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C.Vale figura entre as 20 maiores do agronegócio na Forbes Agro100
Cooperativa paranaense é a 19ª mais relevante do setor no país e a terceira colocada no Paraná, segundo anuário de 2025.

A cooperativa C.Vale alcançou posição de destaque nacional ao figurar entre as 20 maiores empresas do agronegócio brasileiro na edição 2025 do anuário Forbes Agro100. O levantamento, divulgado pela Forbes Brasil, coloca a cooperativa na 19ª colocação entre companhias, grupos empresariais e cooperativas do setor, ranking liderado pelas multinacionais JBS, Marfrig e Cargill.
No recorte estadual, a C.Vale também se sobressai: entre as empresas do Paraná que integram a lista, aparece em terceiro lugar, reforçando seu peso econômico e sua relevância para as cadeias produtivas regionais e nacionais.
Publicada anualmente, a Forbes Agro100 utiliza indicadores financeiros, com ênfase na receita líquida, para dimensionar o desempenho das organizações que movimentam o agronegócio no país. A classificação de 2025 evidencia o crescimento e a solidez da C.Vale em um setor marcado por forte concorrência e presença de gigantes globais.
A premiação foi recebida pelo diretor financeiro da cooperativa, Marcelo Riedi, em cerimônia realizada no dia 25 de novembro, em São Paulo (SP).

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Arco Norte registra crescimento de 98% na importação de fertilizantes em 4 anos
Portos da região Norte consolidam posição estratégica no escoamento de grãos e insumos agrícolas, com destaque para soja e milho, enquanto movimentação logística impulsiona preços e fortalece exportações brasileiras.

A internalização de adubos e fertilizantes no país pelos portos do Arco Norte registrou um crescimento de 98% se considerarmos os últimos 4 anos. Se de janeiro a outubro de 2021 foram recebidos 3,54 milhões de toneladas dos produtos pela região Norte do país, em 2025 esse volume é de 7,01 milhões, considerando o mesmo período. A informação está na edição de novembro do Boletim Logístico, elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e divulgado na quinta-feira (27). “A maior participação dos portos do Arco Norte nas exportações dos produtos agrícolas, sendo a principal rota de escoamento de milho e soja, é um dos fatores que explicam essa alta a partir da utilização da modalidade de frete de retorno, visando a diminuição do custo logístico”, explica o superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth.
Mesmo com o crescimento verificado, o principal eixo para o recebimento de adubos e fertilizantes pelos produtores brasileiros continua sendo Paranaguá, no Paraná. Das 38,35 milhões de toneladas importadas, 9,45 milhões de toneladas foram recebidas a partir do porto paranaense, o que representa 24,64% do volume total importado. “No entanto, essa diferença já foi muito maior. Em 2021, o Arco Norte representava a 3ª maior porta de entrada para esses produtos e atualmente ocupa a segunda posição. Esse cenário consolida a importância dessa rota de escoamento pela região Norte do país, diante da proximidade com importantes regiões produtoras”, reforça Guth.
Exportações

Confirmando a importância do Arco Norte para as exportações de soja e milho, entre janeiro e outubro deste ano foram expedidas 37,38 milhões de toneladas da oleaginosa pelos portos do Norte do Brasil. O quantitativo representa 37,2% do total exportado pelo país, uma vez que as vendas internacionais do grão atingiram, nos 10 primeiros meses deste ano, 100,6 milhões de toneladas, o maior volume já registrado para o período. Itaqui, no Maranhão, é responsável pela movimentação de 14,7 milhões de toneladas, seguido de Barcarena, no Pará, por onde foram embarcadas 9,17 milhões de toneladas da oleaginosa. Já pelo porto de Santos, o volume de exportações atingiu 32,31 milhões de toneladas, seguido de Paranaguá, com movimentação de 12,88 milhões de toneladas, enquanto o porto de Rio Grande expediu 7,48 milhões de toneladas.
Para o milho, o Arco Norte também segue como principal rota de escoamento do grão. Os portos da região Norte embarcaram 41,3% do volume total exportado pelo país de janeiro a outubro. Mas, no caso do cereal, Barcarena é o porto que registra maior movimentação, com embarques de 4,68 milhões de toneladas, seguido de Itaqui, por onde saem 2,26 milhões de toneladas do grão. Na sequência, aparece o porto de Santos, escoando, no mesmo período, 33,3% da movimentação total, enquanto pelo porto de Paranaguá foram registrados 11,6% dos volumes embarcados.
Mercado de fretes em outubro
O Boletim também traz informações sobre as cotações praticadas em outubro para o transporte de produtos agrícolas. De maneira geral, os preços registraram queda em comparação com os valores registrados em setembro. Essa redução é influenciada pela menor movimentação de grãos diante da finalização da safra 2024/25. Mas, ao comparar os preços atuais com os níveis praticados no mesmo período no ano passado, percebe-se uma valorização das cotações.
Diversos fatores explicam esse aquecimento e o consequente suporte aos preços. Dentre eles, destaque para a demanda firme, dinâmica crescente e cada vez mais pulverizada em relação ao milho, o qual, além de atender ao mercado externo, tem tido a demanda interna crescente, ocasionando grandes movimentações. Setores como alimentação animal e biocombustíveis, que utilizam o milho como principal insumo, têm demandado cada vez mais esse produto, que tem ganhado maior alcance e capilaridade. Essa conjuntura tem acarretado a elevação de preços da commodity, além de gerar maiores movimentações logísticas.
O Boletim Logístico da Conab é uma publicação mensal que reúne informações de dez estados produtores, apresentando análises sobre a logística do setor agropecuário, desempenho das exportações brasileiras, movimentação de cargas e principais rotas de escoamento da safra, além de informações sobre o volume exportado de soja, milho e farelo de soja, bem como dados de importação de adubos e fertilizantes. A edição completa do Boletim Logístico – Novembro/2025 já está disponível no site da Companhia.
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Para 86% dos produtores rurais, mudanças climáticas terão impactos na produção, aponta ABMRA
Levantamento inédito mostra que percepção de risco climático aumenta e reforça alerta para políticas de apoio ao campo.

A 9ª Pesquisa ABMRA Hábitos do Produtor Rural revela que o tema das mudanças climáticas se consolidou como uma preocupação concreta entre agricultores e pecuaristas brasileiros. Segundo o levantamento, 86% dos produtores acreditam que eventos extremos, como chuvas mais fortes, secas prolongadas e temperaturas mais altas terão algum tipo de impacto na produção das suas propriedades nos próximos anos e décadas.
O estudo, considerado o mais completo mapeamento do comportamento do produtor rural brasileiro, abrange hábitos de mídia, padrões de compra, conectividade, adoção tecnológica, percepções ambientais, dentre outros tópicos extremamente importantes para a construção de estratégias mais eficazes. A nona edição da pesquisa ABMRA foi operacionalizada pela S&P Global – um dos maiores grupos de informação do mundo –, realizou 3.100 entrevistas presenciais, aplicou 280 questões, percorreu 16 estados, analisou 15 culturas agrícolas e quatro rebanhos de produção para trazer um retrato amplo e atualizado da realidade do campo brasileiro.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
Para o presidente da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro (ABMRA), Ricardo Nicodemos, a quantidade de produtores preocupados com os efeitos climáticos demonstra uma atenção crescente ao tema. “O produtor rural brasileiro reconhece os efeitos do clima no seu dia a dia e busca informações e ferramentas que o ajudem a enfrentar esses desafios com segurança. A pesquisa também mostra que, quando há orientação técnica e condições adequadas, o produtor tende a avançar na adoção de novas práticas para reduzir os danos e garantir a produtividade. Mais que uma mera informação de percepção, esse dado pode ser um grande trunfo para as marcas desenharem suas estratégias para os próximos anos”, completa.
Os dados mostram que 72% dos produtores já adotam procedimentos ou técnicas voltadas a melhorar a eficiência no uso de insumos e reduzir impactos ambientais. Entre eles, 67% afirmam fazê-lo para melhorar resultados de produtividade, enquanto 65% apontam recomendação técnica como motivação principal.
A pesquisa revelou que há alguns obstáculos para adotar práticas que visam mitigar e diminuir os impactos das mudanças do clima, mas é restrita a uma parcela menor dos entrevistados. Entre os 31% que veem barreiras altas ou muito altas, 4% citam custos, falta de informação ou receio de baixo retorno, enquanto 27% apontam limitações ligadas ao acesso a apoio técnico, crédito ou confiança nos resultados.
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Inadimplência rural sobe 7,9% e grandes produtores lideram endividamento
Restrição de crédito, juros livres mais caros e custos de produção em alta aprofundam o aperto financeiro no campo e elevam risco sistêmico para 2025/26.

A inadimplência no crédito rural atingiu um dos patamares mais altos já registrados pelo Banco Central, refletindo um ambiente de forte pressão financeira no campo. Segundo dados oficiais, a taxa de inadimplência entre produtores pessoa física chegou a 7,9%, enquanto entre grandes produtores o índice superou 10,7%, o maior nível desde o início da série histórica.

Advogado Leandro Marmo, especialista em Direito do Agronegócio: “O produtor já entra pressionado pelo preço dos insumos e pela insatisfação do mercado comprador”
Para o advogado Leandro Marmo, especialista em Direito do Agronegócio, o relatório do Banco Central confirma uma realidade há meses percebida no dia a dia do produtor rural: custos em disparada, crédito restrito e operações com taxas cada vez mais elevadas. “Com a disparada dos custos de produção e a retração do crédito rural via linhas oficiais, muitos produtores não conseguem mais acessar financiamento com taxas subsidiadas e acabam sendo obrigados a recorrer aos chamados juros livres, cujo custo é muito superior”, explica Marmo.
O advogado afirma que a diferença entre o crédito rural tradicional, amparado por subsídios e regras específicas, e o crédito de mercado está criando um abismo financeiro. “Essa escalada de encargos, somada às práticas abusivas de vendas casadas impostas por algumas instituições financeiras, cria um verdadeiro sufoco para quem vive do campo”, critica.
Alta dos insumos e queda da rentabilidade criam “efeito tesoura”
O movimento de inadimplência não ocorre isoladamente. A elevação expressiva dos preços de insumos, fertilizantes, combustíveis e defensivos, somada à queda ou instabilidade dos preços de commodities como soja e milho, formou o que especialistas chamam de ‘efeito tesoura’: os custos crescem mais rápido do que a receita do produtor.
De acordo como especialista, esse cenário corrói margens e impede que produtores consigam honrar dívidas contraídas em ciclos de custos mais baixos. “O produtor já entra pressionado pelo preço dos insumos e pela insatisfação do mercado comprador. Quando se vê obrigado a financiar a safra a juros altos, o resultado é o estrangulamento financeiro: as dívidas se acumulam e a margem desaparece”, afirma.
Queda no crédito subsidiado e aumento do risco bancário

Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil
Relatórios recentes do sistema financeiro mostram que o volume de crédito rural com taxas controladas não acompanhou a demanda. A redução das linhas do Plano Safra e a maior exigência de garantias levaram muitos produtores a migrarem para operações de mercado, mais caras e mais arriscadas.
Instituições financeiras têm elevado provisões e adotado critérios mais rígidos de concessão, o que dificulta ainda mais o acesso ao financiamento rural. Esse encarecimento do crédito, segundo Marmo, produz um ciclo de retroalimentação da inadimplência.
Diante do cenário de risco crescente, Marmo recomenda atenção redobrada às condições de crédito, às renegociações e aos contratos firmados com agentes financeiros. “Este é um momento que exige cautela. A renegociação precisa ser feita antes da inadimplência, com análise jurídica e financeira cuidadosa. Muitos produtores não sabem que podem contestar cláusulas abusivas e rever contratos que comprometem a continuidade da atividade”, orienta Marmo.
Perspectiva para 2025/2026
Para o advogado, a persistência desse ambiente pode gerar impacto estrutural no agronegócio. Grandes produtores, geralmente considerados mais resilientes, já lideram os índices de endividamento, e isso liga um sinal de alerta no setor financeiro. “Não estamos diante de um problema isolado ou circunstancial. É um risco sistêmico para o campo. Sem crédito acessível, o produtor reduz investimento, planta menos, produz menos, e toda a cadeia sente”, ressalta.



