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CBNA 2025 reforça papel da nutrição animal frente às mudanças climáticas
Evento discutiu soluções nutricionais e estratégias sustentáveis diante dos impactos das mudanças climáticas na nutrição animal de aves, suínos e bovinos, reunindo quase 900 profissionais no Distrito Anhembi.

O Distrito do Anhembi, em São Paulo, sediou a 35ª Reunião Anual do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA), entre os dias 13 e 15 de maio, com o tema “Nutrição Animal Aplicada no Contexto das Mudanças Climáticas: Estratégias e Soluções”. O evento, referência no setor, promoveu um amplo debate técnico-científico envolvendo os segmentos de aves, suínos e bovinos.

Presidente do CBNA, Godofredo Miltenburg: “Apresentamos soluções aplicáveis que aumentam a eficiência produtiva e reduzem o impacto ambiental. O CBNA atua como ponte entre a ciência e a prática, incentivando empresas e profissionais a adotarem novas estratégias frente às mudanças climáticas” – Foto: Divulgação/Giracom
Godofredo Miltenburg, presidente do CBNA, avaliou o encontro como uma importante ferramenta de mobilização e disseminação de conhecimento: “Apresentamos soluções aplicáveis que aumentam a eficiência produtiva e reduzem o impacto ambiental. O CBNA atua como ponte entre a ciência e a prática, incentivando empresas e profissionais a adotarem novas estratégias frente às mudanças climáticas”, afirmou.
O professor da Esalq-USP, José Fernando Menten, que coordenou a programação de avicultura, ressaltou a relevância do público presente e a expressiva participação dos patrocinadores como pilares fundamentais do sucesso do evento. Ele enfatizou que o encontro manteve sua reconhecida tradição de excelência, especialmente ao priorizar temas de grande atualidade, como a sustentabilidade na produção animal e o estresse térmico. Segundo o professor, as discussões foram enriquecidas por estudos recentes e inovadores, muitos dos quais ainda não foram incorporados aos livros didáticos tradicionais, o que reforça o caráter pioneiro e atualizado do conteúdo apresentado.
Na área de suínos, Urbano Ruiz, coordenador do evento, destacou a qualidade técnica da iniciativa e a evolução dos temas ao longo das edições. “Escolhemos assuntos altamente relevantes para a cadeia produtiva, organizados em 6 blocos temáticos com foco mais aplicado nesta edição”, explicou. Ele ressaltou a continuidade dos debates iniciados em anos anteriores, especialmente sobre sustentabilidade. “Mostramos como conceitos teóricos vêm sendo aplicados na prática, com ferramentas nutricionais para reduzir a pegada de carbono e com iniciativas empresariais voltadas à mensuração e mitigação dos impactos ambientais.”
Para Ruiz, essa integração entre ciência e prática reflete o compromisso técnico do CBNA com o desenvolvimento da produção animal no país. Ele também agradeceu aos parceiros e participantes pelo engajamento: “A presença de cada elo da cadeia produtiva é fundamental para que possamos avançar com conhecimento técnico e promover uma produção mais eficiente e sustentável.”
Na área voltada à bovinocultura, coordenado por Otávio Machado Neto durante a Reunião Anual do CBNA, as discussões giraram em torno do impacto ambiental da pecuária e das estratégias nutricionais para sua mitigação. “Foram apresentadas alternativas práticas para reduzir as emissões de metano, como o uso de aditivos e o manejo aprimorado de pastagens, com aplicação tanto em sistemas a pasto quanto em confinamento”, destacou Neto. O evento reuniu um público engajado, que contribuiu com questionamentos e reflexões, enriquecendo o debate sobre soluções sustentáveis para a produção de carne e leite.
Márcio Ceccantini, integrante da diretoria do CBNA, destaca que a entidade exerce um papel de liderança do Brasil no cenário científico da nutrição animal. “Foram apresentadas palestras inéditas e tecnologias integralmente desenvolvidas no país. A diversidade dos debates e a expressiva participação do público consolidam o CBNA como um centro de referência em inovação técnica e científica”, declarou.
Vozes do setor: Participantes avaliam
Bruno Caputti, representante do Sindirações, destacou a tradição técnica do CBNA. “O evento é excelente. O nível técnico das palestras é sempre altíssimo, com temas atuais, que antecipam tendências e orientam os rumos da indústria de alimentação animal brasileira. O CBNA é uma referência consolidada no setor, essencial para a divulgação científica e o fortalecimento do networking.”
Lucas Barbosa, da USP Pirassununga, e Lázaro Lima, estudante de Medicina Veterinária da mesma instituição, destacaram o papel integrador do CBNA. “A escolha do local e o conteúdo abordado evidenciaram como ciência, indústria e sociedade podem dialogar. A sustentabilidade esteve presente em praticamente todas as palestras, consolidando-se como eixo central do evento. O nível do evento é altíssimo. O tema das emissões de metano, por exemplo, foi discutido com profundidade, alinhando a produção animal às diretrizes internacionais.”
Pedro Careli, mestrando na Universidade Federal de Viçosa (UFV), destacou a conexão entre ciência e campo. “O evento reforça o elo entre o que é pesquisado nas universidades e o que é aplicado no dia a dia das empresas. O foco nas mudanças climáticas foi muito bem conduzido, com impacto direto na formação de profissionais.”
Compromisso com o futuro
Com mais de 1.000 participantes, considerando todos os eventos, e ampla cobertura técnica, a 35ª Reunião Anual do CBNA reafirma seu compromisso com a promoção da ciência, a inovação na produção animal e a construção de soluções alinhadas com os desafios climáticos globais. A organização já se prepara para a próxima edição, reforçando o convite à participação ativa de todos os elos da cadeia produtiva.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



