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Suínos Para vice-presidente da Abipesca

Burocracia e custos elevados de produção limitam aquicultura

Estes são dois dos principais fatores que impedem que setor pesqueiro cresça e aumente o consumo de peixe no Brasil, segundo liderança

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Arquivo/OP Rural

Atualmente uma das maiores dificuldades na piscicultura está no aumento do consumo. Mesmo sendo uma proteína que faz bem para a saúde, e o consumidor sabe disso, impasses como preço, nomenclatura e burocracia fazem com que esta proteína ainda seja pouco consumida pela população. Saber quais são estas dificuldades e como enfrentá-las foi o que o vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Thiago De Luca, apresentou durante o International Fish Congress (IFC), que aconteceu em setembro em Foz do Iguaçu, PR.

“Eu trouxe uma visão da indústria com relação às dificuldades que temos em aumentar o consumo de peixe”, introduz. O primeiro ponto que ele mostrou foi quanto a comunicação com o consumidor final. “Não conseguimos mostrar para ele aquilo que estamos vendendo”, afirma. Outra dificuldade e que, para De Luca, atrapalha muito o setor, é quanto a nomenclatura. “Nós não podemos usar nomes em inglês. Outras proteínas têm mais facilidade quanto a colocar nomes estrangeiros, mas o pescado não pode”, informa. Outro ponto ruim, segundo a liderança, é sobre a dificuldade de inovação que o setor tem. “Hoje, se alguém do pescado quer incluir algum produto premium, não pode usar esse nome. Não podemos usar também “gourmet”. Existe uma restrição para nomes e nós não podemos usar. Dessa forma, não conseguimos diferenciar o nosso produto”, conta.

Um exemplo dado por ele foi na nomenclatura utilizada no peixe-panga. “Um dos grandes problemas que aconteceram na legislação era quanto a como íamos vender o panga com capa de gordura e sem. Demorou anos para o Mapa (Ministério da Agricultura) definir isso. Mas agora o que temos é panga com ventrecha e sem ventrecha. Eu não sei o que é ventrecha, mas agora temos o panga com e sem. Em outras proteínas sabemos que há maneiras muito mais fáceis de comunicar ao consumidor final”, desabafa.

A forma porcionada como o peixe pode ser vendido é também algo que atrapalha o setor. “Quando duas pessoas vão em um restaurante e pedem o mesmo prato, elas esperam receber o produto com a mesma forma e quantidade. Estamos falando de porção. Mas, no Brasil, nós não podemos usar porção, porque o significado de “porção” não está definido na nossa legislação. Então, o que temos que fazer é colocar “filé de peixe em pedaço”. Mas pedaço pode ser qualquer coisa”, argumenta. De acordo com De Luca, utilizar esta nomenclatura faz com que jogue o setor para baixo. “Toda a nossa inovação, progresso e desenvolvimento vão lá pra baixo, porque você não consegue desenvolver nenhum tipo de trabalho diferente”, diz.

Outro problema que demorou anos para ser resolvido foi quanto ao peso do produto que saía da indústria e chegava para o supermercado. “A gente tinha esse problema porque a indústria é a responsável por colocar o peso líquido no produto. Mas nós não queríamos isso porque quando o produto chega no supermercado ele é novamente pesado para que se coloque o preço. E o que acontecia? A balança tem um erro e esse peso nunca batia. Demorou cinco anos para resolvermos um problema que é tão simples”, incomoda-se. Segundo o vice-presidente, a proposta feita para resolver a questão foi que a quantidade de camada de gelo protetora está inserida junto na tara. Então, agora o supermercado pesa e desconta a tara e vai achar o peso líquido para precificar. “Demoramos anos para resolver isso porque precisávamos do Mapa, Ministério da Justiça, Procon, Inmetro e Mercosul”, explica. “Então, temos esse grande problema de legislação, que está sendo resolvido, mas infelizmente mais morosamente do que gostaríamos”, lamenta.

De Luca comenta ainda que, além de todas as dificuldades que o setor passa para se comunicar com o consumidor, agora ainda é preciso lidar com “as imitações de proteína”. “E o pior é que estas proteínas fazem parte de outra divisão de inspeção de produtos, que são os produtos vegetais e não animal. Então, eles têm outra maneira de trabalhar. Eles não têm problema em usar nome em inglês, colocar letras pequenas na embalagem, que são coisas que nós não podemos fazer”, argumenta.

Para a liderança, o outro grande gargalo do setor pesqueiro é quanto ao preço do produto. “O peixe deve ser mais barato. Não adianta a gente ficar discutindo um monte de coisas sobre a proteína para o nível de preço que vendemos”, afirma.

Inspeção e confiança

De Luca informa que em uma atitude inovadora, o Mapa conseguiu fazer um esquema de monitoramento do DNA de cada pescado para evitar fraude por espécie. “Em 2015, quando foi a primeira medida, tivemos 23% de fraude. A fraude aqui é dizer que é um peixe na embalagem e colocar outro”, explica. Segundo ele, em 2017 o número caiu para 3% e em 2018 subiu para 9%. “Mas isso são das indústrias que estão sob o Serviço de Inspeção Federal. Quando vamos para empresas que estão sob inspeção municipal ou estadual, esse número sobe para 55%. Isso quer dizer que os consumidores quando vão no mercado e compram um peixe que está no SIM ou SIE tem mais da metade de chances de estar levando “gato por lebre” (uma espécie por outra)”, informa.

Dessa forma, o vice-presidente reitera que é preciso que o setor público ajude os empresários sérios que querem que haja aumento do consumo de peixe. “Porque, como vamos investir em inovação, maquinário e automação da indústria se vamos competir lá na ponta com uma pessoa que está vendendo um produto dizendo que é outro?”, questiona. Este tipo de atividade, para ele, inibe e inviabiliza o investimento e a geração de empregos no setor.

Além de enfrentar este problema, o setor ainda sofre com os fatores econômicos no país. “A gente está acostumado a ver o crescimento do PIB do Brasil que sempre parece que está bom. Mas quando reparamos se essa projeção do governo de 2020 e 2021 estiverem corretas, estamos falando de 2 a 2,5% de crescimento. Então, se olharmos ao longo dos anos podemos perceber que no final de 2021 vamos estar no mesmo nível de produção que estávamos no fim de 2014. A gente vai ter andado sete anos para chegar ao que a gente foi em 2014”, mostra.

Ele reitera que caso o brasileiro esteja sem dinheiro no bolso, as opções de compra dele vão mudar. “Brasileiro gosta de peixe, mas quando está com dinheiro no bolso para comprar a proteína, que é caríssima. Por isso a importância de diminuir o preço dessa proteína”, afirma.

Pacto nacional

De Luca apresentou algumas soluções que podem ajudar o setor. “Eu acho que precisamos um pacto nacional de toda a cadeia. Eu gostaria de sugerir que toda a cadeia e entidades pudessem sentar e fazer um pacto nacional para reduzirmos os custos. É isso que precisamos para fazer com que a nossa proteína cresça (consumo)”, afirma.

Ele reitera que desburocratização e segurança jurídica para todo o setor investir também são pontos essenciais para o setor. “Tem muito trabalho para fazer, mas precisamos de uma forma de incentivo do governo. Precisamos de diálogo”, avalia. Além disso, ele acrescenta que até 2030 a expectativa é que a população cresça 26%. “Por isso, precisamos baratear esse preço”, diz.

Uma última solução que, para De Luca é essencial, são campanhas de incentivo e conscientização do consumidor. “Precisamos mostrar o que podemos fazer por esse mercado e que eles podem confiar no produto que estamos oferecendo”, enfatiza.

Outras notícias você encontra na edição de Nutrição e Saúde Animal de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Suínos

Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Fotos: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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