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Cautelosa, ABCS avalia ano de 2022 da carne suína e projeta 2023 melhor

Apesar dos altos custos de produção persistirem ao longo de 2022, impactado pela menor oferta de milho e farelo de soja e pela alta do dólar, a suinocultura brasileira resistiu e se manteve firme diante das adversidades. Em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, faz uma análise do setor ao longo de 2022, aponta os principais desafios e oportunidades, bem como se mostra otimista para 2023.

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Apesar dos altos custos de produção persistirem ao longo de 2022, impactado pela menor oferta de milho e farelo de soja e pela alta do dólar, a suinocultura brasileira resistiu e se manteve firme diante das adversidades, que os produtores já estão calejados a superar de tempos em tempos. A esperança em dias melhores é o ‘motor’ que impulsiona a cadeia produtiva do Brasil, que desde 2021 amarga margens negativas.

Em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, faz uma análise do setor ao longo de 2022, aponta os principais desafios e oportunidades, bem como se mostra otimista para 2023.

Diante de uma crise de oferta elevada sem precedentes no setor, a boa notícia, segundo ele, foi o aumento do consumo per capita de carne suína no Brasil, que deve fechar acima de 19kg. “A carne suína barata ficou muito competitiva não somente em relação à carne bovina, mas também relacionada ao frango. No mercado externo, apesar da redução das exportações para a China, outros mercados asiáticos, como Filipinas e Tailândia aumentaram substancialmente as compras do Brasil. Por outro lado, Canadá e México habilitaram plantas brasileiras para exportação de carne suína, fatos que devem determinar maior pulverização de nossos embarques nos próximos anos, diminuindo a dependência do gigante asiático e mantendo o mercado externo como importante válvula de escape para o crescimento de nossa produção”, avalia Lopes.

Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes: “Se a previsão de consumo interno se confirmar, foram consumidas mais de um quilo de carne suína por pessoa no ano passado em relação a 2021, enquanto a carne bovina teve redução e a carne de frango se manteve estável” – Foto: Divulgação/ABCS

Com relação ao preço pago ao produtor, o primeiro semestre de 2022 foi marcado por aumento significativo de oferta no mercado doméstico, em função da queda nos volumes exportados e produção ainda em crescimento, o que determinou baixos preços pagos ao produtor e margens negativas na atividade. “No segundo semestre as exportações subiram um pouco e o ritmo de crescimento da produção caiu, determinando, em algumas regiões, margens pequenas, mas positivas aos produtores”, afirma.

Atual cenário

Historicamente o último trimestre do ano apresenta aquecimento na oferta e melhora nos preços pagos ao produtor, no entanto, em 2022 este aumento foi menos marcante, em função de que havia muita carne estocada e os preços já vinham reagindo desde o segundo trimestre.

No mercado externo, segundo Lopes, desde setembro do ano passado os preços médios da carne suína exportada em dólar têm subido, fruto de uma retomada das compras por parte da China. “Esta tendência deve continuar na entrada de 2023. Podemos afirmar que estamos em um momento de certa estabilidade de margens com expectativa de que 2023 seja um ano melhor”, vislumbra.

O primeiro trimestre de 2022 foi muito ruim para os produtores com cotações do quilograma do suíno vivo abaixo de R$ 6 em todas as praças. De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), a partir de abril os preços médios foram subindo lentamente, com recuos e avanços até agosto, quando Minas Gerais e São Paulo apresentaram preço médio de R$ 7,48 e R$ 7,31, respectivamente. “As demais praças acompanhadas seguiram mais ou menos a mesma tendência, porém em cotações mais baixas e, no caso dos três estados do Sul, com pico de preço em outubro”, pontua Lopes.

Esta diferença de patamar de preço entre o primeiro e segundo semestre está relacionada com a redução da disponibilidade interna da metade do ano em diante fruto do aumento das exportações neste período e redução do ritmo de crescimento da produção.

No ano de 2021, a média geral de preço ficou em patamar um pouco mais elevado, acima de R$ 6 em todas as praças por quase todos os meses do ano.

Produção de suínos

Conforme o presidente da ABCS, era esperada uma redução no ritmo de crescimento da produção de suínos em 2022, em vista do aumento de 20% ocorrido de 2019 para 2021, fator que determinou a crise iniciada ainda no primeiro semestre daquele ano. “Devemos fechar 2022 com uma produção ao redor de 5,2 milhões de toneladas, algo em torno de 6% de crescimento em relação a 2021”, estima Lopes.

Exportações em 2022

O primeiro semestre de 2022 iniciou com queda significativa dos embarques em relação ao mesmo período de 2021. Porém, o segundo semestre apresentou uma retomada das exportações, sendo que agosto houve recorde de volume de carne suína in natura embarcado em um mês, sendo comercializadas 106,3 mil toneladas. “Devemos fechar 2022 com volumes muito próximos de 2021, mas com receita um pouco abaixo”, prevê.

Para 2023, espera-se um crescimento das exportações ao redor de 4 a 5%.

Analisando o volume acumulado de carne suína in natura exportado de janeiro a novembro de 2022, a China e Hong Kong representam 50% dos embarques, mesmo com redução de 125 mil toneladas em relação ao mesmo período de 2021. Lopes chama a atenção que, no mesmo período, o crescimento das vendas para Filipinas – hoje o terceiro maior destino – foi de 181% (+44,8 mil toneladas) em relação a 2021. Outro país asiático que aumentou sua participação de forma significativa foi a Tailândia, com crescimento de 1.437% (+20 mil toneladas).

Apesar da redução para China e Hong Kong, com uma maior pulverização das vendas para outros destinos, a redução total no período foi de apenas 13,5 mil toneladas (-1,45%) em relação ao ano passado.

Tabela 1. Valor médio mensal do quilograma de carne suína in natura exportado pelo Brasil para a China de janeiro a outubro de 2022, em dólares e reais (pelo câmbio médio de cada mês). Elaborado por Iuri P. Machado, sobre dados da Secex e Cepea.

De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o mês de novembro, até o dia 11, já somava 42.866 mil toneladas exportadas, com média de 5.368 mil toneladas por dia útil, volume diário 45% superior ao de novembro de 2021. O valor da tonelada exportada dentro deste mês, em dólar, esteve no maior patamar do ano, com média de US$ 2.585/tonelada, contra US$ 2.256 em novembro de 2021 e US$ 2.474 em outubro de 2022.

Segundo a Secex, esta tendência de aumento do valor unitário da carne suína in natura exportada nos últimos meses de 2022 tem relação direta com o maior valor pago pela gigante asiática. Em outubro, o valor médio da carne suína exportada à China em dólar foi 21,2% maior que janeiro de 2022 e 15% maior em reais (Tabela 1), alta que pode ser resultante da redução de matrizes que iniciou no segundo semestre de 2021, em função das margens negativas que o suinocultor chinês enfrentou no ano passado.

Consumo per capita da carne suína no país

Há mais de uma década o consumo per capita de carne suína tem aumentado ano a ano, porém, nos últimos três anos o consumo dos brasileiros subiu de forma extraordinária.

Em 2019, antes da pandemia, cada brasileiro consumia 16,5 kg ao ano e em 2022 a expectativa é fechar o ano com algo ao redor de 19,3kg, um crescimento de 17% em apenas três anos. “Se essa previsão se confirmar, foram consumidas mais de um quilo de carne suína por pessoa no ano passado em relação a 2021, enquanto a carne bovina teve redução e a carne de frango se manteve estável”, assinala Lopes, acrescentando: “O mercado interno absorveu o excedente e os elos da cadeia – frigoríficos, atacado e varejo – se mostraram preparados para este crescimento, que é também fruto do longo trabalho desenvolvido pela ABCS nesta última década”.

Para 2023 é esperada uma maior estabilidade ou um pequeno aumento do consumo per capita, a depender de como se comportará o mercado de exportação e o crescimento da produção.

Alimentação animal

Cerca de 80% dos custos de produção nas granjas é com a alimentação dos suínos, que, apesar da estabilidade nas cotações dos principais insumos – milho e o farelo de soja – se mantiveram em patamares elevados ao longo de todo o ano passado, mesmo com a safra recorde de milho de 113,2 milhões de toneladas. “O clima tem ajudado no plantio da soja e da primeira safra de milho sem alterações significativas nas projeções de produção destes grãos para o ciclo 2022/23, embora o plantio da segunda safra de milho ainda esteja longe”, menciona Lopes.

Outros itens de custo, como vitaminas, aminoácidos e medicamentos, muitos deles atrelados ao dólar, também experimentaram inflação maior, assim como o diesel e a energia elétrica. “Todos estes fatores agravaram ainda mais a crise do setor que, desde 2021, amarga margens negativas”, salienta o presidente da ABCS.

Abate no maior patamar da série

O abate de suínos registrou crescimento de 5% no terceiro trimestre, atingindo o volume de 14,45 milhões de cabeças abatidas. Foram 693 mil cabeças de suínos a mais em relação ao mesmo período de 2021, com a região Sul responsável por 66,6% do abate nacional, conforme demonstra o último relatório da Estatística da Produção Pecuária, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse resultado é considerado o melhor já obtido para os meses de julho, agosto e setembro, atingindo o patamar trimestral mais elevado desde o início da série histórica, em 1997. Em comparação ao segundo trimestre de 2022, a alta foi de 2,4%.

No mesmo período, foram embarcadas 288,55 mil toneladas, o que contribuiu para o escoamento da produção brasileira.

O peso acumulado das carcaças suínas alcançou 1,33 milhão de toneladas no terceiro trimestre de 2022, alta de 4,3% em relação ao mesmo período de 2021 e de 1,8% na comparação com o segundo trimestre de 2022.

Projeções para 2023

Em relação as perspectivas para o ano que se inicia, Lopes diz que o atual cenário da suinocultura é de muitas incertezas, tanto para a economia brasileira, quanto para a economia mundial. Entretanto, há expectativas positivas a médio prazo, entre as quais cita a possibilidade de uma supersafra de grãos no Brasil, estimada em 312,2 milhões de toneladas, mas que ainda depende do clima até o segundo trimestre deste ano para se confirmar as previsões.

Por outro lado, a situação complicada da Ucrânia, país grande exportador de grãos, pode aumentar a demanda externa pelo milho e pela soja nacional, pressionando os custos da produção de suínos.

Desde agosto de 2022, as exportações de carne suína vêm dando sinais de aumento da demanda externa, o que deve ajudar a enxugar o mercado pelo menos no primeiro semestre de 2023. O que, aliado a um esperado menor crescimento da produção, deve determinar um melhor ajuste entre a oferta e a demanda doméstica, resultando em margens positivas para os produtores, avalia o presidente da ABCS.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Anuário do Agronegócio Brasileiro.

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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