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Buva pode ser mais preocupante que ferrugem asiática

Planta invasora se tornou o principal problema para produtores de grãos em várias regiões do país, como Paraná e Mato Grosso do Sul

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Arquivo/OP Rural

Imagine ter 300 hectares de terra, mas a cada safra de soja deixar de ganhar mais de R$ 100 mil por conta de uma única planta daninha. Pois é esse o alerta que o professor e pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR), campus de Palotina, Leandro Paiola Albrecht, faz para os prejuízos causados pela Buva. A planta invasora, em sua opinião, se tornou o principal problema para produtores de grãos em várias regiões do país, como Paraná e Mato Grosso do Sul, tirando até mesmo o protagonismo da ferrugem asiática como principal preocupação dos agricultores.

E a incidência ganha cada vez mais corpo, revela do pesquisador. “Temos um trabalho forte em pesquisa na região de Palotina, que hoje consideramos o olho do furação da Buva. Na região entre Palotina e Assis Chateaubriand, PR, a gente registrou Buva resistente ao Paraquat, depois Buva resistente ao Glifosato e também ao Clorimuron. Mas a gente sabe que esses casos acontecem também no Paraguai, Sul de Mato Grosso do Sul, no Brasil de uma maneira geral. O problema só aumenta. No começo a gente imaginava baixa frequência de ocorrência, dispersão lenta, mas não é assim que a gente tem observado. O problema está maior do que a gente imaginava, a frequência vem aumentando, mas quantificar isso ainda vai demorar um tempo. No entanto, o problema está aí”, destaca Leandro Paiola Albrecht.

O problema é que a Buva retira nutrientes do solo, que seriam destinados à soja ou ao milho, por exemplo, e impede que sua cultivar ou híbrido consigam obter o desempenho que sua tecnologia pode oferecer. Em outras palavras, são menos quilos de grãos por hectare. “Tecnicamente a gente fala  é mato-interferência, mas quando falamos com produtores, temos que pensar em números. Os levantamentos que a gente faz em pesquisa mostram que uma única planta de Buva por metro quadrado pode causar até 14% de perdas (produtividade). Esse percentual não está tão palpável, mas quando você coloca isso em reais, o prejuízo seria uma caminhoneta Hillux para cada 300 hectares de soja”, compara o pesquisador. “Isso é um dado que a gente tem de pesquisas em parceria com a Basf e as cooperativas da região Oeste do Paraná, mas isso é Brasil, porque a Buva está alastrada”, cita o pesquisador.

O técnico de Desenvolvimento de Mercado de Cereais para o centro-Sul do Brasil na Basf, Agmar Macedo Assis, explica que a Buva não só é um sério problema, como passou a ser o principal foco de atenção do produtor nos últimos anos. “A Buva está se tornando muito importante no manejo. Hoje ela tem se tornado o principal ponto de atenção para o agricultor no Oeste e Sudoeste do Paraná, até mesmo comparando com o manejo da ferrugem asiática”, aponta Assis.

De acordo com ele, as aplicações precisam ser precisa para que a praga não se torne imune às moléculas que existem no mercado. “A Buva está presente e sempre vai incomodar, por isso temos que ter o manejo eficiente de plantas daninhas na soja, principalmente para preservar nossos produtos. Há, por exemplo, novos produtos para controle da Buva, para retirar essa planta com uma aplicação só, evitando o manejo de resistência, para maior durabilidade e eficiência dos nossos produtos”, reforça. “A gente precisa de novas moléculas para melhorar nosso manejo, para ter mais performance no controle”, reforça o pesquisador da universidade paranaense.

A preocupação de Assis com a resistência da planta aos herbicidas tem fundamento, cita o pesquisador. Nessa última safra o produtor controlou bem a Buva no começo, mas no final dessecou a soja, parte da Buva ficou lá, resistente, verdinha. Um dos problemas é que a Buva se autofecunda e se hibridizam entre si, gerando uma variabilidade enorme. Por isso a gente precisa lançar mão de novas moléculas a cada tempo”, argumenta o pesquisador.

Controle começa na 2ª safra

O pesquisador da UFPR explica que o controle ideal da Buva começa no ciclo do milho, quando as plantas começam a aparecer. “A lógica é colher milho safrinha e fazer a primeira aplicação de herbicida o mais cedo possível, cerca de sete a 10 dias após a colheita. Depois faz a segunda aplicação, seja para exterminar aquela primeira ou para acabar com a sementeira. Da colheita ao plantio tem que fazer duas aplicações. No entanto, temos que pensar no milho safrinha, porque as primeiras plantas se criam no final do milho safrinha, por assim dizer. Nesse caso é preciso uma dose cheia de Atrazina, com o milho instalado, porque é um produto seguro para Buva em pré-emergência”, sustenta Leandro Paiola Albrecht.

Assis explica que os resultados são excelentes quando o manejo é feito adequadamente. “Com esse manejo feito corretamente a gente consegue eliminar 100% da Buva nessas áreas. Ainda, temos um menor índice de rebrote”, aponta. Após a aplicação, há um intervalo de 30 dias antes de plantar a soja em que o produtor precisa monitorar a lavoura. “Nesse tempo temos que ter esse acompanhamento, para quem sabe uma segunda aplicação, porque se a Buva tem mais de 15 centímetros (na primeira aplicação) o índice de rebrote é alto. Por isso temos que fazer esse acompanhamento e monitoramento. Mas o que percebemos nas pesquisas é que em 90% das áreas não teve rebrote”, destaca Assis.

Amargoso, o novo vilão

“O amargoso vai ser, infelizmente, o nosso próximo grande problema. O capim amargoso pode se tornar o principal problema porque hoje você tem poucas ferramentas para controle dele pós-emergência. Herbicidas em pré-emergência nós temos vários, pelos menos cinco grupos, mas na pós-emergência, as recomendações giram em torno da mistura de glifosato com graminicidas. Sempre usar a mesma coisa, do mesmo jeito, vai dar errado uma hora. Uma hora vai aparecer a resistência a esses graminicidas. O que temos que fazer desde já? Buscar alternativas, usar outras moléculas”, assegura o pesquisador.

Ele explica que é preciso matar a planta adulta, mas ficar de olho na sementeira, responsável pelo rebrote. “Não pode deixar se criar de novo. Depois que ela cresceu, está entouceirando, forma tecido de reserva e é mais difícil de matar. Uma planta de capim amargoso produz mais de 50 mil sementes, que o vento leva. Então, além de controlar na sua lavoura, é uma questão de consciência, porque vai para o vizinho, de uma roça para outra”, avalia o pesquisador, que reforça a importância de rotacionar herbicidas para manter os produtos eficientes.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Dia de Campo da Embrapa destaca tecnologias para recuperar pastagens e elevar a produtividade

Evento em São Carlos (SP) apresentará, na prática, sistemas ILP e ILPF capazes de aumentar a renda, melhorar o solo e mitigar emissões na pecuária.

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Foto: Juliana Sussai

Tecnologias que podem aumentar a produtividade e a rentabilidade da fazenda serão apresentadas na prática durante o Dia de Campo na Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), no dia 05 de dezembro.

Técnicos e produtores terão a oportunidade de conhecer, no campo, estratégias para a conversão de pastagens degradadas por meio da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e de sistemas integrados com árvores (ILPF).

Foto: Juliana Sussai

A imersão prática faz parte da programação do X Simpósio de ILPF do Estado de São Paulo, que começa no dia 04 de dezembro.

No Dia de Campo, na manhã do dia 05, vão ocorrer demonstrações de tecnologias de grande impacto econômico e ambiental, pois esses sistemas de produção têm potencial para mitigar gases de efeito estufa (GEE) e para o sequestro de carbono. Serão três estações.

Na primeira, pesquisadores vão apresentar como converter pastagens degradadas com a ILP. Recomendações para identificar o estado de degradação da pastagem e para implantar sistemas integrados, aliando práticas de manejo conservacionista do solo, para viabilizar maior oferta de pasto em períodos críticos do ano. Como inserir a ILP nas propriedades pecuárias para proporcionar, no mesmo hectare cultivado, soja para produção de grãos e, em seguida, uma pastagem de alta qualidade. A Unidade de Referência Tecnológica para recuperação de pastagens degradadas está sendo implantada pela Embrapa Pecuária Sudeste em parceria com a Baldan Implementos Agrícolas.

Já na estação 2, serão apresentados dados econômicos do sistema ILPF de longa duração e o cultivo consorciado de milho com braquiária entre as árvores. Os especialistas também vão falar das vantagens técnicas da ILPF como estratégia de mitigação de riscos para a agropecuária brasileira. Ao implantar o modelo, o pecuarista diversifica a renda, melhora a produtividade sem aumento de área, reduz o ciclo produtivo e, ainda assim, diminui as emissões de gases de efeito estufa. É uma forma de produzir carne de forma equilibrada com o meio ambiente.

Saúde do solo e bem-estar animal serão abordados na estação 3, na qual os produtores e técnicos vão conhecer a integração da pecuária de leite com árvores. O componente arbóreo proporciona conforto térmico aos animais em comparação com os sistemas tradicionais, a pleno sol. As árvores oferecem sombra às vacas, impactando o bem-estar e a produtividade. Os sistemas mais conservacionistas, como a ILPF, ainda contribuem para um solo mais saudável. Segundo o pesquisador Alberto Bernardi, as propriedades químicas, físicas e biológicas melhoram nesses modelos, promovendo altas produtividades e melhorando o vigor da pastagem ofertada aos animais, resultando em maior produção e renda.

Ao apresentar essas estratégias sustentáveis a produtores e técnicos, a Embrapa  contribui para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2, 12 e 13, promovendo uma pecuária mais eficiente, responsável e em harmonia com o meio ambiente.

Fonte: Assessoria Embrapa Pecuária Sudeste
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Caso de raiva em bezerro reacende alerta sanitário no Paraná

Morte registrada em Ortigueira impulsiona reforço na vacinação e na vigilância, enquanto o Estado já soma 218 casos confirmados da doença em 2025.

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Foto: Adapar

A morte de um bezerro diagnosticado com raiva em Ortigueira, nos Campos Gerais, reacendeu nesta semana o alerta para o enfrentamento da doença no Paraná. Considerada uma das zoonoses mais perigosas, a doença representa um grave risco tanto para a saúde pública quanto para a economia agropecuária do Estado, mobilizando órgãos oficiais a intensificarem as ações de vigilância e prevenção.

O vírus da raiva é transmitido por um tipo de morcego hematófago e é letal para os animas e para os humanos. O ciclo é este: o morcego morde o animal para chupar o sangue e transmite a raiva; outros animais e o ser humano contraem o vírus por meio de contato com o animal doente e a raiva se espalha e contamina os demais.

Foto: Arnaldo Alves

A presença da doença no Paraná é controlada: no ano passado, foram 258 casos de raiva comprovados em herbívoros; em 2025, foram mais de 400 investigados, sendo 218 casos confirmados até agora.

A vacina antirrábica é a única defesa eficaz contra a doença. “É uma vacina de baixo custo, pode ser aplicada pelo próprio produtor e deve ser dada anualmente. Isso precisa ser feito de maneira preventiva, porque depois que o animal já apresenta sinais clínicos não adianta mais”, salienta Rafael Gonçalves Dias, chefe do Departamento de Saúde Animal, da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná).

Segundo ele, pela portaria nº 368/2025 da Adapar, 30 municípios no Estado têm obrigatoriedade de vacinar contra a raiva. O que não significa que a vacinação não seja necessária em outras regiões.

Estão na lista da portaria os municípios de Boa Vista da Aparecida, Braganey, Campo Bonito, Capanema, Capitão Leônidas Marques, Cascavel, Catanduvas, Céu Azul, Diamante D’Oeste, Foz do Iguaçu, Guaraniaçu, Ibema, Itaipulândia, Lindoeste, Matelândia, Medianeira, Missal, Planalto, Pérola D’Oeste, Quedas do Iguaçu, Ramilândia, Realeza, Rio Bonito do Iguaçu, Santa Lúcia, Santa Tereza do Oeste, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Serranópolis do Iguaçu, Três Barras do Paraná e Vera Cruz do Oeste.

A medida obriga a vacinação em herbívoros domésticos com idade a partir de três meses, incluindo búfalos, cavalos, bois, asnos, mulas, ovelhas e cabras.

Agilidade no controle e conscientização

A agilidade no controle de uma zoonose é crucial. Nesse quesito, o Paraná é pioneiro no uso de técnica molecular para diagnóstico de raiva em herbívoros. Isso é feito através do Centro de Diagnóstico Marcos Enrietti, da Adapar, primeiro laboratório da Rede Nacional de Agricultura a usar esse tipo de tecnologia. “Antes, levava alguns dias para comprovarmos um diagnóstico de raiva; agora conseguimos o resultado em menos de 24 horas”, conta Dias.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Mas a verdadeira barreira para conter o surto da doença passa primeiramente pelo cuidado com o rebanho ainda no campo. Essa conscientização dos pecuaristas – no que tange à vacinação e atenção aos sintomas – é muito importante. Além de ser letal para animais e humanos, a raiva impacta em uma grande cadeia produtiva, que envolve exportações, produção e consumo interno.

Por isso, o produtor deve comunicar a Adapar imediatamente sempre que os animais apresentarem sinais neurológicos como isolamento, andar cambaleante, perda de apetite, algum tipo de paralisia e salivação abundante.

Fonte: AEN-PR
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Brasil precisa negociar com mercados externos como cadeia, não como elo, defendem entidades da pecuária

Setor reforça que articulação conjunta é fundamental para atender às novas exigências internacionais, como a lei antidesmatamento da União Europeia.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Segundo maior produtor de carne bovina do mundo, o Brasil lida com compradores externos cada vez mais exigentes. Uma alternativa para equalizar as regras entre exportadores e importadores é realizar as negociações em cadeia, para evitar que os elos envolvidos tenham maior ou menor impacto.

O tema foi debatido na última quinta-feira (06), durante o evento online “Diálogo Inclusivo – Sustentabilidade na Pecuária: como produzir mais e melhor frente às novas exigências do mercado internacional”, promovido pela Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) e a Fundação Solidaridad. “A Mesa está aqui para dialogar como cadeia. Levar o Brasil ao papel de protagonista e fazer com que essa pecuária sustentável seja aliada do clima e da segurança alimentar”, disse a gerente executiva da entidade, Michelle Borges.

Foto: Divulgação

Ela ressaltou que a entidade realizou uma série de diálogos às vésperas da Conferência do Clima (COP 30), que ocorre em Belém (PA) neste mês, e formulou um documento que mostra como a pecuária brasileira pode ser uma atividade de impacto positivo para o mundo.

Especificamente sobre as exigências de compradores externos, João Paulo Franco, líder da área de produção animal da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), também defendeu o diálogo conjunto. “Precisamos sentar à mesa para fazer a negociação e a gente precisa ir como cadeia, como corrente, e não como elo, pois o elo perde força de barganha quando vai sozinho”,  pontuou.

Thiago Rocha, assessor técnico do Sistema FAESP/SENAR-SP, destacou que uma das principais exigências de compradores internacionais é a lei antidesmatamento da União Europeia, conhecida como EUDR.

Quando entrar em vigor, a legislação vai impedir que países do bloco europeu importem e comercializem produtos provenientes de áreas com desmatamento ou degradação florestal a contar de 31 de dezembro de 2020. A regra se aplicará a todos os países fornecedores.

Franco, da CNA, afirmou que trata-se de uma regra importante, vinda de um parceiro relevante para as exportações brasileiras, capaz de promover evoluções na pecuária ao longo do tempo. Para ele, é possível que o cenário se assemelhe ao que ocorreu quando surgiu a demanda da China de forma mais contundente pela carne bovina brasileira. “A China tinha uma demanda por carne vinda de animais precoces e colocou um prêmio para isso. Com o passar do tempo, o mercado se adequou a esse tipo de produção”, disse.

Ainda que nem todos os produtores consigam se adequar de imediato às exigências da EUDR, pois o desmatamento em áreas legais é permitido no Brasil, a carne ainda teria vazão no mercado interno e para outros compradores internacionais. “Cerca de 70% dos animais abatidos ficam no mercado interno, 30% são exportados e uma parte disso vai para a Europa. Cada país tem sua regra, a China olha de um jeito, a Europa de outro, os Emirados Árabes de outro”, comentou o representante da CNA.

Assista ao diálogo na íntegra clicando abaixo.

Fonte: Assessoria Mesa Brasileira
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