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Cadeia suína sobrevive à crise?
Redução no preço de algumas commodities, como soja e milho, ocorrido nos primeiros meses de 2023 foram fundamentais para a sobrevivência da cadeia.

A presidente da Comissão Técnica de Suinocultura da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Deborah de Geus acredita em um rearranjo nos cenários nacional e mundial. A redução no preço de algumas commodities, como soja e milho, ocorrido nos primeiros meses de 2023 foram fundamentais para a sobrevivência da cadeia, que já vem enfrentando a maior crise que o setor já passou e ainda perdura.

Presidente da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep, Deborah de Geus: “Temos resultados iguais e até melhores que grandes países produtores como os Estados Unidos, Canadá e Europa. Porém, eles têm tecnologias e equipamentos superiores” – Foto: Divulgação
De acordo com Deborah, o xis da questão é a oferta e demanda, que vêm impactando o preço de mercado. “Ao mesmo tempo que vemos o Brasil promissor devido à redução dos planteis mundiais, em contrapartida, há uma recessão econômica mundial, que inclui o nosso país. Não podemos desconsiderar a concorrência entre as proteínas”, avalia.
O setor de aves, com a questão da Influenza aviária, poderá reter um volume que pode impactar as exportações e, consequentemente, aumentar a oferta no mercado, reduzindo significativamente o preço de venda.
Assim como o setor de bovinos vem sofrendo e reduzindo o número de matrizes. “São uma série de fatores que temos que avaliar”, pontua.
Impactos da crise
A crise prolongada na suinocultura teve um impacto significativo na cadeia produtiva no Paraná, desencadeada em rearranjos importantes no setor. Diante das dificuldades enfrentadas pelos produtores independentes, Deborah diz que muitos deles optaram por migrar para o sistema de integração, que se tornou a única alternativa viável para manter suas atividades.
O sistema de integração é uma modalidade de produção em que os produtores independentes se vinculam a grandes agroindústrias ou empresas integradas. Nesse modelo, os produtores fornecem sua produção para a empresa, seguindo padrões e diretrizes pré-estabelecidas por ela. Essa parceria traz diversos benefícios, como o acesso a insumos, tecnologias e assistência técnica, além de proporcionar maior segurança e estabilidade financeira.
A migração para o sistema de integração permitiu que muitos suinocultores enfrentassem uma crise de maneira mais estruturada, com melhor gestão dos riscos e uma maior possibilidade de escoamento da produção. Além disso, as agroindústrias também foram beneficiadas, pois garantiram o fornecimento contínuo de matéria-prima para suas atividades industriais.
Oportunidade
O status do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação pode representar uma oportunidade significativa para acolher a suinocultura e superar a crise atual. Deborah enfatiza que, quando o mercado global recuperar a demanda, muitos países exigirão esse preenchimento sanitário como requisito para importação, o que geralmente resulta em uma remuneração mais favorável. Com uma cadeia de suínos cada vez mais dominada pela agroindústria e a presença de importantes plantas frigoríficas habilitadas para exportação, a oferta de carne no mercado interno diminuirá, o que provavelmente levará a um aumento nos preços.
Nesse contexto, o fato de o Paraná estar livre de febre aftosa sem vacinação é um diferencial competitivo, pois permitirá que os produtores e agroindústrias do estado acessem mercados mais exigentes e lucrativos no exterior. A exportação de carne suína com alto padrão sanitário e de qualidade certificada pode sustentar os negócios e melhorar a rentabilidade da cadeia produtiva como um todo.
Além disso, uma redução do volume de carne disponível no mercado interno, devido ao redirecionamento para exportação, pode levar a uma valorização do produto no cenário local. Isso significa que os suinocultores e empresas integradas poderão obter melhores preços por sua produção, o que, por sua vez, ajudar a aliviar os efeitos da crise e criar um ambiente mais propício para o crescimento e desenvolvimento do setor.
Contudo, é importante ressaltar que a manutenção do status sanitário depende da colaboração estreita entre as autoridades, os produtores e a indústria. Investimentos em medidas de biossegurança, aprimoramento das práticas de manejo e rastreabilidade são fundamentais para garantir a sanidade do rebanho suíno e as continuidades das vantagens competitivas advindas desse status, que pode ser um importante catalisador para a recuperação da suinocultura, proporcionando novas oportunidades comerciais, incentivo na remuneração e fortalecimento da posição do estado no mercado nacional e internacional de carne suína.
Medidas adicionais
Conforme Deborah, para mitigar a crise na suinocultura, existem algumas medidas adicionais que podem ser adotadas, tais como incluir carne suína nas merendas escolares. “Hoje, é a única proteína animal não incluída neste projeto”, afirma a técnica.
Outra medida seria o setor ter incentivos para importar materiais e equipamentos que permitam ser mais competitivos. “Temos resultados iguais e até melhores que grandes países produtores como os Estados Unidos, Canadá e Europa. Porém, eles têm tecnologias e equipamentos superiores. Nós já evoluímos, mas ainda temos espaço para melhorarmos”, ressalta.

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STF suspende julgamento da Moratória da Soja e mantém paralisação nacional de processos
Com pedido de vista de Dias Toffoli, segue válida a liminar de Flávio Dino que congelou ações na Justiça e no Cade, enquanto especialistas destacam impacto do caso na segurança jurídica do agro.

O Supremo Tribunal Federal suspendeu o julgamento que analisava a liminar concedida pelo ministro Flávio Dino que determinou a suspensão nacional de todos os processos que discutem a validade da Moratória da Soja na Justiça e no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Até o momento, há quatro votos para confirmar a paralisação das ações. A análise ocorre no plenário virtual desde a última sexta-feira (14) e estava prevista para terminar na próxima terça-feira (25). O pedido de vista foi do ministro Dias Toffoli, e até que o processo volte à pauta a medida segue válida.
O advogado Frederico Favacho afirma que é positiva a decisão de Flávio Dino, por reconhecer que a Moratória da Soja é legal. “Esse é o ponto mais importante de toda a controvérsia”, entende.
A Moratória da Soja é um acordo voluntário entre tradings que comercializam grãos, no qual se comprometem a não comprar soja de áreas desmatadas na Amazônia após julho de 2008. O STF julga uma ação ajuízada pelo PcdoB, PSOL, PV e Rede. As legendas pedem a suspensão de lei do estado de Mato Grosso que proíbe a concessão de benefícios fiscais para empresa que assinaram o acordo.
Em dezembro do ano passado, Flávio Dino atendeu ao pedido dos partidos e suspendeu a lei de forma liminar. Em abril deste ano, ele reconsiderou a decisão, estabelecendo que a norma passaria a valer a partir de 1º de janeiro de 2026.
Em 05 de novembro, Flavio Dino determinou a suspensão nacional de todos os processos, inclusive os que investigam possível formação de cartel no Cade. Afirmou não considerar adequado, em respeito ao princípio da segurança jurídica, permitir que o debate sobre a Moratória da Soja prossiga nas instâncias ordinárias jurisdicionais ou administrativas, diante da possibilidade de serem proferidas decisões conflitantes e em desacordo com o entendimento a ser fixado pelo STF. “No mesmo voto, Flávio Dino também reconhece o direito de os entes federativos estabelecerem as regras para concessão dos benefícios fiscais, o que, na prática, implicaria em os Estados poderem retirar os benefícios das empresas signatárias, o que continua sendo discutível na esfera infraconstitucional em relação a forma, razoabilidade e outros quesitos”, diz Favacho, complementando: “De toda forma, isso vem num momento importante, quando o mundo todo está de olhos voltados para as boas práticas ambientais do agronegócio brasileiro”.
Notícias Com mais de 200 casos no anoA Agência de
Paraná reforça ações contra a raiva após avanço de casos em animais de produção
Órgãos estaduais discutem ações conjuntas, reforçam controle de morcegos hematófagos e recomendam vacinação em todo o território paranaense.

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) promoveu uma ação de combate e prevenção contra a raiva durante a 21ª Expovale nesta semana em Ivaiporã, município do Vale do Ivaí. A primeira oficina sobre o impacto da raiva no contexto da Saúde Única foi uma atividade respaldada pelo Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros, que é executado pela agência no Estado. Na ocasião, foram abordados assuntos como o monitoramento de abrigos de morcegos hematófagos e investigação de casos suspeitos.
Considerada uma das doenças de maior importância em Saúde Pública, a raiva permanece como uma das zoonoses mais letais, com grandes impactos econômicos, sociais e sanitários. Quando abordada à ótica da Saúde Única, que engloba a saúde humana, a saúde animal e o meio ambiente, o controle depende de uma atuação integrada entre diversos setores públicos.
O chefe do Departamento de Saúde Animal, da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, alerta sobre a ameaça da zoonose e chama atenção sobre os números da doença no Estado. “O vírus da raiva é transmitido por um tipo de morcego hematófago e pode ser letal para os animas e para os humanos”, explica. “Os casos comprovados da doença em herbívoros no Paraná durante o último ano chegaram a 258. Em 2025, foram investigados mais de 400, destes, 218 casos confirmados até agora”.
A doença circula tanto em territórios urbanos, onde cães e gatos são os principais transmissores, quanto no em ambientes rurais, territórios em que os morcegos hematófagos são os principais reservatórios e responsáveis pela transmissão aos animais de produção. Diante desse cenário, foi realizada a oficina, unindo o órgão de defesa agropecuária do Estado do Paraná e a 22ª Regional de Saúde.
Durante a oficina, a Adapar falou sobre o grupo de animais de produção que é mais afetado pela doença, composto por bovinos, equinos, pequenos ruminantes e suínos e trouxe para discussão ações cruciais para o controle e prevenção da raiva, atuando diretamente no ciclo rural.
Prevenção
A autarquia realiza o cadastramento e o monitoramento dos abrigos de morcegos hematófagos – controle da espécie Desmodus rotundus –, investiga casos suspeitos em herbívoros com coleta de material e executa ações em focos de raiva. Além disso, são desenvolvidas atividades de educação sanitária, como a identificação dos morcegos hematófagos, o reconhecimento dos sinais clínicos da doença nos animais e como realizar a notificação.
Também foi apresentado o recente foco de raiva registrado em um bovino no município de Pitanga, na região Central do Estado, e as medidas adotadas pela agência.
Vacinação
A vacina contra a raiva tem baixo custo, pode ser aplicada pelo próprio produtor e deve ser dada anualmente. A vacinação preventiva é a melhor forma de combate direto. Uma vez que o animal apresenta sinais clínicos não há tratamento. Atualmente, a vacinação é obrigatória em 30 municípios do Oeste, conforme a portaria nº 368/2025 da Adapar.
A escolha dos municípios levou em conta a quantidade de focos registrados nos últimos anos, a proximidade com o Parque Nacional do Iguaçu, a ocorrência de áreas compartilhadas de transmissão e o elevado número de pessoas que precisaram de tratamento após contato com animais suspeitos. A obrigatoriedade abrange apenas 30 municípios, mas a vacinação é aconselhada em todo o território paranaense.
Ambiente urbano
Ao discutir sobre a raiva no contexto urbano, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), órgão responsável pela vigilância epidemiológica em humanos, cumpriu o papel de elucidar dúvidas e falar sobre as ações de monitoramento de casos suspeitos em humanos e em animais domésticos. Além disso, também foram informadas as formas corretas de tratamento pós-exposição e a importância das campanhas educativas e de sensibilização da população.
Na prática, são as equipes das secretarias municipais e estaduais que acolhem a população quando há mordeduras ou possível exposição, garantindo que o tratamento seja iniciado a tempo de salvar vidas. Mesmo sendo uma doença de fácil prevenção a raiva continua avançando por falta de cuidado da população. A atuação conjunta entre saúde humana, defesa agropecuária e meio ambiente, somada à vacinação animal e à informação da sociedade é uma forma eficaz de combater a enfermidade.
Expovale
A Expovale é uma exposição agropecuária e industrial da cidade, considerada a maior feira da região do Vale do Ivaí. O foco da exposição é na realização de negócios, promoção da inovação e fortalecimento produtivo. A edição de 2025 foi realizada entre 14 e 19 de novembro. Além de shows, o evento comemorou os 64 anos do município.
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Código georreferenciado traz mudanças na forma de identificar propriedades rurais
Ferramenta aumenta precisão logística, facilita fiscalização e organiza dados territoriais em todo o país.

A Câmara dos Deputados deu mais um passo na modernização da gestão territorial do campo. A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) aprovou, na terça-feira (18), o parecer do relator, deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), ao Projeto de Lei 2.898/2021, de autoria do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES).
A proposta altera a Lei 6.538/1978, que dispõe sobre os serviços postais, para assegurar a designação de um código de georreferenciamento às propriedades rurais e agroindustriais em todo o país.
O objetivo do texto é facilitar a identificação e localização dessas áreas, ampliar a precisão logística, garantir maior segurança jurídica e permitir avanços na integração de dados territoriais.
O projeto já havia sido aprovado anteriormente na Comissão de Agricultura (CAPADR) e na Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação (CCTI). Na CCJC, cabia apenas o exame de admissibilidade, etapa necessária para atestar constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa da matéria.
Ao apresentar seu voto, Delegado Paulo Bilynskyj, integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), destacou que o texto é enxuto e juridicamente sólido. “Trata-se de um projeto simples, claro e bem articulado. Não há qualquer ofensa a direitos ou garantias constitucionais, tampouco afronta à legislação vigente. Do ponto de vista jurídico e técnico, o PL é absolutamente adequado”, afirmou o relator.
Ele reforçou ainda que a proposta segue os parâmetros da Lei Complementar 95/1998, que orienta a elaboração legislativa. “A alteração é objetiva e não cria redundâncias ou conflitos. Mantém-se fiel à estrutura normativa e contribui para o aperfeiçoamento da legislação”, completou.
Modernização do campo
O deputado Evair Vieira de Melo, coordenador de Direito de Propriedade da FPA, celebrou o avanço da proposta, destacando que a iniciativa atende a uma demanda crescente da agricultura brasileira por precisão, rastreabilidade e segurança territorial. “O georreferenciamento é hoje uma ferramenta indispensável. Ele fortalece a gestão das propriedades rurais, melhora o acesso a serviços e políticas públicas e coloca o Brasil na rota da agricultura de precisão”, elencou o autor do projeto.
Segundo Evair, a medida também contribui para o ordenamento territorial e para a eficiência dos serviços postais e logísticos no meio rural. “Cada propriedade poderá ter um código definido, o que facilita desde entregas até ações de fiscalização, crédito e assistência técnica. É um avanço simples, mas de enorme impacto para o produtor rural”, completou.



