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Notícias Segundo ONU

Cada pessoa desperdiça, em média, 121 quilos de comida por ano

Estudo global Índice do Desperdício de Alimentos foi lançado neste mês de março pelo Programa das Nações Unidas

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Divulgação/MAPA

Estima-se que 931 milhões de toneladas de alimentos, ou 17% do total de alimentos disponíveis para os consumidores em 2019, foram para a cesta do lixo de domicílios, varejistas, restaurantes e de outros serviços alimentares, de acordo com o estudo global Índice do Desperdício de Alimentos, lançado neste mês de março pelo Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (PNUMA) e a organização inglesa WRAP (The Waste and Resources Action Programme).

O peso do desperdício global de comida equivale a aproximadamente 23 milhões de caminhões de 40 toneladas totalmente carregados que, se enfileirados, poderiam dar sete voltas na Terra.

O estudo, com enfoque nas etapas de varejo e consumo de alimentos, faz parte do esforço global para contribuir com soluções para a meta 12.3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que visa reduzir pela metade as perdas e o desperdício de alimentos até 2030.

O novo relatório da ONU complementa o “Food Losses Index”, elaborado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) também com contribuições de pesquisadores da Embrapa.

Para Gustavo Porpino, especialista no tema da Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió- AL) que colaborou como revisor do estudo da ONU, os achados da pesquisa contradizem a narrativa anterior de que o desperdício nas etapas de varejo e consumo estava mais concentrado nos países desenvolvidos. “O estudo indica que ações para reduzir o problema são relevantes tanto em países desenvolvidos quanto em países emergentes. Nos países de renda média-baixa, o desperdício estimado nas famílias foi até maior do que em países de alta renda, isso se dá por que a classe média baixa tem mais dificuldades de planejar as compras, por vezes não possuem os meios para preservar bem os alimentos e um segmento ainda não reaproveita as sobras das refeições. Educação e comunicação para mudança comportamental são importantes para reverter este quadro”, avalia.

Porpino ressalta ainda a importância de fortalecer políticas públicas de alimentação voltadas para o fortalecimento de sistemas alimentares circulares. “É uma tendência global aliar mais a economia circular ao setor agroalimentar. O Brasil tem muito potencial de avançar, por exemplo, no desenvolvimento de produtos agroalimentares upcycled, que inovam ao dar novos usos a resíduos, e também de co-criar soluções com foodtechs para reduzir o desperdício de alimentos”.

O estudo também aponta que a maior parte do desperdício acontece nos domicílios, que descartam 11% do total de alimentos disponíveis na fase de consumo da cadeia de abastecimento. Os serviços alimentares e os estabelecimentos varejistas desperdiçam 5% e 2%, respectivamente.

A nível per capita global, 121 quilos de alimentos por ano são desperdiçados, em média, considerando o volume descartado pelos varejistas e consumidores, sendo 74 quilos destes, provenientes de domicílios. O relatório também inclui estimativas regionais e nacionais per capita.

Mudanças climáticas

“A redução do desperdício alimentar diminuiria as emissões de gases de efeito de estufa, atenuaria a destruição da natureza por meio da conversão da terra e da poluição, aumentaria a disponibilidade de alimentos e, assim, reduziria a fome e pouparia recursos em um momento de recessão global”, afirma Inger Andersen, Diretora Executiva do PNUMA.

“Se quisermos levar a sério o combate às mudanças climáticas, à perda da natureza e da biodiversidade, à poluição e resíduos, empresas, governos e cidadãos de todo o mundo têm de fazer a sua parte para reduzir o desperdício alimentar. A Cúpula da ONU sobre Sistemas Alimentares este ano proporcionará uma oportunidade para lançar novas ações ousadas para combater o desperdício alimentar a nível mundial”, acrescenta.

Segundo o PNUMA, com 690 milhões de pessoas afetadas pela fome em 2019, um número que poderá aumentar significativamente com a pandemia da COVID-19, e três bilhões de pessoas impossibilitadas de custear uma dieta saudável, os consumidores precisam de ajuda para reduzir o desperdício alimentar em casa.

Problema global

“Durante muito tempo, presumiu-se que o desperdício alimentar em domicílios era um problema significativo apenas nos países desenvolvidos”, afirma Marcus Gover, CEO do WRAP. “Com apenas 9 anos pela frente, não alcançaremos a Meta 3 do ODS 12 se não aumentarmos significativamente o investimento no combate ao desperdício alimentar em domicílios em escala global. Esta deve ser uma prioridade para governos, organizações internacionais, empresas e fundações filantrópicas”, complementa.

Um número crescente de países tem medido o desperdício de alimentos nos últimos anos. O relatório conclui que 14 países já têm dados sobre desperdício de alimentos domésticos recolhidos de uma forma compatível com o Índice de Desperdício Alimentar.

Outros 38 países têm dados de desperdício alimentar doméstico onde pequenas alterações na metodologia, cobertura geográfica ou tamanho da amostra lhes permitiriam criar uma estimativa compatível com o SDG 12.3. Um total de 54 países possuem dados relativos a pelo menos um dos três setores analisados pelo relatório.

As novas estimativas de desperdício de alimentos mundial foram geradas a partir de pontos de dados existentes e extrapolações baseadas nas estimativas observadas em outros países. O estudo da Embrapa e FGV sobre desperdício de alimentos em famílias brasileiras, elaborado via projeto dos Diálogos Setoriais União Europeia – Brasil, foi utilizado para estimar o montante desperdiçado na etapa de consumo no Brasil.

Os dados sobre a proporção de partes comestíveis e não-comestíveis desperdiçadas estão disponíveis apenas em alguns países de alta renda e mostram uma proporção de 50/50, em média nos domicílios. A proporção de partes não comestíveis é uma importante lacuna de conhecimento, podendo ser mais elevada em países com nível de renda mais baixo.

Veja aqui o relatório completo

Fonte: Embrapa Alimentos e Territórios

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

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Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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