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Calor e seca acima da média em junho exigem atenção redobrada de produtores rurais em todo Brasil
Condições adversas podem acelerar o ciclo das culturas e reduzir a formação de grãos. Técnicas como cobertura do solo, uso de bioestimulantes e adubação foliar são recomendadas para mitigar os efeitos do estresse hídrico e térmico.

O mês de junho, tradicionalmente um dos períodos mais frios e secos do ano no Centro-sul do Brasil, conta com previsões atípicas 2025: temperaturas acima da média e chuvas abaixo do normal em grande parte do país, e principalmente na região, segundo a Climatempo.
O cenário exige atenção especial de produtores rurais, especialmente aqueles que estão na fase final da safrinha de milho, no início do ciclo do trigo ou finalizando cultivos de algodão e feijão. “A falta de umidade no solo combinada com o calor atípico para essa época do ano pode provocar uma série de desequilíbrios fisiológicos nas plantas, como aceleração do ciclo e redução na formação de grãos”, explica a engenheira agrônoma Carina Cardoso.
O impacto tende a ser mais severo no Centro-Oeste, onde o volume de chuva previsto para junho é inferior a 15 mm. No Sudeste e Sul, regiões onde o trigo começa a ganhar espaço, o solo seco pode prejudicar a germinação. No Nordeste e Norte, o calor acima do normal aumenta a evapotranspiração, exigindo mais irrigação das lavouras em um momento em que o lençol freático já está comprometido.
Segundo Carina, algumas práticas podem reduzir os efeitos negativos das condições adversas. “É essencial que o produtor utilize coberturas vegetais ou palhada para proteger o solo, reduzir a temperatura e conservar a umidade”, recomenda. “Outra estratégia importante é o uso de bioestimulantes e aminoácidos para aumentar a tolerância das plantas ao estresse hídrico e térmico. Isso favorece o enchimento dos grãos e a formação de estruturas reprodutivas mesmo em ambientes limitantes”, completa.
A profissional comenta que, além das práticas já citadas, a adubação foliar por meio de fórmulas especiais com micronutrientes pode ser uma aliada e deve ser adotada estrategicamente com outras táticas de manejo. “Elementos como boro, manganês e zinco contribuem para o equilíbrio hormonal e a resistência das plantas ao estresse ambiental. Quando aplicados estrategicamente, ajudam a planta a manter o metabolismo ativo mesmo em condições desfavoráveis”, menciona.
Para as regiões que contam com infraestrutura de irrigação, a recomendação da agrônoma é racionalizar o uso da água. “Priorize áreas em fase reprodutiva e ajuste o horário de irrigação para evitar perdas por evaporação. Evite irrigar no meio do dia e foque em sistemas de monitoramento da umidade do solo para tomar decisões com base em dados”, expõe.
A aceleração dos ciclos, causada por temperaturas mais altas, pode comprometer o peso dos grãos, reduzir a qualidade das fibras do algodão e afetar a colheita mecanizada. Por isso, Carina reforça que o monitoramento climático em tempo real e a adoção de práticas sustentáveis são indispensáveis neste mês. “O clima está cada vez mais instável. O produtor precisa estar tecnicamente preparado para responder com agilidade, sem comprometer a rentabilidade. O manejo correto, com uso de tecnologias acessíveis como nutrição balanceada e bioinsumos, é o melhor caminho para manter a produtividade mesmo com adversidades”, salienta.

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Tecnologia e descontos movimentam Dia de Campo da C.Vale
Colhedoras, drones e tratores chamam atenção dos visitantes em Palotina enquanto a cooperativa oferece promoções e negociações de grãos por insumos para a safra 2025/26 e futuras temporadas.

Colhedoras de forragem de alto rendimento, drones e equipamentos autopropelidos para pulverização chamaram atenção na segunda etapa do Dia de Campo da C.Vale, em Palotina, nesta quarta-feira (03). Máquinas, implementos e tecnologias agrícolas atraíram visitantes de todas as idades.
Entre os destaques, um trator Claas Xeron 5000 impressiona pelo tamanho e pela potência: com 530 cv e oito pneus, é indicado para grandes áreas e traz cabine equipada com monitores e comandos eletrônicos.
A “Black Friday” ofereceu descontos de até 70% em produtos como pequenas máquinas, pneus, peças, aeradores e geradores. Além disso, a cooperativa mantém campanha de negociação de grãos por insumos, contemplando a safra 2025/26 de soja, a safrinha 2026/26 de milho e a temporada 2026/27 de soja.
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Crianças exploram novidades e interagem com máquinas no Dia de Campo da C.Vale
Espaço Kids, atrações interativas e programas como Cooperjovem garantem diversão e aprendizado no campo experimental da cooperativa.

Nem mesmo o calor afastou as crianças do Dia de Campo da C.Vale. No campo experimental da cooperativa, o que chama atenção são as máquinas, as plantas e o colorido dos estandes. Muitos pequenos se arriscam a “pilotar” os equipamentos, posam com mascotes e chegam bem pertinho de aviões agrícolas e quadriciclos, matando a curiosidade de perto.
Entre as novidades está o Espaço Kids, com brinquedos e atividades interativas, que garante diversão para todas as idades. O Núcleo Jovem também marca presença com jogos e palestras sobre sucessão no campo, despertando o interesse dos futuros produtores.
Ao longo de 2025, cerca de 500 crianças que participaram do Cooperjovem estão aproveitando o evento acompanhadas por monitores. Outro grupo que chamou atenção veio do programa Bombeiros Mirins e circula uniformizado com roupas marrom e vermelho.
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Bioinsumos produzidos na propriedade ganham peso estratégico e ampliam autonomia do agricultor, aponta ABBINS
Prática, regulamentada desde 2009, é segura, aceita internacionalmente e estimulou a formação de novos segmentos industriais no Brasil.

A discussão sobre a produção de bioinsumos dentro das próprias fazendas, tema reacendido após a sanção da Lei nº 15.070/2024, a chamada Lei de Bioinsumos, não é novidade para o agro brasileiro. É o que afirma o diretor-executivo da Associação Brasileira de Bioinsumos (ABBINS), Reginaldo Minaré, que destaca que a prática já é reconhecida legalmente há 16 anos e operada com sucesso por produtores de todo o país.
Segundo Minaré, o marco inicial ocorreu em 2009, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou o Decreto nº 6.913, autorizando agricultores a produzir bioinsumos para uso próprio sem necessidade de registro, desde que fossem produtos aprovados para a agricultura orgânica. “Temos 16 anos de experiência de sucesso. Essa prática, inclusive, liderou a ampliação do uso de bioinsumos no Brasil”, afirma.
Questionado sobre eventuais resistências técnicas ou regulatórias em 2009 por parte de órgãos como Embrapa, Anvisa, Ibama ou Ministério da Agricultura, Minaré é categórico: “Nenhum órgão se manifestou contra ou apresentou objeção”, recordando que o decreto foi assinado também pelos ministros da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente e, antes disso, passou por análise das equipes técnicas de cada pasta e da Casa Civil.

Diretor-executivo da Associação Brasileira de Bioinsumos (ABBINS), Reginaldo Minaré: “Tudo isso foi feito com muito sucesso e sem nenhum registro de problema em exportações”
Ao longo dos anos, segundo o diretor, o próprio governo federal estimulou a prática. O Ministério da Agricultura incluiu, em vários Planos Safra, linhas de financiamento para unidades de produção de bioinsumos nas propriedades rurais. O BNDES, por meio do RenovAgro, também passou a listar a produção para uso próprio como empreendimento financiável. “Tudo isso foi feito com muito sucesso e sem nenhum registro de problema em exportações”, afirma. “Produtos tratados com bioinsumos, seja produzido na fazenda, seja industrial, são amplamente aceitos pelo mercado internacional”, enfatizou.
Uso próprio fortalece e não enfraquece setor industrial
Outro ponto defendido por Minaré é que a produção na propriedade rural não reduz espaço para a indústria, como argumentam setores contrários ao modelo. Para ele, ocorreu justamente o contrário. “A produção de bioinsumos para uso próprio trouxe um estímulo enorme para a instalação de novas indústrias nacionais”, diz.
Ele afirma que, por décadas, o mercado de insumos agrícolas no Brasil permaneceu hiperconcentrado, e que o movimento puxado pelos agricultores abriu demanda para novos segmentos.
Entre os setores movimentados pela prática, Minaré cita a oferta de inóculos, meios de cultura, biorreatores e serviços técnicos especializados espalhados pelo interior. “Criou-se uma cadeia inteira que não existia”, resume.
Prática é comum em diversos países
Minaré também rejeita a tese de que o modelo brasileiro seria uma exceção mundial. Ele afirma que a produção de bioinsumos na fazenda ocorre em diferentes países. Entre os exemplos citados estão Áustria, Inglaterra, Japão, México e os estados de Missouri e Ohio, nos Estados Unidos.
Na Áustria, diz ele, há empresas que fornecem misturas microbianas de alta densidade para que agricultores multipliquem os microrganismos em suas propriedades. Nos EUA, empresas entregam tanto a cultura mãe quanto o meio de cultura e até tanques fermentadores de mil litros. O México, por sua vez, publica manuais oficiais orientando agricultores a produzirem bioinsumos, inclusive a partir de microrganismos coletados diretamente na natureza. “Em todos esses países, assim como no Brasil, a produção para uso próprio acontece de forma segura e eficiente”, reforça o diretor da ABBINS.
Prática consolidada e sem histórico de riscos
A avaliação de Minaré é que o debate atual precisa ser contextualizado pela experiência acumulada. “Não temos problemas. Temos, sim, muitos benefícios”, salienta.
Para ele, a prática já está consolidada como ferramenta que reduz custos, diversifica a oferta tecnológica e amplia a autonomia dos agricultores, além de estimular o desenvolvimento industrial e científico no setor de bioinsumos.







