Suínos
Carne suína ganha espaço no prato do consumidor, mas atual excesso de oferta derruba preços
Excesso da proteína no mercado interno intensificou os esforços de entidades ligadas ao setor para incentivar o consumo de carne suína no Brasil.

Durante o Dia do Suinocultor O Presente Rural/Frimesa, em Marechal Cândido Rondon (PR), o diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luís Rua, palestrou sobre o tema “produção, consumo e exportações, novos mercados e perspectivas do setor de carne” para suinocultores e outros profissionais da área. Rua destacou a resiliência dos suinocultores brasileiros, especialmente ao longo do primeiro semestre, para transformar um dos momentos mais desafiadores para o setor dos últimos 20 anos. “Vemos muita dificuldade entre os suinocultores, mas espero trazer também boas notícias ou ao menos um alento depois de um período bem complicado que temos vivido”, ressaltou.

Diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luís Rua: “Temos que entender que uma parcela dos consumidores que já tem alimento na mesa está atenta às questões de sustentabilidade, saúde humana, nutrição e bem-estar animal” – Foto: Giuliano De Luca/OP Rural
O diretor de mercado da ABPA evidenciou a posição do Brasil no cenário mundial como quarto maior produtor, com 4,7 milhões de toneladas produzidas em 2021, e quarto maior exportador, com 1,1 milhão de toneladas exportadas no mesmo período, aumento de 25% em participação nas exportações mundiais em cinco anos. “Um crescimento bastante importante, causado pelo aumento das exportações para países da Ásia, principalmente a China”, lembrou Rua.
Entretanto, as exportações caíram de janeiro a junho de 2022 e o país reduziu 9,3% o volume de exportações. Nesse período, as receitas caíram 17,4%. O principal motivo dessa redução é a queda no volume de importação realizada pela China e Hong Kong.
Em sua explanação, Rua apresentou também dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) do primeiro trimestre de 2022, que apontam aumento de 6,8% na produção e redução de 6,3% nas exportações. O resultado foi o aumento em cerca de 10% de carne no mercado interno em comparação ao mesmo período de 2021. “São 95 mil toneladas de carne a mais no trimestre e cerca de 200 mil no primeiro semestre. Isso gerou uma depreciação geral nos preços”, ressaltou Rua.
Produção paranaense
O palestrante destacou também a importância da suinocultura paranaense para o Brasil. No primeiro semestre desse ano o Paraná foi responsável por 15% do volume de carne suína exportada, atrás apenas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O Estado foi o único que apresentou um incremento nas exportações nos primeiros seis meses de 2022, com crescimento de 5,7% em comparação ao mesmo período de 2021.
O destino da carne suína produzida no Estado são países onde as exigências quanto a exportação não são tão rígidas, como Uruguai, Argentina, Singapura e Vietnã. “Tenho certeza que quando conseguirmos acessar o Japão, a Coreia (do Sul), os Estados Unidos, entre outros países que exigem livre de aftosa sem vacinação, o Paraná terá capacidade para avançar nas exportações”, ressaltou Rua.
Excesso de carne
O excesso de carne suína no mercado interno intensificou os esforços de entidades ligadas ao setor como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABSC) para incentivar o consumo de carne suína no Brasil.
Ruas destacou o trabalho o trabalho desenvolvidos pelas associações em parcerias com outras instituições. “O Brasil consome metade do registrado na União Europeia, que é de cerca de 30 quilos por pessoa. Precisamos melhorar isso”, menciona.
Rua expôs dados referentes a última década que mostram a estabilização do consumo médio per capita de carne de frango no Brasil, que é entre 43kg/per capita a 46kg/per capita. A carne bovina apresentou queda, passou de 38kg/per capita para 34kg/per capita.
Já o consumo de carne de porco no país está em ascensão. Passou de 15kg/per capita em 2018 para 16,7kg/per capita em 2021. De acordo com Rua, provavelmente, nesse ano o consumo fique perto dos 18 kg por pessoa.
Rua citou a dificuldade de muitos produtores fecharem o mês com as contas em dia em razão da alta dos custos de produção e indagou: “A que custo chegaremos a esse consumo? Precisamos fazer essa pergunta. Vale a pena atingir números semelhantes com essas condições?”, questionou.
O diretor de mercado da ABPA destacou o trabalho realizado pelas agroindústrias para aumentar o leque de cortes e outros produtos derivados. “Vejo um trabalho de excelência que as empresas estão fazendo, como a Frimesa e tantas outras, de descomoditizar a carne suína”, mencionou Rua.
Projeções
Durante a palestra, Rua apresentou números que demonstram a expectativa do setor na produção, exportação, disponibilidade e consumo per capita (kg) de carne suína no Brasil.
Conforme ele, as projeções podem sofrer pequenas alterações, entretanto a estimativa é de que a produção passe de 4,701 milhões de toneladas em 2021 para 4,750 milhões de toneladas este ano.
Em relação às exportações, as previsões sugerem 1,150 milhão de toneladas caso a China volte a comprar algo próximo das 45 mil toneladas/mês.
A disponibilidade de carne suína no mercado interno, segundo as projeções, é de 3,6 milhões de toneladas. “Achamos que o consumo deva se aproximar dos 18kg per capita”, destacou Rua.
Ainda dentro das projeções para o consumo em 2022, Rua cita alguns fatores dever impulsionar e outros que podem frear o consumo de carne suína no Brasil até o fim do ano. Entre os pontos positivos, destaque para a ampliação de benefícios sociais como o Auxílio Brasil, ampliado de R$ 400 para R$ 600, dentre outros benefícios.
Entre os aspectos negativos, Ruas cita a inflação que, segundo ele, corrói o poder de compra dos consumidores, o endividamento da população, os custos produtivos, logística e a incerteza política. “A gente não sabe o que vai ser. Cada um tem sua opinião, mas isso acaba gerado incertezas no ponto de vista econômico”, menciona.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



