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Brasil precisa solução para um milhão de toneladas de animais mortos por ano

Assunto ainda gera muita dor de cabeça para produtor rural brasileiro, à mercê de legislação nada clara e ineficiente

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O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do planeta. Em 2016, durante eventos do agro por todo o país, autoridades do setor sublinharam a importância do Brasil como a mais importante entre as nações para prover alimentos para o mundo. O país tem mão de obra, área, água e todos os outros recursos necessários para ampliar a produção. Além disso, tem ainda se tornado um grande produtor de proteína animal e vegetal. Mas, ainda assim, existem muitos desafios pela frente, como a destinação de animais mortos, sem uma legislação clara, eficiente e economicamente viável. Atualmente, segundo a Embrapa, o país produz mais de um milhão de toneladas de animais mortos por ano.

Com o passar dos anos, a produção brasileira vai crescer, aumentando também o número de animais mortos nas propriedades. O pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Everton Luiz Krabbe, explica que qualquer atividade pecuária, por menor que seja, está ligada à mortalidade. “Não existe nenhuma atividade de produção de animais em que não haja mortalidade. Mesmo que seja pequena, ela vai existir”, argumenta. Segundo ele, esta é uma grande preocupação dos produtores brasileiros, especialmente em alguns estados com maior produção. “Alguns locais não se preocupam com a correta destinação das carcaças, mas em locais que existe grande produção, essa atenção deve existir”, afirma.

O país, por ser um grande exportador de proteína animal, deve se preocupar com todas as questões que envolvem a cadeia. Além de produzir para o mercado interno, o Brasil abastece mais de 150 mercados no mundo, e o consumidor quer saber o que está consumindo. “Esses mercados vão começar a cobrar novas ações. Vão querer saber se criamos, transportamos e abatemos nossos animais com bem estar, se estão consumindo antibióticos ou não, e são questões que teremos que responder”, comenta. “Uma pergunta que já vem sendo feita é: o que vocês fazem com os animais mortos?”, menciona.

Composteira não dá Conta

A utilização da composteira tem sido a resposta dos produtores, mas na produção intensificada ela não suporta a demanda. “Somente a composteira não dá conta de todos os animais que temos na produção”, comenta Krabbe. Para o pesquisador, assim como o produtor se preocupa com a biossegurança dos animais vivos, também é importante se preocupar com o que fazer com os animais mortos. “A biossegurança é importante. A sanidade é o que o país tem de mais importante hoje. Mas, se nos preocupamos hoje em proteger nossos animais, é preciso destinar a mesma atenção para as carcaças dos animais mortos”, afirma. “Não é jogar em qualquer lugar ou fazer de qualquer jeito que o problema vai ser resolvido”, continua.

Um Milhão de Toneladas

O pesquisador da Embrapa conta que o Brasil produz mais de um milhão de toneladas de animais mortos por ano. “Fizemos algumas estimativas e chegamos a 323 mil toneladas de animais mortos por ano na região Sul”, conta. Logo atrás vem a região Centro-Oeste, com 318 mil toneladas, e o Sudeste, com 197 mil toneladas de animais. “Somando todas as regiões, estamos falando em mais de um milhão de toneladas de animais mortos por ano”, afirma.

De acordo com a pesquisa, o rebanho de gado de corte é o que mais contribui com as estimativas, com mais de 730 mil toneladas/ano. Em seguida vêm as aves, com 204 mil toneladas, bovinos de leite, com 191 mil toneladas, e suínos, com 113 mil toneladas/ano de animais mortos em propriedades. O pesquisador ainda mostra que um grande problema é que são muitos animais em pequenas áreas. “Toledo (PR), por exemplo, é um dos três maiores municípios produtores de suínos do país. Além dele, há ainda Uberlândia (MG) e Rio Verde (GO). Somente estes três municípios produzem mais ou menos 6% dos suínos no Brasil. Porém, estas cidades ocupam 0,16% da área territorial do país. Então temos uma produção de 6% em 0,16% de área”, comenta. “É lógico que vamos tropeçar em bicho morto, porque há muitos animais por quilômetro quadrado”, diz. Ele informa que, segundo dados, somente na região Sul há 561 quilos de animais mortos por quilômetro quadrado.

Soluções

Para o pesquisador, é preciso que o produtor tenha alternativas de acordo com suas necessidades e características de produção. “Se cair a energia, problema com alta temperatura ou temporal. O que o produtor deve fazer em cada situação? É isso que devemos solucionar”, diz Krabbe. “Temos que ter uma solução para a pequena, à média e à grande propriedade. Temos que saber o que fazer em mortalidades catastróficas e nas do dia a dia”, afirma.

Krabbe conta que a Embrapa tem um projeto para tecnologias de destinação de animais mortos. “Estamos testando tudo que há no mercado para ver qual é a melhor opção”, comenta. “A nossa intenção é melhorar, aprimorar e amenizar os custos para o produtor”, diz.

O pesquisador comenta que a compostagem foi sempre uma medida recomendada, mas que é sabido pelos produtores que colocar um animal inteiro ou somente partes leva bastante tempo para a total decomposição. “Existe muito problema de a compostagem ser conduzida de uma maneira sem controle”, diz. Para Krabbe, a atividade deve ser levada tão a sério quanto à inseminação ou a fabricação de rações. “Se tivermos um bom manuseio da composteira, ela vai funcionar muito bem”, afirma.

Outra maneira utilizada erroneamente pelo produtor é colocar o animal dentro do biodigestor. “Isso não pode”, afirma o pesquisador. Segundo ele, a Embrapa fez alguns levantamentos de uma série de vírus que não morrem no processo de decomposição dentro dos biodigestores, a não ser que “seja feita a descontaminação do material antes. Sem esse processo prévio, há riscos de proliferação de doenças”, conta.

A incineração é outra solução que pode ser utilizada pelo produtor. O próprio pesquisador comenta é uma das mais eficientes do ponto de vista sanitário, mas ainda esbarra nos custos. “O problema da incineração é o custo, que é muito elevado. Este processo acaba se tornando impraticável”, lamenta.

Farinha para os animais

Para o pesquisador, uma solução para lidar com animais mortos por efeitos catastróficos é utilizar a carcaça para fazer outros produtos, como a farinha, por exemplo. “Existe uma instrução normativa que trata sobre esse assunto. Nós temos que entender ela, ter claro que essa instrução regulamenta o registro, estabelecendo a produção de farinhas e produtos gordurosos destinados à alimentação animal”, diz.

Krabbe ainda comenta que é preciso encontrar soluções para a mortalidade de efeitos catastróficos, e esta seria uma ótima opção. “Projetos de lei poderiam ser úteis para ajudar nesta situação”, afirma. Mas ele comenta que o método de utilização das carcaças para fabricação de farinhas só seria viável se houvesse controle de mortalidade dos animais. “Esta é uma ótima solução, mas somente utilizada para mortes catastróficas, e não rotineiras”, diz.

Mais informações você encontra na edição de Suínos de Peixes de fevereiro/março de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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