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Câmara Árabe tem novo presidente
Advogado William Adib Dib Junior assumiu a presidência da Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta última terça-feira (28) pela noite. Vice-presidente de Comércio Exterior na gestão de Osmar Chohfi e descendente de sírios, ele tem entre os planos aprimorar os serviços para empresas.

O advogado William Adib Dib Junior tomou posse nesta terça-feira (28) pela noite como presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, sucedendo o diplomata Osmar Chohfi. Sócio do escritório Dib Almeida Laguna Manssur Sociedade de Advogados (Dalm), Dib assume o mandato disposto a ampliar o legado da Câmara Árabe e dando passos similares aos do pai, William Adib Dib, que chegou a ser presidente do Conselho de Administração da instituição.

Dib ocupava a vice-presidência de Comércio Exterior da Câmara Árabe
Aumentar a esfera de influência da Câmara Árabe nos países árabes e no Brasil por meio de parceiras com órgãos dos governos, firmar novos convênios, estar presente em feiras e eventos, aprimorar os serviços às empresas e ao público, incrementar a certificação de documentos e o uso da plataforma digital de comércio exterior Ellos, oferecidos pela entidade, estão entre as metas de Dib.
“Peço a Deus sabedoria para viabilizar essas oportunidades da melhor maneira possível, para compreender os desafios a elas inerentes e para superar os obstáculos que se apresentarem ao longo do caminho”, falou Dib para as demais lideranças da Câmara Árabe em discurso da posse, após destacar a trajetória realizada pela instituição até os tempos atuais e o trabalho dos seus antecessores.
Morador de São Paulo e descendente de sírios, o advogado faz parte da terceira geração da família paterna, Dib, no Brasil, e da quarta geração da família materna, Abbud, no País. Na chegada, as duas famílias se estabeleceram no comércio. O pai de William Abid Dib Junior optou pela carreira de advogado, assim como o filho também o fez, depois de testar, por curto período, o estudo de Administração.
Formado em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), pós-graduado em Especialização em Administração para Graduados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e especialista em Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), Dib começou a trabalhar ainda antes da faculdade, na administradora de imóveis da família, onde também iniciou a experiência com o Direito.
“Fui amealhando processos e experiência para poder advogar”, disse, em entrevista à ANBA. A administradora cuidava dos imóveis da família e Dib ganhou prática com os processos do próprio negócio para depois passar a trabalhar temporariamente para o escritório do pai e sócio. Há cerca de cinco anos, Dib está na Dalm, onde é sócio com Luis Rodrigo Almeida, Thiago Laguna e Luiz Manssur. A sua área de atuação é principalmente o Direito Imobiliário Empresarial.
A família de Dib tem na sua história a dedicação ao trabalho filantrópico. O bisavô foi um dos fundadores do Lar Sírio Pró-Infância, que ampara crianças em condições de risco e vulnerabilidade social. “Meu pai sempre se orgulhou dos feitos da colônia síria, que veio para cá em uma situação completamente adversa e conseguiu realizar o que muita gente, muitas vezes com muito mais amparo, mais estudo, mais condição, não consegue”, afirma, lembrando que muitas das instituições fundadas são grandes ícones no estado e no Brasil.
Dib foi presidente da Lar Sírio Pró-Infância entre os anos de 2017 e 2020. “A ideia é a gente formar essa criançada, dar um pouco mais de base para que amanhã eles possam ascender”, afirma Dib. Ele afirma que o resultado do trabalho da instituição consiste em garantir que o garoto que está atualmente no Lar Sírio no futuro não precise colocar seu filho lá. Tal norte moveu Dib no trabalho junto à instituição.
Nas atividades que realiza na Câmara Árabe, da qual participa há cerca de 12 anos, o que move o advogado é poder propagar a cultura árabe e fomentar o relacionamento entre os países árabes e o Brasil. “Trazer a nossa cultura, os nossos valores para mais perto da nossa gente, para mais perto do País”, afirma sobre sua vontade de difundir os valores árabes no Brasil.
Na Câmara Árabe, Dib foi diretor, depois vice-presidente Administrativo e então vice-presidente de Comércio Exterior. Ele afirma que se sente honrado em ocupar a presidência. No discurso de posse, o advogado destacou a ajuda da instituição aos empresários brasileiros para estabelecerem operações em países árabes e aos árabes na conquista de parcerias no Brasil.
Ele também falou sobre a força positiva de diálogo entre os governos das duas regiões que a Câmara Árabe se tornou e as contribuições para vencer disrupções na relação comercial. “Esta entidade testemunhou e contribuiu com a surpreendente evolução do comércio entre o Brasil e os países árabes, de pouco mais de US$ 4 bilhões em 1989 até o recorde alcançado no ano passado, superior a US$ 33 bilhões”, disse. Citando o movimento de investimento brasileiro no mundo árabe e vice-versa, Dib afirmou que o cenário do relacionamento Brasil- Países Árabes se mostra próspero.
William Adib Dib Junior, 55 anos, é casado com Maria Cristina Dellivenneri Manssur Dib e pai de três filhos: William Adib Dib Neto, Roberto Manssur Dib e Gabriel Manssur Dib. Assim como a convivência com a comunidade árabe de São Paulo foi um combustível para ele próprio conservar a cultura árabe na sua vida, hoje também é o que alimenta os laços da sua família com a Síria.
O advogado assumiu a presidência da Câmara Árabe em solenidade conduzida pelo presidente do Conselho Superior de Administração da instituição, Marcelo Sallum. “Que essa nova gestão, liderada pelo William, seja marcada por avanços significativos e pela valorização dos princípios que sustentam a nossa entidade”, disse Sallum para o novo presidente e aos demais presentes na reunião.
Dib estará à frente da Câmara Árabe acompanhado por Nahid Chicani como vice-presidente Administrativo, Daniel Hannun como vice-presidente de Comércio Exterior, Silvia Antibas na vice-presidência de Comunicação e Marketing, Mohamad Abdouni Neto como tesoureiro e Mohamad Orra Mourad, que também é secretário-geral, na vice-presidência de Relações Internacionais. A gestão também será acompanhada por um quadro de diretores estatutários.

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Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável
Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.
Solos mais saudáveis e produtivos
Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.
Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.
Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.
A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).
O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.
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Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio
Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.
Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.
Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.
Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”
Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.
Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.
Marco jurídico recente
Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.
Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.
Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.
Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu
A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.
Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.
Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.
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Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30
Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.
Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.
Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.
A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.



