Avicultura
Cadeia avícola ainda conhece pouco de todo potencial e função exercida pela microbiota intestinal, diz palestrante
A microbiota intestinal é um conjunto de microrganismos que vivem no trato digestivo das aves, composto por bactérias, fungos, protozoários e vírus.

A saúde intestinal desempenha um papel crucial na prevenção de diversas doenças e na promoção do desenvolvimento e bem-estar das aves. Um intestino em perfeito estado é capaz de absorver nutrientes de forma eficiente, resultando em animais mais saudáveis e produtivos. Sua relevância é ainda mais evidenciada com as recentes atualizações nas orientações referentes ao uso de antimicrobianos e as demandas crescentes dos consumidores por produtos seguros e aves cada vez mais eficazes.
A microbiota intestinal é um conjunto de microrganismos que vivem no trato digestivo das aves, composto por bactérias, fungos, protozoários e vírus. Embora as tecnologias modernas baseadas em DNA ofereçam uma visão mais precisa das espécies bacterianas presentes no intestino, o médico-veterinário, doutor em Ciências Veterinárias, Ricardo Hayashi, enfatizou que existe ainda um grande número de bactérias no intestino que permanecem desconhecidas e não classificadas. “Estudos recentes revelam que o trato gastrointestinal de frangos de corte é colonizado por cerca de 600 a 800 espécies de bactérias”, destacou.

Médico-veterinário, doutor em Ciências Veterinárias, Ricardo Hayashi – Foto: Jaqueline Galvão/OPR
Esses microrganismos são essenciais para a saúde e produtividade das aves, desempenhando três grandes funções: 1) proteção, impedindo a colonização por bactérias patogênicas, além de auxiliar na modulação da resposta imune; 2) metabolismo, auxiliando na produção de vitaminas, síntese de aminoácidos e na produção de ácidos graxos de cadeia curta, importantes para o funcionamento dos enterócitos; e 3) integridade estrutural, essencial para o desenvolvimento dos diferentes tecidos do intestino, como o muscular, epitelial, vilos, criptas, vascularização e permeabilidade.
Diversos fatores podem prejudicar a saúde intestinal das aves, como estresse, alimentação inadequada e patógenos. Para combater esses desafios, o setor está buscando novas ferramentas e estratégias para otimizar a saúde intestinal das aves. O médico-veterinário enfatiza que a saúde intestinal das aves depende do equilíbrio entre o hospedeiro, a microbiota intestinal, sua dieta e fatores externos. “O equilíbrio da microbiota no intestino pode ser afetado por fatores como qualidade da água, ingredientes da dieta, fatores estressores, grau de biosseguridade, micotoxinas, coccidiose, clostridioses, vírus, fungos, entre outros”, expôs.
Aditivos alimentares
Atualmente, existem diversas tecnologias à base de aditivos alimentares que podem auxiliar no incremento de produtividade das aves, entre os quais Hayashi cita probióticos, prébióticos, pósbióticos, fitogênicos e ácidos graxos. “Cada um desses aditivos possui determinadas características, vantagens e benefícios. A escolha do aditivo mais adequado deve ser feita de acordo com as necessidades específicas de cada granja”, pontua.
Hayashi afirma que essas tecnologias à base de aditivos alimentares exercem influência positiva sobre os seis principais atributos relacionados à saúde intestinal. Isso inclui o desempenho das aves, como ganho de peso, conversão alimentar, uniformidade e produção de ovos, além dos efeitos nutricionais para melhorar a digestibilidade de proteínas, aminoácidos e minerais. “Esses aditivos são projetados para fortalecer a imunidade das aves, auxiliando na redução da inflamação, modulando o sistema imunológico e proporcionando efeitos antioxidantes. Eles também desempenham um papel fundamental na preservação da integridade do intestino, promovendo seu funcionamento adequado, desenvolvimento saudável e redução da permeabilidade intestinal”, ressalta.
Segundo o doutor em Ciências Veterinárias, essas tecnologias ajudam a aumentar a diversidade, a capacidade de modulação, equilibrando a relação firmicutes/bacteroidota e promovendo a produção de ácidos graxos de cadeia curta, além de desempenhar um papel fundamental no controle de patógenos, atuando contra bactérias Gram-positivas, Gram-negativas, Eimeria e corrigindo disbioses intestinais. “Infelizmente ainda não há um produto que cubra todos os parâmetros de forma efetiva. Por isso, é imprescindível estudar as possibilidades de combinações e sinergias entre as tecnologias, sempre otimizando o custo-benefício”, menciona Hayashi.
Tomada da decisão
Para uma decisão assertiva frente à um determinado desafio, seja preventiva ou tratativa, Hayashi enfatiza que é imprescindível que seja feita a coleta de informações, dados e fatos. “Entender qual o perfil epidemiológico e produtivo da sua realidade é o primeiro passo para a definição da melhor estratégia”, afirma, complementando: “Tudo se inicia com um bom diagnóstico de campo, que inclui histórico, anamnese, análises laboratoriais, necropsia populacional, sempre respeitando regras de amostragem mínima. A correlação do diagnóstico com os dados produtivos, de forma estatística, é imprescindível para entender as possíveis causas. Dessa forma, a tomada de decisão torna-se mais assertiva”.
Oportunidades
Conforme o profissional, a saúde intestinal vem ganhando cada vez mais atenção da cadeia produtiva pelo fato de o setor conhecer apenas 10% de todo o potencial e função exercida pela microbiota intestinal. “Há diversas oportunidades para pesquisa e desenvolvimento no setor, no entanto, não há tecnologias que mitigue processos e procedimentos básicos no dia a dia da avicultura industrial”, relata.
O famoso “feijão com arroz”, segundo ele, ainda é responsável por 80% do sucesso em termos de saúde e produtividade. “Cuidar da ambiência, realizar um bom intervalo/vazio entre lotes, manejar a cama, se atentar para a qualidade da água e fornecimento de uma dieta com qualidade garante bons resultados e abre oportunidades para que os aditivos possam auxiliar na entrega de todo o potencial genético das aves”, salienta Hayashi.
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Avicultura
AVES reconhece os melhores ovos do Espírito Santo em 2025
Concurso reuniu 39 amostras e avaliou rigorosamente casca, clara e gema em três etapas técnicas, confirmando a evolução da avicultura capixaba e premiando produtores que se destacam em excelência e manejo.

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou em Santa Maria de Jetibá mais uma edição do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba, iniciativa já tradicional que reconhece o profissionalismo, o cuidado e a evolução técnica da avicultura do Estado. A edição de 2025 registrou uma forte participação, com 27 amostras de ovos brancos e 12 de ovos vermelhos enviadas por produtores de diversas regiões capixabas, reforçando o alcance da atividade e a importância do evento para a cadeia produtiva.
Marcado por rigor técnico, o concurso estruturou sua avaliação em três etapas conduzidas pela Comissão Organizadora e por um grupo de dez jurados convidados, representantes de empresas, instituições e entidades do setor avícola de diferentes estados. O médico-veterinário Leandro Marinho, do Idaf, atuou como auditor externo, garantindo neutralidade e transparência ao processo.
Na primeira fase, as amostras passaram pela análise objetiva da Máquina Digital Egg Tester, que avaliou resistência e espessura da casca e Unidade Haugh, parâmetro de referência internacional para medir a qualidade interna dos ovos. Todas as amostras foram submetidas aos mesmos critérios, e apenas as dez mais bem classificadas de cada categoria avançaram. A segunda etapa consistiu em uma análise visual minuciosa da qualidade externa, em que os jurados avaliaram uniformidade de tamanho, limpeza, textura e formato dos ovos, além da coloração da casca no caso dos ovos vermelhos. As amostras iniciavam com pontuação máxima e perdiam pontos conforme fossem identificadas pequenas imperfeições, o que destacou o cuidado dos produtores com manejo, nutrição e ambiência.
A etapa final abriu quatro ovos de cada amostra finalista para avaliação interna. Os jurados observaram presença de manchas de sangue, resíduos de oviduto, consistência do albúmen, centralização da gema e uniformidade de cor, consolidando a pontuação final. Representando a Avimig, o jurado Gustavo Ribeiro Fonseca elogiou o desempenho dos produtores capixabas: “No contexto geral, os avicultores estão de parabéns. São ovos de muita qualidade”, exaltou.
Já a médica-veterinária Karin Grossman, da Poly Sell, destacou a relevância do concurso para o fortalecimento do setor: “É uma satisfação para mim estar participando desse concurso. É um reconhecimento de um trabalho realizado ao longo dos anos, colaborando para a melhoria da qualidade dos ovos”, salientou.
Para a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre, os resultados reforçam o papel estratégico da iniciativa. Segundo ela, a edição de 2025 ocorreu exatamente como planejado, com forte adesão, avaliações criteriosas e alto nível de desempenho entre os concorrentes. “O concurso cumpre seu papel de estimular qualidade, aprimorar práticas e fortalecer a avicultura do Espírito Santo”, afirmou.
Vencedores
Ao final das três etapas, a AVES anunciou os vencedores. Na categoria ovos brancos, o primeiro lugar ficou com Jerusa Stuhr, da Avícola Mãe e Filhos, seguida por Waldemiro Berger, da Ovos Santa Maria, e por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, da Botelho Alimentos. Na categoria ovos vermelhos, o campeão foi Antônio Venturini, da Ovos da Nonna, enquanto Jesebel e Thiago Botelho ficaram em segundo lugar e Lourival Bold, do Sítio Pai e Filhos, em terceiro.
As empresas vencedoras do primeiro lugar que possuem marca comercial própria terão o direito de usar um selo especial em suas embalagens, identificando os produtos como “Melhor Ovo Branco do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025” e “Melhor Ovo Vermelho do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025”.
Empresas reconhecidas
Também foram divulgadas as empresas de genética e nutrição responsáveis pelo suporte técnico aos produtores vencedores, reforçando o papel fundamental desses parceiros na obtenção de resultados de excelência. Na categoria Ovos Brancos, a campeã Jerusa Stuhr contou com genética Bovans White e nutrição fornecida pela ADM-Nutriminas. O segundo colocado, Waldemiro Berger, utilizou genética Hy-Line W80 e recebeu assistência nutricional da DSM. Já o terceiro lugar, representado por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, trabalhou com genética Bovans White e nutrição da Brasfeed.
Na categoria Ovos Vermelhos, o primeiro colocado, Antônio Venturini, utilizou genética Hy-Line Brown e nutrição da Agroceres Multimix. Em segundo lugar, Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho competiram com genética Bovans Brown e suporte nutricional da Brasfeed. O terceiro colocado, Lourival Bold, participou com aves de genética Hy-Line Brown e nutrição fornecida pela Auster.
A edição 2025 do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba reafirma o compromisso da AVES com a promoção de boas práticas, a difusão de conhecimento e o reconhecimento do trabalho dos avicultores. Mais do que premiar os melhores ovos do ano, o evento funciona como ferramenta técnica e educativa, contribuindo diretamente para o avanço da avicultura capixaba.
Avicultura
Primeiro Encontro da Avicultura Capixaba impulsiona diálogo, inovação e qualidade
Evento da AVES reuniu a cadeia produtiva, premiou excelência em ovos e reforçou a importância econômica da atividade para o Espírito Santo.

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou, em 13 de novembro, a primeira edição do Encontro da Avicultura Capixaba, em Santa Maria de Jetibá. O evento reuniu produtores, empresas dos segmentos de corte e postura, pesquisadores, lideranças do setor e representantes do poder público para um dia de debates, capacitação e integração, reforçando a força da avicultura no Estado.
O produtor e presidente da Nater Coop e do Conselho Deliberativo da AVES, Denilson Potratz, destacou o avanço da atividade no Espírito Santo e o compromisso da entidade com o fortalecimento do setor. “Precisamos atuar de forma constante na cadeia para incentivar excelência na produção e garantir alimentos de qualidade ao consumidor”, afirmou.
O diretor executivo da associação, Nélio Hand, reforçou o papel econômico e social da avicultura capixaba, que fornece carne de frango e ovos com segurança e qualidade. “Eventos como este refletem a importância de um setor organizado e voltado à solução de desafios e geração de oportunidades”, salientou.
A abertura contou com autoridades estaduais e municipais, entre elas o secretário de Agricultura, Ênio Bergoli, o deputado estadual Adilson Espindula e o prefeito de Santa Maria de Jetibá, Ronan Zocoloto. Em seus discursos, destacaram a relevância da avicultura para a economia regional, especialmente na região serrana, e o papel da AVES como articuladora do desenvolvimento produtivo.
Santa Maria de Jetibá, conhecida como a “Capital do Ovo”, foi palco para o encontro. O município é o maior produtor de ovos do Brasil, com cerca de 14 milhões de unidades por dia. “Nada mais justo que este evento seja realizado aqui”, afirmou o prefeito.
Concurso valoriza qualidade dos ovos
Um dos destaques da programação foi o Concurso Qualidade de Ovos, que incentiva boas práticas de manejo, nutrição, sanidade e excelência no produto final. A edição recebeu 39 inscrições, 27 de ovos brancos e 12 de vermelhos, e teve avaliação técnica criteriosa. “O número expressivo de participantes mostra o interesse dos produtores em qualificar ainda mais seus produtos”, avaliou a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre.
O concurso foi transmitido ao vivo no YouTube, com grande participação de produtores e empresas.
Espaço Empresarial aproxima produtores e fornecedores
O encontro também contou com o Espaço Empresarial, área destinada à interação entre empresas e produtores, com demonstração de tecnologias, produtos e serviços. O formato interativo foi bastante elogiado pelos visitantes.
Durante o dia, duas palestras de destaque foram ministradas: Bruno Pessamilio apresentou detalhes do Plano de Contingência para Influenza Aviária, enquanto Christian Lohbauer analisou cenários e tendências para o agronegócio no Brasil e no mundo.
O evento terminou com apresentações de grupos de dança pomerana, valorizando a cultura local, seguidas de um jantar de confraternização.
Com a forte participação do público e o sucesso da iniciativa, a AVES anunciou que o Encontro da Avicultura Capixaba passará a ser anual, integrando oficialmente o calendário da entidade. A ação reforça o compromisso da associação em impulsionar o setor e valorizar o trabalho dos produtores.
Avicultura
Excesso de oferta amplia recuo dos ovos e limita reação das cotações
Segunda semana seguida de baixas registra até 8% de desvalorização, com expectativa de manutenção do viés negativo em novembro.

As cotações dos ovos seguem em queda nas regiões acompanhadas pelo Cepea, esse movimento é verificado pela segunda semana consecutiva.
Em parte das praças, as desvalorizações em sete dias chegam a 8%. De acordo com pesquisadores do Cepea, o menor ritmo de vendas vem aumentando gradualmente os estoques nas granjas.
Assim, produtores têm tido dificuldades em manter os valores da proteína e acabam cedendo nas negociações.
Colaboradores do Cepea indicam que, diante da maior oferta, não há espaço para reação positiva nos valores da proteína, e a tendência é de que os preços sigam enfraquecidos até o encerramento deste mês.










