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Câmara Setorial de Trigo se reúne para debater atual conjuntura do grão e perspectivas para 2020
Neste ano, Victor Oliveira, do Moinho Paulista assume a presidência da Câmara

A cidade de Capão Bonito (SP) recebeu na terça-feira (18) a primeira reunião da Câmara Setorial de Trigo do Estado de São Paulo de 2020. O evento contou com a participação de representantes de diversos elos da cadeia produtiva do grão, para debater as estimativas do setor para a safra deste ano.
Durante a reunião foi apresentado o reporte das principais cooperativas do estado, que projetou um volume de 300 mil toneladas de trigo para a safra paulista deste ano. Essa projeção vem ao encontro do atual cenário do grão no país, tendo em vista que os estoques estão praticamente zerados e os últimos lotes foram vendidos a preços muito interessantes ao produtor.
Outro ponto de destaque foi a melhora contínua da qualidade do material produzido em São Paulo. “Registramos um aumento muito relevante quanto à qualidade do grão paulista nos últimos anos. Podemos prever que este movimento continuará sendo destaque, tendo em vista a entrada de novas variedades com bons potenciais”, pontua Nelson Montagna, antigo presidente da Câmara.
Ainda foram debatidos temas como a reativação de pesquisas realizadas pelos institutos públicos, aspecto que pode contribuir para o aumento da produção do trigo paulista, e também a solicitação de ajustes nas subvenções de seguro aos produtores e melhor adequação das janelas de plantio no estado, que estão inadequadas para a nova realidade e que necessitam de mudanças.
Na ocasião, Zak Joseph Battat, da COFCO, apresentou a conjuntura mercadológica do trigo. Entre os assuntos debatidos estavam liberação de cota de importação e a rentabilidade.
Christian Saigh, vice-presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), também participou da reunião e avaliou a situação do atual cenário. “O mercado de trigo de São Paulo é muito interessante, pois 85% da safra passa nas mãos das principais cooperativas do estado, que plantam e comercializam. É um mercado regional que vai muito bem”, afirma.
Triticale
O cultivo e a comercialização de triticale dentro do Estado de São Paulo também foi tema da reunião. “De acordo com o reporte das cooperativas, a entrada do grão no mercado ainda é lenta. Como ficamos muito tempo sem plantar, as sementes ainda não estão atualizadas geneticamente, então a expectativa para uma boa safra é apenas em 2021”, avalia Nelson Montagna.
O triticale é considerado uma espécie muito tolerante à estiagem, com boa resistência a solos ácidos, pobres e arenosos, além de ser uma cultura tolerante a temperaturas mais baixas. No setor moageiro, o grão pode ser utilizado para a elaboração de farinhas direcionadas para a produção de alguns tipos de biscoitos.
Com o novo decreto, os 18% de ICMS não serão cobrados do produtor ao longo da cadeia de processamento. Só haverá tributação o produto final processado, que utilizar triticale na sua composição.
Eleições novo presidente
À frente dos trabalhos realizados pela Câmara Setorial no ano passado, Nelson Montagna deixa o posto de presidente. “Foi um período de muito trabalho. Conseguimos grandes avanços e continuaremos trabalhando por mais melhorias”, destaca.
Em 2020, o gerente de suprimentos do Moinho Paulista, Victor Oliveira, assume a presidência e se mostra otimista para o seu mandato, mostrando que dará continuidade ao trabalho feito por Nelson. “Já faço parte da Câmara como representante de moinho de trigo há cinco anos. Vi a evolução no manejo das cultivares e na segregação do trigo. Esse trabalho de juntar os elos da cadeia entre produtor, moinho e consumidor final faz toda a diferença”, afirma.
A vice-presidência de 2020 da Câmara foi preenchida por Luiz Carlos Mariotto, da Cooperativa Agrícola de Capão Bonito (CACB).

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



