Pet Saúde Animal
Cardiologista orienta sobre importância da prevenção e diagnóstico precoce de doenças cardíacas em cães e gatos
29 de Setembro é Dia Mundial do Coração e os pets também podem ter melhor qualidade de vida com acompanhamentos regulares de veterinários
Como está o coraçãozinho do seu pet? Firme e forte?
Estamos no mês escolhido pela Federação Mundial do Coração para alertas e campanhas de prevenção de doenças cardíacas. E como os peludos dependem dos tutores para esses cuidados, é importante planejar pelo menos duas consultas anuais com o veterinário para check-ups cardíacos. A chance de cura e o sucesso de tratamentos são sempre maiores quando as doenças são diagnosticadas no início.
Algumas raças de cães e gatos têm características genéticas mais propensas ao desenvolvimento de doenças cardíacas, mas o avanço da idade é um fator que generaliza o risco. “A doença cardíaca mais comum, e que ocorre com mais frequência, é a endocardiose valvar mitral, que é uma doença causada por degeneração da válvula mitral e que surge justamente quando os bichinhos vão ganhando mais idade”, explica a cardiologista veterinária, doutora Luciane Martins Neves.
Raças de pequeno porte como Poodle, Maltês, Cavalier King Charlie Spaniel e Dachshund sofrem mais de degeneração da válvula mitral, mas a endocardiose pode afetar todas as raças quando os animais ficam idosos.
Cães de raças grandes como Golden, Labrador, Pastor Alemão, Boxer, Doberman, Terra-Nova costumam desenvolver arritmia e cardiomiopatia dilatada. O músculo cardíaco sofre alteração e o ventrículo tem prejuízo na função sistólica devido à dilatação. A cardiomiopatia dilatada também é uma alteração que pode afetar gatos.
A doença é grave e, em muitos casos, há morte súbita do animal. Por isso a importância de consultas periódicas com médicos veterinários, que, conhecendo o comportamento e características do pet, podem perceber alterações e indicar exames para diagnósticos precoces.
Nos felinos a cardiomiopatia mais comum é a chamada hipertrófica. O ventrículo se enrijece e o coração perde capacidade no bombeamento de sangue, comprometendo toda a oxigenação do organismo.
Os gatos também podem apresentar doenças cardíacas por predisposição de raça e mutação genética familiar, como no caso do Maine Coon, e desenvolver doenças cardíacas primárias.
Sintomas
Desconfie se o pet começar a dar sinais de cansaço excessivo e falta de ar. Como as doenças cardíacas provocam o enfraquecimento do músculo do coração, o animal pode sofrer arritmias e desmaios. Em alguns casos também a cor da língua dos bichinhos assume tons azulados ou arroxeados.
Por se tratar de doenças crônicas, os tratamentos variam de acordo com os estágios. “Não há cura para a maioria dos casos de cardiopatia, mas existem tratamentos que seguidos corretamente melhoram muito a sobrevida e aumentam a longevidade do animal”, informa Luciane.
Outra doença que acomete o sistema cardiovascular de animais, bastante frequente hoje em dia, é a dirofilariose. Essa nada tem a ver com idade ou raças. A dirofilariose é causada por uma larva microscópica transmitida por mosquitos. A larva viaja na corrente sanguínea e costuma escolher o coração do animal para habitar e crescer.
“A maioria dos casos de dirofilariose é registrada em cidades litorâneas, mas já foram feitos diagnósticos também em centros urbanos. Conseguimos tratar com uma combinação de medicamentos e perseverança. O tratamento quase sempre é demorado. Então, se você vai passear com seu pet em cidades praianas comunique, converse sobre isso com um veterinário. Podemos prevenir a doença com medicamentos administrados sob via oral. Também existem coleiras no mercado que funcionam como uma espécie de repelentes e afastam os mosquitos transmissores”, orienta a cardiologista veterinária.
Sinais de doenças cardíacas
1 – Intolerância a exercícios
2 – Tosse
3 – Cansaço fácil
4 – Apatia
5 – Prostração
6 – Não ficam confortáveis em algumas posições
7 – Cianose (coloração azulada da língua)
8 – Desmaios
Dicas para prevenir e cuidar
1 – Realizar check-ups de seis em seis meses;
2 – Alimentação equilibrada.
3 – Evitar obesidade, que é um dos fatores de risco;
4 – Manter a saúde oral, com cuidados e escovação frequentes. Bactérias estão relacionadas às cardiopatias;
5 – No caso da dirofilariose, além da prevenção com uso de vermífugos, há uma medicação similar a uma vacina que protege os pets com uma dose anual;
6 – Enriquecer o ambiente ocupado pelos pets com brinquedos que estimulem a atividade física e evitem o estresse;
7 – Passeios com caminhadas moderadas e frequentes;
8 – Conhecer a raça do pet para entender as predisposições genéticas do animal.
Pet No CFMV
CRMV-RJ protocola pedido de isenção total à anuidade do ano em que ocorra parto, adoção ou gestação não levada a termo
Medida representa um importante passo em direção à valorização das profissionais médicas-veterinárias e zootecnistas, reconhecendo e apoiando momentos significativos de suas vidas pessoais.
Como parte do compromisso do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ) em promover uma prática profissional cada vez mais humanizada e inclusiva, o presidente Diogo Alves protocolou no dia 07 de março, junto ao Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), um pedido para a concessão de isenção total correspondente à anuidade de mulheres inscritas no sistema CFMV/CRMVs no ano em que ocorra o parto, adoção ou gestação não levada a termo.
Essa medida, prometida durante a campanha da chapa eleita para o período de 2023-2026, representa um importante passo em direção à valorização das profissionais médicas-veterinárias e zootecnistas, reconhecendo e apoiando momentos significativos de suas vidas pessoais.
Ao promover essa isenção, o CRMV-RJ demonstra sua sensibilidade às necessidades individuais dos profissionais, bem como seu compromisso em criar um ambiente de trabalho mais acolhedor e justo para todos.
Esta iniciativa também é apresentada durante o Mês Internacional da Mulher, reafirmando o compromisso desta autarquia com a igualdade de gênero e com a promoção de condições mais favoráveis para a atuação das mulheres na Medicina Veterinária e na Zootecnia.
Pet
Pets também podem desenvolver transtornos mentais e emocionais
É preciso entender as particularidades dos animais, as causas e os sinais comportamentais de que algo não está bem
Inúmeras pesquisas apontam para o quadro de saúde mental da população humana, conscientizando sobre a necessidade de cuidados para garantir o bem-estar emocional dos indivíduos e da sociedade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) inclusive publicou o Informe Mundial de Saúde Mental (2022) e alertou que, em 2019, quase um bilhão de pessoas viviam com algum transtorno mental, a principal causa de incapacidades.
Porém, transtornos mentais e emocionais não são exclusividade dos humanos. Os pets também podem desenvolvê-los, principalmente ansiedade, reatividade, agressividade, medo/fobia, comportamento compulsivo e dermatites. “Os animais de estimação têm emoções e elas devem ser compreendidas e respeitadas. É preciso atender às necessidades emocionais do pet e ficar atento caso haja mudança de comportamento do animal, procurando assistência especializada quando algo fora do comum acontecer”, comenta a médica-veterinária comportamental, Dani Graziani.
As situações que mais geram desconforto para eles estão relacionadas a mudanças, como de casa ou de rotina, à perda de um ente da família ou até mesmo à senilidade, processo de envelhecimento que vem acompanhado de desafios físicos e emocionais, como diminuição da visão, da audição e do olfato, dificuldade de locomoção, irritabilidade, desorientação, perda de memória, entre outros fatores que os deixam mais vulneráveis. “São muitos os sinais que podem identificar que o animal de estimação não está bem, como um cão tranquilo apresentar agressividade ou um pet que fazia seu xixi no lugar certo começar a fazê-lo em outro lugar. É importante acolher em vez de ficar bravo, pois ele está demonstrando que precisa de ajuda e o apoio é essencial para o processo de cura”, aconselha a veterinária.
De olho na prevenção
A atividade física impacta diretamente na saúde física e mental dos animais. “Os cães precisam correr, caminhar e explorar ambientes. Um passeio diário de vinte minutos já acalma e ajuda no gasto de energia, na socialização, na perda de peso e na manutenção da massa muscular”, indica a médica-veterinária Farah de Andrade.
A falta de brinquedos e de interação também pode trazer prejuízos, assim como um ambiente muito agitado ou monótono demais. “O ideal é manter uma rotina equilibrada entre atividades, brincadeiras e descanso, para se evitar o estresse e a ansiedade. Dar mais atenção ao pet é fundamental para o bem-estar dele”, conta Farah.
Colocar em prática o enriquecimento ambiental, ou seja, adaptar o lar para proporcionar uma rotina mais saudável e prazerosa ao pet, com estímulos mentais, físicos e sensoriais, auxilia a prevenir o tédio, reduzir o estresse e promover um comportamento equilibrado.
Para dar certo, é preciso conhecer o animal de estimação, seus gostos e preferências. Para os gatos, é possível instalar prateleiras nas paredes, nichos, redes, arranhadores e deixar brinquedos em locais estratégicos. Já para os cachorros, além dos brinquedos, incluir atividades que estimulam o olfato, treinamento cognitivo e socialização são algumas formas de deixar o ambiente mais interativo.
Tratamento em forma de petisco
Medicar um animal nem sempre é uma tarefa fácil, sendo, muitas vezes, um fator de grande estresse, especialmente para os felinos. Para isso existem soluções como os medicamentos manipulados em formas farmacêuticas que facilitam a administração, como biscoitos, caldas ou molhos, pastas orais e géis transdérmicos. As apresentações orais podem ainda ser flavorizadas com sabores como bacon, caramelo, leite condensado, frango entre diversos outros que atraem os pets. “O gel transdérmico é aplicado na pele do animal e sua aplicação mais parece um carinho. Já um biscoito com sabor é como um petisco, um mimo. Muitos pacientes chegam a ‘pedir’ mais”, comenta Farah.
Os medicamentos manipulados também costumam ser a principal alternativa para a prevenção ou o tratamento de transtornos mentais devido à possibilidade de combinação de ativos num mesmo medicamento, manipulado na dose exata para o peso do animal, além dos diferenciais de flavorização e apresentação.
“Florais de Bach e fitoterápicos como valeriana, kawa-kawa, passiflora, L-triptofano e melatonina são algumas opções que podem ser prescritas em casos como insônia, estresse ou ansiedade. Medicamentos controlados, geralmente indicados para casos mais complexos, também podem ser manipulados, como fluoxetina, sertralina e clomipramina”, comenta Farah, ressaltando que somente um médico-veterinário está apto a prescrever o tratamento mais adequado para cada caso.
Notícias
Instituto da UEL completa um ano com 84 cientistas em busca de vacina contra toxoplasmose
No Brasil, 14 estados de todas as regiões estão representados no INCT com pesquisadores desenvolvendo projetos científicos que buscam um kit de diagnóstico rápido para a doença, além de uma vacina para suínos e gatos, animais considerados os principais transmissores da doença.
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Toxoplasmose (INCT), do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), comemora um ano de atividades com 70 pesquisadores brasileiros e 14 estrangeiros provenientes de 32 instituições conectados. As atividades do grupo começaram em março de 2023, logo após a UEL ser contemplada na Chamada 58/2022 do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), do CNPq, que financia pesquisas de alto impacto, com investimento de R$ 5 milhões.
No Brasil, 14 estados de todas as regiões estão representados no INCT com pesquisadores desenvolvendo projetos científicos que buscam um kit de diagnóstico rápido para a doença, além de uma vacina para suínos e gatos, animais considerados os principais transmissores da doença.
A toxoplasmose é uma zoonose que afeta a saúde pública brasileira. Recentemente, em 2018, houve um surto da doença em Santa Maria (RS), com um óbito. Outra manifestação intensa do parasita ocorreu em Santa Isabel do Ivaí, no Noroeste do Paraná. O protozoário pode ser encontrado em fezes de gato e alimentos contaminados e pode causar graves complicações em gestantes e pessoas com o sistema imunológico debilitado.
As pesquisas do INCT têm foco na prevenção, daí a importância da criação de um kit rápido. Além desse esforço, os pesquisadores têm projeto para o desenvolvimento da primeira vacina brasileira contra toxoplasmose. O imunizante é utilizado em ovinos e caprinos apenas no Reino Unido, Irlanda, França e Nova Zelândia. A vacina nacional se encontra em estágio de ensaio pré-clínico. O imunizante deverá ser aplicado em gatos (que contaminam o meio ambiente por meio das fezes) e em suínos (que podem transmitir a doença pelo consumo da carne mal passada).
O coordenador do Instituto, João Luis Garcia, do Departamento de Medicina Veterinária e Preventiva (DMVP), afirma que o projeto foca na chamada Saúde Única, focando em ferramentas que possam fortalecer medidas preventivas, de forma conciliada com a sustentabilidade. O público-alvo das medidas preventivas envolve crianças e gestantes. “Outra preocupação é quanto aos animais de produção, já que a doença não pode ser constatada na inspeção sanitária”, afirma.
Por meio do INCT Toxoplasmose, a estudante Ana Clésia da Silva viajou em agosto do ano passado para os Estados Unidos, onde aprofunda pesquisas sobre a doença na Universidade Estadual da Carolina do Norte (NCSU), considerado um importante centro de pesquisa da doença.
Pesquisadores interessados ainda podem submeter seus projetos para avaliação. As propostas podem ser enviadas para o portal do Instituto.