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Carne suína abre 2023 com preços e exportações em alta
Novo ciclo da suinocultura reforça a necessidade de reflexão e debate constante sobre o mercado, como vai ocorrer na PorkExpo Latam 2023, em novembro, em Foz do Iguaçu.
A virada de 2022 – 2023 trouxe números da economia mundial que surpreenderam os agentes econômicos no mundo e até os responsáveis pelos levantamentos do Fundo Monetário Mundial (FMI) e que devem ter um impacto importante no mercado mundial das carnes. O ano começou com boas notícias sobre a inflação em queda nos Estados Unidos, a China reabrindo os portos e liberando as atividades no país inteiro depois dos bloqueios por causa da Covid-19 e a Europa com dados mais positivos envolvendo taxas de juros e desemprego.
O próprio Fundo reviu a projeção de crescimento médio mundial em 2023 para uma taxa de 2,9%, um pequeno, mas interessante aumento diante das previsões do fim do ano passado. Esse ambiente e as atuais condições dos maiores países produtores de carnes devem favorecer bastante a exportação das três principais proteínas brasileiras. “O panorama mundial é muito favorável ao Brasil. Existe a Gripe Aviária alarmando várias nações e que resultaram em mais recorde na venda da carne de frango nacional em 2022.
A procura por carne bovina está firme e já foi sentida nas vendas para os Estados Unidos, que hoje é o segundo maior comprador nosso. E a China, ao longo de 2022 e em janeiro deste ano. E a carne suína, que vem numa fase ótima, com recordes de exportações e um trabalho consistente no mercado interno, tendo ocupado espaços importantes no varejo, com cortes, preços, exposição e qualidade de produto”, afirma o Agrônomo e Diretor da Athenagro, Mauricio Palma Nogueira. Um momento favorável reforçado pelo resultado das vendas externas em janeiro.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou embarques de 89,2 mil toneladas. Saldo 19,6% acima do embarcado no primeiro mês do ano passado. Em receita, os US$ 212,4 milhões obtidos foram 32,1% superior ao registrado em janeiro de 2022. “A elevação dos embarques para a China e Hong Kong atestam a permanência da demanda por produtos brasileiros no maior mercado consumidor de carne suína do planeta. Como vinha ocorrendo no segundo semestre de 2022 e que deve se manter em 2023”, analisa Luís Rua, diretor de mercados da ABPA.
No mercado interno, os custos de produção ainda estrangulam as margens dos criadores, porém, o novo ano também está mais favorável. Houve reação nos preços até no Estado de São Paulo, marcado pela atuação de produtores independentes. O mercado de suínos vivos no Estado vem consolidando o preço em R$ 155 a arroba, no pagamento à vista. “Vamos em frente. A arroba atual compra quase duas sacas de milho e vale 21,41 dólares. O mercado deve manter-se nesses valores no mês, por causa do ajuste de oferta e demanda e os dias de carnaval”, examina Valdomiro Ferreira Junior, Presidente da Associação Paulista dos Criadores de Suínos (APCS). Realmente, o ajuste tratado pelo líder classista vem se verificando. No último trimestre do ano passado, o abate de suínos cresceu 2,7 % sobre o mesmo período de 2021.
Mas, na comparação com 3º trimestre de 2022, o abate caiu 4,5%. São os resultados preliminares da Estatística da Produção Pecuária, divulgada no último dia 10 de fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados completos para o 4º trimestre de 2022, e para as unidades da federação, serão divulgados em março.
O volume de dados e a complexidade do mercado que envolve a produção de alimentos em um mundo de tanta evolução representam o cerne da proposta revolucionária da PorkExpo Latam 2023, encontro que vai debater de ponta a ponta a cadeia de carne suína produzida na América Latina, nos dias 7, 8 e 9 de novembro, em Foz do Iguaçu (PR).
Um cardápio inovador em termos de atividades, ações, feira de negócios, conteúdo e público. Oferta de mais de vinte anos de experiência em eventos no setor da Suinocultura mundial. Mais de vinte países representados, conteúdo com tradução simultânea para Inglês, Português e Espanhol, um dia inteiro dedicado ao nosso alimento sagrado, estampado em dois desafios saborosos. O Pork Butcher Challenger, disputa internacional entre profissionais açougueiros, que vai apresentar dezenas de cortes de carne suína de vários países e a eleição do ‘Corte Pork Expo Latam 2023’.
Além de um torneio surpreendente, envolvendo um prato que é uma paixão do brasileiro: a linguiça de porco. Uma banca de jurados reconhecidos e especializados em gastronomia vai votar na ‘Melhor Linguiça de Carne Suína do Brasil’, de olho nas baterias de confronto transmitidas por um telão.
“O atual mundo moderno, digitalizado, exige reflexão e decisões constantes. Assim como a atualização profissional, entender e estudar a oferta de novas tecnologias para o mercado nacional e internacional, a consolidação das marcas, formação de novas parcerias, conhecimento das concorrências, fechamento de bons e novos empreendimentos financeiros e produtivos, reciclagem profissional das equipes. Por isso, usar uma marca absolutamente histórica e tradicional da Suinocultura como a PorkExpo, a cada ano, é fundamental para obter resultados e margens contínuas e urgentes”, aponta Flávia Roppa, Presidente da PorkExpo Latam 2023.
E o cenário requer atenção. Investir em novas tecnologias nas granjas é a única receita de sucesso. “Não tem segredo. É seguir produzindo de olho no meio ambiente, na saúde, no bem-estar animal e na qualidade do que ofertamos ao consumidor”, receita Lívia Machado, Diretora de Marketing da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). Principalmente para quem mira o mercado internacional. As vendas externas devem bater novo recorde em 2023, embaladas pelas vendas crescentes para o Chile, depois do recente reconhecimento do Rio Grande do Sul como área livre de aftosa sem vacinação. “Há, também, expectativa sobre o efeito das vendas para o México e a consolidação do mercado canadense, dois dos mais importantes importadores da proteína, que foram abertos recentemente. Tudo embalado pela força sanitária de nossas granjas, principalmente diante dos renitentes casos de Peste Suína Africana (PSA) pelo mundo afora”, ratifica Luís Rua.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.