Notícias IPVS2022
Cadeia suína brasileira fortalece bem-estar como pilar de produção
O manejo correto, considerando o bem-estar animal, busca minimizar lesões, doenças ou estresse para os suínos e confere maior segurança para movimentação dos animais

Determinado como um estado de conforto físico, mental e fisiológico, o bem-estar possibilita que os animais exerçam a rotina da sua espécie sem estresse causado por medo, fome, sede, calor ou frio. Em suinocultura, a promoção do bem-estar está associada também com ambiência, redução da dor, expressão de comportamentos naturais dos animais, redução da restrição ambiental pelo uso de gaiolas, manejo correto, transporte seguro e abate adequado. O tema está constantemente em pauta e, atualmente, a busca por melhores práticas está se intensificando, seja pela conscientização da indústria, ou para atender à cadeia consumidora, que a cada dia está mais exigente na hora de escolher os seus produtos.
No Brasil, as equipes de produção das granjas, dos transportadores e dos abatedouros devem estar, obrigatoriamente, capacitados para adotar as melhores práticas de manejo para promover o bem-estar dos animais e reduzir riscos de dor, medo e sofrimento durante todas as fases da granja até o abate.
Para garantir o bem-estar dos suínos, o Brasil conta com um rigoroso sistema de normas e fiscalização, como explica a médica-veterinária e Auditora Fiscal Federal Agropecuária do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA/Brasil), Lizie Pereira Buss. “Tudo começa com a Constituição Federal Brasileira, art. 225, que defende o direito de todos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, de uso comum ao povo e essencial à qualidade de vida, impondo ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
A Constituição prevê ainda a proteção da fauna e da flora, sendo vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade. “Temos também as normas administrativas da saúde animal e das boas práticas elaborados pelo MAPA, assim como as normas do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) que determinam os cuidados por parte dos profissionais e regulamentam suas orientações para os produtores e trabalhadores da suinocultura. Por último, temos as leis da esfera criminal, como a lei de crimes ambientais, para punir aqueles que ferem, mutilam, abusam ou maltratam os animais”, detalha a auditora.
Instrução Normativa 113
O Brasil estabeleceu, em dezembro de 2020, a Instrução Normativa (IN) 113 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o primeiro conjunto de normas relacionadas ao bem-estar animal da cadeia produtiva de suínos. Em seus 54 artigos, o documento contempla tanto instalações quanto práticas de manejo, com orientações alinhadas às diretrizes da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) para a produção de suínos.
Além do respaldo que a Instrução Normativa dá às exportações do setor, ela também fortalece o monitoramento das boas práticas na produção, como o estabelecimento da inspeção diária dos animais. “Ela define como obrigatória a inspeção diária e sistemática. Além da segurança do sistema, a ação traz muitos ganhos para o produtor. A partir do momento em que se identifica uma doença precocemente, ou um indivíduo que não está bem, o suinocultor será mais rápido e assertivo na tomada de decisão”, explica a médica-veterinária, Gestora de Boas Práticas e Bem-estar Animal da Agroceres PIC e integrante do Comitê do IPVS2022, Juliana Ribas.
Promovendo o bem-estar animal
Para se promover o bem-estar animal, alguns processos devem ser seguidos com o máximo cuidado, como: boa alimentação, saúde, ambiente adequado e comportamentos apropriados à espécie. Esses critérios foram estabelecidos pelo projeto Welfare Quality, em 2009 e são utilizados mundialmente. “Promover o bem-estar é mais do que certificar um bom desempenho zootécnico: envolve proporcionar uma vida que valha a pena, do ponto de vista do animal”, acrescenta Lizie.
A adesão dessas técnicas na rotina da granja apresenta benefícios não apenas para os suínos, mas também para os trabalhadores e, inclusive, no lucro final. Uma vez apresentando bem-estar, os animais se adaptam de forma mais fácil, encontram menos desafios e gastam menos energia com estresse e medo, sendo mais eficientes. Além disso, animais menos estressados e assustados têm um manejo mais simples, minimizando os riscos para os profissionais que trabalham com eles.
O abate é um momento de muito estresse para o animal, sendo por isso extremamente criticado pelas organizações internacionais. No Brasil, ocorre o abate humanitário, que envolve uma série de cuidados no manejo pré-abate. “O abate representa um período muito curto da vida do animal. Se os procedimentos de transporte e manejo no estabelecimento forem bem feitos, conseguimos reduzir muito o estresse agudo”, aponta Lizie.
A auditora complementa ainda que as normas para abate humanitário no Brasil (RIISPOA e IN 03/2000) tratam dos princípios gerais de não gerar estresse e sofrimento desnecessários, conceder um transporte seguro e mais curto possível, um ambiente que permita saciar a sede e o descanso ao desembarcar no estabelecimento de abate, uma condução calma e em pequenos grupos, uma contenção que não machuque e não cause reações de luta/fuga, insensibilização que promova a perda de consciência imediata para que o animal não sinta dor e nem angústia, e uma sangria eficiente, que promova uma perda de sangue o mais rápido possível gerando a morte sem que o animal retome a consciência.
Vale ressaltar que o bem-estar dos suínos deve envolver todos os elos do setor. “Entendo que a suinocultura é uma das cadeias produtivas que mais evoluiu, sinto muito orgulho dos profissionais envolvidos neste avanço e vejo resultados já conquistados e as metas futuras. Ainda há resistência, mas aos poucos estes competentes profissionais estão demonstrando que trabalhar com foco em uma só saúde e um só bem-estar é nossa única saída para uma suinocultura sustentável e moralmente aceita”, finaliza Lizie Pereira Buss.
O bem-estar animal também estará em pauta no IPVS2022
O congresso da IPVS – International Pig Veterinary Society, maior evento técnico científico da suinocultura mundial, terá como sede a cidade do Rio de Janeiro (RJ), em 2022, marcando a volta do evento para o Brasil depois de três décadas. O evento será realizado entre os dias 21 e 24 de junho, no RioCentro Convention & Event, e terá como tema as “Novas perspectivas para a suinocultura: biosseguridade, produtividade e inovação”.
Demais informações sobre o evento estão disponíveis no site www.ipvs2022.com ou pelo telefone (31) 3360-3663.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



