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Brasil reforça medidas para evitar surto iminente de gripe aviária

Com o segundo maior plantel avícola do mundo e principal exportador da carne de frango, comercializando para mais de 150 países, o país está vigilante para manter o território livre de doenças, evitando restrições comerciais e impactos negativos na cadeia produtiva.

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Foto: Shutterstock.

Líder mundial na exportação de carne de frango, o Brasil é o único entre os grandes produtores mundiais a nunca registrar Influenza aviária em seu território. No entanto, desde outubro de 2022 o país redobrou a atenção e os cuidados sanitários nas granjas avícolas com as notificações dos primeiros focos de Influenza aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) na América do Sul, identificada nas áreas litorâneas do Equador, Venezuela e de países fronteiriços como da Colômbia, Peru e Chile. A iminente possibilidade de entrada do vírus no plantel brasileiro acendeu um alerta e fez com que a cadeia avícola e os órgãos nacionais de defesa sanitária intensificassem as medidas de prevenção à doença viral.

Conforme organismos internacionais, surtos da gripe aviária já foram registrados em países dos continentes africano, americano, asiático, europeu e na Oceania, se configurando como a maior epidemia já ocorrida no mundo, com a maioria dos casos relacionados ao contato de aves silvestres migratórias com aves de subsistência, de produção industrial ou de aves silvestres locais.

Com o período migratório das aves do Hemisfério Norte para a América do Sul de novembro a abril, o atual momento é ideal para aumentar as ações de vigilância pelo serviço veterinário oficial e órgãos ambientais, reforçando as medidas de biosseguridade pelos avicultores a fim de mitigar os riscos de ingresso e disseminação da enfermidade no Brasil.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) recomendou em dezembro a suspensão de visitas em aviários, frigoríficos e demais estabelecimentos da avicultura no Brasil para garantir a segurança sanitária do plantel brasileiro, permitindo apenas o acesso para quem trabalha diretamente e exclusivamente na unidade produtiva.

Entre os protocolos recomendados pela entidade estão a higienização das mãos e troca de roupas e sapatos antes de adentrar as granjas, desinfecção de todos os veículos que acessam a propriedade e evitar o contato da granja com outras aves, em especial aves silvestres.

Em entrevista ao Jornal O Presente Rural, a zootecnista, coordenadora do Grupo de Trabalho em Sustentabilidade do Conselho Mundial de Avicultura e diretora técnica da ABPA, Sula Alves, enfatizou que a blindagem das unidades produtoras é fundamental neste momento, uma vez que a circulação de pessoas entre regiões e países é muito grande e como há surtos em várias nações é essencial realizar o controle de acesso às granjas para evitar possíveis vetores da doença. “O Brasil trabalha na vigilância passiva e ativa, além de acompanhar e monitorar as aves silvestres migratórias para detecção precoce da doença. Esse isolamento das granjas diz respeito ao controle de acesso de pessoas e de veículos, os quais podem ser carreadores do vírus nos calçados, bolsas, roupas, pneus do carro ou até mesmo em equipamentos transportados para dentro da propriedade. Tudo que for possível para evitar o trânsito livre é preciso fazer nas granjas, porque é melhor pecar pelo excesso de medidas do que responder pela falta delas”, ressalta.

A Influenza aviária Altamente Patogênica (vírus H5N) é exótica no país, mas pode ser carreada por aves migratórias ou até mesmo por pessoas que estiveram em países onde a doença está ocorrendo. A transmissão pode acontecer por meio do ar, água, alimentos e materiais contaminados, além do contato com aves doentes e o acesso de pessoas externas às criações comerciais. A responsabilidade na prevenção é compartilhada por todos os elos da cadeia produtiva.

Riscos econômicos

Com o segundo maior plantel avícola do mundo e principal exportador da carne de frango, comercializando para mais de 150 países, o Brasil está vigilante para manter o território livre de doenças, evitando restrições comerciais e impactos negativos na cadeia produtiva.

Zootecnista, coordenadora do Grupo de Trabalho em Sustentabilidade do Conselho Mundial de Avicultura e diretora técnica da ABPA, Sula Alves: “Não queremos deixar o setor em pânico, nosso objetivo é reforçar as medidas sanitárias para que a cadeia não minimize o problema e deixe de tomar os cuidados necessários” – Foto: Mario Castello/ABPA

A IAAP traz consequências econômicas devastadoras, podendo acarretar prejuízos entre 10% a 20% do valor bruto da produção aos países afetados, conforme estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A doença causa alta taxa de mortalidade, possíveis restrições ao comércio exterior e desequilíbrio no mercado interno.

Sula afirma que as perdas econômicas são bastante dependentes do cenário e do momento da ocorrência. De acordo com ela, alguns países importadores exigem que a carne exportada seja oriunda de animais de países livres de Influenza aviária, enquanto outros países determinam a regionalização de áreas livres, estabelecendo uma extensão a partir da zona do foco para comercialização da carne. “Em caso de notificação no Brasil, os mercados que exigem país livre representariam o maior impacto para o setor produtivo, porque esses mercados deixariam de comprar nossa proteína, causando alguns transtornos e desequilíbrio no mercado interno”, afirma.

Por outro lado, muitos países, como da União Europeia, mercado com exigência regulatória de qualidade, segurança e saúde animal, delimitam um raio de 10 km do local de ocorrência do foco para comercialização do produto. “Depois de se estabelecer a zona de contenção da doença e demais medidas da área livre, o setor retorna com uma organização rápida, porém até o reconhecimento por parte do país importador isso geraria um impacto imediato no setor, uma vez que estamos lidando com um produto perecível, que depende de estocagem frigorífica e do período de abate dos animais que estão no campo. Nossa cadeia é muito dinâmica, por isso precisamos tomar os cuidados nos mínimos detalhes com relação aos prazos para não acarretar em transtornos maiores à cadeia”, menciona Sula.

Mitigação de risco

A fim de reduzir o risco de ingresso e disseminação do vírus causador da doença no Brasil, Sula diz que são frequentemente recomendadas aos produtores algumas medidas sanitárias como garantir a blindagem da água, oferecer às aves água clorada, não usar água de fontes abertas, como rios e açudes, vedar bem todos os galpões para impedir a entrada de pássaros, garantir uso de tela 2×2 centímetros, garantir portas, beirais e telhados completamente fechados, garantir ausência de outras aves na propriedade, isolamento dos lotes de produção comercial (poedeiras e corte), proibição de visitas, além de seguir demais procedimentos de biosseguridade.

A primeira linha de defesa contra a Influenza aviária é a detecção precoce e a notificação oportuna de suspeita da doença para permitir uma resposta rápida, a fim de evitar a disseminação. Conforme informações do Mapa, no Brasil 53,7% dos estabelecimentos avícolas são de aves de corte (frangos e perus), 39,8% de aves de reprodução (matrizeiras), 3,4% de aves de postura comercial, 0,1% de aves ornamentais e 2,9% de outras aves. Com base nesses números, as medidas de prevenção e vigilância se tornam cada vez mais importantes e necessárias, uma vez que o sistema produtivo precisa fornecer evidências consistentes para certificar a sanidade dos animais e dos produtos comercializados.

Fotos: Shutterstock

Com vigilância permanente para IAAP e demais agentes etiológicos em todo o território nacional, incluindo em portos, aeroportos internacionais, correios, postos de fronteira e estações aduaneiras do interior, o Mapa publicou em julho passado um novo Plano de Vigilância para Influenza Aviária e Doença de Newcastle, contemplando a revisão de diretrizes para o atendimento e identificação de casos suspeitos e para a vigilância permanente da doença, por parte do Serviço Veterinário Oficial, monitoramento que vai permitir maior rapidez na tomada de decisão em caso de notificação em território nacional. “O Plano de Vigilância é um estudo epidemiológico contínuo, realizado por meio de vigilância ativa e passiva para detecção precoce de casos de Influenza aviária e Doença de Newcastle em aves domésticas e silvestres, para demonstração de ausência dessas doenças na avicultura industrial, de acordo com as diretrizes internacionais de vigilância para fins comerciais”, expõe Sula.

A intensificação das ações de vigilância adotadas pelo Serviço Veterinário Oficial para evitar um surto local inclui testagem de amostras coletadas de aves de subsistência, criadas em locais próximos a sítios de aves migratórias, para monitorar a circulação viral e permitir a demonstração de ausência de infecção, apoiando a certificação do Brasil como país livre da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade e de Influenza Aviária de Baixa Patogenicidade.

Sula destaca que as barreiras naturais formadas pela Cordilheira dos Andes e pela Floresta Amazônica são importantes para manter o Brasil livre da doença viral, bem como a distância entre o Sul do Brasil, área com maior produção comercial, dos países sul-americanos que já registraram casos também funciona como uma barreira de proteção geográfica, atrelado aos controles feitos pelos órgãos federais e estaduais de defesa agropecuária, além dos protocolos de biosseguridade adotados pelos produtores nas granjas.

Plano de contingência

A partir da suspeita é obrigatório notificar imediatamente o Serviço Veterinário Oficial, que fará a coleta do material, encaminhará para laboratório para que seja feita uma investigação cronológica, bem como será preciso fazer o sacrifício preventivo das aves suspeitas, isolar o local do foco e uma área com um raio de 10 km no entorno do foco para evitar disseminação da doença. “É declarado estado de emergência sanitária quando da confirmação do foco, em se definindo isso várias ações emergenciais devem ser realizadas mobilizando a coordenação do Serviço Veterinário Oficial”, relata Sula.

De acordo com a coordenadora do Grupo de Trabalho em Sustentabilidade do Conselho Mundial de Avicultura, em caso de entrada do vírus no país, o governo federal possui um Plano de Contingência robusto, com o papel de cada elo do setor avícola bem desenhado, seguindo as diretrizes da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), visando ações rápidas para eliminação do foco e evitar disseminação da doença. “Dispomos de um Plano de Contingência muito bem desenhando, que graças a Deus só precisamos usar em momentos de simulação porque nunca tivemos nenhum foco da doença no país”, relata.

Investigação de suspeita

Entre as medidas que devem ser aplicadas em investigação de suspeita de foco de Influenza aviária estão isolamento e identificação do agente ou detecção do RNA viral específico do vírus da Influenza, eliminação de todos os suscetíveis na unidade epidemiológica, destruição das carcaças e todos os produtos e subprodutos, além de resíduos do sistema de produção, desinfecção, vazio sanitário, aplicação de medidas estritas de biosseguridade, utilização de animais sentinelas e comprovação de ausência de circulação viral, vigilância dentro da zona de proteção e da zona de vigilância.

Para isso, o corpo técnico do Mapa e dos órgãos estaduais passaram nos últimos meses por treinamentos, reuniões e discussões a fim de fazer uma reciclagem de conhecimento sobre todas as doenças sanitárias, bem como realizaram duas simulações de emergência sanitária, uma voltada para febre aftosa em bovinos no Mato Grosso do Sul e outra em Peste Suína Africana, promovida em Santa Catarina, ações executadas que também se aplicam para as demais cadeias produtivas, uma vez que os protocolos seguem as mesmas diretrizes. Conforme Sula, o preparatório com a simulação de emergência sanitária para Influenza aviária está previsto para março deste ano.

Suspeitas descartadas

Nas suspeitas descartadas para Influenza aviária de Alta Patogenicidade e Influenza aviária de Baixa Patogenicidade a investigação pode ser concluída imediatamente. Já nos casos prováveis de Síndrome Respiratória e Nervosa em aves a investigação pode ser encerrada após diagnóstico final negativo de Influenza aviária e Doença de Newcastle. “Um foco de Influenza aviária somente será encerrado após a eliminação dos animais suscetíveis na unidade epidemiológica, comprovação de ausência de circulação viral e conclusão dos procedimentos de vigilância nas zonas de emergência sanitária, conforme o Plano de Contingência para Influenza Aviária e Doença de Newcastle”, salienta Sula.

Como identificar Influenza aviária no plantel

São considerados casos suspeitos quando são identificados mortalidade maior ou igual a 10% em até 72 horas, em quaisquer estabelecimentos de aves domésticas ou em um único galpão do núcleo de estabelecimentos avícolas comerciais ou de reprodução; mortalidade súbita e elevada em populações de aves de subsistência, de exposição, de ornamentação, de companhia e silvestres ou de sítios de aves migratórias; presença de sinais clínicos ou lesões neurológicos, respiratórios ou digestórios compatíveis com Síndrome Respiratória e Nervosa, em quaisquer tipos de aves; queda súbita ou maior a 10% na produção de ovos e aumento de ovos malformados, em aves de reprodução ou aves de postura; resultado positivo de ensaio laboratorial em amostras colhidas durante quaisquer atividades de pesquisa não oficiais; resultado positivo em testes sorológicos de vigilância ativa ou certificação em laboratórios credenciados.

Os sintomas mais comuns são tosse, espirro, secreção nasal, sinais nervosos, penas arrepiadas, inapetência, queda de postura, prostração e morte súbita sem sinais aparentes.

Riscos à exportação

Sobre o impacto nas exportações, a OMSA afirma que notificações de Influenza aviária de Alta Patogenicidade em aves silvestres, ou outras que não sejam de produção comercial, e de aves domésticas ou de cativeiro com Influenza aviária de Baixa Patogenicidade, não afetam o status sanitário do país e não devem gerar banimento ou imposições de mercado. Ou seja, mesmo que seja registrado algum caso em aves silvestres ou domésticas, o status sanitário do Brasil não sofre alteração, contudo, se o caso é registrado na produção industrial, as regras vigentes bloqueiam o comércio somente nas áreas afetadas.

A suspenção de carne de frango brasileira por países importadores depende dos acordos definidos previamente e que constam no certificado sanitário, que acompanha o carregamento. “Alguns mercados exigem no certificado sanitário que a carne precisa que ser proveniente de um país livre de Influenza aviária, ou seja, está estabelecido que esse país importador, no momento que ocorrer um caso, mesmo que seja em uma pequena propriedade, em uma região que tenha produção em larga escala ou em uma atividade agrícola que não seja comercial, ele pode deixar de comprar do Brasil enquanto a doença não for erradicada”, esclarece Sula.

Por outro lado, há uma compreensão de outros países que não exigem o país livre, mas a região livre, estabelecendo um raio de 10 km da origem do foco para comercialização. “Grandes países trabalham com a regionalização, o que diminui um pouco os impactos econômicos da doença, que devem gerar perdas econômicas do tamanho da nossa pujança na exportação. Não queremos deixar o setor em pânico, nosso objetivo é reforçar as medidas sanitárias para que a cadeia não minimize o problema e deixe de tomar os cuidados necessários”, frisa.

Vacinação

No que diz respeito a vacinação, Sula afirma que existem vacinas contra a Influenza aviária, inativadas e recombinantes, no entanto o imunizante é proibido no Brasil. A vacinação das aves somente é indicada em países onde a doença ocorre e assim mesmo, em alguns desses países somente na região do foco. “Mas é algo que precisamos ter no radar como ferramenta de controle”, menciona.

Pior cenário no Brasil

Sula é enfática ao dizer que o pior cenário já começa pela entrada do vírus no Brasil, lembrando que o maior patrimônio do setor produtivo nacional é o status sanitário.
Outros fatores apontados pela especialista estão relacionados ao fechamento de mercados, retenção de produtos no mercado interno e alteração da oferta e demanda, com elevação dos preços não só da carne de frango como das demais proteínas animais. “Pode ocorrer de mercados se aproveitarem da ocorrência para banir as exportações brasileiras, deixando de cumprir com as regras de comércio internacional da Organização Mundial do Comércio. Não estamos livres disso, porque, apesar de existirem regras, têm muitos países que acabam não cumprindo e criam obstáculos disfarçados de barreiras sanitárias para controlar o comércio. Então esse é um cenário ruim que nos preocupa muito”, saliente Sula.

Melhor cenário no Brasil

Grande entusiasta da avicultura brasileira, Sula assegura que o melhor cenário previsto para o Brasil é a erradicação do foco tão logo sua notificação, com isolamento da área, colocando em prática com rapidez e excelência o Plano de Contingência para reafirmar o compromisso do Brasil com a segurança alimentar mundial. “Agilidade na tomada de decisão vai comprovar mais uma vez que a avicultura brasileira ‘não está a passeio’, que somos uma cadeia profissional, que sabemos fazer o nosso trabalho bem feito e com seriedade. Eu sou uma entusiasta da nossa avicultura, porque sei que estou lidando com as pessoas comprometidas, com os governos federal e estaduais alinhados, com técnicos de campo competentes, o que me faz ser uma pessoa confiante, porque conheço a nossa realidade e sei como é feito lá fora. Além do mais, estamos bem preparados em caso de ocorrência”, reforça Sula.

A zootecnista enaltece que a estrutura da avicultura brasileira pelo sistema de integração oferece uma capacidade de controle sobre a cadeia muito grande, o que é essencial no enfrentamento de uma crise sanitária. “O sistema de integração é favorável a vários fatores e a sanidade é uma delas. Não é só porque Deus é brasileiro que devemos deixar de fazer a nossa parte”, chama atenção.

O que é possível fazer

Sula sustenta que cada elo da cadeia tem um papel no processo de evitar a entrada do vírus no país, o governo federal com o Plano de Vigilância e o Plano de Contingência, as empresas e o setor produtivo com a biosseguridade na prevenção da entrada da doença e na notificação precoce. “As pessoas que viajam também precisam ter o cuidados ao transportar produtos de outros países, os quais podem ser uma forma de introduzir doenças no país, assim como o dono da propriedade ou o produtor precisa fazer a restrição do acesso nas instalações das granjas e dos frigoríficos”, menciona.

A diretora técnica da ABPA também ressalta a importância de melhorar e intensificar a comunicação da cadeia para que a sociedade civil organizada conheça as ações do setor, bem como possa também contribuir com a identificação de agentes etiológicos. “A comunicação e a educação é o começo de tudo. Não é hora de relaxar, mas sim de cuidar mais ainda, ser zeloso com aquilo que não é novidade, porque já é orientado há muito tempo”, reforça.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas

Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.

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Foto: Freepik

O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.

Fotos: Divulgação/MFA

Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.

Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.

Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.

O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.

Destaques

A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.

O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.

De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.

“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.

Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.

“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.

Metodologia

A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.

Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.

Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.

Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.

Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.

Fonte: Assessoria MFA
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Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024

Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.

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Foto: Divulgação/Asgav e Sipargs

A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.

Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.

A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.

Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.

Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.

Fonte: Assessoria Asgav e Sipargs
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Avicultura

Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos

Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.

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Presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: "São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente" - Foto: Divulgação

Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.

Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.

De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.

Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.

Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.

E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.

Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.

Fonte: Assessoria Asgav
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