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Câmara Árabe Brasileira chega aos 71 anos em transformação

Presidente da instituição, o diplomata Osmar Chohfi relembra os primeiros anos da entidade e conta sobre os projetos inovadores em andamento, que envolvem digitalização do comércio, produção halal e startups.

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Diplomata e presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Osmar Chohfi - Foto: Divulgação/Câmara Árabe

A Câmara de Comércio Árabe Brasileira completou, no último domingo (02), 71 anos de história, transformando-se e inovando. Estando atualmente na liderança desta instituição, orgulho-me de dizer que aquela Câmara Árabe, que em 1952 foi criada para unir árabes e brasileiros por meio do comércio e da cooperação empresarial, segue cumprindo sua missão por remodelados e inovadores caminhos.

Na década de 1950, quando o comércio bilateral Brasil-Países Árabes ainda era incipiente, o estabelecimento desta Câmara Árabe por imigrantes árabes e seus descendentes, incluindo meus familiares, foi uma atitude visionária. Agora em novos tempos, mas com o mesmo espírito deles, mantemos esta instituição em pé tecendo laços de negócios cada vez mais fortes e avançados com os árabes.

O começo desses 71 anos de história foi feito de ações que eram ousadas para a época. Levar empresários brasileiros em delegações a negócios ao mundo árabe era um feito, assim como era de causar admiração a presença de companhias brasileiras em feiras no lado oriental do mundo. Não demorou muito e a Câmara Árabe já era referência nessa rota comercial para empresários e autoridades daqui e de lá.

Nessas décadas todas de Câmara Árabe foram incontáveis os encontros com autoridades árabes e brasileiras, assim como o acompanhamento de delegações oficiais, as participações em feiras, a organização de missões empresariais, as rodadas de negócios que aproximaram árabes e brasileiros, a nossa presença em púlpitos Brasil afora e no mundo árabe para proclamar a importância e a potência dessa relação.

Brasil e mundo árabe se complementam estrategicamente e por isso estamos aqui estabelecidos como Câmara Árabe. Nossa trajetória comprovou essa complementaridade. Como exemplo realço que os países árabes são eficientes produtores de fertilizantes e o Brasil é uma potência na agricultura e na pecuária. Ter o fertilizante árabe por aqui significa mais alimentos para o mundo, e o Brasil é parceiro significativo para a segurança alimentar no mundo árabe.

Só nos anos mais recentes há muitos exemplos de onde Brasil e países árabes se encontram. O investimento árabe chegou na nossa produção de carne bovina. Fizemos doações em função das tragédias que afetaram alguns países árabes. Recebemos donativos árabes para projetos sociais do Brasil. Levamos aos árabes nossa expertise na agricultura. Nossos governos pleitearam por causas de bem comum no G20, nas Nações Unidas e em outras instâncias. Com diferentes acordos, reduzimos tarifas e liberamos o comércio em favor de um melhor acesso a produtos aqui e lá, bem como incentivamos investimentos recíprocos.

Como um dos sustentáculos e uma grande provocadora dessa relação, a Câmara Árabe se adapta e se reinventa aos novos tempos, em que o comércio internacional pede mais agilidade, menos custos, parcerias ininterruptas e produtos mais avançados, seguros e produzidos com ética e sustentabilidade. Criamos uma importante plataforma, a Ellos, que usa blockchain e leva para o digital o processo de comércio exterior, encurtando tempo e custos. Na exportação com a Jordânia, o papel já foi dispensado e o mesmo acontecerá em breve no comércio com o Egito e com outros países árabes.

Seguimos firmes ajudando empresas na promoção comercial, mas agora também de forma online. Criamos um laboratório de inovação chamado CCAB Lab, por meio do qual aproximamos os ecossistemas do Brasil e dos países árabes, levando startups brasileiras ao Oriente Médio e ao Norte da África. Abrimos escritórios nos Emirados Árabes Unidos e no Egito, e lançaremos em breve na Arábia Saudita, encurtando distâncias para que empresas árabes e brasileiras se aproximem.

Estamos levando adiante, com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o Projeto Halal do Brasil, por meio do qual queremos transformar novas empresas brasileiras de alimentos em fornecedoras dos países muçulmanos, trazendo mais renda e oportunidades para nosso País e suprindo as nações islâmicas com os produtos que demandam. Produzir halal significa produzir com sustentabilidade e padrões de qualidade.

Essas são apenas algumas iniciativas dos últimos anos na direção de um comércio mais efetivo e profícuo. Também temos estado em muitas outras frentes, como na promoção da cooperação esportiva, no fomento ao intercâmbio cultural, no incentivo à manutenção dos laços imigratórios e ao estreitamento das relações dos países irmãos da América do Sul com as nações árabes.

No mundo em evolução, as sociedades definem novas prioridades e a Câmara Árabe encontra novos caminhos para cumprir sua missão. Um exemplo disso foi nossa presença na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP27, no Egito, que faz parte da nossa adesão aos princípios de ESG (governança ambiental, social e corporativa). Assim, aos 71 anos, estamos aqui para muitos anos mais e novos desafios. Obrigado a todos que confiam em nossa Câmara e são parceiros no nosso propósito.

Fonte: Por Osmar Chohfi, diplomata e presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira

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Comunicação e Marketing como mola propulsora do consumo de carne suína no Brasil

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas.

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Foto: Claudio Pazetto

Artigo escrito por Felipe Ceolin, médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, com especialização em Qualidade de Alimentos, em Gestão Comercial e em Marketing, e atual diretor comercial da Agência Comunica Agro.

O mercado da carne suína vive no Brasil um momento transição. A proteína, antes limitada por barreiras culturais e mitos relacionados à saúde, vem conquistando espaço na mesa do consumidor.

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas. Estudos recentes revelam que o brasileiro passou a reconhecer características como sabor, valor nutricional e versatilidade da carne suína, demonstrando uma mudança clara no comportamento de compra e consumo. É nesse cenário que o marketing se transforma em importante aliado da cadeia produtiva.

Foto: Shutterstock

Reposicionar para crescer

Para aumentar a participação na mesa das famílias é preciso comunicar aquilo que o consumidor precisava ouvir:
— que é uma carne segura,
— rica em nutrientes,
— competitiva em preço,
— e extremamente versátil na culinária.

Campanhas educativas, conteúdos informativos e a presença mais forte nas mídias sociais têm ajudado a construir essa nova imagem. Quando o consumidor entende o produto, ele compra com mais confiança – e essa confiança só existe quando existe uma comunicação clara e alinhada as suas expectativas.

O marketing não apenas divulga, ele conecta. Ao simplificar informações técnicas, aproximar o produtor do consumidor e mostrar maneiras práticas de preparo, a comunicação se torna um instrumento de transformação cultural.

Apresentar novos cortes, propor receitas, explicar processos de qualidade, destacar certificações e reforçar a rastreabilidade são estratégias que aumentam a percepção de valor e, consequentemente, estimulam o consumo.

Digital: o novo campo do agro

As redes sociais se tornaram o “supermercado digital” do consumidor moderno. Ali ele busca receitas, tira dúvidas, avalia produtos e

Foto: Divulgação/Pexels

compartilha experiências.
Indústrias, cooperativas e associações que investem em presença digital tornam-se mais competitivas e ampliam sua capacidade de influenciar preferências.

Vídeos curtos, reels com receitas simples, influenciadores culinários e campanhas segmentadas têm desempenhado papel fundamental na aproximação com o consumidor urbano, historicamente mais distante da realidade da cadeia produtiva e do campo.

Promoções e estratégias de varejo

Além do ambiente digital, o ponto de venda continua sendo o território decisivo da conversão. Embalagens mais atrativas, materiais explicativos, promoções e ações conjuntas com o varejo aumentam a visibilidade e reduzem a insegurança de quem tomando decisão na frente da gondola.

Marketing como elo da cadeia produtiva

A cadeia de carne suína brasileira é altamente tecnificada, sustentável e reconhecida, mas essa excelência precisa ser comunicada. O marketing tem o papel de unir elos – do campo ao consumidor – e transformar conhecimento técnico em mensagens simples e que engajam.

Fonte: O Presente Rural com Felipe Ceolin
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Expandir sem desmatar: a lógica econômica que vai muito além do discurso

Recuperar áreas degradadas e investir em produtividade sustentável é hoje o caminho mais rentável e estratégico para o agro brasileiro crescer sem comprometer o meio ambiente.

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Foto: Juliana Sussai

Dias atrás reli um artigo do pesquisador da Embrapa e membro do Conselho Científico Agro Sustentável, Décio Luiz Gazzoni, sobre a expansão agrícola sem desmatamento. O texto, publicado em 2023, ainda é muito atual e me fez refletir novamente sobre algo que sempre defendo: a sustentabilidade não é apenas uma exigência ambiental, é uma decisão econômica inteligente.

Como economista e alguém que acompanha o agro de perto, inclusive viajando para conhecer iniciativas em diferentes países, vejo com muita clareza o que Gazzoni já apontava: a grande fronteira do crescimento brasileiro está dentro das áreas já abertas, principalmente nas pastagens degradadas.

Artigo escrito por Fábio Torquato, economista, formado em Relações Internacionais e fundador da AgroTravel – Foto: Divulgação/AgroTravel

E os números mais recentes reforçam essa visão. Estudos da Embrapa, publicados na revista internacional Land, indicam que o Brasil possui cerca de 27,7 milhões de hectares de pastagens degradadas. Isso significa que temos uma área gigantesca pronta para ser recuperada e incorporada à produção, sem a necessidade de avançar sobre novos biomas.

Além disso, durante a COP29, que aconteceu ano passado em Baku, no Azerbaijão, o Brasil lançou o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), que prevê US$ 120 bilhões em investimentos nos próximos dez anos para recuperar 40 milhões de hectares. O número do programa é maior do que o estimado pela Embrapa porque considera áreas em diferentes graus de degradação, aptas para conversão produtiva ao longo dos anos.

Do ponto de vista econômico, é um movimento que faz todo o sentido. Segundo o Broto Notícias, o custo de recuperação de uma pastagem varia de R$ 6 mil a R$ 30 mil por hectare, dependendo do nível de degradação, tipo de solo e métodos adotados. Parece caro? Talvez à primeira vista. Mas quando olhamos para o retorno — aumento de produtividade por hectare, redução de custos operacionais e acesso a mercados premium que pagam mais por produtos rastreáveis e sustentáveis — a conta fecha rapidamente.

Vi isso acontecer em fazendas que visitei em viagens técnicas com a AgroTravel ao redor do mundo.

Como bem lembra Gazzoni, o produtor brasileiro já tem tecnologia e conhecimento para fazer essa virada. O que falta, muitas vezes, é entender que sustentabilidade é investimento, e não custo. E agora, com bilhões de dólares disponíveis em crédito via BNDES, Banco do Brasil e fundos internacionais, esse argumento fica ainda mais forte.

Estamos acompanhando os trabalhos da COP30, que este ano acontece no Brasil, e o mundo inteiro está olhando para nosso país. A oportunidade está escancarada: quem se antecipar, quem enxergar a recuperação de pastagens como um ativo estratégico, vai liderar o agro brasileiro do futuro.

Sempre digo nos grupos que acompanham as viagens da AgroTravel: o futuro do agro não está em abrir novas áreas, mas em transformar cada hectare já aberto em um ativo de alta performance. O artigo de Gazzoni só reforçou o que vejo na prática. E, como economista, reafirmo: essa é a equação mais inteligente que já tivemos nas mãos.

Fonte: Assessoria AgroTravel
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Meio ambiente e cooperativismo

Movimento econômico e social baseado em valores éticos e solidários, o cooperativismo reafirma, em tempos de COP 30, seu papel essencial na construção de um futuro sustentável, unindo produção, preservação e desenvolvimento coletivo.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

As cooperativas representam o mais elevado estágio da organização humana em torno de valores éticos, solidários e sustentáveis. Elas não existem apenas para gerar resultados econômicos, mas para promover o desenvolvimento coletivo em harmonia com o meio ambiente e com as comunidades em que atuam. Por essência e por princípios universais, o cooperativismo defende a preservação da natureza, a gestão responsável dos recursos e o equilíbrio entre produção e sustentabilidade. Esse compromisso ambiental não é um apêndice, mas uma convicção enraizada na própria identidade cooperativista.

Artigo escrito por Vanir Zanatta, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC).

Em tempos de COP 30 é essencial lembrar que, nas cooperativas, cada decisão administrativa, cada projeto de ampliação e cada investimento em unidades industriais, agrícolas, logísticas ou administrativas é precedido por uma análise criteriosa dos impactos ambientais. O crescimento não se mede apenas em números, mas também na capacidade de reduzir emissões, otimizar o uso da água, reciclar resíduos e proteger a biodiversidade. É essa consciência prática e constante que diferencia o cooperativismo das demais formas de organização econômica. Ele entende que não há prosperidade possível em um planeta degradado, nem futuro para a economia sem o equilíbrio ambiental.

As cooperativas são parceiras leais do Poder Público na implementação de políticas voltadas ao meio ambiente. Estão sempre presentes em programas de reflorestamento, saneamento básico, manejo de resíduos, recuperação de nascentes e educação ambiental. Mas sua contribuição vai além da sustentabilidade ecológica — elas também participam ativamente de ações que promovem segurança, educação, cultura e mobilidade urbana, compreendendo que a proteção ambiental é inseparável da qualidade de vida e do bem-estar social. Onde há uma cooperativa, há compromisso com o futuro coletivo.

Essas instituições agem com coerência e exemplo, estimulando a cidadania e o senso de responsabilidade em seus empregados, cooperados, clientes e comunidades. Elas ensinam, pelo exemplo, que o progresso verdadeiro não nasce da exploração desenfreada, mas da gestão equilibrada e consciente dos recursos. O cooperativismo forma cidadãos engajados, capazes de compreender que o planeta é uma herança comum e que sua preservação é um dever de todos.

A defesa do meio ambiente é, portanto, um desdobramento natural dos princípios cooperativistas — entre eles, o interesse pela comunidade, a responsabilidade social e a intercooperação. Cada árvore preservada, cada solo recuperado e cada nascente protegida são expressões concretas de uma filosofia que valoriza a vida. As cooperativas não esperam por imposições legais ou incentivos externos para agir: elas o fazem porque acreditam que sua missão é cuidar das pessoas e do mundo em que elas vivem.

O cooperativismo é, por natureza, o caminho da sustentabilidade. Ele demonstra, todos os dias, que é possível crescer produzindo, prosperar preservando e inovar sem destruir. Em tempos de mudanças climáticas e desafios globais, as cooperativas reafirmam sua vocação de construir um mundo melhor, mais justo e solidário. Elas provam, com ações e resultados, que a economia pode — e deve — caminhar de mãos dadas com o meio ambiente. Essa é a essência do cooperativismo: servir, preservar e transformar.

Fonte: Artigo escrito por Vanir Zanatta, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC).
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