sulbrasileiros, compreendidos pelos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em Bagé (RS).
As cooperativas agropecuárias são atores estratégicos no apoio aos programas de pesquisa científica, como testemunham inúmeras ações em passado recente.
Notícias Atenção produtor rural
Prazo para declaração do ITR encerra em 30 de setembro, alerta Faesc
Documento deve ser enviado por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, que está disponível no site da Receita Federal.
O prazo para a Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR), referente ao exercício de 2024, vai até 30 de setembro. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) alerta para que o produtor rural fique atento ao prazo para evitar multas.
De acordo com a Instrução Normativa RFB nº 2.206/2024 é obrigatório apresentar a declaração de pessoa física ou jurídica, proprietária, titular do domínio útil ou possuidora de qualquer título, inclusive a usufrutuária, um dos condôminos ou um dos compossuidores.
A declaração deve ser enviada por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, que está disponível no site da Receita Federal. Além disso, continua sendo possível a utilização do Receitanet para a transmissão da declaração.
O imposto é obrigatório para todo o imóvel rural, exceto para os casos de isenção e imunidade previstos em lei, portanto o produtor deve ficar atento aos prazos de envio do documento para não pagar multas e juros. E caso o contribuinte verifique algum erro após o envio da declaração, ele deve fazer a retificação por meio do Programa ITR 2024.
A declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural é composta pelo Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR (DIAC) e pelo Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT).
O contribuinte, cujo imóvel rural já esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR), deve informar o respectivo número do recibo de inscrição. O pagamento do imposto poderá ser feito através do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), ou via QR Code (Pix).
No dia 24 de julho, o Governo Federal publicou a Lei n° 14.932/2024 que retira a obrigatoriedade de utilização do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para a redução do valor devido do ITR. Entretanto, a Receita Federal, por meio da Instrução Normativa (IN) 2.206/2024, ainda obriga o produtor rural a apresentar a ADA neste ano.
A CNA e a Faesc trabalham para que a Receita faça a revisão da normativa o mais breve possível. Mesmo com a lei em vigor, recomendam manter o preenchimento do ADA via Ibama, para fins de exclusão das áreas não tributáveis do imóvel rural e inserção do número do recibo na DITR 2024.
O contribuinte pode conferir o Valor de Terra Nua (VTN) 2024 publicado no site da Receita Federal pelas Prefeituras conveniadas. A FAESC lembra que, caso os valores não estejam de acordo com os requisitos determinados pela Instrução Normativa RFB n° 1.877/2019, deve ser feita denúncia por meio do Sindicato Rural junto à Delegacia Regional da Receita.