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Suínos / Peixes Momento de incertezas

Cenário atual ameaça histórias de paixão e legado na suinocultura

Mais do que apenas uma profissão, a suinocultura se tornou ao longo dos anos uma paixão, e está sendo passada de geração em geração na família Gish, do município de Marechal Cândido Rondon, Oeste do Paraná. A Granja JMJ Gish é hoje um exemplo de dedicação e persistência, afinal, é uma das poucas da região que realiza de forma independente o ciclo completo dentro da atividade.

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Fotos: Sandro Mesquita/OP Rural

A crise na suinocultura não está ameaçado somente a renda de quem depende da atividade, está ameaçando histórias. O Presente Rural foi atrás de algumas delas e encontrou paixão, legado, algumas incertezas e muita esperança em dias melhores. Confira a história da Granja JMJ Gish, uma história entre tanta que a crise do setor está colocando na berlinda.

Mais do que apenas uma profissão, a suinocultura se tornou ao longo dos anos uma paixão, e está sendo passada de geração em geração na família Gish, do município de Marechal Cândido Rondon, Oeste do Paraná.

A Granja JMJ Gish é hoje um exemplo de dedicação e persistência, afinal, é uma das poucas da região que realiza de forma independente o ciclo completo dentro da atividade, produzindo, inclusive, boa parte da ração consumida pelos animais. “Somos responsáveis por toda a cadeia, desde as avós até a venda dos animais para os frigoríficos”, explica Jenifer Gish, segunda geração e responsável pela parte financeira da granja.

De acordo com a produtora, o principal desafio para produzir todo o ciclo na atividade de maneira autônoma é a instabilidade do mercado, como acontece nos últimos meses, com custo alto e preços em queda. “A gente acaba tendo que suportar essas questões econômicas”, ressalta.

Entretanto, Jenifer destaca que existem épocas que é possível agregar valor à produção. “Há períodos difíceis, mas momentos muito bons que acabam equilibrando positivamente o negócio”, salienta.

O início

Marlize ao lado do filho Jhonatan e da filha Jenifer durante o plantio da safra de milho nos 55 alqueires de terra da família

A história da família Gish na suinocultura começou em 1988, quando o patriarca Gelson, já falecido, e sua esposa Marlise, que já eram produtores rurais, encontraram em uma rodovia dois leitões que haviam caído de um caminhão. O casal colocou os animais em uma cesta, os amarrou na garupa da moto e levou os animais para a propriedade, onde foram tratados dos ferimentos e colocados junto a outros dois porcos existentes no sítio.

Desde então, o negócio não parou de crescer, e atualmente os proprietários possuem cerca de 7 mil suínos distribuídos em duas granjas, uma no distrito de Novo Três Passos e outra em Novo Sarandi, distrito do município de Toledo (PR), onde acontece a fase de terminação dos lotes.

Ensinamentos

Segundo Jenifer, a rotina dentro da atividade suinícola marcou sua infância. Ela recorda dos afazeres na granja e de todo o aprendizado adquirido com os pais. “Muito do que sei sobre o negócio aprendi com eles. A gente ajudava a movimentar os animais, as vezes assistíamos os partos e acompanhávamos a evolução deles”, recorda.

Jenifer conta que após o falecimento de seu pai em 2001, quando ela tinha 11 anos de idade, os negócios passaram a ser comandados por sua mãe. “Ela se dedicava às atividades, inclusive precisou fazer carteira de habilitação para caminhão, e eu cuidava do meu irmão e das coisas da casa”, comenta.

Com o passar dos anos, Jenifer e seu irmão Jhonatan começaram a participar mais ativamente do processo produtivo da granja.  “Cada um desenvolvia sua função na granja e dessa forma o negócio foi crescendo”, destaca.

E assim é até hoje. Em companhia de Marlise, matriarca e braço de ferro nos negócios, os irmãos continuam administrando a granja, e seguindo com o trabalho na suinocultura, principal fonte de renda da família. A equipe conta ainda com o reforço extra de Luciene, esposa de Jhonatan e responsável pela gestão interna da granja.

Rotina de trabalho

Na propriedade rural localizada em Marechal Rondon, existem duas casas onde reside Jenifer, o marido e sua filha de nove meses, enquanto que na outra residência mora Jhonatan, a filha e a esposa que está gestante de um menino. A mãe Marlise mora na área urbana de um município vizinho.

Jenifer e a cunhada Luciene no escritório da granja durante um dia de trabalho

Durante a rotina de trabalho no escritório da granja, entre um e-mails aqui e um relatório ali, Jenifer e Luciene encontram tempo para dar atenção aos filhos que são cuidados por uma irmã de Luciene que também reside no sítio. “De vez em quando a gente para o que está fazendo para ficar um pouco com as crianças”, comenta.

Segundo Jenifer, a rotina de trabalho na granja é desgastante e exige total comprometimento de todos. “Fazemos reuniões semanais com os funcionários para discutirmos os erros e acertos com o objetivo de sempre melhorarmos para atingirmos os resultados esperados”, expõe.

Dedicação

A exemplo de qualquer outra atividade profissional em qualquer segmento, para atingir resultados satisfatório na suinocultura é preciso muito conhecimento, esmero e entusiasmo de toda a equipe. “A suinocultura requer muita dedicação, afinal, estamos lidando com seres e vivos, e se não fizermos corretamente o manejo comprometeremos a vida deles”, ressalta.

A produtora conta que a família gosta tanto do que fazem que até mesmo nas refeições ou em momentos de lazer o assunto suinocultura insiste em fazer parte das conversas. “Não tem como controlar, quando percebemos estamos falando sobre o trabalho”, revela.

Gerando oportunidades

Além das casas onde os irmão suinocultores residem com suas respectivas famílias, na sede existem ainda outras sete casas onde moram a maioria dos funcionários da granja, além de uma outra família de colaboradores que reside na granja localizada em Toledo.

Ao todo, a empresa familiar é responsável por 13 empregos diretos, além de outros tantos indiretos.

De acordo com Jenifer, existem algumas vantagens para quem trabalha no meio rural que muitas vezes não são oferecidas em vagas de emprego na cidade. “Há estudos que mostram que a média salarial de quem trabalha no campo é maior ao de um trabalhador da cidade”, menciona.

Além disso, segundo ela, despesas como água, luz, moradia e até internet, em alguns casos, ficam a cargo do empregador. “Tudo isso acaba agregando valor para os colaboradores”, menciona Jenifer.

A suinocultura destaca o trabalho desenvolvido pelas equipes de funcionários e salienta a imensa responsabilidade de gerar renda para todas essas pessoas. “Os nossos colaboradores são nossa prioridade, e mesmo em épocas difíceis não deixamos atrasar os salários deles”, menciona Jenifer.

Oportunidades

Adílson tem 32 anos e trabalha há uma década com a família Gish, atualmente como encarregado de manejo em uma das granjas. Ele e a esposa são funcionários e moram com o filho de sete anos em uma das casas da propriedade.

Encarregado de manejo na Granja JMJ Gish, Adilson Marinho dos Santos: “É algo que amo fazer e não pretendo trabalhar com outra coisa”

Adílson já trabalhou em outras funções em empregos na cidade, mas diz estar satisfeito com a atividade na suinocultura e que não pretende trocar a vida no campo. “Já fiz essa experiência e vi que para mim não funciona”, menciona.

Segundo o encarregado, além de ter um salário maior do que costuma ser pago em média na cidade, a tranquilidade do interior proporciona a ele e a sua família melhor qualidade de vida. “É algo que amo fazer e não pretendo trabalhar com outra coisa”, enfatiza.

De acordo com Adílson, a suinocultura proporciona à sua família condições de ter uma vida confortável. Com dinheiro que ganha na atividade já comprou carro e atualmente está viabilizando a construção da casa própria. “E ainda estamos conseguindo pagar um consórcio de imóvel, tudo graças à suinocultura”, ressalta.

Desafios

Assim como na maioria das atividades rurais, o momento para a suinocultura não é dos mais favoráveis. O setor enfrenta a elevação dos custos de produção por conta da elevação do dólar e preço do milho, sofre as consequências da crise hídrica que afeta drasticamente as lavouras de grãos na região Sul do país e com a queda no consumo de carne em virtude da alta dos preços nos supermercados. “Tudo isso acaba travando um pouco o mercado. Estamos fechando no vermelho nos últimos três ou quatro meses”, expõe a suinocultora.

Apesar das dificuldades, Jenifer menciona que a equipe está buscando mecanismos para reduzir custos até a turbulência econômica regredir. “Queremos que o ano seja bom, então, por hora, a gente acaba deixando de lado esses impactos ruins e tentamos otimizar os resultados para nos mantermos no negócio”, menciona.

Uma das formas encontradas pela equipe para minimizar os efeitos da crise foi a redução de peso dos animais na granja e o número de matrizes no plantel. “Temos tomado essas ações pontuais, mas o principal é tentar diluir os custos de produção”, explica Jenifer.

Segundo a suinocultora, o setor deve voltar a se estabilizar caso a safra de milho apresente bom rendimento, mas tudo depende, é claro, da volta das chuvas nas regiões afetadas pela estiagem.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Suínos / Peixes

Brasil conquista dois novos mercados para pescados na Índia

Agronegócio brasileiro alcançou a 30ª abertura comercial internacional apenas neste ano. Nos últimos 16 meses, foram abertos 108 novos mercados em 50 países.

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Foto: Shutterstock

A missão do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, à Índia em novembro do ano passado segue gerando resultados positivos para o Brasil. Após encontros com Shri Parshottam Rupala, ministro da Pesca, Pecuária e Lácteos da Índia e Kamala V Rao, CEO da Autoridade de Segurança dos Alimentos da Índia, o Brasil obteve, na última sexta-feira (19), a confirmação da abertura de dois novos mercados: pescado de cultivo (aquacultura) e pescado de captura (pesca extrativa).

O anúncio se soma a expansões recentes da pauta agrícola do Brasil para o país asiático. Nos últimos 12 meses, o governo indiano autorizou a importação de açaí em pó e de suco de açaí brasileiros.

Em 2023, a Índia foi o 12º principal destino das exportações agrícolas brasileiras, com vendas de US$ 2,9 bilhões. Açúcar e óleo de soja estiveram entre os produtos mais comercializados.

Segundo o Agrostat (Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro), nos três primeiros meses deste ano, o Brasil exportou mais de 12 mil toneladas de pescado para cerca de 90 países, gerando receitas de US$ 193 milhões. Esse valor mostra um aumento de mais de 160% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando as vendas foram de US$ 74 milhões.

“Seguimos comprometidos em ampliar a presença dos produtos agrícolas brasileiros nas prateleiras do mundo. Essa estratégia não apenas abre mais oportunidades internacionais para nossos produtos e demonstra a confiança no nosso sistema de controle sanitário, mas também fortalece a economia interna. Com as recentes aberturas comerciais estamos gerando mais empregos e elevando a renda dos produtores brasileiros”, ressaltou o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Roberto Perosa.

Com estes novos mercados, o agronegócio brasileiro alcançou a 30ª abertura comercial internacional apenas neste ano. Nos últimos 16 meses, foram abertos 108 novos mercados em 50 países.

Fonte: Assessoria Mapa
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Suínos / Peixes

Peste Suína Clássica no Piauí acende alerta

ACCS pede atenção máxima na segurança sanitária dentro e fora das granjas

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Presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi - Foto e texto: Assessoria

A situação da peste suína clássica (PSC) no Piauí é motivo de preocupação para a indústria de suinocultura. A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) registrou focos da doença em uma criação de porcos no estado, e as investigações estão em andamento para identificar ligações epidemiológicas. O Piauí não faz parte da zona livre de PSC do Brasil, o que significa que há restrições de circulação de animais e produtos entre essa zona e a zona livre da doença.

Conforme informações preliminares, 60 animais foram considerados suscetíveis à doença, com 24 casos confirmados, 14 mortes e três suínos abatidos. É importante ressaltar que a região Sul do Brasil, onde está concentrada a produção comercial de suínos, é considerada livre da doença. Portanto, não há risco para o consumo e exportações da proteína suína, apesar da ocorrência no Piauí.

 

Posicionamento da ACCS

O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, expressou preocupação com a situação. Ele destacou que o Piauí já registrou vários casos de PSC, resultando no sacrifício de mais de 4.300 suínos. Com uma população de suínos próxima a dois milhões de cabeças e mais de 90 mil propriedades, a preocupação é compreensível.

Uma portaria de 2018 estabelece cuidados rigorosos para quem transporta suínos para fora do estado, incluindo a necessidade de comprovar a aptidão sanitária do caminhão e minimizar os riscos de contaminação.

Losivanio também ressaltou que a preocupação não se limita aos caminhões que transportam suínos diretamente. Muitos caminhões, especialmente os relacionados ao agronegócio, transportam produtos diversos e podem não seguir os mesmos protocolos de biossegurança. Portanto, é essencial que os produtores mantenham um controle rigoroso dentro de suas propriedades rurais para evitar problemas em Santa Catarina.

A suinocultura enfrentou três anos de crise na atividade, e preservar a condição sanitária é fundamental para o setor. “A Associação Catarinense de Criadores de Suínos pede que todos os produtores tomem as medidas necessárias para evitar a entrada de pessoas não autorizadas em suas propriedades e aquel a que forem fazer assistência em visitas técnicas, usem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para minimizar os riscos de contaminação. Assim, a suinocultura poderá continuar prosperando no estado, com a esperança de uma situação mais favorável no futuro”, reitera Losivanio.

Fonte: ACCS
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Suínos / Peixes

Levantamento da Acsurs estima quantidade de matrizes suínas no Rio Grande do Sul 

Resultado indica um aumento de 5% em comparação com o ano de 2023.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Com o objetivo de mapear melhor a produção suinícola, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realizou novamente o levantamento da quantidade de matrizes suínas no estado gaúcho.

As informações de suinocultores independentes, suinocultores independentes com parceria agropecuária entre produtores, cooperativas e agroindústrias foram coletadas pela equipe da entidade, que neste ano aperfeiçoou a metodologia de pesquisa.

Através do levantamento, estima-se que no Rio Grande do Sul existam 388.923 matrizes suínas em todos os sistemas de produção. Em comparação com o ano de 2023, o rebanho teve um aumento de 5%.

O presidente da entidade, Valdecir Luis Folador, analisa cenário de forma positiva, mesmo com a instabilidade no mercado registrada ainda no ano passado. “Em 2023, tivemos suinocultores independentes e cooperativas que encerraram suas produções. Apesar disso, a produção foi absorvida por outros sistemas e ampliada em outras regiões produtoras, principalmente nos municípios de Seberi, Três Passos, Frederico Westphalen e Santa Rosa”, explica.

O levantamento, assim como outros dados do setor coletados pela entidade, está disponível aqui.

Fonte: Assessoria Acsurs
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