Notícias 21ª edição
CBSementes reúne 1,2 mil participantes na abertura
Evento segue até quinta-feira (15) na Expo Unimed, em Curitiba (PR).

O 21º Congresso Brasileiro de Sementes (CBSementes) foi aberto na segunda-feira (129), às 09 horas, na Expo Unimed, em Curitiba (PR), com recorde de público, totalizando 1,2 mil participantes. Com o tema “Semente: Propulsora do Agronegócio”, o evento destaca a qualidade da semente como vetor do agronegócio brasileiro.
A cerimônia de abertura contou com as presenças do presidente da Comissão Organizadora do CBSementes, Fernando Henning, presidente da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes ( Abrates), Francisco Carlos Krzyzanowski, chefe geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, secretário geral da Internacional Seed Testing Association (ISTA), Andreas Wais, presidente executivo da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Idone Grolli, e o presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (Abrass), engenheiro agrônomo Gladir Tomazelli.

Pesquisadora e fundadora da Abrates, Odette Liberal: “Quando plantamos aquela sementinha, não sabíamos que se transformaria numa sequóia” – Fotos: Divulgação/Abrates
O ponto alto da solenidade ficou por conta da pesquisadora, Odette Liberal, principal fundadora da Abrates, em 1979. Convidada ao palco pelo presidente da Abrates para receber a homenagem da entidade. Em seus 95 anos, Odette emocionou os participantes pelo seu depoimento e visão da fundação de uma associação científica. “Éramos em 25 ‘gatos pingados’ e decidimos criar esta associação que foi fundada para difundir o valor da ciência, da tecnologia e da pesquisa brasileira em semente pelo mundo todo. Naquela época era difícil, não tínhamos Internet, WhatsApp. Quando plantamos aquela sementinha, não sabíamos que se transformaria numa sequóia”, afirmou a Odette, emocionada.
O presidente do CBSementes, Fernando Henning, ressaltou cada um dos temas das palestras, lembrando que o evento tem destaque nacional e internacional, com a participação de representantes da ISTA e da AOSA. “Teremos um panorama geral de tudo que está acontecendo em termos de pesquisa e as novidades tecnológicas que estão chegando ao mercado, além de proporcionar contatos com profissionais de altíssimo nível que estão em plena atividade no setor”.
Ele salientou a realização dos três simpósios que vão acontecer no último dia do evento, quinta-feira (15): o 4º Simpósio Brasileiro de Sementes de Espécie Forrageiras, o 10º Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Sementes Florestais e o 15º Simpósio Brasileiro de Patologia de Sementes.
Gladir Tomazelli, da Abrass, elogiou a realização do CBSementes, mencionando que estava em um lugar ideal para conhecer, aprofundar e discutir a inovação, tecnologia e pesquisa. De acordo com ele, a Abrass o quadro societário da entidade, representa mais de 50% da semente de soja comercializada no Brasil.
Para o presidente da Abrasem, Idone Grolli, como iniciativa privada, as entidades do agro não podem ser apenas associações para responder às demandas do governo em consultas públicas. “Devemos ser proativos e como entidade legislativa construir o que é ideal para a cadeia toda, sem privilegiar um ou outro elo”, afirmou.
As duas principais evoluções tecnológicas do agro – a digital e a da genética – foram destacadas pelo chefe da Embrapa Soja, Dr. Alexandre Nepomuceno. “A semente de qualidade é a base do agronegócio por levar ao produtor a genética da nova cultivar”, afirma, acrescentando que é extremamente importante ter eventos como o CBSementes, onde todo o conhecimento tecnológico chega à cadeia produtiva”.
O presidente da Abrates, Francisco Carlos Krzyzanowski, destacou que a 21ª edição do evento tem como foco a qualidade da semente e o seu papel importantíssimo como vetor do agronegócio brasileiro. “Portanto, nos próximos quatro dias estaremos trocando informações científicas, tecnológicas e experiências profissionais nesta área, pois esperamos contribuir para o permanente desenvolvimento da ciência e da tecnologia de sementes em prol da produção de sementes de alta qualidade”, afirmou Krzyzanowski.
Ele acrescenta que a semente de alta qualidade é matéria-prima essencial “desta indústria a céu aberto que é a agricultura”, cuja unidade de produção são as plantas com alto desempenho agronômico, oriundas de sementes cujos pilares se lastreiam na qualidade genética, fisiológica, sanitária, física e legal da semente, semente tem origem”.
O Congresso Brasileiro de Sementes é o maior fórum de discussão e de divulgação do setor de sementes, firmando-se como referência na apresentação de resultados e tecnologia em todo o Brasil e também no exterior.
Na programação, discussões importantes sobre melhoramento genético, testes de vigor, germinação, fisiologia de sementes, técnicas de produção de sementes e de mudas, aspectos biotecnológicos, mercado de sementes, custos de produção, entre outros.
“Em síntese, o evento tem o papel de promover um debate integrado entre os mais variados públicos da cadeia produtiva nacional, destacando-se pesquisadores, membros da academia, estudantes, produtores rurais e indústrias, em busca de soluções e avanços para o setor”, acrescenta o presidente do CBSementes, Fernando Henning.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



