Bovinos / Grãos / Máquinas
Captação de leite cresce pouco entre grandes laticínios e revela mudanças no perfil da produção
Ranking da Abraleite mostra aumento da produtividade por produtor, queda no número de fornecedores e investimentos bilionários para diversificação industrial.

Apesar de um crescimento modesto de apenas 0,7% na captação de leite entre os maiores laticínios do Brasil em 2024, os dados mais recentes do setor revelam importantes transformações na dinâmica da produção leiteira nacional. O volume captado por essas empresas atingiu 10,8 bilhões de litros no ano passado, o equivalente a cerca de 41% da produção formal brasileira, que somou 25,4 bilhões de litros, segundo o IBGE.
O dado integra o 28º Ranking das Maiores Empresas e Cooperativas de Laticínios do Brasil, divulgado pela Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite). Embora o índice de crescimento tenha sido inferior ao registrado em 2023 (5%), a análise mostra um cenário de maior eficiência nas propriedades leiteiras.

Foto Arnaldo Alves
Das 17 empresas participantes, 12 relataram redução no número de fornecedores em 2024, resultando em uma queda média de 2,9%. Ainda assim, a produtividade por produtor subiu 6,5%, saltando de 508 para 541 litros/dia, o que indica concentração e ganho de escala nas fazendas.
Segundo Geraldo Borges, presidente da Abraleite, os números apontam para um novo perfil de crescimento: “A redução da capacidade ociosa nas indústrias, que caiu de 32% em 2014 para 22% em 2024, impacta positivamente nos custos de produção, com efeitos diretos no preço final do leite e derivados ao consumidor”, afirma.
O vice-presidente da entidade, Roberto Jank, destaca a relevância do levantamento: “Esse ranking representa cerca de 43% da produção formal brasileira e serve como importante ferramenta para planejamento e decisões no setor”.
Líderes do ranking
No topo da lista, a Lactalis Brasil captou 2,7 bilhões de litros em 2024, alta de 1,3% em relação ao ano anterior. A empresa reduziu seu número de produtores (de 9.840 para 9.129), mas aumentou a média de captação individual de 603 para 638 litros. O Paraná é um dos principais polos da companhia, que já investiu mais de R$ 710 milhões no Estado e se prepara para novas ampliações em Londrina e Carambeí.
Outra frente de expansão da Lactalis está em Uberlândia (MG), onde a empresa destinará R$ 291 milhões até 2027 para construir uma unidade de produção de queijo prato, capaz de processar 10 milhões de litros/mês, além de ampliar sua linha de manteiga.

Foto Fernando Dias
Na segunda posição do ranking está o Grupo Piracanjuba (Laticínios Bela Vista), com captação de 1,9 bilhão de litros, crescimento expressivo de 9,5% frente a 2023. Também houve redução no número de fornecedores, mas o volume médio por produtor saltou 28%, passando de 415 para 531 litros. A empresa, que comemora 70 anos em 2024, opera com capacidade diária de 6 milhões de litros em sete fábricas e conta com financiamento do BNDES de R$ 499 milhões para uma nova unidade industrial em São Jorge d’Oeste (PR), voltada à produção de whey protein, lactose em pó, queijos e manteiga.
Na terceira colocação, a Unium, intercooperação entre Frísia, Castrolanda e Capal, captou 1,4 bilhão de litros, volume 2,6% menor que o registrado no ano anterior. Mesmo com a redução de produtores (de 872 para 746), a produtividade média saltou de 3.236 para 3.978 litros por fornecedor.
Estrutura do levantamento
Das 17 participantes do ranking, oito são cooperativas e nove, empresas privadas. Seis grandes marcas do setor, Italac, Alvoar Lácteos, Vigor (Lala), Damare, Santa Clara e Tirol, foram convidadas, mas não enviaram informações. O levantamento contou com apoio da CNA, Embrapa Gado de Leite, OCB, G100, Viva Lácteos e teve patrocínio exclusivo da ABS Brasil.
A pesquisa ajuda a dimensionar os rumos de um setor em transformação, que aposta na eficiência, na industrialização avançada e na redução de custos como caminhos para manter a competitividade em um mercado cada vez mais exigente.

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Conab anuncia medidas para apoiar produtores de leite diante da pressão nos preços
Ações incluem compra de leite em pó e distribuição social enquanto entidades do setor defendem iniciativas complementares para garantir sustentabilidade à cadeia leiteira.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou ações para ajudar os produtores de leite que têm sido impactados pela queda dos preços do produto no mercado. O encontro em Porto Alegre (RS), que reuniu autoridades dos governos federal, estadual, deputados e presidentes de associações e cooperativas ocorreu na sede da Superintendência da Conab da capital gaúcha.
O presidente da autarquia, Edegar Pretto, anunciou um aporte de R$ 106 milhões que serão destinados a sete estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Sergipe e Alagoas) visando a compra de leite em pó. No total serão adquiridas 2,5 milhões de toneladas de leite, sendo 1,1 milhão do Rio Grande do Sul, onde o material ficará armazenado na unidade da Conab, em Canoas.
Para os gaúchos, serão R$ 41,87 milhões, ou 44% do volume total da compra de leite em pó. O alvo da Conab é distribuir esse leite nas cestas básicas, cozinhas solidárias e grupos de indígenas e quilombolas, entre outros. O governo vai pagar R$ 41,89 por quilo de leite em pó.
O presidente da Associação de Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, reconheceu o esforço da Conab em auxiliar a cadeia leiteira, mas ponderou que a medida, de forma isolada, é insuficiente. “Precisamos que essa ação seja somada a outras. Que os estados produtores de leite se somem a essa ação no sentido de comprarem o produto também”, ponderou.
Tang destacou como exemplo de uma ação paralela a da Conab, a questão da tarifa antidumping para derivados lácteos dos países do Mercosul. “Alguma regulamentação sobre a importação precisa ser feita já”, pediu. Ainda avaliando a iniciativa da Conab, o dirigente reconheceu que com um número maior de retirada desse leite do mercado, talvez o preço melhore um pouco. “O que nós estamos reivindicando é que o produtor possa pelo menos cobrir o prejuízo”, ressaltou.
Tang chamou a atenção também para o momento que precisa da colaboração de todos, incluindo também indústria e varejo. “Talvez também no produto lácteo seja hora de ter lucro mais baixo ou mesmo zero para poder sobrar um pouco ao produtor para ele ficar vivo”, sugeriu.
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Embrapa apresenta protocolos para reduzir emissões na produção de leite
Práticas desenvolvidas pela pesquisa indicam caminhos para diminuir gases de efeito estufa e aumentar o sequestro de carbono na atividade leiteira brasileira.

A Embrapa desenvolveu três protocolos para reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE) e aumentar o sequestro de carbono na produção de leite. Denominados Boas práticas para a mitigação da emissão de metano dos bovinos; Boas práticas para a redução da emissão de amônia e óxido nitroso no solo; e Boas práticas de manejo de solos para acúmulo de carbono, eles são resultado de anos de pesquisa e incidem sobre os principais processos geradores de GEE da pecuária de carne e leite, como a aplicação de fertilizantes nos solos e o uso de insumos na produção de alimentos para os animais. A iniciativa representa uma contribuição concreta para a mitigação dos impactos climáticos na agropecuária.
Os protocolos, que fazem parte de um livro publicado pela Embrapa Pecuária Sudeste, vão contribuir para os objetivos de descarbonização da cadeia leiteira do País e para o atendimento da meta 13 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), de combate às mudanças climáticas.
De acordo com a pesquisadora Patrícia Perondi Anchão Oliveira, da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), a atividade leiteira é desafiadora para o produtor. A redução das emissões é mais um fator de preocupação que pecuaristas devem considerar na tomada de decisões nas propriedades para garantir a segurança alimentar das gerações futuras, com menor impacto ambiental, e atendendo ao mercado consumidor, cada vez mais exigente.
Segundo estimativas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), de 2024, ano base 2022, o setor agropecuário é responsável por 30,5% das emissões de GEE do Brasil. Dessas, 19% são de metano. Das emissões de metano, 97% são provenientes dos bovinos e, desse montante, 86% do rebanho de corte e 11% do rebanho leiteiro.
Os três protocolos desenvolvidos pela Embrapa estabelecem métodos e tecnologias que podem ser adotados nos sistemas de produção de leite para diminuir as emissões e aumentar o sequestro de carbono. Técnicos e produtores têm à disposição soluções para cooperar na garantia da sustentabilidade do Planeta. “A adoção de tecnologias adequadas para cada tipo de sistema é crucial para desenvolver uma pecuária mais resiliente, sustentável e responsável”, destaca o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt.
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Minerva Foods é a primeira indústria frigorífica de bovinos a conquistar a ISO 45001 na América do Sul
Certificação internacional em saúde e segurança ocupacional foi obtida pela unidade de José Bonifácio (SP) e reforça os padrões de segurança e gestão adotados pela companhia.

A Minerva Foods, Companhia global de alimentos que reúne as marcas Pul, Estância 92 e Cabaña Las Lilas, anuncia a conquista da certificação ISO 45001, na unidade de José Bonifácio (SP), tornando-se a primeira planta frigorífica de bovinos na América do Sul a receber esse reconhecimento internacional.
A norma estabelece os requisitos para um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional (SGSSO) e fornece orientações para o seu uso, para possibilitar que as empresas ofereçam ambientes de trabalho seguros e saudáveis, contribuindo, assim, para a prevenção de lesões e doenças relacionadas à suas atividades laborais.
Para obter a certificação, as empresas passam por um rigoroso processo de auditoria que analisa a existência de um sistema eficaz de gestão de saúde e segurança ocupacional. Isso inclui identificar perigos, avaliar riscos, determinar controles e cumprir requisitos legais, além de estabelecer uma política de Saúde e Segurança Ocupacional (SSO) com participação da liderança e dos colaboradores.
A organização deve oferecer treinamento e comunicação adequada, implementar controles operacionais, preparar-se para emergências e monitorar continuamente o desempenho por meio de inspeções, auditorias e indicadores, além de comprovar a melhoria contínua, aprimorando os processos para garantir ambientes seguros e saudáveis. “A conquista reforça os padrões de segurança adotados pela Companhia. Estamos muito orgulhosos de sermos a primeira unidade frigorífica da América do Sul a receber esse reconhecimento e seguiremos investindo em proporcionar o melhor ambiente de trabalho e segurança para nossos colaboradores”, destaca Raphael de Oliveira Roza, Gerente Global de Segurança e Saúde Ocupacional da Minerva Foods.
Além da certificação ISO 45001, a Companhia reúne uma série de reconhecimentos nacionais e internacionais que atestam a conformidade de seus ambientes de trabalho, incluindo a ISO 14001, a auditoria SMETA e o selo Great Place to Work (GPTW).



