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Brasil tem potencial para liderar transição verde, mas enfrenta desafios em políticas industriais, aponta estudo 

Para que esse potencial se concretize, é necessário um direcionamento eficiente dos investimentos, garantindo que os recursos sejam aplicados em setores estratégicos para gerar vantagem competitiva.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Um novo relatório do Net Zero Industrial Policy Lab (NZIPL), da Universidade Johns Hopkins, aponta que o Brasil pode se tornar uma potência na transição energética global, ficando atrás apenas de China, Estados Unidos e Rússia. No entanto, o país precisa agir rapidamente para não perder a oportunidade de transformar sua base de recursos naturais e capacidade manufatureira em um desenvolvimento industrial sustentável e diversificado.

“Nosso relatório classifica a base de recursos naturais e as bases industriais de cada país. Nossa principal conclusão é que o Brasil pode ser uma potência de primeira ordem nessa nova ordem energética. Mas é preciso agir rapidamente para responder a esse cenário industrial verde”, afirma o co-diretor do NZIPL, Tim Sahay.

O estudo oferece uma análise detalhada das cadeias de valor globais altamente competitivas e das oportunidades para inserção do Brasil nesses mercados. A transição verde cria novos desafios, mas também pode representar uma vantagem estratégica para o país caso invista em setores-chave

De acordo com Sahay, o relatório avaliou o panorama tecnológico e político do Brasil em sete setores críticos para a economia verde global projetada para 2050, destacando vantagens competitivas, áreas para desenvolvimento e a necessidade de políticas públicas direcionadas e baseadas em dados. São eles: minerais críticos, baterias, veículos elétricos híbridos com biocombustíveis, combustíveis sustentáveis para aviação, produção de equipamentos para energia eólica, aço com baixo carbono e fertilizantes verdes.

Após os pesquisadores analisarem políticas industriais verdes em diferentes geografias, e a presença competitiva no mercado global, o Brasil aparece com alta capacidade para produção e exportação de energia, materiais e tecnologia. No entanto, apesar das vantagens naturais e industriais, o país ainda enfrenta desafios estratégicos que podem comprometer a sua liderança na transição energética.

O destaque é que o Brasil possui vastos recursos renováveis, uma sólida capacidade produtiva de biocombustíveis e uma base industrial estabelecida, fatores que o posicionaram como um forte candidato para se tornar uma potência verde. No entanto, para que esse potencial se concretize, é necessário um direcionamento eficiente dos investimentos, garantindo que os recursos sejam aplicados em setores estratégicos para gerar vantagem competitiva.

Neoindustrialização e desafios políticos

Um dos pontos críticos levantados é a falta de clareza e foco da Nova Indústria Brasil (NIB), cuja alocação de US$ 60 bilhões corre o risco de ser pulverizada entre muitas prioridades, reduzindo seu impacto. Além disso, o estudo ressalta que a colaboração entre universidades, setor privado e sociedade civil é fundamental para contribuições para a inovação, citando como exemplo bem sucedido a parceria entre Petrobras e Coppead/UFRJ na indústria do petróleo.

A doutoranda em Ciência Política e pesquisadora no NZIPL, Adriana Mandacaru Guerra, explica que o NIB tem como objetivo fortalecer cadeias produtivas nacionais enquanto promove a descarbonização. “Analisamos sete setores industriais verdes altamente promissores e as políticas necessárias para que o NIB alcance seus quatro grandes objetivos: aumentar investimentos, inovação, exportações e o espaço para pequenas e médias empresas”, menciona, enfatizando que a implementação efetiva dessas políticas é essencial para garantir que o Brasil aproveite sua base manufatureira existente e se posicione de forma competitiva no mercado global.

Foco em setores estratégicos

Embora o Brasil já tenha adotado algumas medidas importantes para fortalecer sua indústria verde, os pesquisadores alertam que a implementação de políticas públicas mais focadas e estratégias setoriais bem definidas será determinante para transformar o potencial do país na realidade.

Foto: Albari Rosa

O pesquisador associado sênior do NZIPL, Renato de Gaspi, ressalta que o estudo avalia tanto setores já estabelecidos, como energia eólica e veículos híbridos, quanto indústrias de difícil descarbonização, como fertilizantes e aço. “Buscamos fornecer direção para uma política industrial que precisa agora se concentrar na implementação direcionada. Apenas diversificando a economia de forma sustentável e formando coalizões para romper com o status quo, o Brasil pode superar a armadilha da renda média e garantir um papel de liderança na transição verde global”, pontua.

Já o co-diretor do NZIPL,Bentley Allan, reforça que o Brasil tem a base necessária para emergir como uma superpotência verde, mas ainda precisa de políticas focadas e de experimentação dinâmica. “Nosso relatório defende estratégias específicas por setor para desbloquear todo o potencial brasileiro”, expõe.

A divulgação do relatório acontece em um momento estratégico, quando o Brasil se prepara para sediar a COP30, em 2025, e reforça os temas de financiamento climático e políticas industriais verdes discutidos na COP29, de 2024, e na recente cúpula do G20, no Rio de Janeiro. Com a crescente demanda global por soluções sustentáveis, o país tem a oportunidade de se posicionar como líder na transição verde, a partir de que adote políticas industriais eficazes e bem direcionadas.

Fonte: Assessoria NZIPL

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Oferta robusta pressiona preços do trigo no mercado brasileiro

Levantamento do Cepea aponta desvalorização influenciada pela ampla oferta interna, expectativas de safra recorde no mundo e competitividade do produto importado.

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Foto: Jaelson Lucas

Levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo seguem enfraquecidos. A pressão sobre os valores vem sobretudo da oferta nacional, mas também das boas expectativas quanto à produtividade desta temporada.

Além disso, pesquisadores do Cepea indicam que o dólar em desvalorização aumenta a competitividade do trigo importado, o que leva o comprador a tentar negociar o trigo nacional a valores ainda menores.

Foto: Shutterstock

Em termos globais, a produção mundial de trigo deve crescer 3,5% e atingir volume recorde de 828,89 milhões de toneladas na safra 2025/26, segundo apontam dados divulgados pelo USDA neste mês.

Na Argentina, a Bolsa de Cereales reajustou sua projeção de produção para 24 milhões de toneladas, também um recorde.

Pesquisadores do Cepea ressaltam que esse cenário evidencia a ampla oferta externa e a possibilidade de o Brasil importar maiores volumes da Argentina, fatores que devem pesar sobre os preços mundiais e, consequentemente, nacionais.

Fonte: Assessoria Cepea
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Instabilidade climática atrasa plantio da safra de verão 2025/26

Semeadura avança lentamente no Centro-Oeste e Sudeste devido à má distribuição das chuvas e períodos secos, segundo dados do Itaú BBA Agro.

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Foto: Sistema Faep

O avanço do plantio da safra de verão 2025/26 tem sido afetado por condições climáticas instáveis em diversas regiões do país. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, os estados do Centro-Oeste e Sudeste registraram os maiores atrasos, reflexo da combinação entre pancadas de chuva isoladas, má distribuição das precipitações e períodos prolongados de estiagem. O cenário manteve os níveis de umidade do solo abaixo do ideal, dificultando o ritmo da semeadura até o início de novembro.

Enquanto isso, outras regiões apresentaram desempenho distinto. As chuvas mais intensas ficaram concentradas entre Norte e Sul do Brasil, com destaque para o centro-oeste do Paraná, oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, onde os volumes superaram 150 mm somente em outubro. Nessas áreas, o armazenamento hídrico mais elevado favoreceu o avanço do plantio, embora episódios de granizo e temporais tenham provocado prejuízos em algumas lavouras. A colheita do trigo também sofreu atrasos e, em determinados pontos, perdas de qualidade.

Foto: José Fernando Ogura

No Centro-Oeste, a distribuição das chuvas variou significativamente ao longo de outubro. Regiões como o noroeste e o centro de Mato Grosso, além do sul de Mato Grosso do Sul, receberam volumes acima de 120 mm, enquanto outras áreas não ultrapassaram os 90 mm. Somente no início de novembro o padrão começou a mostrar maior regularidade.

No Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo registraram precipitações que ajudaram a recompor a umidade do solo. Minas Gerais, por outro lado, enfrentou acumulados abaixo da média — especialmente no Cerrado Mineiro, onde outubro terminou com menos de 40 mm de chuva. Com a retomada das precipitações em novembro, ocorreu uma nova florada do café, embora os efeitos da estiagem prolongada continuem gerando preocupação entre produtores.

O comportamento irregular das chuvas segue como fator determinante para o ritmo da safra e mantém o setor em alerta para os próximos meses.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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Mercado da soja inicia novembro com preços instáveis e influência do cenário internacional

Oscilações refletem exportações brasileiras em alta, avanço do plantio e incertezas sobre o acordo China–EUA, aponta análise da Epagri/Cepa.

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Foto: Daiane Mendonça

O mercado da soja entrou novembro sob influência de uma combinação de fatores internos e externos que têm gerado oscilações nos preços e incertezas quanto ao comportamento da demanda global. Em Santa Catarina, conforme o Boletim Agropecuário elaborado pela Epagri/Cepa, a média mensal paga ao produtor em outubro registrou leve recuo de 0,6%, fechando o mês em R$ 124,19 a saca.

Já no início de novembro, até o dia 10, há indicação de recuperação: a média estadual subiu para R$ 125,62/sc, movimento influenciado principalmente pelo comportamento das exportações brasileiras e pelas notícias vindas do mercado internacional.

Foto: Claudio Neves

A elevação dos embarques do Brasil em outubro, 6,7 milhões de toneladas, com volume acumulado superior a 100 milhões de toneladas em 2025, ajudou a firmar as cotações internas. Ao mesmo tempo, o anúncio da retomada das importações de soja dos Estados Unidos pela China e os avanços no acordo comercial entre os dois países impulsionaram os contratos futuros em Chicago (CBOT), com reflexos imediatos nos preços no Brasil.

A análise é do engenheiro-agrônomo Haroldo Tavares Elias, da Epagri/Cepa, que classifica o momento como de viés misto, com o mercado reagindo de forma alternada a notícias de estímulo e pressão.

Fatores que influenciam mercado 
Segundo o boletim, fatores de baixa predominam no curto prazo, puxados principalmente pela lentidão nas negociações internas no Brasil, pelo avanço do plantio da nova safra e pela sinalização do acordo China–EUA. Esse movimento pressiona o mercado brasileiro, ao mesmo tempo que fortalece o mercado americano e sustenta as cotações em Chicago.

1. Mercado internacional
Dados de USDA, CBOT, Esalq-Cepea, Investing.com e Bloomberg, compilados pela Epagri/Cepa, apontam:

Foto: Claudio Neves

Fatores de alta:

  • Importações recordes da China em outubro, 9,48 milhões de toneladas, majoritariamente provenientes da América Latina;
  • Recuperação da CBOT por quatro semanas consecutivas.

Fatores de baixa:

  • Falta de confirmação pela China da compra de 12 milhões de toneladas dos EUA;
  • Retomada das importações chinesas de soja americana, reduzindo o espaço para o produto brasileiro;
  • Negociações internas mais lentas no Brasil, o ritmo mais baixo em quatro anos;
  • Correção técnica de estocásticos e realização de lucros após sequência de altas em Chicago.

2. Oferta e mercado interno

Fatores de alta:

  • Exportações brasileiras mantêm ritmo forte;
  • Estruturação da presença chinesa no Brasil, com ampliação de operações, incluindo um novo escritório no Mato Grosso.

Fatores de baixa:

  • Pressão sobre os preços internos, com queda de 1,4% em outubro.

3. Safra e clima
Fatores de baixa:

  • Plantio avançado, com 47% da safra já implantada, reforçando a expectativa de safra recorde entre 177 e 180 milhões de toneladas no

    Foto: Claudio Neves

    ciclo 2025/26;

  • Produtores nos EUA voltaram a vender após as recentes altas, aumentando a oferta global no curto prazo.

Acordo China-EUA 
Embora o mercado tenha reagido às declarações do governo dos Estados Unidos sobre um novo acordo com a China envolvendo a compra de soja, não houve confirmação por parte dos chineses até 12 de novembro, ressalta a Epagri/Cepa. Caso confirmado, o pacto poderia redirecionar parte da demanda da China para a soja americana, reduzindo o volume destinado ao Brasil.

Contudo, a proximidade da entrada da nova safra brasileira — combinada com o calendário já avançado para novembro, torna improvável a formalização do acordo ainda este ano. Por isso, a tendência, segundo a análise, é que a China siga priorizando a soja brasileira nas próximas semanas.

Fonte: O Presente Rural
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