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Avicultura

Cascudinho transmite e mantém salmonelose na avicultura

Para um controle mais efetivo da doença nos sistemas de produção, é fundamental reconhecer a importância do Cascudinho

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Artigo escrito por Eliana Dantas, gerente técnica de Aves e Suínos da Bayer Saúde Animal

O Alphitobius diaperinus é um inseto da ordem Coleóptera, pertencente à família Tenebrionidae e popularmente conhecido como Cascudinho. Com a expansão avícola industrial, este coleóptero encontrou, junto às instalações avícolas, habitat ideal para seu desenvolvimento. Uma vez estabelecidos, multiplicam-se rapidamente, sendo encontradas elevadas populações em camas de frangos de corte, de matrizes, e mesmo em fezes de poedeiras de ovos comerciais confinadas em gaiolas. Adultos, ovos, larvas e pupas vivem sob a superfície da cama, em equipamentos e em frestas dos pisos e paredes; alimentam-se de ração, aves mortas, aves debilitadas, esterco e outros materiais orgânicos em decomposição encontrados no galpão. Por outro lado, os Cascudinhos também são ingeridos pelas aves, tanto na sua forma larval como na forma adulta, e interferem no desenvolvimento das aves, causando desuniformidade do lote e danos ao trato gastrintestinal. Ainda, danificam equipamentos, determinando sérios prejuízos nas instalações avícolas. Atuam como reservatório de patógenos (vírus, bactérias, fungos e protozoários) e são hospedeiros intermediários de cestódeos parasitos de aves. Desta forma, são importantes vetores de doenças nos sistemas de produção aviária. Neste texto será abordado seu papel na manutenção e transmissão da salmonelose.

Em 1968, pesquisadores perceberam que este inseto não era apenas um problema secundário à avicultura, causador de prejuízos à produção de grãos, mas sim, poderia ser um risco considerável ao sistema de produção, pois através do seu hábito alimentar – aves mortas e moribundas – poderia ser um importante vetor na transmissão de doenças. Diversas pesquisas foram realizadas neste sentido e resultados muito interessantes nos fazem compreender a importância do Cascudinho no tocante à salmoneloses.

Para verificar a aquisição e a internalização da Salmonella pelo Cascudinho, Crippen e colaboradores (2009) realizaram um estudo em que os insetos ficaram expostos à Salmonella Typhimurium, na concentração de 107 UFC/mL, por períodos de 0,5 a 12 horas. Em seguida, foi feita a cultura de material removido da cabeça e do trato gastrintestinal e a hemolinfa dos Cascudinhos. O resultado desta cultura confirmou o transporte interno da Salmonella pelo inseto, mostrou que a bactéria é rapidamente adquirida pelo besouro, que a bactéria é armazenada no canal alimentar após 30 minutos de exposição a 104 UFC/mL e que a bactéria é armazenada na hemolinfa após duas horas de exposição a 104 UFC/mL. A ingestão da Salmonella foi confirmada em 100% dos besouros.

Leffer e colaboradores (2010) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a capacidade de larvas e adultos de Alphitobius diaperinus atuarem como vetores na transmissão experimental da Salmonella Enteritidis fagotipo 4 para pintos SPF de 1 dia de idade. Para isto, os pintinhos foram alimentados com os Cascudinhos contaminados no primeiro dia de vida e foram sacrificados no dia 7. Amostras do ceco, fígado e baço dos pintinhos foram analisadas e uma alta concentração da Salmonella Enteritidis foi reisolada. Do total de aves do estudo, foram consideradas contaminadas 88,7% das aves que ingeriram Cascudinho adulto contaminado e 100% das aves que ingeriram larvas contaminadas de Cascudinho. Conclui-se que tanto as larvas como os besouros adultos são capazes de transmitir a salmonelose aos pintinhos, mesmo tendo sido maiores as concentrações de bactéria reisoladas de aves alimentadas com larvas infectadas.

Outro estudo (Roche et al., 2009) foi realizado com o objetivo de avaliar a colonização de Salmonella Typhimurium em frangos de 1 dia e a disseminação para aves não desafiadas mantidas no mesmo box. A inoculação das aves de 1 dia de vida foi realizada através de larvas e adultos contaminados com Salmonella e também de solução salina contendo Salmonella. Foram incluídos insetos recém-contaminados e insetos contaminados e mantidos por 7 dias em ambiente livre de Salmonella (mimetizar vazio sanitário). Aves desafiadas e não desafiadas foram mantidas no mesmo box. Foram colhidas amostras de ceco na 3ª e na 6ª semana de vida e foi feito suabe de arrasto semanalmente. O resultado demonstrou a contaminação da cama de todos os boxes durante a 1ª semana da produção e a persistência desta contaminação por 6 semanas. Provou-se que larvas e adultos de cascudinho podem adquirir Salmonella Typhimurium e transmitir dose capaz de colonizar o intestino das aves quando consumidos por aves de 1 dia de vida. Demonstrou-se a transmissão da Salmonella para aves não desafiadas que foram mantidas no mesmo ambiente que aves desafiadas e comprovou-se a habilidade tanto das larvas como dos adultos em atuar como reservatórios de Salmonella Typhimurium e o seu potencial em favorecer a contaminação de lotes subsequentes.

Estes e outros estudos comprovam que o Alphitobius diaperinus é capaz de se contaminar facilmente com salmonelas e transmitir a doença às aves que se alimentam destes insetos contaminados, mesmo que a ingestão seja apenas no primeiro dia de vida. Ainda, o cascudinho contaminado pode contaminar o ambiente de produção e a infecção pode ficar persistente por longo período, favorecendo a manutenção e a disseminação da doença a outros lotes.

O controle da salmonelose aviária é particularmente difícil, já que as aves podem permanecer assintomáticas, e há diversos fatores que também contribuem para a manutenção da bactéria nos galpões aviários. Assim, para um controle mais efetivo da doença nos sistemas de produção, é fundamental reconhecer a importância do Cascudinho. Faz-se necessário o monitoramento contínuo da infestação e a adoção de medidas corretivas. Lembre-se que, para um resultado favorável, o controle do inseto deve incluir o combate das formas adultas e larvais, o que irá interromper seu ciclo de desenvolvimento.

Mais informações você encontra na edição de Aves de fevereiro/março de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Exportação de carne de frango gaúcha cai nos primeiros cinco meses deste ano

Queda é de 4,4% em relação ao mesmo período do ano passado e reflete impacto dos eventos climáticos no estado.

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Foto: Claudio Neves

O Rio Grande do Sul fechou o mês de maio com embarque de 56,4 mil toneladas de carne de frango in natura e processada, volume que indica queda de -11,4% na comparação com igual período do ano anterior. A redução também se fez sentir na receita acumulada do intervalo, totalizando US$ 99,2 milhões, equivalente a -23,2% sobre 12 meses atrás. O volume exportado de janeiro a maio deste ano somou 295,4 mil toneladas, baixa de -4,4% ocasionando também queda no faturamento deste período, que foi de US$ 526,6 milhões, recuo de -16,2% na comparação com o mesmo período do ano passado, que finalizou em US$ 628,2 milhões.

Já o cenário das vendas internacionais de ovos gaúchos em volumes, mantém evolução. O Rio Grande do Sul enviou 621,3 toneladas no quinto mês do ano, -12,6% do volume total de 2023, que somou 711,1 toneladas. No entanto, no acumulado dos cinco primeiros meses do ano, apurou-se um crescimento de 23,1% nos embarques da proteína ovos, ou seja, foram exportadas 2,7 mil toneladas de ovos, quando no mesmo período do ano passado foram 2,2 mil toneladas de ovos

A receita apontou redução de -41,6%, caindo de US$ 2,4 milhões em maio de 2023 para US$ 1,4 milhão em maio do corrente. As receitas acumuladas nos cinco primeiros meses do ano, na faixa de US$ 6,6 milhões, apontaram queda de -22,6% em relação a 2023 quando as cifras chegaram a US$ 8,5 milhões.

Presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs), José Eduardo dos Santos: “Algumas indústrias foram prejudicadas e diretamente afetadas pelas enchentes e também a obstrução de estradas e quedas de pontes, uma situação que retardou nossas exportações” – Foto: Divulgação/Asgav

O presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs), José Eduardo dos Santos, explica que os embarques no período apurado, tanto de carnes quanto ovos, acusam o impacto das cheias no estado que prejudicaram a logística de escoamento e a operacionalização de parte das exportações. “Algumas indústrias foram prejudicadas e diretamente afetadas pelas enchentes e também a obstrução de estradas e quedas de pontes, uma situação que retardou nossas exportações”, ressalta Santos.

Embarques nacionais de carne de frango alcançam 451,6 mil toneladas em maio
O contexto nacional assinala 451,6 mil toneladas de carne de frango in natura e processada exportadas em maio. Esse número de 2024, apontou crescimento de 4,2% sobre o total embarcado no mesmo mês de 2023, que fechou com 433,3 mil toneladas. As receitas totais obtidas com as exportações de maio chegaram a US$ 818,7 milhões, queda de -5,6% comparado ao mesmo mês do ano passado, com US$ 867,4 milhões.

Em relação ao fechamento dos cinco meses de 2024, as exportações computadas entre janeiro e maio deste ano alcançaram 2,152 milhões de toneladas, volume -1,4% abaixo do saldo acumulado do mesmo período de 2023, com 2,183 milhões de toneladas. No mesmo período, a receita acumulada alcançou US$ 3,8 bilhões, -10,2% abaixo do que o total registrado no período janeiro a maio de 2023, com US$ 4,2 bilhões.

Indústria e Produção de Ovos nacional exporta 6,9 mil toneladas no período

As exportações de maio atingiram 1,3 mil toneladas de ovos, gerando uma receita de US$ 3 milhões. Os dois indicadores demonstram queda em relação aos períodos do ano passado, com percentuais de -68,9% e -70,1% respectivamente. A movimentação dos cinco primeiros meses, com uma exportação de 6,9 mil de toneladas de ovos, acusou retração de -42,1% comparada com as 11,9 mil toneladas exportadas no mesmo período de 2023.  No que se refere aos resultados de faturamento, no período apurado constata-se de janeiro a maio deste ano, US$ 14,2 milhões, diminuição de -52% comparado ao mesmo período do ano passado, quando a cifra atingiu o patamar de US$ 29,6 milhões.

Fonte: Assessoria Asgav/Sipargs
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Avicultura

Gripe aviária: Finlândia será primeiro país a ofertar vacina em humano

País adquiriu 20 mil doses da vacina para imunizar 10 mil pessoas com duas doses cada. A segunda dose deve ser administrada três semanas após a primeira.

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Foto: Divulgação/Freepik

O Instituto Finlandês de Saúde e Bem-Estar informou que deve iniciar “o mais rápido possível” a vacinação, em humanos, contra a gripe aviária. O país será o primeiro no mundo a ofertar esse tipo de imunização.

Em nota, o país destacou ter adquirido 20 mil doses da vacina, montante suficiente para imunizar 10 mil pessoas com duas doses cada. A segunda dose deve ser administrada três semanas após a primeira.

A vacina será distribuída entre pessoas com mais de 18 anos e que, em razão do trabalho ou de outras circunstâncias, apresentam risco aumentado de contrair a doença. O governo finlandês estabeleceu como público-alvo:

– pessoas em contato com animais de fazendas voltadas para o processamento do couro;

– pessoas que trabalham com aves domesticadas, mantidas em criadouro;

– pessoas envolvidas no manuseio e no abate de aves e de outros animais doentes ou mortos, como funcionários de instalações de processamento de subprodutos animais;

– pessoas que trabalham com anilhagem de pássaros (marcação individual com um pequeno anel de metal na pata);

– pessoas que trabalham com aves selvagens;

– pessoas que trabalham em zoológicos e aviários;

– médicos veterinários;

– profissionais de laboratório que manuseiam o vírus da gripe aviária ou amostras que possam contê-lo;

– contatos próximos de um caso suspeito ou confirmado de gripe aviária.

O comunicado destaca que não há casos confirmados de gripe aviária em humanos na Finlândia e que a vacinação é preventiva.

O instituto reporta que, em 2023, o país registrou mortes em massa de aves selvagens causadas pela infecção por gripe aviária. “O vírus também se espalhou amplamente pelas fazendas de produção de peles, causando alta morbidade e mortalidade em animais.”

Fonte: Agência Brasil
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Avicultura Glicerídeos de ácido butírico

Os benefícios da tributirina e da monobutirina

O uso de fontes de ácido butírico como aditivo alimentar na produção de aves e suínos, e mais ainda, na forma dos glicerídeos tributirina e monobutirina, são estratégias inovadoras que contribuem na produção de animais saudáveis e sistemas de produção mais eficientes.

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Foto: Shutterstock

Entre os aditivos utilizados na produção animal, a tecnologia do ácido butírico já é consenso entre os principais produtores de aves e suínos, visto as inúmeras vantagens que este promove sobre o desempenho dos animais, principalmente os relacionados à saúde intestinal.

O ácido butírico possui uma ação específica de estimular o crescimento e desenvolvimento das células epiteliais, responsáveis pela absorção dos nutrientes, pois é utilizada como fonte de energia rápida e prontamente disponível para os enterócitos, favorecendo sua multiplicação e/ou recuperação. Assim, disponibilizar quantidades maiores de ácido butírico a partir do intestino tem efeito direto sobre melhora na digestibilidade e aumento na absorção dos nutrientes, com reflexos positivos sobre o aumento no ganho de peso e melhora na conversão alimentar.

Entre as diferentes fontes de ácido butírico existentes no mercado, a tecnologia dos glicerídeos, como os mono, di e triglicerídeos de ácido butírico, se destacam pela eficiência, estabilidade e resultados que proporcionam na produção animal. Sendo estes ácidos ligados ao glicerol através de uma ligação covalente que não sofrem influência do pH, e portanto, não são solubilizadas no pH ácido estomacal, são liberadas somente a partir do intestino, de forma lenta e gradual, ao longo de todo o trato gastrointestinal.

Além disso, atributos como a ausência de odor característico do ácido butírico, e resistência as altas temperaturas, possibilitando o uso em rações peletizadas e extrusadas, reforçam as vantagens no uso desta tecnologia.

A tributirina, um triglicerídeo de com três moléculas de ácido butírico, ganha vantagem em comparação com produtos revestidos convencionais, pois permite que mais moléculas desse ácido sejam entregues diretamente no intestino delgado, já que a técnica de esterificação aumenta as concentrações deste ácido em até duas a três vezes. Esse ácido butírico auxilia na reparação das vilosidades intestinais, aumenta a integridade das membranas e inibe o crescimento de bactérias prejudiciais, promovendo a saúde intestinal dos animais.

Artigo escrito pelo zootecnista, doutor em Nutrição de Aves e Suínos e gerente técnico da Feedis, Silvano Bünzen – Foto: Divulgação/Feedis

Estudos

Vários autores têm apontado o efeito positivo da suplementação de tributirina sobre o desempenho e saúde intestinal em aves e suínos. A tributirina promove o aumento da taxa de sobrevivência e o ganho de peso diário, principalmente em animais jovens, por atuar diretamente sobre o crescimento das células intestinais, melhorando a digestibilidade e absorção de nutrientes.

Já os α-monoglicerídeos como a α-monobutirina tem sido considerada pela sua alta atividade antimicrobiana, principalmente sobre as bactérias gram-negativas, e por isso mesmo pode ser utilizada como uma estratégia importante para as fases de crescimento e final, fases estas com maior pressão sanitária e contaminação. Vários trabalhos descritos na literatura mostram efeito positivo da monobutirina sobre o desempenho e na recuperação de animais criados em condições com alto desafio para infecções intestinais.

O efeito promissor dos monoglicerídeos se destaca como estratégia de melhorar a saúde e a produtividade através da redução de patógenos em humanos e animais, buscando-se alternativas para redução no uso de antibióticos. Sua ação imonomuduladora e capacidade de modulação da microbiota tem sido relatada por diferentes pesquisadores.

Eficiência

Assim, o uso de fontes de ácido butírico como aditivo alimentar na produção de aves e suínos, e mais ainda, na forma dos glicerídeos tributirina e monobutirina, são estratégias inovadoras que contribuem na produção de animais saudáveis e sistemas de produção mais eficientes. Sua capacidade de fornecer ácido butírico diretamente ao intestino delgado faz dela uma escolha valiosa para produtores preocupados com a saúde e o crescimento de seus animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: silvano.bunzen@feedis.com.br.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura

Fonte: Por Silvano Bünzen, zootecnista, doutor em Nutrição de Aves e Suínos e gerente técnico da Feedis
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AJINOMOTO SUÍNOS – 2024

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