Notícias Em Castro (PR)
Centro de Excelência no Paraná promete revolucionar capacitação no setor lácteo nacional
Complexo educacional do Sistema Faep formará 500 profissionais por ano, em cursos técnicos e especializados reconhecidos pelo MEC.

O Sistema Faep promoveu, na manhã desta quarta-feira (6), o lançamento da pedra fundamental do Centro de Excelência em Leite, em Castro, Campos Gerais. O complexo educacional será voltado à formação de mão de obra técnica e especializada para a cadeia produtiva do leite. Com previsão de iniciar as operações em 2027, a nova estrutura promete revolucionar a capacitação do setor lácteo do país, formando 500 profissionais por ano. O empreendimento receberá investimentos de mais de R$ 35 milhões.
A inauguração da pedra fundamental ocorreu em cerimônia realizada na praça central da feira Agroleite, com o descerramento de uma placa comemorativa. A solenidade contou com a participação de autoridades regionais e estaduais, e de lideranças do setor agropecuário, incluindo representantes de federações de outros Estados. A cerimônia contou com uma visita de reconhecimento ao terreno onde o complexo educacional será construído e com a exibicação de uma maquete das futuras instalações.

Fotos: Divulgação/Sistema Faep
Em seu discurso, o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette, destacou que a instalação do Centro de Excelência em Leite no Paraná é fruto de uma união de esforços, iniciada em julho de 2024. Na ocasião, após ter realizado uma missão de relacionamento institucional em Brasília, o Sistema Faep iniciou uma articulação para que o Paraná fosse escolhido para sediar o complexo educacional.
A partir disso, aderiram à iniciativa parceiros como o Sindicato Rural de Castro, a prefeitura local e a cooperativa Castrolanda. “É a consolidação de uma conquista que foi possível graças a uma união de propósitos em torno dessa cadeia produtiva, que está em 399 muicípios, gerando emprego, renda e riqueza. Foi a partir dessa união de todos – Sistema Faep, Sistema CNA, Castrolanda, prefeitura e Sindicato Rural de Castro -, que pudemos chegar nesse dia tão importante”, disse Meneguette.
Além das autoridades, prestigiaram o evento cerca de 700 alunos de dez colégios agrícolas de diversas regiões do Paraná. Eles viajaram a Castro em 17 ônibus fretados pelo Sistema Faep. O presidente do SIndicato Rural de Castro, Eduardo Medeiros Gomes, destacou a presença maciça dos estudantes, que serão diretamente beneficiados pelo funcionamento do Centro de Excelência em Leite.
Paralelamente, ele enfatizou o salto tecnológico que as novas instalações devem dar ao setor. “É fantástico a gente ver tantos jovens dos colégios agrícolas, que poderão fazer uso desse Centro de Excelência”, disse. “É um passo adicional para uma cadeia que a gente já tem bem formada e consolidada. Passaremos a ter um processo de difusão tecnológica e de formação profissional. Com isso, prestaremos um grande serviço à região, ao Paraná e ao Brasil. Isso nos orgulha”, acrescentou.
O diretor de Inovação e Conhecimento do Senar Nacional, André Sanches, lembrou que o projeto de instalar centros de excelência voltados a cadeias produtivas específicas foi criado em 2013. Hoje, já existem três unidades em operação, destinadas à fruticultura, bovinocultura de corte e cafeicultura em diversas regiões do país.
Além disso, outros três complexos estão em processo de instalação. “O Centro de Excelência em Leite já estava nos nossos planos há muito tempo. O leite talvez seja a cadeia mais pulverizada, geograficamente, mais dispersa pelos municípios. Para nós, é uma satisfação muito grande começar essas instalações, que serão focadas na formação de obra qualificada, contemplando todos os produtores”, apontou Sanches. “Nós vamos produzir conhecimento e tecnologia para atender qualquer produtor de leite do Brasil”, ressaltou.
A definição do município-sede do Centro de Excelência em Leite levou em consideração diversos aspectos, principalmente a sua relevância para a cadeia produtiva. Reconhecida por lei federal como “Capital Nacional do Leite”, Castro tem um rebanho de mais de 53,4 mil vacas ordenhadas, com produção média anual de 8,4 mil litros por animal. Para efeitos de comparação, a média nacional é de 2,2 mil litros por vaca/ano.

O desempenho em produtividade de Castro se aproxima de líderes da pecuária leiteira mundial, como Estados Unidos e Alemanha, e supera o de países como a França e Nova Zelândia. “Nós, como cooperativa, somos muito gratos por isso [pela instalação do Centro de Excelência em Leite em Castro]. A inciativa se alinha à missão da Castrolanda, de trazer conhecimento específico, buscar tecnologia e desenvolver o setor para nossos associados. Somos muito gratos a todos os parceiros por fazer parte desse processo. Sucesso ao Centro de Excelência!”, festejou o presidente da Castrolanda, Willem Berend Bouwman.
Por sua vez, o prefeito de Castro, Reinaldo Cardoso, enfatizou a importância do empreendimento não só para o município, mas para a região. Na avaliação dele, a construção do Centro de Excelência em Leite é uma “magnífica mostra de desenvolvimento, progresso e eficiência”. “Castro recebe essa conquista de braços abertos, com alegria enorme e com esperança no nosso desenvolvimento. Nós estamos ganhando toda a infraesturutura de ensino tecnológico necessária para transformar a nossa região em um polo de desenvolvimento, em uma região de proposeridade”, declarou.
O complexo
O Centro de Excelência em Leite será construído em um terreno de quatro hectares, em logalização estratégica: anexo ao Parque Tecnológico da Agroleite. O complexo educacional terá 4,3 mil metros quadrados de área construída. O projeto arquitetônico prevê oito blocos – sete com estrutura padrão e uma adaptável. Após o lançamento da pedra fundamental, líderes agropecuários, autoridades e convidados fizeram uma visita de reconhecimento ao espaço onde a infraestrutura será construída.
O novo espaço ofertará cursos de especialização em Bovinocultura de Leite e em técnico em Agropecuária. As capacitações serão estruturadas de forma ampla para atender do setor lácteo nacional, não se focando apenas nas características produtivas. Assim, os profissionais formados estarão aptos a atuar em qualquer parte do país, consolidando-se como um dos principais polos de formação profissional para esta cadeia produtiva, em âmbito nacional.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



