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Carne produzida no bioma Pampa conquista selo de identificação

Resultado de parceria entre a Embrapa, Mapa e a Associação dos Produtores de Carne do Pampa Gaúcho, o selo garante produtos mais sustentáveis e saudáveis ao consumidor, criando identificação e um novo nicho de mercado. A identificação comprova que todas as etapas da produção são feitas 100% no Pampa.

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A alimentação dos animais no Pampa, composta em sua maior parte pela rica variedade dos pastos naturais, dá origem a um produto com perfil de gordura mais saudável - Fotos: Antonio Pacheco

A carne de animais criados no Pampa gaúcho já é comercializada com selo de identificação de origem. Reconhecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a marca coletiva Apropampa, da Associação dos Produtores de Carne do Pampa Gaúcho, valoriza os produtos cárneos oriundos do bioma, facilitando o seu reconhecimento no mercado por parte dos consumidores.

Conforme o presidente da Apropampa, Custódio Magalhães, a combinação entre a variedade de pastos naturais e cultivados, o clima, as raças taurinas e sintéticas criadas e o manejo utilizado são os grandes diferenciais que formam a singularidade da carne do Pampa. Assim, para ter o selo, todas as etapas da produção devem se dar no bioma, apenas com a possibilidade de abate fora do Pampa, mas ainda assim dentro do Rio Grande do Sul.

“É 100% do Pampa. Os animais têm de ser nascidos e criados na região. Queremos nos comunicar com o consumidor. Para que ele enxergue o selo e reconheça o que há por trás”, explica.

A Embrapa, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o governo do Estado do Rio Grande do Sul foram parceiros da Apropampa no processo que resultou na marca coletiva. Segundo Danilo Sant’Anna, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul (RS), além de diferenciar a carne, o objetivo da distinção é contar toda a história e significado que existe por trás do produto final.

“O Pampa é um ambiente naturalmente campestre, diverso e muito propício à atividade pecuária pastoril. E a figura do gaúcho, bem como sua cultura e tradição, se moldou por esse ambiente e por essa vocação para a pecuária. Nós não desmatamos para produzir, temos o ambiente propício, e a Apropampa pretende comunicar isso aos seus consumidores. Ao mesmo tempo, trabalhar pelo fomento à boa produção, constância e qualidade ofertadas ao consumidor, é uma necessidade. Daí outro dos eixos de trabalho entre a Embrapa e a Associação. Fazer essa parceria com a Embrapa qualifica a produção e promove a diferenciação do produto, possibilitando incremento de renda ao longo de toda a cadeia”, destacou Sant’Anna.

Conforme Sant’Anna, a Embrapa participou de todo o processo que resultou na conquista do selo, desde apoio à formação da Apropampa até estudos técnicos de delimitação da área geográfica para identificação da origem da carne. A empresa também é membro do conselho técnico regulador da associação, além de apoiar o fomento à cadeia da carne e na negociação com novos frigoríficos interessados em valorizar a proteína oriunda do Pampa.

Parcerias para disseminação da marca
O primeiro abate com o selo da marca coletiva foi realizado inicialmente em Pelotas. Agora, a Apropampa busca firmar parceria com frigoríficos interessados em colocar no mercado a carne com o selo da marca.
Apropampa: agregação de valor à carne produzida no bioma
A Apropampa é uma associação de produtores rurais organizada para valorizar a região do Pampa gaúcho e sua produção. O projeto abrange animais nascidos e criados na parte brasileira do bioma Pampa, em sistemas de alimentação predominantemente a pasto, com o uso de raças majoritariamente taurinas de corte.

“Ao identificar o produto no mercado com o uso do selo, o consumidor vai poder reconhecer essas características (promovidas pelo trabalho conjunto da Associação, Embrapa e parceiros) e, assim, diferenciá-lo e valorizá-lo. Dessa forma, a Apropampa e os produtores associados passam a ter produtos com maior valor agregado, na medida em que esse reconhecimento se converte em preferência do consumidor e no consequente aumento da demanda por esses produtos”, destaca Sant’Anna.

De acordo com o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Flores Cardoso, é estratégico que a Embrapa apoie todos esses processos, desde o fomento à produção sustentável até a diferenciação dos produtos no mercado, de forma auditável e certificável. “Isso fomenta o associativismo e outros processos pertinentes a essa importante diferenciação dos produtos do Pampa e a valorização e desenvolvimento sustentável desse Território”, disse.

Carne do Pampa alia saúde e sustentabilidade
A carne de bovinos criados livres no Pampa é mais saudável do ponto de vista nutricional. Além do importante fornecimento de nutrientes como ferro e vitaminas do complexo B, a carne desses animais apresenta maiores teores de ômega 3, se comparada aos criados em confinamento. As pesquisas que comprovam isso são referenciadas pelo Laboratório de Ciência e Tecnologia de Carne da Embrapa Pecuária Sul, sob a liderança da pesquisadora Élen Nalério, e mostram que a carne produzida nos campos naturais do bioma Pampa tem perfis de gorduras benéficos aos consumidores.

“No Pampa, a alimentação dos animais, composta em sua maior parte pela rica variedade dos pastos naturais, dá origem a um produto com perfil de gordura mais saudável, já que possui mais ômega 3 do que ômega 6”, explica a pesquisadora. É no campo que quase tudo acontece, com a alimentação do animal cumprindo papel determinante nesse processo. “O sistema de criação e terminação do animal interfere diretamente nas características da carne. Entre um extremo, de produção extensiva, somente com pastagens, até o outro extremo, de confinamento total, com alimentação por grãos, há a formação de produtos totalmente diferentes”, diz.

Essa diferença se dá não apenas no tipo de gordura formada. “Os bovinos são animais naturalmente prontos para fazer a digestão de fibras, de pasto. Para fazer a digestão de grãos, eles precisam passar por uma adaptação. Essa variação de alimentação faz com que sejam formadas gorduras totalmente diferentes, e isso interfere também no sabor e no aroma do produto”, ressalta a pesquisadora. Enquanto a carne produzida nos campos tem uma cor viva e gordura mais amarelada, a de confinamento é mais pálida e possui gordura mais branca. “O pasto tem carotenoides, que conferem a cor amarela à gordura. Já a cor da carne sofre influência de maior ou menor presença das mioglobinas. O animal no pasto caminha mais, e precisa oxigenar a musculatura, o que aumenta o teor de mioglobina e origina a cor vermelha mais intensa na carne”, acrescenta Nalério.

A pesquisadora ressalta que não há como afirmar que a carne produzida no Pampa é melhor, uma vez que a avaliação envolve diversos fatores subjetivos. “No entanto, podemos garantir que ela é diferenciada por vários motivos. Um deles é que a alimentação do gado nos campos nativos pode formar um tipo de gordura com melhor qualidade nutricional, que é uma característica que tem despertado grande interesse do público”, conta a cientista. “O perfil lipídico dessa carne é comprovadamente mais saudável. Isso é um diferencial importante que pode e deve ser trabalhado como oportunidade de valorização no mercado”, recomenda.

O Pampa: berço da diversidade forrageira
O bioma Pampa é formado basicamente por campos naturais com rica biodiversidade de espécies vegetais e animais. Nesse cenário, há mais de dois séculos vem sendo praticada a pecuária, atividade econômica que utiliza os recursos naturais de forma sustentável, contribuindo para a manutenção do ecossistema. Estudos apontam a existência de cerca de 450 espécies de gramíneas e 150 de leguminosas, muitas delas com enorme potencial forrageiro.

O bioma Pampa é formado basicamente por campos naturais com rica biodiversidade de espécies vegetais e animais. – Foto: Clodoaldo Pinheiro

Pesquisas realizadas na Embrapa Pecuária Sul mostram que o uso sustentável desse ambiente campestre pode ser uma estratégia muito bem-sucedida para a produção pecuária na região.

Para o pesquisador da Embrapa José Pedro Trindade, o manejo do campo nativo é o segredo para o desenvolvimento de uma pecuária rentável, com qualidade e que preserve o meio ambiente. Ou seja, a interação entre o produtor e o meio ambiente é essencial para que a atividade obtenha êxito. “Nós estamos propondo um novo olhar do produtor em relação ao campo nativo. Um reconhecimento da riqueza dos recursos naturais dos campos sul-brasileiros e do seu potencial que possa resultar em processos produtivos duráveis e de qualidade”, ressalta.

A conservação dos campos é também responsável por uma série de serviços ambientais. De acordo com o pesquisador da Embrapa Leandro Volk, entre esses serviços, a riqueza de espécies do campo, quando bem manejada, proporciona a conservação e a manutenção de vida do solo. “A diversidade de tipos e formas de raízes das espécies, mesmo as sem valor forrageiro, proporciona maior infiltração e armazenamento de água no solo, entre outros serviços”, finaliza.

Fonte: Embrapa Pecuária Sul

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Retirada da sobretaxa pelos EUA devolve competitividade à carne brasileira

Decisão tem efeito retroativo, pode gerar restituição de valores e reorganiza o fluxo comercial após meses de retração no agronegócio.

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A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) manifestou  grande satisfação com a decisão dos Governo dos Estados Unidos de revogar a sobretaxa de 40% imposta sobre a carne bovina brasileira. Para a entidade, a medida representa um reforço da estabilidade do comércio internacional e a manutenção de condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para o Brasil.

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A sobretaxa de 40% havia sido imposta em agosto como parte de um conjunto de barreiras comerciais aos produtos brasileiros, afetando fortemente o agronegócio, carne bovina, café, frutas e outros itens. A revogação da tarifa foi anunciada pelo presidente Donald Trump por meio de uma ordem executiva, com vigência retroativa a 13 de novembro. A medida também contempla potencial restituição de tarifas já pagas.

De acordo com veículos internacionais, a retirada da sobretaxa faz parte de um esforço para aliviar a pressão sobre os preços de alimentos nos EUA, que haviam subido em função da escassez de oferta e dos custos elevados, e reduzir tensões diplomáticas.

Reação da ABIEC 
Na nota divulgada à imprensa na última semana, a ABIEC destacou que a revogação das tarifas demonstra a efetividade do diálogo técnico e das negociações conduzidas pelo governo brasileiro, resultando num desfecho construtivo e positivo.

A entidade também afirmou que seguirá atuando de forma cooperativa para ampliar oportunidades e fortalecer a presença da carne bovina brasileira nos principais mercados globais.

Comércio exterior 
A retirada da sobretaxa tem impacto direto sobre exportadores brasileiros e o agronegócio como um todo. Segundo dados anteriores à

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aplicação do tarifaço, os EUA representavam o segundo maior destino da carne bovina do Brasil, atrás apenas da China.

O recente bloqueio causava retração nas exportações para os EUA e aumentava a pressão para que produtores e frigoríficos redirecionassem vendas para outros mercados internacionais. Com a revogação da sobretaxa, abre uma nova perspectiva de retomada de volume exportado, o que pode fortalecer as receitas do setor e ajudar a recompor a fatia brasileira no mercado americano.

Próximos desafios
Apesar da revogação das tarifaço, a ABIEC e operadores do setor devem seguir atentos a outros desafios do comércio internacional: flutuações de demanda, concorrência com outros países exportadores, exigências sanitárias, regime de cotas dos EUA e eventual volatilidade cambial.

Para a ABIEC, o caso também reforça a importância do protagonismo diplomático e da cooperação institucional, tanto para garantir o acesso a mercados como para garantir previsibilidade para os exportadores brasileiros.

Fonte: O Presente Rural
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Abates de bovinos disparam e pressionam preços no mercado interno

Alta oferta limita valorização do boi gordo, apesar de exportações recordes e forte demanda internacional.

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Os abates de bovinos cresceram no terceiro trimestre, impulsionados pelo bom momento dos confinamentos. Em outubro, as exportações também tiveram desempenho excepcional, mas o aumento da oferta de carne no mercado interno acabou limitando uma valorização maior do boi gordo. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, mesmo com a recuperação recente dos preços, a relação de troca para quem trabalha com recria e engorda piorou, já que o custo do bezerro avançou mais que o preço do boi no período de um ano.

Dados do IBGE mostram que os abates de bovinos subiram 7% no terceiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024. Só em setembro, o crescimento foi de 13% sobre o resultado do ano anterior. Informações preliminares do Serviço de Inspeção Federal (SIF) indicam que, em outubro, os abates podem ter aumentado cerca de 15% na comparação anual.

As boas margens dos confinamentos em 2025, especialmente para produtores que fizeram gestão eficiente de riscos e aproveitaram momentos favoráveis de mercado para travar preços, atraíram um grande volume de animais para a engorda intensiva. Esse movimento reforçou ainda mais a oferta de gado pronto para abate, que já vinha em alta desde o início do ano. Um exemplo foi o contrato futuro com vencimento em outubro, que negociou acima de R$ 330 por arroba durante boa parte de março a agosto e encerrou o mês a R$ 317.

Do lado da demanda, as exportações de carne bovina registraram resultados impressionantes em setembro e outubro, com dois recordes consecutivos: 315 mil e 320 mil toneladas de carne in natura embarcadas, respectivamente, um avanço anualizado de 16,7% sobre o acumulado de janeiro a outubro de 2024.

Mesmo assim, o forte aumento dos abates elevou a oferta de carne no mercado interno, acima do esperado para o período. Ainda assim, o preço do boi gordo reagiu a partir do fim de setembro. Entre o início de outubro e 14 de novembro, a arroba subiu 5,6%, e a carcaça casada avançou ainda mais, 7,9%.

Apesar dessa recuperação, a relação de troca para recria e engorda se deteriorou no intervalo de um ano: enquanto o boi gordo de São Paulo ficou 4,8% mais barato em outubro na comparação anual, o bezerro de Mato Grosso do Sul ficou 15,4% mais caro.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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Regeneração de pastagens e sistemas integrados ganham protagonismo na pecuária brasileira

Especialistas destacam que eficiência produtiva, solo saudável e adoção de ILPF são caminhos centrais para uma pecuária sustentável e de baixo carbono.

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Foto; Gabriel Faria

A regeneração de pastagens degradadas e a adoção de sistemas integrados de produção devem ocupar o centro da estratégia da pecuária brasileira para os próximos anos. Essa visão foi defendida por Fábio Dias, líder de Pecuária Sustentável da JBS, durante sua participação no VEJA Fórum de Agronegócio, realizado nesta segunda-feira (24), em São Paulo.

Ao participar do painel “Agricultura Sustentável: como produzir sem desmatar”, o executivo ressaltou que a eficiência produtiva e a sustentabilidade caminham juntas para garantir a perenidade do negócio. Com atuação em 20 países e relacionamento diário com centenas de milhares de produtores, a JBS enxerga a saúde da cadeia de fornecimento como prioridade. “A produção pecuária e agrícola precisa prosperar por muitos anos, não apenas por alguns. Se os produtores não forem bem, toda a cadeia não irá bem”, explicou.

Dias também analisou a mudança de paradigma no setor: se antes o foco estava exclusivamente no volume de produção, hoje a degradação e a queda de produtividade, especialmente em áreas de abertura mais antigas, impulsionaram uma nova mentalidade voltada à longevidade e à qualidade do solo.

Segundo Dias, essa agenda regenerativa é um imperativo de gestão, focada na melhoria contínua do ativo ambiental. “É fundamental garantir que a fazenda seja mantida em condições de produtividade superior a cada ano, demonstrando que a exploração pecuária de longo prazo é totalmente sustentável”, afirmou.

O executivo reforçou a singularidade do modelo brasileiro, capaz de acomodar duas ou três safras na mesma área. Nesse contexto, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) surge como ferramenta vital. A presença animal no sistema não apenas diversifica a renda, mas eleva a biologia do solo e sua capacidade de estocagem de carbono. “Colocar animais numa área aumenta a vida do local, eleva a qualidade da terra e mantém o solo coberto durante todo o ano”, explicou Dias. De acordo com o executivo, a eficiência gerada pela ILPF, somada à redução da idade de abate dos animais, resulta em menor pressão por desmatamento e queda nas emissões entéricas, pavimentando o caminho para uma pecuária brasileira de baixo carbono.

Para acelerar a adoção dessas tecnologias e fortalecer a formalização da cadeia, a JBS estruturou um ecossistema robusto de difusão de conhecimento, assistência técnica e gerencial. O objetivo é empoderar o produtor para a tomada de decisões embasadas. “Construímos um ecossistema que difunde conhecimento e apoio aos produtores”, reforçou Dias.

Essa estratégia, operacionalizada por meio do programa Escritórios Verdes, criado em 2021, e que que oferecem assistência técnica, ambiental e gerencial gratuita, tem gerado impacto mensurável: desde então, já foram mais de 20.000 produtores apoiados, reinseridos na cadeia produtiva legal e sustentável.

O líder de Pecuária Sustentável da JBS concluiu que o potencial do Brasil em ter uma pecuária baixa em carbono é evidente, dada a capacidade de armazenagem do solo tropical e a redução da idade de abate dos animais. “Ao aumentar a produção por área, a JBS enxerga um futuro brilhante para a pecuária brasileira, onde a sustentabilidade se torna o novo padrão de eficiência e inclusão produtiva”, pontuou.

Fonte: Assessoria JBS
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