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Câmara Setorial do Leite debate perspectivas para o setor na Expointer 2022
Situação da cadeia produtiva do leite, os gargalos da atividade e como projetar um cenário mais otimista nortearam as discussões no encontro.

Temas como a situação da cadeia produtiva do leite, os gargalos da atividade e como projetar um cenário mais otimista estiveram presentes na reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) na tarde desta quinta-feira (1º), O encontro ocorreu no auditório da Ocergs, na Expointer, e foi dividido em três partes: “Diagnóstico da Cadeia Produtiva no RS”, “Armazenamento de água e irrigação na pecuária de leite” e “Tuberculose e Brucelose”.
O professor José Tobias Machado, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR), apresentou os dados de sua tese de doutorado. Ele realizou um estudo com 110 produtores de 29 municípios sobre a permanência, fatores de desistência e de motivação para produtores seguirem na atividade. Segundo ele, o número de produtores de leite diminuiu de 250 mil em 1995 para 125 mil em 2017, de acordo com o Censo.
Entre os resultados, ele constatou que o que leva os produtores a permanecerem na atividade estão a renda mensal (68,1%), o gosto pela atividade (35,5%), como a tradição familiar, e uma alternativa produtiva (31,8%). Entre as dificuldades, a falta de mão de obra foi apontada por 48%, 68% tem problemas para identificar um sucessor e 72% têm dificuldades para encontrar tempo para o lazer. Segundo Machado, outras questões que prejudicam a atividade são a estiagem e as políticas de preços estabelecidas pelos mercados de comercialização, com variação dos preços pagos pelo leite.
Já o engenheiro agrônomo Jair Mello, gerente de suprimentos de leite da Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL) apontou o sistema base pasto como o mais resiliente para enfrentar situações difíceis como a estiagem. Mello afirma que “é preciso ações integradas entre as diversas entidades e o estado para incentivar o manejo, a correção do solo, a adubação do solo, a genética vegetal e a irrigação”.
Um dos exemplos de produção que melhorou com assistência técnica, manejo do solo e irrigação adequada foi a família Lorenzon, de Água Santa. Eles passaram de uma produção de 15 mil litros/mês em 2018 para 17.800 mil litros/mês em 2021, com um aumento de 33% na produtividade: de 18 litros/vaca/dia para 24 litros/vaca/dia. Eles receberam o primeiro lugar no prêmio Referência Leiteira, na categoria qualidade do leite, e entregue na quarta-feira (31/08) na Expointer. A premiação é organizada pela Seapdr, Emater e Sindilat.
Para Mello, o futuro da cadeia leiteira se resume em garantir a sucessão nas propriedades, profissionalização dos jovens, sistema de produção sustentável, assistência técnica e competitividade.
A médica veterinária Ana Cláudia Groff, do Programa de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal da Secretaria da Agricultura, falou da situação das duas enfermidades no Rio Grande do Sul, que impactam negativamente a cadeia produtiva do leite. Em 2021, 1,6% das propriedades foram testadas positivas para a tuberculose e no caso da brucelose, os dados de 2021 apontam que 0,73% das propriedades testaram positivas para a doença. “Os números não têm aumentado, permanecem estáveis, mas ainda temos muitas propriedades que não fazem os testes”.
O rebanho bovino gaúcho está em 287.896 propriedades, destas aproximadamente 65 mil foram declaradas de leite em 2021. Ana lembra a importância do preenchimento da Declaração Anual do Rebanho, que neste ano mudou e tem prazo até 31 de outubro. A declaração está mais completa e visa qualificar as informações sobre as propriedades rurais. Mais informações sobre a declaração acesse: Declaração Anual de Rebanho – Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural
O coordenador da Câmara Setorial do Leite, Eugênio Zanettii, da Fetag, agradeceu a participação dos representantes da Ocergs, Farsul, Sindilat, CCGL, Dieese, Fecoagro, Famurs, Gadolando, Conagro/Fiergs, Ciepel/Fiergs, Fetraf, Emater, Gado Jersey, Gadolando, Unicafes, Seapdr e produtores de leite presentes.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



