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Centro de referência vai monitorar tecnologias para mitigar emissões da pecuária gaúcha
Com cinco frentes, a iniciativa abrange estudos com genética, integração labora-pecuária-floresta, novas dietas, avaliação da carne produzida e validação de marcas-conceito. Pesquisadores buscam mitigar, especialmente, as emissões de metano dos animais, principal gás de efeito estufa emitido pela pecuária.

Um amplo projeto de pesquisa vai instituir no Rio Grande do Sul um centro de referência para avaliação de tecnologias com potencial de mitigar gases de efeito estufa (GEE) da pecuária gaúcha. Liderado pela Embrapa Pecuária Sul, o trabalho foi aprovado em edital realizado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). O projeto tem como um dos objetivos subsidiar o governo gaúcho na atualização dos inventários de emissão de GEE do estado e na formulação de políticas públicas, assim como disponibilizar tecnologias validadas para os pecuaristas trabalharem com foco em sustentabilidade.
Intitulado “Avaliação de tecnologias com potencial de mitigar gases de efeito estufa nos campos e florestas nativas e cultivadas do Rio Grande do Sul”, o trabalho irá avaliar cinco pontos centrais: a genética de reprodutores bovinos de cinco raças quanto à relação da emissão de metano e produção de carne; o potencial de mitigação dos sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta com árvores nativas do Rio Grande do Sul; novas dietas para bovinos com capacidade de diminuir a produção de metano entérico no rúmen dos animais; a validação no estado de marcas-conceito já lançadas pela Embrapa, como a Carne Carbono Neutro (CCN), Carne Baixo Carbono (CBC) e Carbono Nativo (CN); assim como a avaliação da carne produzida nesses modelos de produção.
Conforme Cristina Genro, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul e líder do projeto, o trabalho será uma oportunidade para avaliar as melhores ferramentas para tornar a pecuária gaúcha cada vez mais sustentável. “Vamos avaliar mecanismos importantes para a mitigação de GEE na pecuária, como o melhoramento genético animal, a suplementação energética com coprodutos regionais e os sistemas ILPF. Além disso, a validação das marcas-conceito CCN, CBC e CN oferecem uma perspectiva de valorização da carne gaúcha em um mercado cada vez mais exigente por produtos de qualidade e produzidos com sustentabilidade”, destacou a pesquisadora.
Conforme Genro, o manejo adequado do pasto é capaz de compensar em até 35% a emissão do metano pelos bovinos; a manipulação da fermentação ruminal com o uso de maior nível de proteína e concentrados e o melhoramento da dieta animal mitigam entre 10% e 20%; e o melhoramento genético animal tem um potencial de mitigar até 38% dessas emissões. “Essas tecnologias, analisadas em um balanço de emissão e fixação de carbono, são capazes de praticamente zerar essa balança”, destacou Genro.

Trabalho será uma oportunidade para avaliar as melhores ferramentas para tornar a pecuária gaúcha cada vez mais sustentável – Foto: Daniela Collares
Essas são algumas das principais tecnologias existentes para mitigar a emissão do metano pelos bovinos. A produção desse gás nos ruminantes ocorre durante o processo de digestão. Depois de ingeridos, os alimentos vão para o rúmen, órgão do aparelho digestivo, onde bactérias ajudam na digestão por meio da fermentação, mas acabam produzindo também o gás. Esse alimento fermentado retorna para a boca do bovino para ser novamente mastigado. Nesse momento, o metano é emitido para a atmosfera pela eructação (arroto) dos animais.
A Embrapa, apoiando as ações governamentais brasileiras, criou em 2019 a “Plataforma Pecuária Baixo Carbono Certificada”, cujo objetivo central é reunir marcas-conceito que agem como selos de garantia para a comercialização da carne bovina e seus derivados. Nesta plataforma está incluída a Carne Carbono Neutro (CCN), cuja certificação é focada na neutralização do carbono em sistemas com a presença de árvores plantadas (ILPF), a Carne Baixo Carbono (CBC), elaborada para certificar carne produzida em sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) ou em pastagens bem manejadas, sem a presença de árvores, e a Carbono Nativo (CN), cujo objetivo é certificar a carne produzida em pastagens com árvores nativas, nas quais o carbono foi mitigado/neutralizado por meio da conservação destes componentes florestais.
A validação dessas três marcas-conceito é inédita no Rio Grande do Sul, e terá início agora com a execução do projeto. De acordo com Genro, esse é um grande diferencial do trabalho, que permitirá, futuramente, a certificação da carne produzida no estado com esses selos de sustentabilidade.

Trabalho abrangente vai indicar métodos e tecnologias que aumentarão a sustentabilidade da atividade no Rio Grande do Sul – Foto: Felipe Rosa
Conforme Rodiney de Arruda Mauro, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, a ideia das marcas-conceito é estabelecer um diferencial na produção agropecuária, valorizando modelos produtivos que tenham a capacidade de melhorar o balanço de carbono nos sistemas pecuários, tanto pela minimização da emissão dos animais, como pela fixação do carbono no solo, com pastagens bem manejadas e com o uso dos componentes florestais. “A certificação dessas marcas-conceito pela Embrapa é um passo fundamental para a sustentabilidade da pecuária brasileira nos diferentes biomas, pois é possível cientificamente constatar que existem modelos pecuários de produção com capacidade de minimizar ou até neutralizar a emissão de metano”, destacou.
O trabalho de pesquisa também vai servir como fonte para atualização dos inventários do estado do Rio Grande do Sul sobre a emissão de gases de efeito estufa. Assim, a partir da conexão das atividades do projeto, será possível, ainda, colaborar para a melhor compreensão da pecuária gaúcha, aplicação de tecnologias para redução da emissão de metano entérico e valorização da carne produzida no estado. “A pesquisa é importante para termos informações atualizadas sobre as emissões, visto que a conexão desses dados com programas de certificação, como CCN, CBC e CN, visa agregar valor à carne gaúcha e manter a sustentabilidade no agronegócio. Dessa forma, o trabalho será relevante para melhor compreendermos a pecuária do Rio Grande do Sul, gerando avanços na pesquisa de mudanças climáticas em bovinos e colaborando com o estado para o cumprimento dos compromissos de redução de emissões de GEE assumidos”, garantiu a secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura do RS, Marjorie Kauffmann.
Participantes
Em suas diversas atividades, o projeto conta com apoio de pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste, Embrapa Gado de Corte, Embrapa Milho e Sorgo, Embrapa Uva e Vinho, Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Conheça as frentes do projeto
- Melhoramento genético de bovinos para menor emissão de metano

Pesquisadores buscam mitigar, especialmente, as emissões de metano dos animais, principal gás de efeito estufa emitido pela pecuária – Foto: Felipe Rosa
A seleção de bovinos que emitem menos metano é uma das estratégias para a mitigação na emissão do gás pela pecuária. Desde 2022, a Embrapa Pecuária Sul desenvolve a Prova de Emissão de Gases (PEG), com o objetivo de identificar, em um mesmo ambiente de produção, jovens reprodutores com menores índices de emissão de metano e que podem ser empregados no melhoramento das raças utilizando a genética na formação de progênies com essa característica.
A PEG é realizada anualmente com animais das raças Hereford, Braford, Angus e Charolês, que também participam da Prova de Eficiência Alimentar. Com os recursos do projeto vai ser possível ampliar o número de animais testados por ano, passando de cerca de 30 para 100 animais de cada raça.
Esse acréscimo irá propiciar o avanço na formação do banco de dados necessário para lançamento de avaliações genéticas e genômicas mais precisas, possibilitando a seleção de animais que emitam menos metano e que sejam eficientes na conversão do alimento consumido em peso vivo. Uma nova raça, a Brangus, também fará parte da prova, com o teste de animais integrantes do rebanho da Embrapa. “A identificação de animais mais eficientes no uso dos alimentos e que, portanto, emitam menos metano por quilo de alimento consumido, passou a ser algo de grande importância para a cadeia da carne bovina brasileira”, explica Genro.
- Validação dos protocolos CCN, CBC e CN
O projeto contempla a validação no Rio Grande do Sul de três protocolos de sustentabilidade na pecuária lançados pela Embrapa, o CCN, o CBC e o CN.
- CCN – Será instalada em Bagé, na sede da Embrapa Pecuária Sul, uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) dessa marca-conceito. A área de 30 hectares será avaliada quanto a capacidade de fixar carbono no sistema de integração com eucalipto, soja e pecuária. O protocolo CCN busca neutralizar o carbono produzido no sistema de produção pecuário. Parte-se da premissa de que é possível compensar a emissão de metano (CH4) dos animais com a introdução de espécies florestais que têm a capacidade de sequestrar carbono.
- CBC – Será instalada em Aceguá (RS), na Fazenda Santa Luzia, uma URT da marca-conceito CBC. A área de 60 hectares será avaliada quanto a capacidade de mitigar a emissão de carbono em um sistema de recria e terminação de bovinos de corte em campo nativo melhorado do bioma Pampa, com a introdução de pastagens de aveia e azevém no inverno. A CBC contempla sistemas produtivos sem a presença da floresta, mas com potencial de mitigação das emissões de GEE a partir do bom manejo das pastagens, dos animais e adoção de boas práticas agropecuárias.
- CN – Será instalada em Nova Prata (RS), na Fazenda Tupi, uma URT da marca-conceito CN. O protocolo prevê o uso de árvores nativas em áreas de pastagens para neutralizar ou mitigar as emissões de gases de efeito estufa e, com isso, valorizar as propriedades pecuárias que possuam esses sistemas. A ideia é estabelecer um diferencial na produção, valorizando a biodiversidade e o bem-estar animal.

Dados encontrados ainda serão usados para atualizar o inventário de emissões do Rio Grande do Sul – Foto: Leko Machado
Avaliação da qualidade da carne dos protocolos CCN e CBC
Um total de 20 animais dos sistemas CCN e CBC serão avaliados quanto à qualidade da carne. Serão realizadas análises físico-químicas, de ácidos graxos e perfil metabolômico. Também serão obtidos os dados de características de carcaça: peso de carcaça quente, acabamento de gordura, conformação e rendimento de carcaça. As amostras serão encaminhadas para o Laboratório de Ciência e Tecnologia de Carnes da Embrapa Pecuária Sul, para avaliação de pH final, cor da carne, cor da gordura, teores de umidade, gordura intramuscular (lipídeos), proteína, teor de colesterol e perfil de ácidos graxos.
- Avaliação de sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta
A ILPF tem potencial de mitigar as emissões entéricas pelo armazenamento de carbono no solo e na biomassa arbórea. Nesse sentido, será realizado o monitoramento de GEE de sistemas pecuários integrados com agricultura e floresta nativa. A atividade vai quantificar as emissões do sistema integrado de árvores de eucalipto consorciadas ou não com 10 espécies nativas de árvores cultivadas simultaneamente com a lavoura de soja e a pecuária de corte no inverno. A área experimental foi implantada em 2021 com 13 hectares, na Embrapa Pecuária Sul.
- Avaliação do uso de coprodutos industriais para reduzir emissão de metano
A nutrição dos bovinos tem impacto na produção de metano no trato digestivo dos animais. Pesquisas mostram que pastagens bem manejadas e com oferta adequada de alimentos, aliada ao uso de suplementos naturais, são uma estratégia para diminuir o impacto da pecuária nas emissões de GEE. Estudo a ser desenvolvido na Embrapa Pecuária Sul vai testar os rejeitos da produção de vinho e suco de uva com o objetivo de reduzir a produção de metano e melhorar a nutrição de bovinos. Esse subproduto também tem potencial de substituir as fontes de energia mais tradicionais usadas nos concentrados fornecidos na alimentação animal, como o milho. Na pesquisa será avaliada também a qualidade do produto para a nutrição, ou seja, a resposta na produção animal, uma vez que vai substituir um dos principais ingredientes de concentrados.
Conforme João Carlos Taffarel, analista da Embrapa Uva e Vinho, as avaliações para identificar o potencial de uso de resíduos da uva para nutrição dos bovinos é um trabalho inovador, de cooperação entre diferentes centros de pesquisa, e que pode dar um melhor destino a subprodutos atualmente sem uso na indústria. “É o início de uma nova fase no uso de resíduos, de cadeia circular, e de aproveitamento dos resíduos que hoje são um problema para a indústria vitivinícola brasileira”, destacou.
Banco de Dados
Uma atividade transversal do projeto será a formação de um banco de dados com os resultados de todas as ações de pesquisa realizadas. A gestão das informações do projeto baseada no modelo relacional (SQL) tem como principal objetivo subsidiar a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) para a formulação de políticas públicas. “A Sema é a financiadora deste projeto e para a secretaria é fundamental ter essas informações precisas, tanto para atualização dos inventários de emissão de gases de efeito estufa no RS como para a formulação das políticas públicas. Assim, a partir da formação desse banco de dados, todas as informações geradas serão compartilhadas com a secretaria”, anuncia Genro.

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Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
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Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.



