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Bovinos / Grãos / Máquinas Airton Spies avalia

Cadeia do leite precisa fazer o que fizeram as cadeias de aves e suínos

Consultor acredita que nova era do leite vai eliminar muitos produtores, mas profissionalizar os que ficam e atingir o mercado externo

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Arquivo/OP Rural

Nos anos 1980 Santa Catarina tinha cerca de 26 mil produtores de suínos. Hoje conta com cerca de 10 mil, mas produz quatro vezes mais. A indústria se profissionalizou, dividiu a produção em fases, ganhou eficiência, lucratividade, conquistou o mundo, mas só em Santa Catarina penalizou 16 mil propriedades rurais que não seguiram a profissionalização do setor. Assim vai acontecer com a cadeia do leite. Nos próximos anos, milhares de famílias rurais em todo o país vão deixar a atividade. Quem ficar, terá pela frente um caminho de mudanças desde a forma de produzir até na hora de receber o dinheiro. O preço do litro pouco vai importar. Haverá produtor de leite sem sala de ordenha, ou aquele que sequer tem uma vaca.

Quem explica melhor é o consultor Airton Spies, que foi secretário de Agricultura de Santa Catarina por nove anos e fez seu doutorado na Nova Zelândia, referência mundial na produção leiteira e que hoje responde por 45% das exportações mundiais dessa proteína. Spies falou a produtores de leite da cooperativa Copagril durante Seminário Anual, que aconteceu em maio, em Marechal Cândido Rondon, PR. Para ele, a nova era é de mais qualidade e abertura do mercado externo para o leite brasileiro. “No Brasil hoje o leite ainda lembra a suinocultura da década de 1980 no Sul”, sustenta.

“O leite está cheio de bons problemas, que são aqueles que têm solução. Já fizemos essa profissionalização com aves, boi, suínos, cana-de-açúcar, mas a cadeia do leite ainda está acanhada, tem muito dever de casa para fazer. No entanto, temos ótimas perspectivas. Uma verdadeira revolução está acontecendo na cadeia do leite. Queremos que o leite do Brasil possa bater as portas do mercado internacional. Para isso, precisamos produzir com qualidade, sustentabilidade e credibilidade do ponto de vista sanitário”, introduziu o consultor, que fez um paralelo entre a produção brasileira e neozelandesa.

O pequeno país da Oceania está em linha reta com a região Sul do Brasil e tem as mesmas características, por exemplo, de clima e regime de chuvas. Os três estados do Sul representam 40% da produção leiteira do Brasil. De acordo com Spies, até 2025 Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná serão responsáveis por 50% da produção nacional. De acordo com ele, há muito o que aprender com modelos como da União Europeia, Austrália e Nova Zelândia, país que exporta 94% de toda sua produção. “São os concorrentes que vamos encontrar no mercado internacional”, justifica.

“A Nova Zelândia tem um leite a custo baixo, qualidade alta e logística para vender a produção para o mundo inteiro. Eles exportam 94% dos 22 bilhões de litros produzidos. De cada 100 litros de leite exportados no mundo, a nova Zelândia é responsável por 45”, cita. É mais, por exemplo, do que toda a União Europeia (30% das exportações mundiais de lácteos).

Desafios do Brasil

Hoje o Brasil produz 35 bilhões de litros de leite, mas praticamente não exporta. No ano passado, de acordo com ele, o país exportou 1% de toda sua produção, mas importou 3% do leite consumido. Ou seja, ainda é importador. Como o crescimento da produção é maior do que o do consumo, avalia, a tendência é que em pouco tempo o Brasil tenha que vender o “excedente” no mercado internacional. “Em breve teremos que exportar. E para ser competitivo nesse mercado precisa leite de alta qualidade, a custo baixo, em pequenas propriedades, à base de pasto, em cadeias produtivas organizadas e eficientes, como a do frango e a do suíno, respeitando o meio ambiente e o bem-estar animal. A lógica do modelo da Nova Zelândia é produção a base de pasto, porém usando todo insumo que der lucro (ração, aditivos, solo, clima, planta, animal, mercado).

Naquele país, citou, a produção é subdividida. Há fazendas só para bezerras, outras só com vacas em lactação e até produtor que não tem vaca nem terra, mas trabalha cobrindo férias dos fazendeiros. A organização com a indústria foi fundamental, citou Spies, para que a Nova Zelândia chegasse a esse nível de profissionalização. “Temos que fazer isso no Brasil, ter contratos bem definidos com as especificidades de ambas as partes (indústria e produtores)”, defende.

Menos e maiores produtores

Para Spies, uma tendência é no Brasil a pecuária leiteira ter menos e maiores produtores. “Muitos vão deixar a atividade, mas vai surgir emprego em outras áreas afins, como aconteceu com a suinocultura. Hoje o Brasil tem 1,2 milhão de produtores de leite, segundo o IBGE, mas são cerca de 650 mil que entregam para a indústria. A pergunta é: Quantos sobrarão? Produtor de leite que ficar parado está andando pra trás”, aponta. “Quais as lições que veem de lá (Nova Zelândia): ênfase no pasto, escala e tecnologia. Vamos ter que aumentar escala. O que temos hoje vai mudar, vai haver uma reorganização de produtores e da indústria, teremos uma cadeia mais produtiva e eficiente”, aposta.

Os números mostram que a cadeia subdividida do leite na Nova Zelândia é muito mais eficiente que a brasileira, a começar pelo teor de sólidos no leite, que, segundo Spies, é o novo modo com o qual o produtor vai receber pelo leite. Quanto mais sólidos, melhor é o preço pago. De acordo com ele, o teor de sólidos (soma da gordura e proteína) do país da Oceania é 31% maior que no Brasil (8,9% contra 6,8%). “Leite precisa ser visto como matéria-prima para centenas de produtos industrializados. Portanto, pagamento por sólidos e por qualidade é essencial. Preço por litro um dia vai ser coisa do passado”, aposta.

Ainda, mencionou, enquanto a produção média de uma vaca na Nova Zelândia é de 4.489 litros por ano, no Brasil é de 2.050. No Paraná, chega a 3 mil litros/vaca/ano. O rebanho é de 11,6 milhões, com 4,99 milhões em lactação. O número médio de animais por propriedade é de 431. As fazendas têm em média 151 hectares e empregam uma pessoa para cada 147 vacas em lactação.

Um ponto mencionado como importante naquele país, citou Sipes, é que 27% dos produtores trabalham em parceria. Enquanto uns ficam responsáveis por uma fase, como a ordenha, outros trabalham com as vacas secas. É esse modelo, em sua opinião, o futuro da cadeia de leite no Brasil.

Papel do Sul

Spies demonstrou que a produção mundial e o consumo estão aumentando ao longo dos anos, com melhores perspectivas para os próximos anos, com a ascensão de países como China, Índia e as 55 nações do continente africano. Juntas, essas nações representam 3,75 bilhões de pessoas.  “O consumo mundial passou de 106 litros em 2010 pra 117 litros em 2018”, exemplifica.

Essa produção deve ser maior no Sul do país, onde a indústria trabalha com capacidade ociosa. “Em 2025 o Sul estará produzindo a metade do leite do Brasil. Hoje já é 40%, mas a população representa 15% do consumo. No Sul já temos capacidade ociosa. Em Santa Catarina temos capacidade industrial de 12 milhões de litros e produzimos 8,5 milhões de litros. A indústria está na frente, e o desenvolvimento da cadeia leiteira deve ocorrer mais fortemente no Sul. “O Sul será a nova meca para exportação de leite no Brasil”, sugere o consultor.

Sipes é coordenador da Aliança Láctea Sul Brasileira, órgão criado pelos três governos do Sul pra resolver problemas do leite com vistas a aproveitar as oportunidades através de ações conjuntas.

Qualidade do pasto à indústria

Para Spies, um dos principais deveres de casa é melhorar a qualidade da pastagem. “Sabemos bem tratar a lavoura de soja e milho, e o pasto? Temos dado o mesmo tratamento? Temos que chegar à agricultura de precisão também na produção de pastagem, aplicar os princípios agronômicos para otimizar a produção de pasto. É preciso produzir muita biomassa, mas ainda precisa converter, para isso usamos a genética, queremos máquinas (vacas) que convertem melhor a nossa biomassa”, garante. “No Brasil estamos bastante acostumados (ainda) com padrões da raça. A Nova Zelândia mostrou que a melhor vaca é aquela que mais converte pasto em leite e dinheiro. Hoje ainda somos pagos por litro de leite. Esqueça isso, no futuro não vai ser assim. A água do leite só serve pra fazer leite longa vida, mas para a indústria é ‘problema’. A indústria vai pagar por qualidade (Contagem de Células Somáticas – CCS – e Contagem Bacteriana Total – CBT) e por sólidos para exportar queijo, manteiga e leite em pó. Esse é o futuro”, expõe.

Um dos destaques, que segundo Spies garante maior eficiência na CBT, é resfriar o leite o mais rápido possível. Na Nova Zelândia, expôs, eles utilizam um pré-resfiador, que permite gelar o leite a 4º C praticamente quando a ordenha é finalizada. “A qualidade depende muito do frio eficiente. O segredo deles é o pré-resfriador. O leite chega a 4 graus praticamente quando acaba de ordenhar. As bactérias não têm chances com o frio. Hoje no brasil leva de três a quatro horas para chegar a 4 graus. E logo que chega vem o leite da outra ordenha. Para ter qualidade só tem um jeito, o frio tem que ser eficiente”, garante. “Toda vaca saudável dá leite bom, nós que estragamos depois que sai do ubre. A única forma de conservar é o frio”, reforça.

Dever de casa

O consultor cita cinco pontos para a cadeia do leite perseguir como dever de casa a ser feito. “1 – qualidade: aumenta o teor de sólidos e reduzir CBT e CCS, melhorar a refrigeração do leite e sanear brucelose, tuberculose e febre aftosa sem vacinação. 2 – custos: aumentar a escala de produção, com segmentação, alimentação e genética. 3 – organização setorial: formalização das relações entre os elos da cadeia, rotas de coleta e parceria entre produtores. 4 – infraestrutura: estradas para 4 eixos, energia trifásica e internet. E 5 – equilíbrio: eliminar assimetrias tributárias (estados e países)”.

Para cumprir o dever de casa, cita, é preciso “fodo, pesquisa e assistência técnica especializada e defesa agropecuária robusta”. Para Spies, o futuro é ganhar com o uso da terra, a produtividade dos animais e a produtividade da mão de obra, usando a estruturas e logística certas.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas

Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos

Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

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Foto: Gisele Rosso

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.

A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).

Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.

Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA

Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.

Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.

Exportação via estabelecimentos com inspeção federal

Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.

A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.

Avanço regulatório

Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.

Fonte: Assessoria FPA
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste

Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

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Encontro realizado na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis, ocorreu de forma híbrida reunindo participantes dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo - Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.

A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago

O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.

Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.

As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.

“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.

Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.

Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.

Encontro produtivo para o futuro do setor

Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.

Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.

O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “

Representação

Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi;  o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep;  o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.

Fonte: Assessoria Sistema Faesc/Senar
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Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa

Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima

Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

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Fotos: Fernando Dias/Ascom Seapi

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).

O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.

Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.

Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.

Agrometeorologia e planejamento do produtor

Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.

Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.

Rastreabilidade e sanidade animal

O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.

A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.

Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.

Fonte: O Presente Rural com Seapi
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